sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O Fruto do Espírito–parte 9 de 10–Mansidão

O FRUTO DO ESPÍRITO
Gálatas 5.22-23
 Pr. Walmir Vigo Gonçalves


Parte 9 de 10 – Mansidão


VIII. MANSIDÃO – O fruto do Espírito é ... mansidão...

01. Mas o que significa ser manso? Vamos pensar sobre isso. Pensemos primeiramente em sentido negativo, isto é, o que mansidão, a mansidão segundo a Palavra de Deus, NÃO é.

Ø A mansidão bíblica NÃO é algo natural

a.    Não é uma questão de temperamento natural, é fruto do Espírito. Certamente que existe uma mansidão natural, mas essa que estamos considerando não é natural. Na Bíblia temos exemplos de homens como Davi, Jeremias, Moisés, Paulo e outros; homens de temperamento natural fortíssimo, de uma “personalidade” extraordinária e que, entretanto, se tornaram homens humildes e mansos sob a direção do Senhor.

Ø A mansidão bíblica NÃO é indolência

b.    Existe muita gente que parece ser mansa, mas não é; antes, é indolente, isto é, é apática, insensível, indiferente, e ser manso, biblicamente falando, nada tem a ver com isso.

Ø A mansidão bíblica NÃO é fraqueza de caráter ou personalidade, e também NÃO é medo.

c.    Há muita gente que parece ser mansa, mas que não é; é simplesmente uma pessoa de personalidade fraca ou medrosa.

Ø A mansidão bíblica NÃO é simples gentileza

d.    Quanta gente gentil existe no mundo!
e.    E isso é muito bom!
f.     Mas isso, simplesmente, não corresponde à mansidão de que a Bíblia nos fala.

Ø A mansidão bíblica NÃO é aquela atitude de quem quer “paz a qualquer preço”

g.    Pelo contrário, o indivíduo manso segundo Deus é alguém que, se necessário for, defenderá a verdade divina até morrer por ela. A história da igreja está repleta de mártires. O primeiro deles foi Estevão.

02. Essas e muitas outras são coisas que a mansidão bíblica NÃO é.
03. Sendo assim, o que vem a ser então essa mansidão?
04. Várias considerações poderiam ser feitas aqui, mas uma só nos é suficiente:

Ø  A MANSIDÃO CONSISTE EM UMA ENTREGA DA NOSSA VONTADE A DEUS


a.    Quando fazemos isto, então não resta mais lugar para espírito de revolta e ressentimento com as circunstâncias e pessoas. (enfatizar bem isso)
b.    Mas observem que essa atitude de não revolta e de não ressentimento,
                                  i.    não é porque o crente seja tolo,
                                ii.    não é porque o crente seja bobo,
                               iii.    ou até porque não sinta nem um pouquinho de vontade de reagir assim.
                               iv.    O fato é que ele não é mais o dono de sua vontade, pois a entregou a Deus.
c.    E quando submetemos a nossa vontade a Deus, submissos a Ele ficam também
                                  i.    os nossos direitos,
                                ii.    as nossas causas,
                               iii.    os nossos interesses pessoais,
                               iv.    as nossas reivindicações...
                                v.    ... tudo!
                               vi.    Tudo passa a ocupar um plano inferior em nossas vidas em relação a Deus e à Sua vontade soberana.
                              vii.    Estas coisas, estas causas, até poderão e creio que estarão sempre presentes nas vidas dos crentes, mas sempre obedecendo os limites estabelecido por Deus, sempre submissas à Sua vontade.
05. Tendo feito essas considerações, passemos a ver agora alguns exemplos bíblicos de pessoas mansas.

Ø Abraão – Quando Deus testou Abraão, ordenando-lhe que sacrificasse seu único filho, Isaque, não vemos em parte alguma da Bíblia que ele tenha levantado objeções, nutrido ressentimento ou mesmo sentimento de auto piedade; apenas continuou firme na fé na promessa que recebera de Deus. Veja Gênesis 22.1-14 e Hebreus 11.17-19.

Ø  José – Foi desprezado por seus irmãos e vendido como escravo (Veja Gênesis 37.12-28), mas não nutriu nenhuma revolta ou hostilidade. Quando seus irmãos o reconheceram lá no Egito, temeram e clamaram por misericórdia. E o que José fez? Simplesmente lhes disse: “Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus?  Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande.” (Gênesis 50:19-20 RC)

Ø  Moisés – Apenas dois episódios na vida de Moisés nos são suficientes para mostrar sua mansidão, e eles se encontram, respectivamente, em Êxodo 32.7-14 e Números 12.1-15.

Ø  Davi – Um homem de uma coragem fantástica. Quando pastor de ovelhas matou um urso e um leão para proteger as ovelhas. Depois ele enfrentou Golias, e o matou. Entretanto, perseguido por Saul, ainda que teve oportunidade, não ousou tocar no ungido do Senhor. Veja 1 Samuel 17.17-51, 24.2-7 e 26.1-10

06. E o que dizer de Jó, João Batista, Paulo e muitos outros que, com muita coragem, mas também com muita mansidão, com muita submissão à vontade de Deus, enfrentaram duríssimas circunstâncias em suas vidas?
07. Todos esses são bons exemplos, excelentes exemplos, mas o grande exemplo vem do Senhor Jesus.
08. Jesus tinha a mansidão como o alicerce de sua atitude para com todas as circunstâncias da vida.
a.    Um grande exemplo o temos em Mateus 4.1-11. Jesus podia tranquilamente transformar pedras em pães, no entanto, ele só o faria se o Pai assim o desejasse.
b.    Em João 5.30 ele diz: “... não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou”. O cálice que o Pai lhe deu, ainda que um cálice de extrema amargura, ele o bebeu, e foi o supremo exemplo de como um homem manso sempre deixa Deus determinar o que lhe é melhor em todas as circunstâncias.
09. Paulo diz em Romanos 13.14: “... revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...”, e isso inclui ter no coração a virtude da mansidão.
10. Vejamos a seguir, sobre a mansidão na prática. Apenas três pontos.

Ø  A mansidão nos ensina a sofrer sem reclamações, sem murmurações.

a.    Jesus é o grande exemplo (Veja 1 Pedro 2.21-23).
b.    Jesus entregou seus direitos ao Pai, ao Juiz Soberano.
c.    E nós somos exortados a seguirmos as suas pisadas, mas quantas são as vezes em que falhamos nisso!?
                                  i.    Não é verdade que, muitas vezes, quando os “nossos direitos” não são observados, vociferamos com língua venenosa em protesto?
                                ii.    E quando assim não agimos somos chamados de tolos. Eu nunca ouvi ninguém dizer, se referindo a alguém que tenha sido injustiçado e que tenha entregado a causa nas mãos de Deus, que esse alguém tenha sido revestido pela mansidão de Jesus (Uau! Como ele foi revestido pela mansidão de Jesus!), mas já ouvi palavras mais ou menos assim: “Como “fulano” é bobo! Ah, se fosse eu!”
                               iii.    Não é errado confrontar o mal, desde que a confrontação seja legítima, com o propósito de correção, pensando mais no que errou do que em mim que sofri as consequências do erro. Jesus muitas vezes foi duro com seus ouvintes, principalmente com os escribas e fariseus; mas não por ressentimento diante do que eles faziam e iriam fazer a ele, não pensando em si próprio, mas neles, no bem-estar espiritual deles.
d.    Então, a mansidão, na prática, quando exercitada, nos ensina a sofrer sem reclamações, sem murmurações.

Ø  A mansidão facilita a renúncia que Deus requer de Seus filhos

e.    Veja Lucas 14.33
f.     Renunciar a tudo quanto temos não é abandonar tudo: lar, família, emprego, casa, e ir morar como mendigo debaixo de uma ponte. Antes, é entrega a Deus de nossos direitos egoístas e pessoais.
g.    Quando declaramos que Jesus é Senhor em nossa vida, isso não é verdade enquanto retivermos o direito à vida e a todos os valores que a acompanham.
h.    Jim Elliot foi um jovem que viveu nos meados do século passado, e que foi convocado por Deus para evangelizar os índios selvagens da floresta amazônica no Equador. Era uma tarefa muito difícil e que podia levar à perda da vida. Mas esse jovem deixou-nos a seguinte frase: “Não é tolo quem abre mão do que não pode reter para segurar firme aquilo que não pode perder”. Ele morreu assassinado com mais três jovens missionários. Um deles se chamava Rogério, e sua esposa, Bárbara Youderian, ao saber que eles haviam sido mortos e jogados no rio, lembrou-se das palavras do Salmo 48.14: “... este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; Ele será o nosso guia até à morte”. E com este salmo na mente, e ciente de que só Deus e ninguém mais era Senhor da vida de Rogério, ela louvou a Deus e orou: “Ajude-me, Senhor, a ser mãe e pai”.

Ø A mansidão nos instrui em um são procedimento em nossos relacionamentos no lar.

i.      Quando exercemos a mansidão, no sentido de ser um rendimento de nossa vontade à vontade de Deus, no lar, somos bem-aventurados no sentido de nosso procedimento ser um santo procedimento, agradável a Deus.
j.      Mas isso é especialmente difícil quando nem todos no lar são crentes em Jesus.
                                  i.    Milhares de mulheres cristãs convivem com maridos incrédulos, e vice-versa.
                                ii.    Milhares de filhos moram com pais não crentes.
                               iii.    E as circunstâncias de muitos desses crentes às vezes os pressionam a resmungar, reagir e condenar os familiares com quem convivem.
                               iv.    Mas a atitude que Deus requer de nós não é essa,
                                v.    e o exercício da mansidão possibilita a atitude correta.

11. E quais seriam alguns meios eficazes para ajudar a aumentar a mansidão?

Ø Fazer um ato de entrega de seus direitos a Deus

a.    Isso é mais difícil de fazer do que de falar.
b.    MAS DEVE SER FEITO.
c.    Precisamos confirmar no nosso coração que não temos direito a nada, e que todos os direitos pertencem a Deus.
d.    Deus é dono de tudo quanto é “nosso”, e se por algum motivo Ele nos tirar ou permitir que seja tirado o que Ele nos deu, a nossa reação deve ser de serenidade, tranquilidade, e não de rancor.
e.    Se não me engano é o Dr. Russel Shedd que conta que

Certa tarde, no Rio Grande do Sul, aconteceu o seguinte: irmãos evangélicos estavam ouvindo os princípios da mansidão e da importância de se abrir mão dos direitos sobre todos os nossos pertences. De repente, certo irmão teve uma crise de tosse. Saiu da reunião e, ficou chocado ao perceber que havia um espaço vago exatamente onde tinha deixado o seu carro uma hora antes. Ficou indignado, disposto a... (esganar)... o ladrão se descobrisse que era ele. Mas acalmou-se ao relembrar o que estava sendo ministrado na reunião. A raiva cedeu lugar à gratidão e ao louvor. No dia seguinte, chegando ao trabalho, sua atitude tão mudada foi o meio que Deus usou para penetrar no coração de alguns colegas que havia muito precisavam de um testemunho cristão verdadeiro.

Ø Pensar seriamente na soberania de Deus

f.     Deus é soberano e não há nada fora do Seu controle, absolutamente nada.
g.    E mesmo que não saibamos o porquê de um acontecimento que julgamos ser “mal”, se amamos a Deus, no fim isso redundará em bênçãos.
h.    Mas não devemos pensar só em coisas e acontecimentos, mas até os direitos sobre a nossa reputação devem ser entregues a Deus. Entre as marcas da carne pecaminosa estão as mágoas e o desejo de nos vingar quando nosso bom nome é atingido. Por outro lado, perdoar genuinamente reflete a santidade que o Espírito Santo está gerando em nós.
i.      Os mansos também entregam os direitos sobre as pessoas. Quando perdemos um ente querido podemos cair na tentação de culpar Deus, mas os mansos, aqueles que entregaram seus direitos a Deus, reconhecem a soberania divina e reconhecem que esta vida é uma vida de agonias, mas que as mesmas são passageiras e até podem produzir um “peso de glória” acima de toda comparação. (2 Coríntios 4.17)

Ø Ler as Escrituras com o intuito de nos examinarmos (e mudarmos o que precisa ser mudado) e orar fervorosa e constantemente buscando um espírito manso.

12. Se você é crente, o Espírito está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a mansidão; então, seja manso, insto é, entregue a Deus a sua vontade, as suas causas, os seus direitos.

13. E então chegamos ao último resultado, que é: Temperança











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