sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de efésios - estudo 9 de 9 - ESTAMOS NO EXÉRCITO

 

ESTAMOS NO EXÉRCITO

 

Efésios 6.10-24

 

Ø  Tozer escreveu que o mundo em que vivemos não é um lugar de lazer, e sim um campo de batalha.

Ø  E é verdade! Obviamente que desfrutamos de muito lazer, mas as batalhas para aqueles que creem e servem a Deus são muitas e grandes. Quanto mais interessados somos em viver uma vida de dedicação a Deus, uma vida santificada, mais e maiores serão as batalhas espirituais que enfrentaremos, ou pelo menos a percepção delas. Por exemplo, um crente que não se importa em cometer determinado pecado não achará ou não perceberá que a inclinação para ele seja uma batalha a se travar. Não tem batalha porque já se deixou derrotar antes mesmo de começar a lutar. É impressionante hoje a quantidade de crente que acha que está fazendo grande coisa em, antes mesmo de pecar, se entregar à disciplina da igreja porque vai passar um tempo “pecando com tal pecado”. Nesse momento o que ele está dizendo, mesmo que não tenha consciência disso, é que entre obedecer e desobedecer escolhe desobedecer; entre o mundo e a igreja escolhe o mundo; entre Deus e o diabo escolhe o diabo; entre o céu e o inferno escolhe o inferno. Tinha é que lutar, renunciar, mas o que faz é pedir licença para “ir ali perder uma batalha que nem começou ainda” como se isso fosse coisa pequena sem importância.

Ø  Isso é muito sério! A Bíblia é um livro de princípios; quero dizer: é um livro de ensinamentos que servem de base para outros ensinamentos. Então, por exemplo, Jesus ensinou que não se deve “trombetear”, para ser visto pelos homens, ao orar, ao dar esmolas e ao jejuar. Mas seriam só nesses casos específicos que não deveríamos querer “aparecer e sermos louvados pelos homens”? Não! Temos aí nesses exemplos um “princípio” que pode ser aplicado a muitas outras coisas mais: pregar, cantar, tocar instrumento, escrever textos, ensinar, profetizar, “falar em outras línguas” (muita gente fala, não é?), etc. E como tem gente que faz questão de trombetear coisas como essas!

Ø  Pois bem, onde quero chegar? Quero chegar no seguinte: quando Jesus manda ao mancebo de qualidade renunciar seus bens materiais para segui-lo, temos ali um caso específico, mas também um princípio – qualquer coisa que interrompa nossa comunhão com Deus, qualquer coisa que nos conduza à infidelidade, qualquer tipo de pecado, e até mesmo a roupa manchada da carne, como lemos em Judas 1.23, nós devemos renunciar ou “aborrecer” para seguir a Jesus, e isso implica em batalha. Que não sejamos derrotados.

Ø  Então, estejamos nós perceptivos quanto a isso ou não, estamos envolvidos em uma grande batalha, estamos no exército – o exército de Deus!

Ø  Três são os grandes inimigos que temos que enfrentar. Paulo falou sobre eles aqui mesmo em Efésios, em 2.1-3. Na ordem em que lá está: o mundo, o diabo e a carne. Geralmente usamos a ordem: o mundo, a carne e o diabo.

Ø  “O mundo” refere-se ao “sistema” ao nosso redor que se opõe a Deus.

Ø  “A carne” a gente sabe do que se trata: é a velha natureza que vem de Adão e que é inclinada a pecar, pecar e pecar.

Ø  E o diabo... Bem, o diabo é o diabo, o pai da mentira, o enganador, aquele que anda em derredor bramindo como leão buscando a quem possa tragar; e isso ele o faz incansavelmente.

Ø  O diabo é o grande inimigo contra o qual temos que lutar e que está em evidência aqui nessa parte dessa carta de Paulo.

Ø  Vamos ver aí sobre o inimigo, sobre o “equipamento” que Deus nos disponibiliza para a batalha, de onde vem a energia para a batalha e o encorajamento para a batalha.

Ø  Primeiro o inimigo:

 

I.             O INIMIGO (10-12)

 

“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:10-12 RC)

 

Ø  Uma das necessidades cruciais numa guerra é conhecer o inimigo. Saber qual é a força do inimigo, qual é a sua capacidade bélica, como ele age, quais as suas estratégias.

Ø  Não é diferente quando se trata de batalha espiritual, e, por isso mesmo, Deus nos instrui sobre ele não apenas aqui em efésios 6, mas ao longo de toda a Sua Palavra, de forma que só seremos pegos de surpresa se formos descuidados.

Ø  Nosso verdadeiro inimigo é espiritual. Aqui ele é descrito como principados, potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais.

Ø  Arche, exousia, kosmokrator, poneria. Tem uma hierarquia aqui: os que governam, os que estão logo abaixo dos que governam, mas também exercem autoridade, e os poderes malignos que saem dominando maldosamente este mundo de trevas.

Ø  Se fôssemos fazer um estudo teológico mais aprofundado de cada termo desses, isso levaria um bom tempo. Mas o cerne da questão é que nossa batalha não é simplesmente contra carne e sangue, não é simplesmente contra seres humanos, mas sim contra poderes espirituais. Então quando concentramos todas as nossas forças lutando contra pessoas que de uma forma ou de outra nos atrapalham em nossa vida espiritual, em nossa fé e fidelidade a Deus, em nossa comunhão com Deus, em nossa consagração, estamos perdendo tempo. Essas pessoas estão sendo controladas e usadas pelo diabo como inimigas da obra de Deus. Daí, conquanto pessoas estejam envolvidas e não devamos ignorar totalmente esse fato, nosso inimigo real e maior é o diabo, e isso faz com que as “armas” com as quais devemos lutar mudem.

Ø  E isso nos leva, então, ao segundo ponto, que é sobre:

 

II.            O EQUIPAMENTO (6.13-17)

 

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,” (Efésios 6:13-17 RC)

 

Ø  Antes disso, quando vai apresentar o inimigo, Paulo já fala sobre a necessidade de fortalecermo-nos no Senhor e na força do Seu Poder. Em quem mais poderíamos encontrar fortalecimento para lutar contra tão poderoso e astuto inimigo? Em ninguém mais. E esse fortalecimento no Senhor e na força do Seu poder é operado em nós pelo Espírito Santo que Ele enviou, em quem nós devemos andar e a quem devemos buscar. Alguém nos disse, aqui mesmo desse púlpito (PIB Muqui), que cantamos errado e oramos errado quando cantamos e oramos invocando a vinda do Espírito sobre nós, porque ele já veio de forma definitiva. Em certo sentido está certo porque Jesus disse que ele enviaria o Consolador e que Ele estaria para sempre conosco. No entanto não concordo que não possamos invocar a presença do Espírito, seja cantando, seja orando; podemos e devemos, e quando isso fazemos não estamos dizendo que Ele não está aqui, mas estamos declarando que desejamos e pedimos a Sua manifestação em nosso meio. Pois bem, devemos buscar essa manifestação em nossa vida para que sejamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder e vençamos aquele inimigo poderoso cujo desejo é o de apagar a imagem de Cristo em nós.

Ø  Tendo dito isto e apresentado o inimigo Paulo diz: “Portanto...”, isto é: já que a luta é contra tal inimigo, “tomai toda a armadura de Deus para que possais resistir e ficar firmes no dia mau”. Dia mau é uma expressão um tanto quanto vaga, mas certamente inclui o dia da tentação forte, o dia em que esses inimigos atacam de forma singular, dia de guerra. E quais são as “peças” dessa armadura? É o que veremos agora. Esse é o nosso “equipamento”.

 

A verdade, que é qual cinto que segura o restante da armadura. Satanás tenta enganar com mentiras, mas ele só consegue enganar quem não conhece e/ou não está firmado na verdade.

 

A justiça, que funciona como uma couraça. A couraça era um peitoral que protegia os órgãos vitais do tórax e da parte superior do abdômen. Era uma proteção extremamente importante para o soldado. Assim também A JUSTIÇA é importante para o discípulo de Jesus. JUSTIÇA aqui quer dizer RETIDÃO. A retidão de Cristo está em pauta. Cristo é o modelo. Precisamos deixar o Espírito operar em nós esse tipo de retidão, porque quando estamos exercitados no andar em retidão, qualquer tortuosidade que se apresente é logo percebida com facilidade. A nossa vitalidade espiritual é então protegida.

 

A “Preparação do evangelho da paz”, que funciona como as sandálias que protegem os nossos pés. Isto significa que devemos estar nos preparando para falar de Cristo a qualquer pessoa. O que é que protege os nossos pés e nos dá firmeza para caminhar? Não é o calçado? Imagine-se passando em uma estrada cheia de pedrinhas pontiagudas. Descalço você poderá caminhar com firmeza? E calçado? O Evangelho da paz, da reconciliação com Deus dá firmeza aos nossos pés. Você CONHECE esse evangelho, você VIVE esse evangelho, você PROCLAMA esse evangelho, você está firme.

 

A é o escudo que protege contra os dardos inflamados do maligno. Não se trata aqui da fé como sendo um corpo de doutrinas, e, sim, como aquele princípio que consiste na entrega de todo o nosso ser aos braços de Cristo. É compromisso com Cristo, lealdade crescente... Imaginemos dardos inflamados (flechas com fogo na ponta) sendo lançados. O objetivo é atear fogo em alguma coisa. Mas para que o fogo pegue é preciso que as mesmas atinjam algum material suscetível ao fogo. Assim é que satanás age. Ele lança sobre nós suas tentações; essas, para serem eficazes precisam encontrar “material suscetível”. A autoconfiança é um desses "materiais suscetíveis": “A autoconfiança é combustível fácil. A fé, porém, que elimina a dependência do crente de si mesmo, retira o combustível da frente do dardo. ... Cria a sensibilidade para as influências santas, mediante as quais a força da tentação é neutralizada. A fé chama em nosso socorro a ajuda de Deus”.

           

A salvação é o “capacete” que protege a mente, a alma. Veja o fantástico testemunho de Paulo em 2 Coríntios 1.3-9: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos. E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2 Coríntios 1:3-9 RC)

 

A espada é a arma ofensiva, e esta não é outra senão a Palavra de Deus. Mas notem que ela é a espada do Espírito. É o Espírito quem convence... é o Espírito quem aplica a Palavra. “É somente através do poder do Espírito Santo que a Palavra de Deus nos oferece qualquer utilidade. O Espírito Santo nos dá a Palavra e a torna eficaz em nós, dando vigor ao uso que fazemos dela. Também é o Espírito do Senhor que interpreta os preceitos da mensagem de Cristo para nós, tornando-os reais em nossas vidas. Em suma, é o Espírito Santo quem torna a Palavra de Deus uma força viva e vital em nossa vida diária”

 

Mas prestem bem atenção! O Espírito não vai nos colocar em uma espécie de transe, ou quando estivermos dormindo, colocar a Palavra em nossa mente.

 

-   NÓS temos a responsabilidade de estudá-la;

-   NÓS temos a responsabilidade meditar nela;

-   NÓS temos a responsabilidade de buscar colocá-la em prática;

-   NÓS temos a responsabilidade de nos mantermos sempre abertos à ação da Palavra em nossas vidas

 

Ø  Aí está, então, o equipamento que Deus dispõe para nós nessa batalha: o cinto da verdade, a couraça da justiça, as sandálias do evangelho, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do espírito que é a Palavra de Deus.

Ø  Mas tem também:

 

III.          A ENERGIA PARA A BATALHA (18-20)

 

“orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.” (Efésios 6:18-20 RC)

 

Ø  Onde é que encontramos “energia” para a batalha? Na oração.

 

-   Devemos orar em todo tempo, isto é, em qualquer ocasião e sob quaisquer circunstâncias; antes de tudo, primeiro do que tudo e mais importante do que tudo é a oração.

-   Devemos orar “com toda oração e súplica”. O cristão que ora apenas para pedir coisas para si está perdendo as bênçãos resultantes da intercessão e da ação de graças. A ação de graças é uma grande arma para derrotar satanás. Na quinta-feira bem cedo, enquanto me preparava para voltar ao estudo desse sermão, li um comentário em alguma postagem. Não lembro bem a postagem; acho que era em uma música que falava sobre a bondade de Deus; mas o comentário ficou na mente. No comentário a pessoa tinha o coração grato a Deus – coisas aconteceram na infância, mas Deus a amparou e hoje seu coração estava focado na gratidão a Deus pela Sua Bondade e ela se considerava uma pessoa vitoriosa. Satanás não conseguiu derrubar essa pessoa porque não conseguiu desviar seu coração de ser grato a Deus para a amargura.

-   Devemos orar no espírito, isto é, como expressão de nossa natureza espiritual, como um desejo sincero da alma e não como um mero capricho mental;

-   Devemos vigiar com toda perseverança, como um soldado em batalha, tanto para não sermos apanhados quanto para atacarmos quando Deus nos der a oportunidade;

-   E devemos orar por todos os santos, isto é, uns pelos outros, e pelos pregadores, para que possam falar como convém.

 

Ø  É aí que encontramos energia e fazemos satanás tremer, como bem disse alguém: “Satanás treme quando vê o mais fraco santo de joelhos”

 

IV.          O ENCORAJAMENTO NA BATALHA (21-24)

 

“Ora, para que vós também possais saber dos meus negócios e o que eu faço, Tíquico, irmão amado e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo, o qual vos enviei para o mesmo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console os vossos corações. Paz seja com os irmãos e caridade com fé, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade. Amém!” (Efésios 6:21-24 RC)

 

Ø  Saber que não estamos travando essa batalha sozinhos, nem espiritualmente e nem humanamente falando, nos encoraja; e nós também devemos encorajar outros.

Ø  Paulo animou os efésios; Tíquico encorajou Paulo (Atos 20.4); e Paulo o estava enviando de volta a Éfeso, a fim de ser um estímulo para os cristãos de lá.

Ø  É um grande estímulo saber que fazemos parte da família de Deus e que estamos orando uns pelos outros. Em parte alguma do Novo Testamento encontramos um cristão isolado. Os cristãos são como ovelhas: vivem em rebanhos. A igreja é um exército, e os soldados precisam permanecer juntos e lutar juntos.

Ø  É interessante notar as palavras que Paulo usa para encerrar essa carta: paz, amor, fé e graça. Ora, ele estava preso em Roma, mas cheio de coragem. Quaisquer que sejam as nossas circunstâncias, em Jesus Cristo somos abençoados com “toda sorte de bênçãos espirituais”.

 

CONCLUSÃO

 

Ø  O mundo em que vivemos é um grande campo de batalha e nós somos soldados no exército de Deus.

Ø  O inimigo é forte e é um inimigo espiritual: satanás e suas hostes espirituais da maldade.

Ø  Temos que buscar nos fortalecer no Senhor e na força do Seu poder; temos que nos vestir da armadura de Deus; temos que orar e vigiar com perseverança, inclusive orando uns pelos outros para que esses inimigos poderosos não obtenham vitória sobre nenhum de nós; e temos que ficar juntos, lutar juntos, encorajando uns aos outros.

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

 

FONTES:

 

Tão Grande Salvação – Exposição de Efésios – Russel Shedd

 

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin

 

Comentário Bíblico Expositivo – Novo Testamento 2 – Warren W. Wiersbe

 

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