sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de Efésios - estudo 1 de 9 - RAZÕES PARA LOUVAR A DEUS

 

RAZÕES PARA LOUVAR A DEUS

 

Efésios 1.1-14

 

O Autor: Paulo, Apóstolo de Cristo.

 

01. Saulo era um judeu que, justamente pelo fato de ser judeu, dedicava sua vida a preservar uma doutrina: a doutrina da unidade de Deus, de ser Ele (Deus) Supremo sobre todas as coisas.

02. Acontece que essa doutrina, no entender dos religiosos judeus da época, incluindo Saulo, foi ameaçada pelo surgimento de uma “seita” cristã que seguia o Nazareno chamado Jesus.

03. Saulo, sentindo-se muito ameaçado em sua própria pessoa, como também vendo o judaísmo tão “ameaçado”, achou válido servir àquela doutrina até à morte. E, com essa finalidade, dirigiu-se a Damasco a fim de destruir essa “seita” que se espalhava tão rapidamente pelas cidades do império Romano.

04. Mas, quando caminhava, uma visão, conforme hoje bem sabemos, transformou-lhe a vida. E naquele instante começou a vida do novo, agora não mais Saulo e sim Paulo, a sua vida em Cristo. Uma vida completamente transformada pela visão do senhorio de Cristo, do Cristo crucificado, ressurreto e glorificado. É assim a vida daquele que verdadeiramente tem um encontro com Cristo, uma vida completamente transformada...

05. E essa epístola aos Efésios é, podemos assim dizer, apenas uma continuação dessa visão, a visão do senhorio de Cristo, do Cristo crucificado, ressurreto e glorificado. É o Apóstolo Paulo reconhecendo a comissão que Cristo lhe deu, quando então, naquele importante encontro, sua vida teve uma reviravolta.

06. A palavra Apóstolo, que indica o reconhecimento da autoridade de Paulo, baseia-se numa palavra aramaica, shãliah, que, segundo Rengstorf, sugere que o apóstolo é aquele que é comissionado não apenas como missionário que leva uma mensagem; não apenas como um embaixador que tem sua carta selada para entregar a um rei de outro país; mas como procurador que substitui aquele que o mandou e que pode tomar iniciativas. No Talmude, uma coletânea de livros sagrados dos judeus, há uma citação interessante: “o shãliah é equivalente àquele que o mandou”. É por isso que Paulo às vezes diz o que disse em Efésios 2.20, que os crentes são edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Isto significa que os apóstolos e profetas receberam uma revelação revestida de autoridade e que eles próprios, portanto, eram autoridades. A Palavra de Paulo é, porque ele foi revestido de autoridade, igual à Palavra de Cristo, e a ela nós devemos dar ouvidos como se fosse o próprio Cristo falando. Se não cremos nisso, se não cremos nessa autoridade apostólica, se não cremos que Paulo foi “inspirado”, ficamos sem segurança alguma e facilmente deslizamos para a nossa própria razão humana (principalmente quando nos deparamos com os, conforme disse Pedro, “pontos difíceis de entender”).

07. Então, o autor é Paulo, apóstolo de Cristo, e a mensagem que ele nos traz é uma mensagem inspirada e cheia de autoridade. É bom darmos atenção a essa mensagem.

08. Agora pensemos em como Paulo se refere aos seus destinatários.

 

Os Destinatários: os Santos e Fiéis em Cristo Jesus.

 

01.  A palavra santo não significa uma pessoa que não peca. Não!

02. Com base em Daniel 7, onde o termo santos vem de uma palavra hebraica que significa separados, e em outras passagens do Antigo Testamento, santo quer dizer “pessoa separada por Deus”; e no Novo Testamento, através do Espírito de santificação, “alguém separado para pertencer exclusivamente a Deus”.

03. Se nós somos realmente convertidos e separados por Deus para o reino de Deus, então somos santos, ainda que não sejamos totalmente isentos de pecar. E é isso que Paulo pressupunha a respeito daqueles Efésios, isto é, que eles eram realmente convertidos, separados para o Reino de Cristo e, portanto, santos. Aqui é mais uma questão de posição do que de condição, ainda que àqueles que receberam a posição cabe viverem na condição de santos e desenvolverem essa santificação, vivendo para Deus, não vivendo no pecado, fazendo morrer a cada dia a sua natureza carnal, não provendo para a sua carne no tocante às suas paixões e concupiscências e provendo para o desenvolvimento de sua vida espiritual.

04. Você pode dizer: “pastor, é muito difícil!”. E eu digo: “é verdade!” As pressões incessantes do mundo, da carne e do diabo são fortíssimas; o diabo anda em derredor, bramindo como leão buscando a quem possa tragar; então é muito difícil mesmo! É uma luta constante! Se alguém lhe disser que é fácil, não o creia! Se alguém lhe apresentar um evangelho que não inclua essa dificuldade, não o receba, não é o verdadeiro evangelho! É uma luta, mas é uma luta que eu preciso lutar! Não posso simplesmente fugir dela e não posso ceder. Se eu sou de Cristo, preciso e vou lutar essa luta.

05. E esses santos, continua Paulo, são também fiéis. E fiéis são aqueles que se comprometeram com Cristo, aqueles que aceitaram o convite de sair do mundo perdido para o Reino do Filho do Seu amor, compromisso esse que é uma decisão definitiva e clara; é uma mudança de posição, não geográfica, mas mental, quanto a quem é Jesus Cristo e quanto a todos os outros senhorios do mundo – todos os outros estão abaixo do senhorio de Jesus; nós servimos ao Senhor Jesus, e, se para servir ao Senhor Jesus, em algum momento tivermos que desobedecer aos senhores humanos, que assim o seja. Mas esta palavra carrega também a ideia de fidelidade no sentido de identificação com Cristo. Os fiéis são aqueles que se identificaram com Cristo e continuam se identificando, permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.

06. Então, o autor é Paulo, apóstolo de Cristo, e os destinatários são os santos e fiéis, aqueles que foram separados e continuam se separando para serem de Cristo e que se identificaram com ele e a cada dia vão se tornando mais semelhantes a ele.

07. Tendo visto isto, vejamos agora, então, as razões aqui apresentadas para louvarmos a Deus, as bênçãos que motivam o nosso louvor.

 

As Bênçãos Que Motivam o Nosso Louvor

 

01. Essas bênçãos estão relatadas de forma específica a partir do verso 4, mas no verso 3, sem especificar, sem fazer uma “lista”, Paulo se expressa dizendo “bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Por quê? Porque Ele “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.

02. Na bíblia há detalhes que são bastante significativos, e um desses detalhes nós o encontramos aqui. Trata-se da preposição “em”. É “em” Cristo que somos abençoados. É pela instrumentalidade dele e é nele. E isso nos remete ao fato de que essas bênçãos são para aqueles que têm um relacionamento íntimo com ele, a intimidade de uma vida transformada, uma vida resgatada e salva; uma vida em que ele é realmente SENHOR, isto é, aquele a quem já nos entregamos, aquele que pode legislar sobre nós e controlar as nossas vidas porque nós estamos “em ele”. Você já está assim “em Cristo”?

03. Agora vejamos as bênçãos especificadas a partir do verso 4.

 

Bênçãos de Deus, o Pai (versos 4-6)

 

“... como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.” (Efésios 1:4-6 RC)

 

Ø  Temos três bênçãos aí, a saber:

 

·   Ele nos elegeu (escolheu)

 

Eu não sei se há hoje alguém que entenda de fato, com todas as implicações, o que significa essa escolha de Deus. Eu sei que há muita divergência sobre o assunto. Wiersbe, um grande estudioso das Escrituras, autor de obras maravilhosas, chega a confessar que essa é uma doutrina que deixa alguns maravilhados, mas outros perplexos. E conta que um professor de seminário disse-lhe certa vez: “Tente explicar essa eleição e pode acabar perdendo o juízo; tente livrar-se dela e perderá a alma”.

 

Então, é um assunto que está nas Escrituras, mas é um assunto complicado pra nós hoje. Mas uma coisa todos nós podemos saber, porque está claramente escrito na bíblia: Deus tem um livro (possivelmente temos aqui um antropomorfismo), o Livro da Vida, no qual Ele tem escrito os nomes de todos os que já foram salvos, dos que estão sendo salvos e dos que serão salvos. Nesse livro estão os nomes dos “escolhidos”.

 

Não se tem nenhuma informação de como Ele faz esta escolha. Não se explica que implicações esta escolha tem para mim, porque eu também tenho a minha escolha plena e livre. Mas uma coisa é preciso ser dita: se Deus não nos tivesse escolhido, antes da fundação do mundo, como está escrito aí, nós também não o “escolheríamos” e não seríamos filhos de Deus. Lembre-se que foi o próprio Jesus quem disse, e João registrou no evangelho que leva o seu nome, capítulo 6, versículo 44 que ninguém pode ir a ele se não for levado pelo Pai; e depois, no verso 65, ninguém pode ir a ele se não for concedido pelo Pai.

 

Esse é um caminho misterioso no qual temos que trilhar, mas trilhar com cuidado e sem querer ir além do que nos é permitido (ninguém saiba mais do que convém saber). Então quero apenas concluir esse ponto dizendo que esta bênção aí do texto é a garantia fundamental de que um dia olharei na face do meu Senhor, e que, então, ELE, e somente ele, deve receber toda a glória pela minha salvação.

 

Eis aí, então, a primeira razão para louvar, a primeira bênção que motiva o meu louvor.

 

Vamos adiante; mais uma bênção de Deus, o Pai:

 

·         Ele nos adotou

 

Somos “filhos de adoção por Jesus Cristo”, como diz o texto. Nascemos de novo pela fé em Cristo e, depois que nascemos de novo Deus nos adotou, isto é, nos colocou na posição de filhos dentro de Sua família. E se somos filhos, somos, como lemos em Romanos 8, “herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” e um dia receberemos a redenção do nosso corpo e estaremos para sempre com o Senhor.

 

Eis aí a segunda razão para louvar, a segunda bênção registrada no texto e que motiva o meu louvor.

 

Vamos adiante, à terceira bênção de Deus, o Pai:

 

·         Ele “nos fez agradáveis a Si, no Amado”, isto é, Ele nos aceitou.

 

Pela graça de Deus em Cristo, somos aceitos por Ele. Quando Paulo escreve a Filemom, um dos seus objetivos era incentivá-lo a receber de volta seu escravo que havia fugido, Onésimo. Mas Onésimo agora havia se convertido, e Paulo o envia de volta a Filemom e escreve a Filemom dizendo que pagaria qualquer coisa que Onésimo porventura lhe devesse e que Filemom deveria receber Onésimo como se fosse ele próprio (Paulo). E certamente Filemom assim o fez. Encontramos aqui um paralelo com aquilo que Deus fez conosco: Ele nos recebeu como se estivesse recebendo o Seu próprio Filho Jesus – Ele nos fez agradáveis a Si no Amado.

 

Então essa é a terceira razão para louvarmos a Deus.

 

Essas três primeiras são bênçãos de Deus, o Pai: Ele nos escolheu, Ele nos adotou e Ele nos aceitou (em Cristo nos fez agradáveis a Si)

 

Continuemos. Depois das bênçãos de Deus, o Pai, vêm as bênçãos de Deus, o Filho.

 

Bênçãos de Deus, o Filho (versos 7-12)

 

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas [as coisas,] na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que [estão] nos céus como as que [estão] na terra; nele, [digo,] em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas [as coisas,] segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo;” (Efésios 1:7-12 RC)

 

Ø  São três as bênçãos aí no texto que quero expor, a saber:

 

·         A bênção da redenção e remissão (perdão) – “temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas...”

 

Isso quer dizer que Deus, na pessoa do Filho, com o seu sangue nos comprou e nos libertou da condenação da lei, da escravidão do pecado e do poder de satanás e do mundo e nos perdoou os pecados.

 

Wiersbe tem uma palavra bem esclarecedora sobre essa remissão, ou perdão, das ofensas. Veja:

 

O verbo perdoar significa “levar embora”. Essa ideia nos traz à memória o ritual realizado em Israel no Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote enviava o bode expiatório para o deserto (Lv 16). Primeiro, o sacerdote sacrificava um de dois bodes e aspergia o sangue diante de Deus sobre o propiciatório. Em seguida, confessava os pecados de Israel, enquanto impunha as mãos sobre o outro bode que, depois, era levado ao deserto para nunca mais ser visto. Cristo morreu para levar os nossos pecados embora, a fim de que nunca mais sejam vistos (Sl 103.12; Jo 1.29). Não há qualquer acusação registrada contra nós, pois nossos pecados foram levados embora! O pecado nos empobrece, mas a Graça nos enriquece!

 

Essa é a primeira bênção de Deus, o Filho, aí apresentada, e, no geral, a quarta bênção, a quarta razão para louvarmos a Deus.

 

·         A bênção de ter-nos sido revelada a vontade de Deus – “descobrindo-nos o mistério da sua vontade”

 

O “mistério” foi revelado. “Mistério” significa algo que estava oculto, mas que agora foi revelado. Que “mistério” é esse? O plano de Deus para o futuro. Como bem escreveu o Dr. Russel Shedd:

 

Cristo abriu o seu livro de informes. Ele nos tem oferecido o seu plano para o futuro, o que é maravilhoso em todos os sentidos. Assim, não há necessidade de ficarmos desesperados diante da maneira como o mundo parece estar se tornando cada vez mais sujeito às forças do caos. Não, não! É o contrário, dizem os versos 9 e 10: Deus já propôs – e Ele não pode ser contrariado neste seu propósito – que todas as coisas vão convrgir em Cristo, que estará encabeçando tudo.

 

“Em Cristo Deus reunirá todas as coisas no apogeu das eras” (Wiersbe), e nós fazemos parte desse plano eterno extraordinário.

 

Então, estamos envelhecendo, estamos adoecendo, estamos enfrentando dificuldades as mais diversas, lutas e mais lutas, e vamos morrer (se Cristo não voltar antes), mas sabemos, foi-nos revelado, que, se estamos em Cristo, isso não é o fim. “Nem a morte pode nos separa do amor de Deus em Cristo Jesus”. Ressuscitaremos, receberemos corpos glorificados e estaremos para sempre com o Senhor, e sem nenhum tipo de dificuldade ou sofrimento mais.

 

Não é uma bênção saber disso? É a segunda bênção aí no texto, bênção de Deus o Filho, e quinta bênção em geral nessa nossa consideração.

 

A terceira bênção (sexta no geral) é:

 

·         A bênção de termos sido feitos herança – “fomos feitos herança”.

 

Algumas versões da bíblia trazem como tradução “obtivemos uma herança” ao invés de “fomos feitos herança”. As duas afirmações são válidas. Em Cristo temos uma herança maravilhosa, “uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pedro 1.1-4), e em Cristo somos uma herança; em João 17, em sua oração ao Pai, Jesus se refere aos seus discípulos (aqueles e os que ainda viriam a ser – e isso nos inclui) como “aqueles que me deste”. Somos herança de Cristo e somos coerdeiros juntamente com ele.

 

Agora uma observação quanto a esse trecho em questão. É certo que TODOS quantos estamos em Cristo somos herança e temos herança, mas nesse texto em questão nos parece que Paulo está se referindo à nação judaica, o que pode explicar ele dizer “fomos feitos herança” ao invés de “obtivemos herança”. Porque faço essa observação? É por causa do contraste entre o nós dos versos 11 e 12 e o vós do verso 13. É como se Paulo dissesse: Nele “nós” (judeus) fomos feitos herança e nele “vós” (gentios) também estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa... Lembre-se de que Israel é o povo da promessa e que há uma profecia/promessa de que eles serão salvos (obviamente não sem reconhecer Jesus como o Messias). Para a glória de Deus, a própria nação judaica vai se converter ao Messias, segundo a promessa de Deus. Então, eles foram feitos herança.

 

Essa é, então, a terceira bênção de Deus, o Filho, e a sexta bênção no geral, bênçãos que são razões para louvarmos a Deus.

 

Continuemos. Já vimos as bênçãos de Deus, o Pai; já vimos as bênçãos de Deus, o Filho; agora vejamos as bênçãos de Deus, o Espírito Santo.

 

Bênçãos de Deus, o Espírito Santo (versos 13-14)

 

“em quem também vós [estais,] depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão [de Deus,] para louvor da sua glória.” (Efésios 1:13-14 RC)

 

Ø  São duas as bênçãos de Deus, o Espírito Santo, a saber:

 

·         A bênção de termos sido selados com o Espírito Santo da promessa – “... fostes selados...”

 

Depois que ouvimos a palavra da verdade, o evangelho da nossa salvação, e cremos, fomos selados com o Espírito Santo da promessa.

 

Vamos repetir isso, porque é muito importante: “... depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa...”.

 

Preste bem atenção!

 

“Depois”...

 

Depois de que? Depois que ouvistes a palavra da verdade, que é o evangelho da vossa salvação, e creram.

 

Quanto tempo depois? Imediatamente depois. Ouviu, creu, foi selado com a presença do Espírito Santo. Recebe-se o Espírito Santo imediatamente depois que se crê em Cristo. Dar lugar ao Espírito, andar no Espírito, estar pleno do Espírito, pode ser que muitos não estejam fazendo, e, por isso talvez até pareça que Ele não esteja presente, mas está. Se a pessoa de fato creu e está em Cristo, tem o selo do Espírito.

 

E o ato de selar indica uma transação concluída. O sangue de Jesus foi o preço que ele pagou por nós. Quando cremos nisso e recebemos a Jesus como o Messias, o nosso Salvador, então fomos salvos, a transação foi concluída, e Deus “carimba” em nós o Seu selo, que é o Seu Espírito. É possível entristecer o Espírito, e desse modo perder as bênçãos de seu ministério, mas Ele permanece em nós. 1 Tessalonicenses 5.19 fala de “apagar” o Espírito (extinguir, em algumas versões), mas não é um apagar no sentido de que Ele não estar mais presente, e sim no sentido de abafar a sua atuação, o que é uma situação de grande prejuízo para a vida cristã.

 

Mas um selo também pode ser usado como marca de autenticidade. É isso que se faz no cartório quando se vai autenticar alguma coisa; um selo de autenticidade é colado ou carimbado no documento. O Espírito Santo é selo de Deus em nós que indica que somos cristãos autênticos. “... se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8:9 RC)

 

Essa é, então, aí no texto, a primeira bênção de Deus, o Espírito Santo, e a sétima bênção no geral, bênçãos que são razões para louvarmos a Deus.

 

E a segunda bênção de Deus, o Espírito Santo, aí no texto, e que é a oitava nessas nossas considerações, é:

 

·         A bênção de o Espírito Santo em nós ser o penhor da nossa herança – “... o qual é o penhor da nossa herança...”

 

Um penhor era no tempo de Paulo, e ainda o é hoje, uma espécie de garantia. O ato de penhorar hoje é muito comum. Penhora-se, por exemplo, joias, imóveis, veículos... Pega-se uma certa quantia em dinheiro e oferece-se alguma coisa como penhor.

 

Mas também, e muito mais aplicável ao nosso assunto em questão, um penhor pode ser aquele valor que se dá de entrada quando se está fazendo certos “negócios”. A garantia de que você vai realmente comprar aquele imóvel, ou aquela joia, ou aquele carro, ou que vai mesmo locar aquele sítio para o retiro da igreja, e que não deve ser vendido ou locado para outros, é a entrada em dinheiro que foi paga. Então, nesse sentido, figuradamente, o Espírito Santo em nós é a garantia de Deus a Seus filhos de que El terminará a Sua obra e, no devido tempo, os conduzirá à glória.

 

Porém, muito mais aplicável ainda, é um outro significado da palavra penhor, significado esse que é utilizado em alguns lugares do nosso planeta, como na Grécia, por exemplo. Que significado é esse? É “aliança de noivado”. E esse significado é muito mais aplicável a esse caso porque o nosso relacionamento com Deus não é de caráter comercial; antes, é uma experiência pessoal de amor. Cristo é o noivo e a igreja, que somos nós, é a noiva. E o Espírito é, figuradamente, a “aliança de noivado”, isto é, a garantia de que Cristo retornará e tomará a sua noiva para si.

 

Essa é, então, aí no texto, a segunda bênção de Deus, o Espírito Santo, e a oitava bênção no geral, bênçãos que são razões para louvarmos a Deus.

 

Conclusão

 

01. Esse foi, então, o primeiro estudo dessa série em Efésios, e vimos:

Ø  O autor: Paulo, apóstolo de Jesus Cristo. Apóstolo no sentido de ser aquele que foi comissionado não apenas como missionário que leva uma mensagem; não apenas como um embaixador que tem sua carta selada para entregar a um rei de outro país; mas como procurador que substitui aquele que o mandou e que pode tomar iniciativas. Nesse sentido não existem mais apóstolos hoje.

Ø  Os destinatários: os santos e fiéis em Cristo Jesus, isto é, aqueles que foram separados para pertencerem exclusivamente a Deus e que se identificaram com Cristo e continuam se identificando, permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.

Ø  E, já que nosso tema é Razões Para Louvar a Deus, vimos sobre as bênçãos que motivam o nosso louvor:

·   Fomos, por Deus, o Pai, escolhidos, adotados e feitos, em Cristo, agradáveis a si.

·   Fomos, por Deus, o Filho, redimidos e perdoados, feitos conhecedores do seu plano maravilhoso para o nosso futuro, de maneira que não precisamos ficar temerosos quando o mundo parece cada vez mais despencar para um caos total, e fomos feitos herança (temos herança porque somos coerdeiros com Cristo, e somos a herança de Cristo, aqueles a quem o Pai deu ao Filho)

·   Fomos, por Deus, o Espírito Santo, selados e garantidos de que a obra em nós iniciada será concluída e no devido tempo seremos conduzidos à glória.

02. Wiersbe conta que...

 

Uma esposa aflita procurou um conselheiro cristão e lhe contou a triste história de seu casamento que estava preste a chegar ao fim.

 

 – Mas temos tanta coisa! – comentou a mulher várias vezes. – Veja só este anel de diamante em meu dedo. Vale uma fortuna! Temos uma mansão cara em um condomínio d alto padrão. Temos três carros e uma casa nas montanhas. Temos tudo o que o dinheiro pode comprar!

 

 – É bom ter as coisas que o dinheiro pode comprar – o conselheiro lhe respondeu –, desde que não perca as coisas que o dinheiro não pode comprar. De que lhe adianta ter uma mansão se você não tem um lar? De que lhe serve um anel caríssimo, se você não tem amor?

 

03. Dinheiro nenhum no mundo pode comprar essas bênçãos sobre as quais estivemos falando aqui, mas em Cristo temos todas elas; em Cristo temos tudo o que o dinheiro não pode comprar, todas as riquezas espirituais. Desfrutamos dessas dádivas porque conhecemos e amamos o Doador.

04. Quer maiores razões do que essas para louvar a Deus?

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

FONTES: 

“Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991

“Novo Testamento 2 – Comentário Bíblico Expositivo” – Warren W. Wiersbe, 2ª. Edição, 2020 – Geográfica Editora

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