"AVISOS IGNORADOS"
Roberto era um homem de meia-idade, sorridente e com uma disposição invejável. Trabalhara a vida toda com dedicação e se orgulhava de nunca ter ficado doente o bastante para tirar um único dia de folga. A saúde parecia, aos olhos de todos, inabalável. Ele comia o que queria, bebia sem moderação e sempre tinha um cigarro à mão. “A vida é curta, tem que aproveitar!”, costumava dizer com um sorriso despreocupado.
Mas os amigos e familiares não eram tão otimistas. Vez ou outra, alguém o alertava: "Roberto, você devia parar com essa bebida", "Roberto, esse cigarro vai te matar", "Roberto, por que não faz um check-up? Não é normal esse cansaço que você sente". Mas ele, com o mesmo sorriso de sempre, respondia: "Tá tudo bem! A vida é pra ser vivida."
Os anos passaram e os alertas tornaram-se mais frequentes. Médicos, amigos, até mesmo desconhecidos comentavam sobre os perigos de seus hábitos. Mas Roberto ignorava todos. Afinal, ele nunca ficava realmente doente. Para quê mudar?
Até que um dia, tudo mudou. Roberto, com o mesmo cigarro aceso entre os dedos, sentiu uma dor estranha no peito. A princípio, pensou que era algo passageiro. Mas a dor não foi embora. Pelo contrário, ela se intensificou. Uma visita ao médico revelou o que ele sempre se recusara a acreditar: seu corpo estava, aos poucos, sucumbindo aos anos de negligência.
Os
pulmões já não funcionavam como antes. O coração estava fraco. O fígado, comprometido. Roberto ouviu as palavras do médico com uma calma forçada, mas
dentro de si, algo se partiu. Ele se lembrou de cada aviso que havia ignorado.
Cada conselho que achara desnecessário. Agora, sentado em uma cama de hospital,
ele só conseguia chorar. Não pelas dores físicas, mas pelas oportunidades
perdidas. Ele havia sido avisado tantas vezes... mas ignorara. Agora era tarde
demais. Tudo o que lhe restava era a saudade de uma vida saudável que ele
poderia ter tido, das alegrias que havia desperdiçado.
Essa história de Roberto se repete em outro campo da vida, o espiritual. Assim como ele recebeu avisos sobre sua saúde, muitos de nós recebemos avisos constantes sobre a necessidade de cuidar da alma. Os amigos, a família, os pregadores, todos dizem: "Cuidado com a vida sem Jesus!", "Busque a Deus enquanto há tempo!", "Arrependa-se, antes que seja tarde!". Mas, muitas vezes, as respostas são as mesmas que Roberto deu: "Estou bem do jeito que estou", "Tenho tempo ainda", "A vida é para ser vivida".
Assim como Roberto ignorou os sinais de alerta sobre sua saúde física, muitos ignoram os sinais espirituais. O coração começa a endurecer, a vida se afasta mais de Deus, e os prazeres deste mundo assumem o controle. Mesmo diante de avisos constantes, preferimos o caminho fácil, o caminho de satisfação momentânea. Afinal, "a vida é curta", pensamos.
Mas a realidade espiritual é ainda mais séria. O corpo, com o tempo, adoece e se desfaz. Mas a alma... a alma é eterna. E assim como Roberto só caiu em si quando era tarde demais para sua saúde física, muitos só percebem o peso de suas escolhas espirituais quando já não há mais volta. Quando o tempo da graça passou e as oportunidades foram perdidas.
Jesus disse em várias passagens: "Vinde a mim" (Mateus 11:28), "Buscai primeiro o reino de Deus" (Mateus 6:33), e "Arrependei-vos" (Mateus 4:17). Avisos claros, constantes, amorosos. Mas o perigo está na espera. Na ilusão de que "ainda há tempo". Na cegueira espiritual que nos faz ignorar o que é mais importante.
Assim como Roberto desejou ter ouvido os conselhos para salvar sua saúde, muitos lamentarão, um dia, não terem ouvido os chamados de Deus para salvar sua alma. Mas a diferença é que, ao contrário do corpo, que com a doença pode ainda ter consolo, a alma que se perde eternamente, se perde para sempre. E quando se perceber isso, pode já ser tarde demais.
Que não
sejamos como Roberto. Que não deixemos para chorar apenas quando já não houver
mais solução. O tempo de agir é agora. O tempo de cuidar da alma, de ouvir os
avisos divinos, é hoje. Pois as oportunidades espirituais não são garantidas
para sempre.
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