CELEBRE
A VIDA
1. “O
preço já foi pago, celebre a vida”, esse foi e continua sendo o sugestivo tema
proposto pelo nosso MEVAM para a campanha de missões Estaduais deste ano, 2019.
A divisa é 1 João 5.12, uma “comunicação” de que quem tem “aquele que pagou o
preço”, isto é, “Jesus”, o Filho de Deus, tem a vida, mas quem não tem o Filho
não tem a vida.
2. O
objetivo, creio eu, é incentivar as igrejas a que comuniquem elas mesmas essa
verdade àqueles que ainda “não sabem” ou que “vivem como se não soubessem”, e
também incentivar estas mesmas igrejas a contribuírem para que mantenhamos os
missionários e projetos que já temos e que possamos ter mais missionários e
mais projetos para que mais pessoas sejam alcançadas com essa verdade ampla e
deliberadamente ignorada.
3. O
Pr. Marcelo Aguiar contou uma história bem sugestiva no boletim da Igreja
Batista Mata da Praia, boletim de 02 de junho de 2019. A história é a seguinte:
Um
escritor disse que, certa vez, estava fazendo um curso na Alemanha. Naquela
ocasião ele ficou hospedado em um convento na Bavária. A irmã encarregada de
cuidar do seu quarto tinha oitenta e quatro anos. Apesar da idade, ela
trabalhava incansavelmente.
Certo
dia, ao encontrá-la de joelhos encerando o chão, ele não se conteve, e lhe
disse:
“Schwester,
Sie arbeiten zuviel!” (“Irmã, você trabalha demais!”).
A velha
senhora endireitou o corpo e, ainda ajoelhada, olhou fixamente para ele, como
se quisesse repreendê-lo. Então, com um ar muito sério, respondeu:
“Der
Himmel ist nicht billig!” (“O céu não é barato!”).
4. É
verdade! O céu não é barato! Mas o que aquela senhora ignorava e que é o que
muitos ignoram, talvez deliberadamente, ou talvez por estarem “presos” pelas
cordas de sua “religiosidade”, é que “apesar de o céu não ser barato, o preço
já foi pago”. E se o preço já foi pago só nos resta celebrar. O nosso trabalho
agora, que deve ser abundante, visa não pagar um preço, mas comunicar às
pessoas que esse preço já foi pago por Jesus, para que elas possam celebrar e
glorificar a Deus pela vida eterna em Cristo Jesus.
5. Então,
creio ser esse o objetivo principal desse tema: falar “aos outros” que ainda
não se deram conta de que o preço Jesus já pagou.
6. Mas
o tema é também sugestivo a nós, àqueles que já sabem que Jesus pagou o preço, que
já se renderam a ele, e já receberam a vida. Mesmo a nós pastores o tema é
sugestivo, porque ele nos leva a refletir em “como” ou “quando” é que podemos
celebrar a vida de uma maneira verdadeiramente significativa, porque temos
visto pessoas supostamente já alcançadas pela graça de Deus em Cristo mas que,
parece, não estão conseguindo celebrar de verdade. Alguns estão até procurando
“lá fora”, “no mundo”, ou em “algumas ofertas do mundo”, e no “ceder a algumas
concupiscências carnais”, um alívio para os seus corações já quase vazios de
Deus e das “coisas de Deus”, mas cheios das ansiedades deste e por este mundo.
7. E
muitos pensamentos me vieram à mente sobre esse assunto, sobre esse “problema”,
mas eu selecionei três, para compartilhar com os irmãos. Três pensamentos em
que nós podemos refletir para nós mesmos, mas que também podemos usar para
compartilhar com aqueles que estão ao nosso redor, até mesmo com aqueles que já
não precisam mais serem avisados, porque já sabem, que o preço já foi pago. E
quais são esses três “pensamentos”?
8. Vamos
ao primeiro:
PRIMEIRO
– Podemos celebrar assim a vida, de forma significativa, SE fomos alcançados
pela graça de Jesus para a salvação.
1. É
claro que sei que isso é algo comum a nós, afinal estou falando para pastores.
2. Mas
seu não poderia deixar esse primeiro pensamento de fora porque ele é o
principal, sem o qual não haveria os outros.
3. Então,
tendo sido nós alcançados pela graça de Deus em Cristo para a salvação, podemos
celebrar. Por quê? Eis alguma razões:
a. Porque
não resta para nós mais nenhuma condenação (Romanos 8.1)
b. Porque
o dom gratuito de Deus, a vida eterna, é o que agora faz parte do contexto de
nossas vidas, e não o “salário do pecado”.
c. Porque
a ira de Deus não permanece mais sobre nós.
d. Porque
recebemos o poder de sermos filho de Deus, e, como filhos somos herdeiros de
Deus, co-herdeiros juntamente com Cristo.
e. Porque
a glória que em nós há de ser revelada não pode nem de longe ser comparada com
as aflições pelas quais passamos neste tempo presente.
f. Porque
Deus já nos abençoou com toda sorte de bênçãos nos lugares celestiais em Cristo
Jesus, e como se isto não bastasse, ainda vai mostrar a nós, nos “séculos vindouros”,
“as abundantes riquezas da sua graça, ou ‘a suprema riqueza da sua graça’, pela
sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2) – SUPREMA RIQUEZA D
SUA GRAÇA – Deus vais “extravasar”... É como está escrito: “As coisas que o
olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as
que Deus preparou para os que o amam.” (1 Coríntios 2:9 RC)
4. Então,
primeiro, podemos celebrar a vida SE fomos alcançados por Cristo. (Devo fazer
um apelo agora? Rssss)
5. Vamos
ao segundo pensamento:
SEGUNDO –
Para celebrar assim a vida, de forma significativa, depois de alcançados pela
graça precisamos fazer o que somos orientados a fazer em Hebreus e Romanos 12.1
e 2.
1. Hebreus
12.1 e 2 nos fala para deixar o pecado – o pecado que nos
rodeia, que tenazmente nos assedia.
a. Talvez
a referência aí seja ao pecado de forma geral, porque o pecado de forma geral
“está aí”, “sempre”, em suas diversas formas de manifestação, assediando sempre
e continuamente.
b. Mas
não seria errado também pensarmos “naquele pecado em particular” que parece
estar “impregnado” em nós e não quer sair de forma alguma.
c. Qual
é “esse” pecado “em mim”? Qual é esse pecado “em você”?
d. Deixe
esse pecado, abandone esse pecado, lute varonilmente contra esse pecado, porque
o pecado, em nós que somos servos de Deus, “anuvia” o nosso espírito, entristece,
gera incertezas, e, como vamos ter condições de celebrar a vida dessa forma?
Davi perdeu a alegria da certeza da salvação por causa do pecado.
2. Hebreus
12.1 e 2 também fala para nos desvencilharmos dos embaraços
a. Embaraço
ou peso é qualquer coisa que atrapalha, atrasa, mesmo não sendo em si mesmo um
pecado.
b. Embaraço
pode ser muitas coisas. Embaraço pode ser, por exemplo, um número excessivo de
atividades e compromissos pesando sobre os nossos ombros e desviando o nosso
foco das coisas principais que realmente competem a nós. O episódio da
instituição dos diáconos é um bom exemplo aqui.
3. E,
ainda, Hebreus 12.1 e 2 nos fala para corrermos perseverantemente a carreira
que nos foi proposta olhando para Jesus
a. Mais
uma vez creio que, assim como em relação ao pecado, há aqui uma “referência
geral”, isto é, uma referência à carreira cristã de forma geral, mas nada nos
impede de pensar na carreira específica, além da geral, de cada um de nós. Qual
foi a carreira que Deus propôs a VOCÊ? Qual é a missão que Deus deu a VOCÊ?
Cumpra essa missão. Cumpra ESSA missão. Acontece que quando a missão é grande e
envolve muito sucesso e muita fama, não temos muita dificuldade em termos
emocionais, de autoestima; corremos até um grande risco de nos
autoglorificarmos. Mas quando a missão é “pequena”, menor e com potencial menor
que a do outro para nos por em evidência, há o risco de nos sentirmos “meio pra
baixo” – espero que não seja esse o caso de nenhum de nós, mas é possível, e
assim fica difícil celebrar. Se ambicionarmos “vestir a camisa do outro” porque
“a camisa do outro” é “melhor”, podemos nos frustrar, porque a camisa dele foi
feita pra ele e não pra nós; e, frustrados, fica difícil celebrar.
b. Então,
temos que ir adiante, em nossa carreira cristã, a carreira que Deus nos propôs;
tanto a “carreira geral” quanto a “carreira específica”. E como é que temos que
seguir essa carreira?
i. Com
“paciência” ou “perseverança”. A palavra no grego é uma palavra que indica constância
e estabilidade, a característica de uma pessoa que não se desvia de seu
propósito e de sua lealdade.
ii. E
olhando PARA JESUS.
4. E
romanos 12.1 e 2 nos fala
a. Para
nos apresentarmos, nos “ofertarmos” inteiramente a Deus
b. Para
não nos conformarmos a este mundo
c. Para
nos transformarmos pela renovação do nosso entendimento
d. E
que, então, experimentaremos a vontade de Deus manifesta em nossas vidas, vontade
esta que é boa, agradável e perfeita.
5. E
assim, livres de pecados, livres de embaraços, seguindo com perseverança a
carreira que nos foi proposta olhando somente para Jesus, entregues a Deus,
conformados a Jesus e não a este mundo, como nosso entendimento renovado,
podemos celebrar a vida de forma significativa.
6. E
terceiro:
TERCEIRO – Para celebrar
assim a vida, de forma significativa, precisamos estar plenamente satisfeitos e
confiantes em Deus.
1.
Raymond C Ortlund em o livro “Senhor, Faça de
Minha Vida um Milagre”, diz algo interessante. Ele não está falando para
pastores, mas nos ajuda nessa reflexão:
Você naturalmente
quer uma vida cristã significativa. O que irá ajudá-lo a ter uma vida assim?
Você pode dizer: “bem, irei a uma igreja boa, sadia. Certamente este é o
caminho para obter propósito e realização”. Você descobre uma igreja e fica
entusiasmado. As coisas começam a acontecer. Um espírito iluminado, alegre, se
encontra ali. Deus está operando, e você diz: “É isto!” Você passa a fazer
parte de comitês, quadros administrativos e aulas da escola dominical, mas
depois de um ou dois anos pensa: “Ora, grande parte dessas pessoas não é melhor
do que eu, e
algumas delas têm problemas piores do que os meus”. Neste ponto você começa a sentir-se de novo
inquieto. Isso não quer dizer que vá deixar a igreja, mas você começa a
procurar algo mais, algo mais profundo... Você ouve falar de uma doutrina
especial aceita por certas pessoas que se reúnem numa casa ... e pensa: “Por que não ouvi falar
disso antes? Como é que ninguém me disse nada a respeito?” E você diz: “Alma,
alegre-se! Sua busca terminou. É isto que estava procurando!” Sua vida concentra-se
então nesta nova doutrina, nesta especialização. E ela é maravilhosa, é
bíblica. Mas logo você descobre que a mesma não abrange tudo, e sua alma se
inquieta. Você se sente seco e vazio. Certo dia então, um amigo que parece
cheio de alegria lhe diz: “O que você realmente precisa é uma certa experiência
cristã”. Você pensa: “Isso deve ser verdade. É exatamente o que eu preciso”.
Você vai então ao lugar onde as pessoas estão tendo a experiência em apreço, e
todos parecem felizes e jubilosos – que maravilha de lugar. E você diz:
“Aleluia! É isto!” Você tenta obtê-la também, e todo o grupo o anima. Eles
estão torcendo por você – e dizem: “Você precisa de mais fé. Liberte-se! Deixe
tudo de lado! Relaxe!” Finalmente você a alcança. Você passa por essa grande
experiência e diz: “Tem de ser isto. Deve ser isto!” Mas, eventualmente, a velha
inquietação volta. Por quê? É PORQUE
TODO O TEMPO VOCÊ ESTEVE PROCURANDO “ALGO” E NÃO “ELE”. Veja
bem, a igreja em si jamais deve ser a parte principal e o centro de sua vida.
Nem uma experiência – você não pode concentrar-se na experiência. Uma especialização,
ou uma doutrina boa e verdadeira não podem ser centrais. O próprio Deus é que deve ser o centro”.
2.
Há muita gente em nossas igrejas procurando “alguma coisa” e não “a Deus”. E enquanto essas pessoas
continuarem à procura de algo e não de Deus, terão muita dificuldade de
celebrar a vida de forma verdadeira e significativa.
3.
Paulo é um grande exemplo de alguém que estava
plenamente satisfeito e confiante em Deus.
a.
Quando ele se refere às aflições do tempo
presente e diz que elas são incomparavelmente menores que a glória que em nós
há de ser revelada, ele demonstra essa satisfação e confiança;
b.
Quando em outra parte ele fala das tribulações
como sendo leves e momentâneas e produtoras de um peso eterno de glória mui
excelente, ele demonstra essa satisfação e confiança;
c.
Quando ele diz estar experimentado em todas as
situações e circunstâncias da vida, fáceis e difíceis, e que pode conviver com
todas elas porque quem o fortalece é Cristo, ou Cristo é quem o reveste de
força, ele demonstra essa satisfação e confiança.
d.
Então ele pode celebrar e dizer “para mim o
viver é Cristo e o morrer é ganho”.
4.
Habacuque, o profeta, quando aprendeu que podia
ter plena satisfação e confiança em Deus, disse:
“... ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja
vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.
JEOVÁ, o Senhor, é minha força,
e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas”
(Habacuque 3:17-19 RC)
5.
Ismael é um missionário da JOCUM no continente
africano em cuja consagração tive o privilégio de ser o orador. Está lá já há
muitos anos. Em uma de suas mensagens no Brasil ele disse que uma das
dificuldades de muitos missionários que estão em determinados campos, e esse
talvez fosse o caso dele, é voltar ao seu país de origem para alguma atividade,
como promoção missionária, por exemplo, e ver que muitos de seus amigos de
juventude agora são médicos, engenheiros, advogados, empresários, e têm suas
casas muito bem edificadas, carros na garagem, enquanto que eles não. A
tentação de “amar o presente século” e abandonar tudo para “prosperar na vida
terrena” é grande. Mas Ismael está lá, firme, com sua esposa e filhas já moças,
uma delas nascida lá, resistente aos apelos deste mundo, e sempre mandando com
muita alegria notícias dos feitos nos campos missionários, celebrando. Por quê?
Não há outra explicação senão porque ele está plena e confiantemente satisfeito
em Deus.
6.
Não tem como celebrarmos a vida se não
estivermos plena e confiantemente satisfeitos em Deus; contentes nele.
CONCLUSÃO
1. O
preço já foi pago e você já foi alcançado pela graça de Deus em Cristo para a
salvação, então:
a. Deixe
todo e qualquer pecado;
b. Se
livre de embaraços;
c. Siga
perseverantemente a carreira que Deus lhe propôs, a geral e a específica, não
olhando para nada e nem ninguém além de Jesus;
d. Apresente-se
a Deus como uma oferta a Ele;
e. Conforme-se
a Jesus e jamais a este mundo;
f. Deixe
que Ele renove o seu entendimento;
g. Viva
plena e confiantemente satisfeito em Deus;
h. E:
CELEBRE A VIDA
Pr. Walmir Vigo
Gonçalves
Agosto de 2019