quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Estudos no Sermão do Monte / parte 9 - Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça


 

BEM-AVENTURADOS OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA

 

Mateus 5.10

 

01. Estamos quase concluindo a primeira etapa de nossos estudos no Sermão do Monte, que é a etapa das bem-aventuranças. Falta apenas considerarmos a última bem aventurança, e isso faremos hoje, e depois considerarmos sobre o regozijo na tribulação, que não é uma bem aventurança por si mesmo, mas uma extensão dessa última que temos diante de nós.

02. Essa última bem-aventurança fala sobre ser perseguido por causa da justiça.

03. Já tivemos ocasião de estudar sobre essa justiça de que fala o texto. Ela é tema da quarta bem aventurança: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

04. Quando estudamos a quarta bem-aventurança dentre o que vimos podemos destacar:

a.    Ter fome e sede de justiça é anelar por ser positivamente santo, de despojar-se do velho homem que se corrompe pelas concupiscências do engano e revestir-se do novo homem que é criado segundo Deus, em verdadeira justiça e santidade;

b.    Ter fome e sede de justiça significa ter, como supremo desejo, o de conhecer a Deus e desfrutar de companheirismo com Ele; o de ser parecido com o próprio Senhor Jesus.

05. Mas também podemos dizer que esta quarta bem aventurança engloba as demais, ou, melhor dizendo, cada uma delas engloba as outras.

06. Então,

a.    Quem tornou-se humilde de espírito também há de lamentar o pecado, há de ser manso, terá fome e sede de justiça, será misericordioso, limpo de coração e pacificador, segundo o entendimento que já tivemos sobre cada uma dessas coisas.

b.    Quem lamenta o pecado é porque tornou-se humilde de espírito, e será também, portanto, misericordioso, limpo de coração, pacificador, manso e terá fome e sede de justiça, segundo o entendimento que já tivemos sobre cada uma dessas coisas.

c.    E o mesmo poderíamos ir dizendo sobre cada uma das bem aventuranças - elas estão interligadas; inseparavelmente interligadas.

07. Portanto, a justiça a que Jesus se refere aqui, pela qual podemos ser perseguidos, podemos assim dizer, engloba tudo o que já foi dito anteriormente.

08. Aquele que,

a.    Por ter-se tornado humilde de espírito, ter-se reconhecido espiritualmente um mendigo miserável à parte de Cristo, sofre perseguições ou qualquer tipo de constrangimento, é bem-aventurado.

b.    Aquele que, por chorar/lamentar devido ao seu pecado e o pecado de outros, sofre algum tipo de perseguição/constrangimento, é bem-aventurado.

c.    Aquele que...

                                  i.    ... por ter-se tornado manso no sentido de entregar a Deus todas as suas causas;

                                ii.    ... por ter fome e sede de justiça no sentido de se ver completamente livre até da presença do pecado;

                               iii.    ... por ter se tornado misericordioso até mesmo para com aquele que só merece desprezo, abandono e punição;

                               iv.    ... por ter-se rendido a Jesus tornou-se limpo de coração, tornou-se parecido com o próprio Jesus;

                                v.    ... por ter-se tornado, digamos assim: um “agente promotor” de reconciliação entre Deus e os homens mediante a proclamação do evangelho, além de um “agente promotor” de reconciliação entre homens e homens,

d.    ... sofre algum tipo de perseguição e/ou constrangimento, é bem aventurado.

e.    Resumindo: aquele que por causa da justiça divina, aquele que, pelo fato de ser convertido a Deus por intermédio de Jesus, pelo fato de ser um fidelíssimo servo do Senhor Jesus, parecido com Jesus, é, de alguma forma, em maior ou menor grau, perseguido, não é um infeliz, é um bem-aventurado.

09. A Bíblia diz que satanás é o deus desta era. Sendo assim, certamente que ele não está disposto a deixar que cristãos verdadeiros, sinceros, tenham uma vida inteiramente pacífica neste mundo, se depender dele.

10. O próprio Jesus teve de enfrentar a hostilidade irracional dos homens e de satanás nos seus dias terrenos. Certa vez, preste a ser apedrejado por algumas pessoas, disse: “Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual desta obras me apedrejais?” (João 10.32)

11. Jesus disse em João 16 que chegaria um momento em que as pessoas matariam um cristão julgando estar prestando um serviço a Deus. E não é isso que tem acontecido por séculos a fio ao redor do mundo?

12. Em João 15.20 Jesus disse: “... se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós...”

13. Poderíamos até já parar por aqui, mas convém-nos enfatizar mais uma coisa com mais clareza, ainda que já esteja subentendida no que já dissemos.

14. Essa ênfase é sobre o fato de que não lemos aqui que são bem aventurados aqueles que são perseguidos ou sofrem alguma necessidade por causa de atitudes dignas de condenação, ou por serem difíceis ou por serem tolos em sua maneira de evangelizar.

a.    Exemplos:

                                  i.    Atitude de superioridade – há crentes que se portam diante de outros com se fossem de uma “espécie” superior... Vai sofrer

                                ii.    Chatice (para não usar o termo fanatismo) – Tem crente que é chato! Não conhece outro assunto senão assunto de Bíblia. Não estou menosprezando a Bíblia, mas há outros assuntos também. Evangelizar a pessoa talvez seja a coisa mais importante, mas há outros assuntos também. A pessoa pode até “pregar”, ou “deixar a sua mensagem” a alguém todas as vezes que se encontra com esse alguém, mas há outros assuntos também... Daí o vizinho corre dele, bem como os colegas de trabalho, de escola e às vezes até os familiares, e até “falam mal dele nos bastidores”, e ele acha que esse “sofrer” é por causa do evangelho. Não! É porque ele é chato!

                               iii.    Fofoca e maledicência – Há crente fofoqueiro e maledicente... e as pessoas sabem disso... e falam... falam até contra o fato de ele ser crente... e o evitam... e ele acha que esse “sofrer” é porque ele é crente! Não! É porque é fofoqueiro e maledicente.

                               iv.    E também tem o crente mal pagador, o crente mal vizinho, o crente “cobiçador”, o crente “esperto” que “passa a perna” no ingênuo...

b.    Na verdade, essas não são atitudes cristãs, mas quando um crente vive a cometê-las, as pessoas não fazem separação, e o fato de ele ser crente vai ser citado quando da condenação de suas atitudes por parte das pessoas. Mas esse “sofrer” não é um sofrer no qual se encaixa essa bem aventurança, porque não é um sofrer por ser crente, ou por ser servo de Deus; antes, é um sofrer por causa de atitudes que são realmente dignas de condenação.

15. Nós não vivemos em um contexto de perseguições hostis como muitos já viveram e como muitos ainda têm vivido. Entretanto sempre houve, sempre há e sempre haverá algum tipo de perseguição para aqueles que quiserem viver uma vida cristã autêntica. Sempre haverá algum tipo de perseguição para aqueles que quiserem expor, por palavras e ação, na íntegra, aquilo que diz a palavra de Deus. Às vezes a perseguição se manifesta em forma de chacota, de gracejos porque você é diferente, é parecido com Jesus e não com “eles”, não faz o que “eles” fazem, discorda de certas atitudes, não participa de certas coisas...

16. Às vezes a perseguição vem até mesmo da parte daqueles que se dizem irmãos...

17. Se você, meu amado, tem sido ou vier a ser perseguido, objeto de gracejos, por querer viver uma vida em conformidade com os padrões divinos, uma vida altamente santificada, não se desanime. Diante de Deus você é um bem-aventurado, e a você pertence o reino dos céus.

 

 

 

Muqui – Novembro de 2012

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Estudos no Sermão do Monte – Martyn Lloyde-Jones – Editora Fiel

 

A Felicidade Segundo Jesus – Russel Shedd – Editora Vida Nova

 

 

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