sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de efésios - estudo 9 de 9 - ESTAMOS NO EXÉRCITO

 

ESTAMOS NO EXÉRCITO

 

Efésios 6.10-24

 

Ø  Tozer escreveu que o mundo em que vivemos não é um lugar de lazer, e sim um campo de batalha.

Ø  E é verdade! Obviamente que desfrutamos de muito lazer, mas as batalhas para aqueles que creem e servem a Deus são muitas e grandes. Quanto mais interessados somos em viver uma vida de dedicação a Deus, uma vida santificada, mais e maiores serão as batalhas espirituais que enfrentaremos, ou pelo menos a percepção delas. Por exemplo, um crente que não se importa em cometer determinado pecado não achará ou não perceberá que a inclinação para ele seja uma batalha a se travar. Não tem batalha porque já se deixou derrotar antes mesmo de começar a lutar. É impressionante hoje a quantidade de crente que acha que está fazendo grande coisa em, antes mesmo de pecar, se entregar à disciplina da igreja porque vai passar um tempo “pecando com tal pecado”. Nesse momento o que ele está dizendo, mesmo que não tenha consciência disso, é que entre obedecer e desobedecer escolhe desobedecer; entre o mundo e a igreja escolhe o mundo; entre Deus e o diabo escolhe o diabo; entre o céu e o inferno escolhe o inferno. Tinha é que lutar, renunciar, mas o que faz é pedir licença para “ir ali perder uma batalha que nem começou ainda” como se isso fosse coisa pequena sem importância.

Ø  Isso é muito sério! A Bíblia é um livro de princípios; quero dizer: é um livro de ensinamentos que servem de base para outros ensinamentos. Então, por exemplo, Jesus ensinou que não se deve “trombetear”, para ser visto pelos homens, ao orar, ao dar esmolas e ao jejuar. Mas seriam só nesses casos específicos que não deveríamos querer “aparecer e sermos louvados pelos homens”? Não! Temos aí nesses exemplos um “princípio” que pode ser aplicado a muitas outras coisas mais: pregar, cantar, tocar instrumento, escrever textos, ensinar, profetizar, “falar em outras línguas” (muita gente fala, não é?), etc. E como tem gente que faz questão de trombetear coisas como essas!

Ø  Pois bem, onde quero chegar? Quero chegar no seguinte: quando Jesus manda ao mancebo de qualidade renunciar seus bens materiais para segui-lo, temos ali um caso específico, mas também um princípio – qualquer coisa que interrompa nossa comunhão com Deus, qualquer coisa que nos conduza à infidelidade, qualquer tipo de pecado, e até mesmo a roupa manchada da carne, como lemos em Judas 1.23, nós devemos renunciar ou “aborrecer” para seguir a Jesus, e isso implica em batalha. Que não sejamos derrotados.

Ø  Então, estejamos nós perceptivos quanto a isso ou não, estamos envolvidos em uma grande batalha, estamos no exército – o exército de Deus!

Ø  Três são os grandes inimigos que temos que enfrentar. Paulo falou sobre eles aqui mesmo em Efésios, em 2.1-3. Na ordem em que lá está: o mundo, o diabo e a carne. Geralmente usamos a ordem: o mundo, a carne e o diabo.

Ø  “O mundo” refere-se ao “sistema” ao nosso redor que se opõe a Deus.

Ø  “A carne” a gente sabe do que se trata: é a velha natureza que vem de Adão e que é inclinada a pecar, pecar e pecar.

Ø  E o diabo... Bem, o diabo é o diabo, o pai da mentira, o enganador, aquele que anda em derredor bramindo como leão buscando a quem possa tragar; e isso ele o faz incansavelmente.

Ø  O diabo é o grande inimigo contra o qual temos que lutar e que está em evidência aqui nessa parte dessa carta de Paulo.

Ø  Vamos ver aí sobre o inimigo, sobre o “equipamento” que Deus nos disponibiliza para a batalha, de onde vem a energia para a batalha e o encorajamento para a batalha.

Ø  Primeiro o inimigo:

 

I.             O INIMIGO (10-12)

 

“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:10-12 RC)

 

Ø  Uma das necessidades cruciais numa guerra é conhecer o inimigo. Saber qual é a força do inimigo, qual é a sua capacidade bélica, como ele age, quais as suas estratégias.

Ø  Não é diferente quando se trata de batalha espiritual, e, por isso mesmo, Deus nos instrui sobre ele não apenas aqui em efésios 6, mas ao longo de toda a Sua Palavra, de forma que só seremos pegos de surpresa se formos descuidados.

Ø  Nosso verdadeiro inimigo é espiritual. Aqui ele é descrito como principados, potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais.

Ø  Arche, exousia, kosmokrator, poneria. Tem uma hierarquia aqui: os que governam, os que estão logo abaixo dos que governam, mas também exercem autoridade, e os poderes malignos que saem dominando maldosamente este mundo de trevas.

Ø  Se fôssemos fazer um estudo teológico mais aprofundado de cada termo desses, isso levaria um bom tempo. Mas o cerne da questão é que nossa batalha não é simplesmente contra carne e sangue, não é simplesmente contra seres humanos, mas sim contra poderes espirituais. Então quando concentramos todas as nossas forças lutando contra pessoas que de uma forma ou de outra nos atrapalham em nossa vida espiritual, em nossa fé e fidelidade a Deus, em nossa comunhão com Deus, em nossa consagração, estamos perdendo tempo. Essas pessoas estão sendo controladas e usadas pelo diabo como inimigas da obra de Deus. Daí, conquanto pessoas estejam envolvidas e não devamos ignorar totalmente esse fato, nosso inimigo real e maior é o diabo, e isso faz com que as “armas” com as quais devemos lutar mudem.

Ø  E isso nos leva, então, ao segundo ponto, que é sobre:

 

II.            O EQUIPAMENTO (6.13-17)

 

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,” (Efésios 6:13-17 RC)

 

Ø  Antes disso, quando vai apresentar o inimigo, Paulo já fala sobre a necessidade de fortalecermo-nos no Senhor e na força do Seu Poder. Em quem mais poderíamos encontrar fortalecimento para lutar contra tão poderoso e astuto inimigo? Em ninguém mais. E esse fortalecimento no Senhor e na força do Seu poder é operado em nós pelo Espírito Santo que Ele enviou, em quem nós devemos andar e a quem devemos buscar. Alguém nos disse, aqui mesmo desse púlpito (PIB Muqui), que cantamos errado e oramos errado quando cantamos e oramos invocando a vinda do Espírito sobre nós, porque ele já veio de forma definitiva. Em certo sentido está certo porque Jesus disse que ele enviaria o Consolador e que Ele estaria para sempre conosco. No entanto não concordo que não possamos invocar a presença do Espírito, seja cantando, seja orando; podemos e devemos, e quando isso fazemos não estamos dizendo que Ele não está aqui, mas estamos declarando que desejamos e pedimos a Sua manifestação em nosso meio. Pois bem, devemos buscar essa manifestação em nossa vida para que sejamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder e vençamos aquele inimigo poderoso cujo desejo é o de apagar a imagem de Cristo em nós.

Ø  Tendo dito isto e apresentado o inimigo Paulo diz: “Portanto...”, isto é: já que a luta é contra tal inimigo, “tomai toda a armadura de Deus para que possais resistir e ficar firmes no dia mau”. Dia mau é uma expressão um tanto quanto vaga, mas certamente inclui o dia da tentação forte, o dia em que esses inimigos atacam de forma singular, dia de guerra. E quais são as “peças” dessa armadura? É o que veremos agora. Esse é o nosso “equipamento”.

 

A verdade, que é qual cinto que segura o restante da armadura. Satanás tenta enganar com mentiras, mas ele só consegue enganar quem não conhece e/ou não está firmado na verdade.

 

A justiça, que funciona como uma couraça. A couraça era um peitoral que protegia os órgãos vitais do tórax e da parte superior do abdômen. Era uma proteção extremamente importante para o soldado. Assim também A JUSTIÇA é importante para o discípulo de Jesus. JUSTIÇA aqui quer dizer RETIDÃO. A retidão de Cristo está em pauta. Cristo é o modelo. Precisamos deixar o Espírito operar em nós esse tipo de retidão, porque quando estamos exercitados no andar em retidão, qualquer tortuosidade que se apresente é logo percebida com facilidade. A nossa vitalidade espiritual é então protegida.

 

A “Preparação do evangelho da paz”, que funciona como as sandálias que protegem os nossos pés. Isto significa que devemos estar nos preparando para falar de Cristo a qualquer pessoa. O que é que protege os nossos pés e nos dá firmeza para caminhar? Não é o calçado? Imagine-se passando em uma estrada cheia de pedrinhas pontiagudas. Descalço você poderá caminhar com firmeza? E calçado? O Evangelho da paz, da reconciliação com Deus dá firmeza aos nossos pés. Você CONHECE esse evangelho, você VIVE esse evangelho, você PROCLAMA esse evangelho, você está firme.

 

A é o escudo que protege contra os dardos inflamados do maligno. Não se trata aqui da fé como sendo um corpo de doutrinas, e, sim, como aquele princípio que consiste na entrega de todo o nosso ser aos braços de Cristo. É compromisso com Cristo, lealdade crescente... Imaginemos dardos inflamados (flechas com fogo na ponta) sendo lançados. O objetivo é atear fogo em alguma coisa. Mas para que o fogo pegue é preciso que as mesmas atinjam algum material suscetível ao fogo. Assim é que satanás age. Ele lança sobre nós suas tentações; essas, para serem eficazes precisam encontrar “material suscetível”. A autoconfiança é um desses "materiais suscetíveis": “A autoconfiança é combustível fácil. A fé, porém, que elimina a dependência do crente de si mesmo, retira o combustível da frente do dardo. ... Cria a sensibilidade para as influências santas, mediante as quais a força da tentação é neutralizada. A fé chama em nosso socorro a ajuda de Deus”.

           

A salvação é o “capacete” que protege a mente, a alma. Veja o fantástico testemunho de Paulo em 2 Coríntios 1.3-9: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos. E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2 Coríntios 1:3-9 RC)

 

A espada é a arma ofensiva, e esta não é outra senão a Palavra de Deus. Mas notem que ela é a espada do Espírito. É o Espírito quem convence... é o Espírito quem aplica a Palavra. “É somente através do poder do Espírito Santo que a Palavra de Deus nos oferece qualquer utilidade. O Espírito Santo nos dá a Palavra e a torna eficaz em nós, dando vigor ao uso que fazemos dela. Também é o Espírito do Senhor que interpreta os preceitos da mensagem de Cristo para nós, tornando-os reais em nossas vidas. Em suma, é o Espírito Santo quem torna a Palavra de Deus uma força viva e vital em nossa vida diária”

 

Mas prestem bem atenção! O Espírito não vai nos colocar em uma espécie de transe, ou quando estivermos dormindo, colocar a Palavra em nossa mente.

 

-   NÓS temos a responsabilidade de estudá-la;

-   NÓS temos a responsabilidade meditar nela;

-   NÓS temos a responsabilidade de buscar colocá-la em prática;

-   NÓS temos a responsabilidade de nos mantermos sempre abertos à ação da Palavra em nossas vidas

 

Ø  Aí está, então, o equipamento que Deus dispõe para nós nessa batalha: o cinto da verdade, a couraça da justiça, as sandálias do evangelho, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do espírito que é a Palavra de Deus.

Ø  Mas tem também:

 

III.          A ENERGIA PARA A BATALHA (18-20)

 

“orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.” (Efésios 6:18-20 RC)

 

Ø  Onde é que encontramos “energia” para a batalha? Na oração.

 

-   Devemos orar em todo tempo, isto é, em qualquer ocasião e sob quaisquer circunstâncias; antes de tudo, primeiro do que tudo e mais importante do que tudo é a oração.

-   Devemos orar “com toda oração e súplica”. O cristão que ora apenas para pedir coisas para si está perdendo as bênçãos resultantes da intercessão e da ação de graças. A ação de graças é uma grande arma para derrotar satanás. Na quinta-feira bem cedo, enquanto me preparava para voltar ao estudo desse sermão, li um comentário em alguma postagem. Não lembro bem a postagem; acho que era em uma música que falava sobre a bondade de Deus; mas o comentário ficou na mente. No comentário a pessoa tinha o coração grato a Deus – coisas aconteceram na infância, mas Deus a amparou e hoje seu coração estava focado na gratidão a Deus pela Sua Bondade e ela se considerava uma pessoa vitoriosa. Satanás não conseguiu derrubar essa pessoa porque não conseguiu desviar seu coração de ser grato a Deus para a amargura.

-   Devemos orar no espírito, isto é, como expressão de nossa natureza espiritual, como um desejo sincero da alma e não como um mero capricho mental;

-   Devemos vigiar com toda perseverança, como um soldado em batalha, tanto para não sermos apanhados quanto para atacarmos quando Deus nos der a oportunidade;

-   E devemos orar por todos os santos, isto é, uns pelos outros, e pelos pregadores, para que possam falar como convém.

 

Ø  É aí que encontramos energia e fazemos satanás tremer, como bem disse alguém: “Satanás treme quando vê o mais fraco santo de joelhos”

 

IV.          O ENCORAJAMENTO NA BATALHA (21-24)

 

“Ora, para que vós também possais saber dos meus negócios e o que eu faço, Tíquico, irmão amado e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo, o qual vos enviei para o mesmo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console os vossos corações. Paz seja com os irmãos e caridade com fé, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade. Amém!” (Efésios 6:21-24 RC)

 

Ø  Saber que não estamos travando essa batalha sozinhos, nem espiritualmente e nem humanamente falando, nos encoraja; e nós também devemos encorajar outros.

Ø  Paulo animou os efésios; Tíquico encorajou Paulo (Atos 20.4); e Paulo o estava enviando de volta a Éfeso, a fim de ser um estímulo para os cristãos de lá.

Ø  É um grande estímulo saber que fazemos parte da família de Deus e que estamos orando uns pelos outros. Em parte alguma do Novo Testamento encontramos um cristão isolado. Os cristãos são como ovelhas: vivem em rebanhos. A igreja é um exército, e os soldados precisam permanecer juntos e lutar juntos.

Ø  É interessante notar as palavras que Paulo usa para encerrar essa carta: paz, amor, fé e graça. Ora, ele estava preso em Roma, mas cheio de coragem. Quaisquer que sejam as nossas circunstâncias, em Jesus Cristo somos abençoados com “toda sorte de bênçãos espirituais”.

 

CONCLUSÃO

 

Ø  O mundo em que vivemos é um grande campo de batalha e nós somos soldados no exército de Deus.

Ø  O inimigo é forte e é um inimigo espiritual: satanás e suas hostes espirituais da maldade.

Ø  Temos que buscar nos fortalecer no Senhor e na força do Seu poder; temos que nos vestir da armadura de Deus; temos que orar e vigiar com perseverança, inclusive orando uns pelos outros para que esses inimigos poderosos não obtenham vitória sobre nenhum de nós; e temos que ficar juntos, lutar juntos, encorajando uns aos outros.

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

 

FONTES:

 

Tão Grande Salvação – Exposição de Efésios – Russel Shedd

 

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin

 

Comentário Bíblico Expositivo – Novo Testamento 2 – Warren W. Wiersbe

 

Exposição de Efésios - estudo 8 de 9 - NOSSOS DEVERES EM CRISTO - PARTE 4 - OS DEVERES DOMÉSTICOS, DOS DERVOS E DOS SENHORES

 

NOSSOS DEVERES EM CRISTO – PARTE 4

 

OS DEVERES DOMÉSTICOS, DOS SERVOS E DOS SENHORES

 

Efésios 5.22-6.9

 

Ø  Atribui-se a Spurgeon as seguintes palavras acerca do lar: “Quando o lar é governado pela Palavra de Deus, podemos convidar anjos para se hospedarem conosco, e eles se sentirão à vontade”.

Ø  Atente bem para o termo governado. Significa dirigido, direcionado. Spurgeon não falava do lar que tem várias bíblias, apesar de isso ser importante; nem do lar em que se lê a bíblia, apesar de isso ser muito importante; nem do lar em que pelo menos uma vez por semana se pega a bíblia e faz um culto doméstico com direito a reflexão ou pregação da Palavra, apesar de isso ser de extrema importância. Spurgeon falava do lar governado / dirigido / direcionado pela bíblia. É bem diferente. NESSE lar anjos podem se hospedar e se sentirão à vontade.

Ø  Warren Wiersbe comenta essa fala de Spurgeon com palavras bem duras. Veja:

 

“O problema é que muitos lares não são governados pela Palavra de Deus – mesmo aqueles constituídos por cristãos professos –, e as consequências são trágicas. Alguns lares, em vez de hospedarem anjos, parecem deixar que os demônios tomem conta. Muitos casamentos acabam na justiça, e ninguém sabe porque tantos homens e mulheres vivem emocionalmente divorciados, ainda que continuem debaixo do mesmo teto. O poeta William Cowper chamou o lar de “único êxtase do Paraíso que sobreviveu à Queda”, mas muitos lares parecem mais um posto avançado do inferno, não um pedaço do céu.”

 

Ø  Que palavras, hein? Duras! Duríssimas! Pesadas!

Ø  Qual a solução? Dissolver esse lar? Acabar com ele? Não! Para nós que somos cristãos a solução é chamar alguém que possa consertar esse lar, e esse alguém é o Espírito Santo de Deus; precisamos aprender a deixar que o Espírito Santo governe o nosso lar através da Palavra de Deus. Somente pelo poder do Espírito é que nós podemos andar em harmonia como maridos e esposas, pais e filhos, e também, já que está no contexto da fala de Paulo, empregadores e empregados.

Ø  E qual é o direcionamento do espírito através da Palavra?

Ø  O direcionamento está aí no texto; são os, assim podemos chamar, nossos “deveres domésticos”, incluindo os deveres dos servos e senhores. Obviamente há muitos outros direcionamentos “gerais” que, se aplicados no contexto do lar cristão, vão também contribuir para a sua saúde. Mas vamos analisar um pouquinho os que estão aí no texto.

Ø  São eles:

 

I.             MULHERES: SEJAM SUBMISSAS (5.22-24)

 

“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido.” (Efésios 5:22-24 RC)

 

Ø  Submissão é “colocar-se debaixo da missão de uma outra pessoa”, o que implica em dar importância prioritária àquele com quem se casa. Essa é a orientação do Espírito através da Palavra, por intermédio do apóstolo Paulo, para as esposas, apesar de o apóstolo Pedro, em 1 Pedro 5, depois de falar que os jovens devem ser submissos aos anciãos, diz que, enfim, devemos todos ser sujeitos uns aos outros, isto é, no trato de uns para com os outros, todos devemos servir de alguma forma, com humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

Ø  Mas aqui Paulo está se dirigindo às esposas: “sejam submissas”.

Ø  Falar uma coisa dessas nesse tempo em que estamos vivendo chega a ser perigoso (kkk). Mas é o que está escrito aí pelo inspirado apóstolo Paulo.

Ø  E Paulo dá dois motivos para essa ordem: o senhorio de Cristo e a liderança do homem em Cristo. Assim como Cristo é o cabeça da igreja, o homem é o cabeça da mulher.

Ø  Quando a esposa cristã se sujeita a Cristo e deixa que ele seja o Senhor de sua vida, não tem dificuldade em sujeitar-se a seu marido.

Ø  Isso não significa, de modo algum, que ela deva tornar-se uma escrava, ou que o marido tenha liberdade para torna-la uma escrava, pois o marido também deve sujeitar-se a Cristo.

Ø  E se ambos vivem sob o senhorio de Cristo, então o resultado só pode ser harmonia. Liderança não é ditadura. “Um ao outro” e “ambos ao Senhor”. A esposa e o marido cristãos devem orar juntos e dedicar tempo ao estudo da Palavra, a fim de conhecerem a vontade de Deus para sua vida pessoal e para seu lar. A maioria dos conflitos conjugais de casais cristãos seriam resolvidos se ambos, marido e esposa, se sujeitassem de verdade a Cristo, lessem a Palavra juntos e juntos buscassem a vontade de Deus para o seu lar.

Ø  Isso explica porque por muito tempo se ensinou e ainda às vezes se ensina hoje que um cristão deve se casar com outro cristão e não viver em “Jugo desigual”. Mas pra isso dar certo o “cristão” tem que ser cristão mesmo, e não apenas um frequentador de igreja (essa prática de crente casar com crente perdeu força devido às más ações de muitos crentes em relação ao seu cônjuge)

Ø  Aliás, já que toquei no assunto, abro parênteses pra dizer que já está mais do que na hora de muitos de nós “crentes” assumirmos radicalmente o nosso “cristianismo” na prática. Crente ora, crente lê a bíblia, crente vai na igreja, crente se esforça para não pecar, crente se esforça para não dar mal testemunho, crente evangeliza (fala, entrega um folheto, faz um culto na sua casa só pra os familiares e vizinhos não crentes ouvirem o evangelho...), crente contribui financeiramente para a obra de Deus através da igreja... Crente faz essas coisas e outras mais e deixa de fazer tantas outras que são contrárias à vontade de Deus. Mas tem muito crente fazendo tudo errado, tudo contrário. Tem crente achando bonito pecar e contar pra todo mundo nas redes sociais. Que tempo é esse que estamos vivendo? Tá mais que na hora de assumirmos radicalmente, na prática, o nosso cristianismo.

Ø  Fecha parênteses.

Ø  Voltando: “Mulheres, sejam submissas”. Se o marido é cristão submisso a Cristo, te trata bem, não te explora, te respeita, seja-lhe naturalmente submissa. Se ele faz alguma coisa que não é muito legal, conversa pacífica com oração e busca da orientação de Deus na Palavra pode resolver a questão.

Ø  Assim o lar estará sendo governado, na verdade, não por um homem, mas pelo Espírito de Deus através da Palavra.

 

II.            MARIDOS, AMEM SUAS ESPOSAS (5.25-33)

 

“Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” (Efésios 5:25-33 RC)

 

Ø  Se os homens estavam com ar de satisfação até agora, então prestem bastante atenção, pois Paulo tem coisas a dizer aos maridos cristãos que são de maior peso do que o que disse às esposas.

Ø  O padrão exigido dos homens é altíssimo: amar a esposa “como Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”.

Ø  A igreja é, desculpem dizer assim, “um negócio interessante”. Ela, vivendo corretamente como igreja, é no mundo, de certa forma, uma “figura” de como deveria ser o mundo (olha que responsabilidade nós temos, o de ser um modelo para o mundo – e não o contrário). E também é uma figura de como deveria ser em nossos lares: Assim como Cristo é o cabeça da igreja, o homem é o cabeça da mulher; e, como Cristo amou a sua igreja ao ponto de se entregar por ela, o homem assim também deve amar a sua esposa.

Ø  Uma das definições práticas de amar é “cuidar do outro como cuidamos de nós mesmos”. É esse o cuidado ao qual devemos nos entregar pelas nossas esposas.

Ø  John Gill, ministro batista que viveu no Reino Unido entre 1697 e 1771, citado por Champlin, comenta assim:

 

Esse amor consiste em um amor forte e cordial por elas; em real deleite e prazer nelas; em demonstração de respeito e honra; em buscar o consentimento delas, bem como a sua satisfação e prazer; em uma vida comum, tranquila, constante e confortável com elas; em prover tudo quanto lhes é necessário; em protege-las dos abusos e injúrias; em manter a melhor opinião sobre suas pessoas e ações; e em esforçar-se por promover o bem-estar e o bem espiritual delas. Esse amor deve ser sincero, de todo o coração, e não fingido e egoísta. Deve ser exibido tanto em público quanto em particular. Também deve ser casto e singelo, constante e perpétuo; deve exceder aquilo que é conferido aos vizinhos, ou mesmo aos pais.

 

Ø  A submissão da mulher só tem sentido se houver esse amor por parte do marido, um amor sacrificial que o leva a se dedicar a ela e contribuir para o seu crescimento e pureza.

Ø  Agora veja o verso 28. Ele é bem interessante: “Os maridos devem amar sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo”.

 

Nós costumamos enfatizar bastante aquilo que o apóstolo Paulo fala acerca de Cristo e a igreja: que Cristo é o cabeça e a igreja o seu corpo, havendo, portanto, uma espécie de unidade orgânica entre Cristo e a igreja. E, interessantemente, Paulo aplica, de certa forma, essa mesma “figura” (não sei se seria essa a palavra) ao casal.

 

Agora, lembremo-nos de que quando um fariseu se aproxima de Jesus e lhe pergunta sobre se é lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo, ele respondeu: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.” (Mateus 19:4-6 RC). Enfatizo nesse texto a frase “uma só carne”. Paulo vai repetir essa fala de Jesus em 1 Coríntios 6.16, num contexto diferente do de Jesus, e aqui em efésios num contexto não exatamente igual, mas parecido.

 

É forte isso! Parece haver, no matrimônio, entre aqueles a quem “Deus ajuntou”, à vista de Deus, uma união total de duas personalidades. Já não são mais dois, mas apenas um. Então, aquilo que o marido faz à esposa, e vice versa, faz a si próprio, e, então, quem ama à sua esposa, como a Palavra diz aqui para amar, está amando a si mesmo, fazendo bem a si mesmo.

 

E veja também o verso 29: “Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja”.

 

E Paulo termina essa parte em que fala a esposas e a maridos dizendo, no verso 33: “Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido”

 

III.          FILHOS: SEDE OBEDIENTES E HONREM A VOSSOS PAIS

 

“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” (Efésios 6:1-3 RC)

 

Ø  Paulo admoesta diretamente aos filhos. A carta certamente seria lida na Congregação, e os filhos certamente estariam lá para ouvir, porque naquele tempo era costume a família toda participar do culto.

Ø  Será que eles prestaram atenção, entenderam e obedeceram?

Ø  E nós? Estamos prestando atenção, entendendo e obedecendo à Palavra que vem de Deus? (Deus que, aliás, é o nosso Pai, a quem, portanto, devemos obedecer). Obedecer ao que está aqui no texto e contexto dessa carta que estamos considerando e mais: toda a Palavra de Deus. Lembre-se que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Jesus, em Mateus 4.4). Nossa vida não é única e simplesmente material; nós temos também uma vida espiritual. Enquanto nosso corpo é alimentado e fortalecido pelo pão material, nosso espírito é alimentado e fortalecido pela Palavra de Deus.

Ø  Faça um exercício: à medida que for lendo a bíblia e encontrando orientações sobre o que fazer, como agir..., vá escrevendo numa folha as ordens que você obedece e em outra folha as que você não obedece. E depois peça graça a Deus para conseguir obedecer e transferir tudo para a folha da obediência. Tem muita orientação na Palavra de Deus: sobre amor, sobre perdão, sobre servir uns aos outros, sobre a vida moral, sobre oração, sobre a evangelização, sobre contribuição financeira, sobre frequência nos cultos da igreja, etc. – Como é que nós estamos ouvindo essas instruções da parte do Senhor em Sua Palavra?

 

Ø  (Aqui posso fazer referência ao exemplo da obediência do recabitas e a desobediência de Judá – veja em Jeremias 35.)

 

Ø  E aqui em Efésios Paulo fala sobre os filhos serem obedientes aos Pais.

Ø  E isso é justo! Diz Paulo. Por uma diversidade de razões é justo, até mesmo por uma questão de bom senso. Seria muito estranho os pais prestarem obediência aos filhos. Apenas em alguns casos bem específicos isso pode acontecer com naturalidade, mas o normal, o até humanamente correto, é que os filhos obedeçam e honrem aos pais, e todas as culturas humanas reconhecem o quão prudente é que assim seja.

Ø  Mas além de ser justo, é mandamento – Honrar Pai e mãe, o que inclui a obediência, é mandamento. Paulo está aí citando Êxodo 20.12, que é o quinto mandamento, mas o primeiro com promessa (e também o único com promessa no decálogo).

Ø  Agora, isso nos leva ao seguinte pensamento: se a função dos filhos é obedecer, a função dos pais é exercer autoridade. Pelo menos aos filhos menores, que ainda estão sob seus cuidados, os pais não devem negar o exercício da autoridade. Eu sei que em alguns lares isso já se tornou extremamente complicado no caso de filhos adolescentes, mas deve-se pelo menos tentar, sem frouxidão; e se houver desobediência, que o filho saiba que está em desobediência e que não fique pensando que ganhou os pais “pelo cansaço” ou pela “chantagem emocional”.

Ø  O exercício da autoridade também faz parte do “Ensina a criança no caminho em que deve andar...” (Provérbios 22.6). E “ensinar”, aí em provérbios, tem um sentido maior e mais prático do que dar instruções falando; o sentido é o de “treinar”. É como a criança que vai pra escolinha de futebol aprender a jogar futebol; ela não aprende a jogar futebol só ouvindo os ensinamentos do treinador, ela aprende jogando, “treinando”. E o exercício da autoridade é também um treinamento da criança, no caso, na obediência; e é importante porque a obediência todos nós vamos ter que exercê-la de alguma forma por toda a nossa vida.

Ø  Então, pais, exercitem a autoridade, e filhos, obedeçam e honrem a seus pais.

Ø  Obviamente exceções existem, sendo uma delas o caso em que para obedecer aos pais temos que desobedecer a Deus. Daí, “importa mais obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5.29)

 

IV.          VÓS, PAIS...

 

“E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4 RC)

 

Ø  Primeiro: “Não provoqueis a ira a vossos filhos”, isto é, “não tratem seus filhos de um jeito que os faça ficar irritados”.

 

Não sei como eram as crianças e adolescentes lá nos tempos de Paulo, mas os de hoje eu sei que se irritam por qualquer motivo e têm aversão pela autoridade. Então precisamos de muita sabedoria e paciência para lidar com eles com autoridade e ao mesmo tempo não causar irritação e desânimo (como lemos no texto paralelo a este – Colossenses 3.21). Por exemplo, EU preciso me policiar porque, confesso, falo demais reclamando e brigando quando poderia resolver tudo apenas ensinando pacientemente como é que devem ser as coisas e, sendo necessário, usando de autoridade para ordenar algo ou dizer não para algumas coisas sem muita falação. Eu sou irritante.

 

Tratamento abusivo também irrita e causa desânimo numa criança ou adolescente;

 

Preferência por outros filhos também pode irritar e amargurar – exemplo: preferência de Jacó por José.

 

E por aí vai... Tomemos cuidado com isso.

 

Ø  Segundo: “Criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”

 

Veja bem o que Paulo está dizendo aos pais:

 

É pra criar os filhos. Há muitos pais que “geram” filhos, mas não os “criam”, especialmente os homens. E eu não estou me referindo a pais que dão os seus filhos para os outros, por algum motivo, ou a pais que têm filhos “por aí”; falo de pais que têm os seus filhos em casa, mas não os “criam”, no verdadeiro sentido da palavra. Criar os filhos significa transformar, educar, nutrir, cuidar, cultivar ... Por diversas circunstâncias, e eu não quero aqui julgar ninguém, há muitos pais que, mesmo tendo seu, ou seus, filhos em casa, não os criam nesse sentido. Mas os pais cristãos precisam estar preocupados em, de fato, criar o seu filho. Deve colocar isso como meta em sua vida. Os pais cristãos precisam cultivara sua semente, o seu filho.

 

Mais ainda: é pra criar na doutrina do Senhor. Ao criar os filhos, os pais cristãos devem estar preocupados em que eles aprendam a doutrina do Senhor. Há muitas doutrinas, prescritas por muitas pessoas, e o mundo se encarregará de ensinar-lhes algumas, porém, os pais cristãos devem ensinar ao seu filho a doutrina que é prescrita pelo Senhor, e devem fazer isso em nome do Senhor, e sob a autoridade do Senhor. Como todo cristão foi chamado para exercer um ministério de reconciliação, como nos mostra II Coríntios 5:17-20, nada mais óbvio do que começar em casa, com os filhos. A Palavra de Deus já vem orientando, a muito tempo: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” (Deuteronômio 6:6-7).

 

E ainda: criar na admoestação do Senhor. Gary Ezzo, em “O Alvo em Ser Pais”, escreveu: “Há muitos pais que estão mais preocupados com a ‘felicidade’ dos seus filhos do que com a sua ‘santidade’. Há muitos que até ensinam a doutrina do Senhor com palavras, mas não com ação. Não há disciplina em forma de ação, e, muitas das vezes, os filhos “até sabem como reconhecer e identificar a atitudes da vida cristã, mas não sabem como vivê-las” (Ibid.). Admoestar significa advertir, repreender, lembrar, avisar, e isso inclui não só palavras, como também ações. Criar na admoestação do Senhor, é criar advertindo, repreendendo, regulamentando e purificando as paixões, de acordo com a Palavra do Senhor.

 

Ø  Então, dentre os nossos deveres como cristãos, se somos pais, está o de criar os nossos filhos na doutrina e admoestação do Senhor, com autoridade, mas sem atitudes que possam leva-los ao desânimo e amargura e à obediência apenas por medo.

 

V.           VÓS, SERVOS...

 

“Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.” (Efésios 6:5-8 RC)

 

Ø  Falar de servos aqui parece estar fora de contexto, já que o texto fala sobre o contexto de uma casa. E pra nós talvez esteja, mas para aquele tempo naquele contexto de vida, não está, porque, por mais estranho que possa nos parecer, naquele tempo as famílias, mesmo as cristãs, ainda possuíam servidores que eram uma espécie de escravos. A carta de Paulo a Filemom, intercedendo em favor de Onésimo, é um bom exemplo disso.

Ø  Agora, enquanto que nas famílias romanas em geral os escravos eram tratados como se não fossem pessoas, nas famílias cristãs há evidência de que eles eram tratados humanamente, mesmo quando ainda não emancipados; e quando algum deles se convertia, esse era tratado como igual.

Ø  É a esses que Paulo agora se dirige, e nós podemos contextualizar aplicando essas palavras a todos quantos são empregados – em casas ou empresas ou estabelecimentos públicos...

Ø  A ordem é obedecer e trabalhar não somente quando o patrão estiver vendo, e fazer isso de boa vontade, como ao Senhor e não a homens. Essa é a vontade de Deus, e Ele mesmo vai recompensar. É trabalhar como se o patrão fosse Jesus e não o Sr. Fulano de Tal. E isso implicará não apenas em trabalhar com diligência, como também com honestidade.

Ø  O servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque, na verdade, está servindo a Cristo. Tem um “senhor” segundo a carne, mas seu Senhor verdadeiro está no céu.

Ø  O servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque fazer um bom trabalho é da vontade de Deus.

Ø  O servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque, agindo assim, será recompensado pelo Senhor.

 

VI.          VÓS, SENHORES

 

“E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas.” (Efésios 6:9 RC)

 

Ø  Bem comentou Wiersbe que a fé cristã não promove a harmonia eliminado as distinções sociais ou culturais. Os servos continuam sendo servos mesmo depois que aceitam a Cristo, e os senhores continuam sendo senhores (isso, em geral). Antes, a fé cristã traz harmonia ao operar no coração. Cristo não nos dá uma nova organização, mas uma nova motivação. Tanto o servo quanto o senhor estão servindo a Cristo e procurando lhe agradar, e, desse modo, podem trabalhar juntos para a glória de Deus.

Ø  E Paulo apresenta, então, algumas responsabilidades do patrão cristão:

 

Deve se preocupar com o bem-estar dos seus empregaos“fazei o mesmo para com eles”. Se o patrão espera que os trabalhadores se empenhem o máximo por ele, então ele próprio deve dar o melhor de si por eles e não os explorar abusivamente. Um dos melhores exemplos bíblicos é Boaz, no livro de Rute, que tratava bem seus empregados, falava cordialmente com eles, mostrava-se sensível às necessidades deles e os respeitava. Como é triste quando um empregado diz que seu patrão se diz cristão mas não se parece com um cristão.

 

Não deve ameaça-los“deixando as ameaças”. É óbvio que isso não significa que não se deva adverti-los quando necessário. Mas não se deve jamais fazer ameaças infundadas. O medo tem um poder muitas vezes negativo, podendo tornar um trabalhador até menos produtivo e menos criativo.

 

Deve sujeitar-se ao Senhor“sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu”. Wiersbe conta uma boa história que ilustra bem isso. Ele diz acerca de um amigo que foi promovido a um cargo elevado de diretoria. Mas o poder lhe subiu à cabeça e ele não deixava passar uma oportunidade de demonstrar aos colegas quem estava no comando. Perdeu o respeito dos funcionários e a produtividade e eficiência do departamento dele caíram de tal modo que a empresa teve que colocar outra pessoa em seu lugar. Ele se esqueceu de que “tinha um Senhor no céu” e, por isso, não conseguiu ser um bom “senhor na terra”.

 

Não deve ter favoritismo – porque “O Senhor não faz acepção de pessoas”. Julgará tanto o senhor quanto o servo por seus pecados ou recompensará a ambos por sua obediência.

 

CONCLUINDO

 

Ø  Quero repetir uma frase que disse no início: “Quando o lar é governado pela Palavra de Deus, podemos convidar anjos para se hospedarem conosco, e eles se sentirão à vontade”.

Ø  GOVERNADO! Quando todos num relacionamento social (lar, empresa, lugar de diversão e entretenimento, e até mesmo na igreja), se deixam governar pela Palavra de Deus, então tudo vai bem.

Ø  Infelizmente nem sempre é assim; infelizmente quem às vezes governa somos nós mesmos, com nossos temperamentos ruins, com nossos conceitos ruins aprendidos numa sociedade repleta de conceitos ruins, com nossas inclinações carnais, com nossa dureza de coração... Dizemos que a Palavra de Deus é nossa regra de fé e conduta, mas na prática nem sempre é assim, sejamos sinceros. Mas se nós primeiro olharmos para Deus, para a Sua Palavra, em oração, para entendermos a Sua vontade com disposição de sermos governados por ela, tudo vai bem. Amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio, além de muitas outras coisas excelentes da Palavra de Deus estarão presentes, inundarão o ambiente e tudo será muito bom, agradável, gostoso, e se anjos vierem eles se sentirão muito bem em nosso meio.

Ø  Infelizmente somos duros demais de coração...

Ø  Oremos...

 

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

FONTES

 

Comentário Bíblico Expositivo de Warren Wiersbe

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin

Tão Grande Salvação – Russel Shedd

O Dever do Pai Cristão – sermão meu

É já a última hora

  É JÁ A ÚLTIMA HORA   “Filhinhos, é já a última hora...” (1 João 2.18)   Ø   “Última hora”, que é isso? Ø   Última hora é uma man...