sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A RELAÇÃO DO FILHO DE DEUS COM O PECADO.

A RELAÇÃO DO FILHO DE DEUS COM O PECADO.

 

1.    No estudo anterior vimos, olhando para 1 João 3.1-3 1que "Agora Somos Filhos de Deus", e o somos não por mérito pessoal, mas porque Ele em Seu amor nos concedeu esta bênção.

2.    Vimos que ser filho de Deus é algo maravilhoso, porque significa, dentre outras coisas,

a.    ser novamente aceito pelo Pai

b.    ter a posição de

                                  i.    cidadão do céu

                                ii.    membro de um sacerdócio santo e real

                               iii.    membro da família de Deus

                               iv.    membro de um povo de propriedade exclusiva de Deus

c.    significa ser co-herdeiro, com Cristo, de uma herança indescritível

3.    Mas ser filho de Deus traz também grandes responsabilidades sobre nós, como por exemplo a responsabilidade de lidarmos de forma correta para com o pecado.

4.    Qual deve ser a relação do filho de Deus para com o pecado?

5.    É sobre isso que estaremos pensando hoje, e, para tal, vamos ler 1 João 3.4-10.

6.    O texto está abaixo, em três versões diferentes.

a.    Versão Revista e Corrigida: "Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu. Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: qualquer que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus."

b.    Versão Revista e Atualizada: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.  Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.  Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.  Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão."

c.     Versão da Bíblia na Linguagem de Hoje: "Quem peca é culpado de quebrar a lei de Deus, porque o pecado é a quebra da lei. Vocês já sabem que Cristo veio para tirar os pecados e que ele não tem nenhum pecado. Assim, quem vive unido com Cristo não continua pecando. Porém quem continua pecando nunca o viu e nunca o conheceu. Minhas filhinhas e meus filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que faz o que é correto é correto, assim como Cristo é correto. Quem continua pecando pertence ao Diabo porque o Diabo peca desde a criação do mundo. E o Filho de Deus veio para isto: para destruir o que o Diabo tem feito. Quem é filho de Deus não continua pecando, porque a vida que Deus dá permanece nele. E ele não pode continuar pecando, porque Deus é o seu Pai. A diferença clara que existe entre os filhos de Deus e os filhos do Diabo é esta: Quem não faz o que é certo ou não ama o seu irmão não é filho de Deus."

 

        NOTA – Esta nota se refere à diferença encontrada nas diferentes versões com respeito à prática do pecado aqui nesse texto. A versão ARC diz que "aquele que permanece nele não peca"; já a ARA diz "não vive pecando", e a BLH diz "não continua pecando". Todas estão certas, sendo que a tradução mais literal é a da ARC, mas o sentido é o de uma prática contínua do pecado. Isso acontece porque no grego a frase vem vazada no tempo presente e dá a idéia de uma ação contínua. E isso concorda também com o contexto do livro como um todo, pois, se assim não fosse, como explicaríamos os versículos 8-10 do capítulo 1 ?

 

7.    Vejamos, em primeiro lugar, sobre:

I.              A natureza do pecado.

 

1.    Sobre o pecado várias coisas já sabemos. Algumas ênfases que podemos dar sobre o mesmo:

a.    Ele nunca abandona o pecador, e só pode ser removido pelo sangue de Jesus Cristo;

b.    Ele cresce e se multiplica;

c.    Ele é maléfico e perverso e separa o homem de Deus, levando-o, finalmente, à destruição.

2.    Algumas ênfases extraídas de Champlin[1]:

a.    "O pecado é cósmico em sua natureza. Nenhum ser humano peca sozinho. O pecado sempre fará parte de uma rebelião cósmica contra Deus e contra a retidão. O oitavo versículo enfaticamente assevera que aquele que pratica o pecado é do diabo. Esse ser maligno é intitulado de "o deus deste mundo" (II Co. 4:4), e muitos são seus súditos e escravos. Será necessária uma providência cósmica para remover o pecado, e o julgamento tomará conta disso".

b.    "Mas o pecado também é pessoal. Embora as forças satânicas forneçam a agitação (ver Ef. 6:11 e ss.), o indivíduo é responsável pelas suas ações, e, portanto, ele é convocado a arrepender-se. O homem não pode alterar o quadro cósmico, mas pode pessoalmente ser redimido {mediante arrependimento e fé}".

c.    "Sem importar se cósmico ou pessoal, o fato é que o pecado é, definidamente, uma questão de rebeldia."

3.    O pecado é algo muito mais sério do que normalmente pensamos. Trata-se de uma rebelião, tendo o próprio diabo como companheiro de batalha, contra Deus.

4.    Mas o nosso tema no presente estudo versa sobre a relação do filho de Deus com o pecado. Então, vejamos, em segundo lugar que:

 

II.            O filho de Deus não vive na prática do pecado.

 

1.    O versículo nove diz isso com uma clareza incontestável:

 

"Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. (RA)

 

2.    Mas o versículo não somente diz que o filho de Deus não vive na prática do pecado, como também diz o motivo: a semente de Deus permanece nele e ele é nascido de Deus. Isso quer dizer que ele possui a natureza divina. Ele nasceu de novo, da água e do Espírito, e sua natureza foi mudada.

3.    Há nesse versículo uma metáfora biológica fantástica. A palavra que foi traduzida aqui por semente vem do grego "sperma".

4.    Sabemos que o sperma leva os gens do homem que, combinados com os da mulher, vão determinar as características da pessoa que vai nascer.

5.    Os filhos de Deus possuem os Seus "gens", possuem a Sua natureza, e por isso não podem viver na prática do pecado.

6.    Essa é uma figura tremenda que o Espírito de Deus usa aqui para nos transmitir essa grandiosa verdade.

7.    Isso nos leva a uma terceira questão:

 

III.           Se alguém vive na prática do pecado, esse tal não é filho de Deus.

 

1.    Essa é uma conclusão óbvia e muito séria também, pois o texto deixa bem claro que, nesse sentido só existem duas classes de pessoas: os filhos de Deus e os filhos do diabo. Quem não é filho de Deus é filho do diabo.

2.    "A idéia de falsos irmãos, derivados de satanás, encontra uma expressão análoga no apelo de Inácio aos Efésios, no sentido de que 'nenhuma planta do diabo seja encontrada em vós'. Encontramos uma declaração mais completa dessas idéias em João 8:44 e seu contexto, onde Jesus assevera acerca de seus adversários:

 

Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. (João 8:44 RA)..."[2]

 

Conclusão

 

1.    A relação dos filhos de Deus com o pecado é, então, uma relação de completo desafeto, desamor.

2.    O filho de Deus deve repudiar o pecado com todas as suas forças.

3.    João já havia dito, em 2:15-17:

 

"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;  porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.  Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente." (1 João 2:15-17 RA)

 

4.    O filho de Deus deve permanecer em Cristo, e, sendo assim, por ser Cristo impecável, o filho de Deus não pode e não viverá na prática do pecado.

5.    Ele peca, não há dúvida, mas não vive dominado pelo princípio do pecado.

6.    Quem vive sob esse domínio é porque ainda não é filho de Deus.

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves



[1] CHAMPLIN, R. N. – 'O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo' . Volume 6, 10 ª reimpressão. São Paulo – SP, Editora Candeia, 1998.  666 p.  Nota extraída da p. 257

[2] Ibid., p. 259, citando Hoon

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