sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de Efésios - estudo 5 de 9 - NOSSOS DEVERES EM CRISTO - PARTE 1 - O DEVER DE ANDAR JUNTOS

 

NOSSOS DEVERES EM CRISTO – PARTE 1

 

O DEVER DE ANDAR JUNTOS

 

Efésios 4.1-16 (ler depois)

 

Ø  Doutrina e dever! Todas as epístolas de Paulo apresentam um equilíbrio entre essas duas coisas. E aqui em Efésios não é diferente.

Ø  Até aqui, nos três primeiros capítulos, vimos doutrina, especialmente sobre as nossas riquezas em Cristo: escolhidos, adotados, aceitos, redimidos, feitos herança, selados com o Espírito Santos, vivos em cristo, ressuscitados com Cristo, assentados nos lugares celestiais em Cristo Jesus, etc. Mas vimos também sobre oração – pelo que, principalmente, devemos orar uns pelos outros.

Ø  Leia depois novamente, com atenção, os três primeiros capítulos.

Ø  Agora Paulo vai escrever sobre alguns deveres, nossas responsabilidades em Cristo, sendo o primeiro deles o dever de andar juntos – a unidade dos cristãos em Cristo – uma aplicação prática da doutrina que vimos nos capítulos anteriores, de que Deus está constituindo um corpo e construindo um templo. Judeus e gentios em Cristo são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes juntos da promessa em Cristo pelo evangelho.

Ø  Doutrina e dever! Doutrina e prática! – A doutrina é essa; pratiquem-na.

 

Ø  Agora vamos ler o texto: Efésios 4.1-16

 

Ø  Antes de mais nada, observemos que Paulo começa essa parte dizendo assim: “rogo-vos, pois”.

Ø  Isso é bem significativo.

 

Ø  O termo “pois” indica que Paulo baseia suas exortações a seguir nas doutrinas ensinadas anteriormente. E isso demonstra para nós que a vida cristã não deve ser fundamentada na ignorância, e, sim, no conhecimento, e que quanto maior for a nossa compreensão das doutrinas bíblicas, menos complicado será o cumprimento de nossos deveres para com Deus.

Ø  Prestem bem atenção nisso, irmãos, é importante; vou repetir:

 

“A vida cristã não deve ser fundamentada na ignorância, e, sim, no conhecimento, e que quanto maior for a nossa compreensão das doutrinas bíblicas, menos complicado será o cumprimento de nossos deveres para com Deus”

 

o   Por isso devemos estar, em nossa casa, estudando a Palavra de Deus; porém não só em nossa casa sozinhos, mas também juntos como igreja, aqui ou onde estivermos reunidos.

o   Por isso a EBD é de extrema importância para a igreja.

o   Por isso o discipulado feito com os novos crentes é importante.

o   Por isso os jovens se reunirem não só para diversão, mas também para estudo aprofundado das Escritura é importante.

o    Por isso estar presente nos cultos é importante, pois em todos eles aprendemos com o Espírito Santo de Deus.

 

Ø  Quando alguém que supostamente “vive” a vida cristã diz “não me venha falar de doutrina”, essa pessoa, ao invés de revelar-se como alguém que realmente vive segundo Deus, revela-se como alguém ignorante acerca da maneira como o Espírito Santo opera na vida do cristão.

 

Ø  E o termo “rogar” (rogo-vos), indica que Deus (que na pessoa do Espírito Santo inspirou Paulo a escrever), em Seu amor, insta conosco para que vivamos para a Sua Glória, para o nosso próprio bem. É como se ele dissesse: “Eu já o abençoei; agora obedeça-me em resposta ao meu amor e a minha graça”. Ele nos chamou de modo maravilhoso em Cristo; nossa responsabilidade é viver à altura desse chamado.

 

Ø  Dito isto, passemos a considerar o dever de andarmos juntos – a unidade.

Ø  Veremos, ajudados pelo excelente recurso disponibilizado por Warren Wiersbe (seu comentário bíblico – recurso fonte utilizado em todo esse estudo), além de outas fontes, sobre:

o   A graça da unidade;

o   A base para a unidade;

o   Os dons para a unidade; e

o   O crescimento da unidade.

Ø  Então vamos lá.

 

I.             A GRAÇA DA UNIDADE (Ef. 4.1-3)

 

“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz:” (Efésios 4:1-3 RC)

 

Ø  “Guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”

Ø  Prestem bem atenção: é UNIDADE e não UNIFORMIDADE.

Ø  É como se diz: “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Kkk

Ø  Uniformidade é sermos todos iguais – o que não somos. E unidade é estarmos unidos, juntos, apesar das diferenças. Uma graça espiritual. Cada parte do corpo é diferente das outras, e, no entanto, todas constituem uma só unidade e trabalham em conjunto.

Ø  Mas é preciso algumas coisas (graças) para que essa unidade seja preservada. Nesse trecho nós as temos alistadas, e são elas:

o   Humildade – para colocar Cristo em primeiro lugar, os outros em segundo e a si mesmo em último. Aceite-se a si mesmo e aos dons que Deus lhe deu, mas não se considere superior a ninguém (e nem inferior). Já tivemos ocasião de dizer aqui (PIB Muqui), também, que a humildade bíblica é o reconhecimento e a aceitação de que sem Cristo, espiritualmente nada somos e nada temos. Então, quem sou eu na igreja? O quanto já progredi em minha jornada espiritual? Mas é tudo “pela graça de Deus”. “Pela graça de Deus, sou o que sou”, disse o aposto Paulo em 1 Coríntios 15.10; e a ênfase deve recair em “pela graça” – pequeno ou grande eu sou o que sou “pela graça”; eu estou onde estou na jornada cristã “pela graça”. A humildade de reconhecer isso é importante para preservar a unidade na igreja.

o   Mansidão – é poder sob controle. É entrega da nossa vontade pessoal a Deus. Quando fazemos isto, então não resta mais lugar para espírito de revolta e ressentimento com as circunstâncias e pessoas, e a unidade é preservada.

 

Deixa-me abrir um parêntese aqui pra contar uma história que ouvi essa semana (final de agosto de 2022). A história diz de um moço que todos os dias ia comprar o jornal numa banca de jornal próxima de sua casa. Acontece que, por alguma razão que a história não diz, ele sempre era maltratado pelo dono da banca. Mas ele, pagava com um sorriso, agradecia, ia embora e voltava calmamente no outro dia. Um amigo, que foi com ele um dia e viu o ocorrido, perguntou se o dono da banca sempre o tratava assim. E ele respondeu que sim. Então amigo pergunta porque ele não falava nada, não dava uma “resposta à altura”, não o tratava também com a mesma ignorância. E ele respondeu que é porque não iria deixar que ele (o dono da banca) e nem qualquer outra pessoa definisse quais deveriam ser suas atitudes. Suas atitudes seriam “suas ações” e não “reações ao que fazem outras pessoas”.

 

Pois bem, quando agimos segundo Deus nos orienta em Sua palavra porque entregamos a Ele nossa vontade pessoal, isso é Mansidão.

 

Agora, fechando o parêntese e voltando ao assunto, eu disse que mansidão é entrega da nossa vontade pessoal a Deus; e que quando fazemos isto, então não resta mais lugar para espírito de revolta e ressentimento com as circunstâncias e pessoas, e a unidade é, então, preservada.

 

Mas observem que essa atitude de não revolta e de não ressentimento, não é porque sejamos tolos, bobos, ou até porque não sintamos nem um pouquinho de vontade de reagir assim. O fato é que não somos mais os donos de nossa vontade, pois a entregamos a Deus. E quando submetemos a nossa vontade a Deus, submissos a Ele ficam também os nossos direitos, as nossas causas, os nossos interesses pessoais, as nossas reivindicações... tudo! Tudo passa a ocupar um plano inferior em nossas vidas em relação a Deus e à Sua vontade soberana. Estas coisas, estas causas, até poderão estar, e creio que estarão sempre presentes nas nossas vidas, mas sempre obedecendo os limites estabelecido por Deus, sempre submissas à Sua vontade.

o   Longanimidade – é, literalmente, “ânimo longo”. É a capacidade de tolerar desconfortos sem revidar. E isso leva à próxima virtude necessária, que é a Paciência.

o   Paciência – “suportando-vos uns aos outros em amor” – paciência é a capacidade de suportar.

o   Amor – o amor está aí ligado à paciência. Paulo diz em 1 Coríntios 13 que o amor é paciente.

o   Diligência é a próxima graça que contribui para a unidade. “Procurando guardar a unidade” pode ser e é traduzido em outra versão por “esforçando-se diligentemente por preservar a unidade”. É a maneira de mostrar-se desejoso de manter ou de guardar a unidade. Wiersbe conta que um cristão já bem experiente na vida cristã aconselhou certa vez a dois jovens recém-casados: “É muito bom saber que vocês se amam, mas se querem que seu casamento dê certo, vão ter de trabalhar pra valer!”. É isso aí! Pra manter a unidade é preciso trabalhar pra valer! E é um trabalho constante, porque é no momento em que pensamos que as coisas estão mais tranquilas e relaxamos que satanás ataca para destruir a unidade. Todas as pessoas envolvidas, seja no lar, seja na igreja são responsáveis por esforçarem-se para manter a unidade. Eu nunca li em lugar algum que uma casa em que alguém cometeu um considerado “pecado grave”, como o adultério, por exemplo, não pode subsistir. Mas Jesus disse que uma casa dividida contra si mesma, essa não pode subsistir. Então é muito importante que todos sejamos diligentes em manter a unidade, exercendo humildade, mansidão, longanimidade, paciência, amor e outras virtudes mais, necessárias.

o   A última “coisa” (graça) alistada aí no trecho é a paz – o “vínculo da paz”. A paz é o “vínculo”, isto é, a paz é aquilo que, existindo, estabelece a ligação afetiva ou moral entre duas ou mais pessoas, a unidade, portanto.

 

II.            A BASE PARA A UNIDADE (4.4-6)

 

Ø  A unidade precisa ser construída sobre uma base bem sólida, ou corre o risco de não subsistir.

Ø  E neste trecho Paulo apresenta essa base, que se constitui de sete realidades espirituais que unem todos os cristãos verdadeiros.

Ø  E quais são estas realidades?

Ø  Vejamos:

 

1)    Primeira realidade: há um só corpo

 

Ø  Trata-se, evidentemente, do corpo de Cristo, a igreja.

Ø  Qual igreja? A Igreja Universal, isto é, a igreja composta de todos, em todos os tempos, que foram convertidos a Cristo pelo Espírito Santo.

Ø  Isso, conforme bem se expressa Champlin, não pode ser limitado a alguma igreja local, a alguma denominação, a algum grupo de igrejas e nem mesmo a este mundo, porque a maior parte da igreja “Universal” já se encontra nos lugares celestiais. Porém, que fique bem entendido que isso não isenta o crente de fazer parte de uma congregação local, pois é na congregação local que ele usa seus dons espirituais para a edificação de outros irmãos. E isso é uma espécie de “mandamento”, a vontade de Deus expressa em palavras através da Palavra. Quantos de nós temos obedecido? Qual o seu dom? O que você sabe e pode fazer?

Ø  Então, o corpo é um só, e esta é uma importante realidade espiritual que faz parte da base sobre a qual a unidade deve ser construída.

Ø  Não somos “uniformes”, mas devemos ser unidos. Nem mesmo dentro de uma igreja local como a nossa existe uniformidade, quanto mais entre igrejas de orientações diferentes. Mas, se somos crentes de verdade, apesar de diferentes, somos parte de um mesmo corpo.

Ø  Certa feita um irmão muito querido, membro de uma igreja pentecostal, falou, não exatamente comigo; falou com minha irmã, que estava presente, mas na verdade estava falando comigo, que a mim só faltava “passar para o lado deles”. É claro que eu entendi o que ele quis dizer, mas a verdade última é que, se eu e ele somos verdadeiramente salvos por Cristo, estamos “do mesmo lado”, fazemos parte do Corpo de Cristo, porque só existe um corpo.

 

2)    Segunda realidade: há um só Espírito

 

Ø  O Espírito Santo que habita em mim é o mesmo que habita em você e em todos do povo de Deus, de forma que pertencemos uns aos outros no Senhor.

 

3)    Terceira realidade: há uma só esperança da vossa vocação

 

Ø  Outra versão, a NVI, diz: “a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só”.

Ø  Eugene Peterson em sua Paráfrase “A Mensagem”, traduz assim: “Vocês todos foram chamados para andar no mesmo caminho, para seguir na mesma direção. Por isso, permaneçam juntos de coração e na caminhada.”

Ø  Percebe-se que por “esperança da vocação” Paulo está falando da esperança de que, porque fomos chamados por Cristo para a salvação, na eternidade estaremos na cidade celestial.

Ø  Sobre os heróis da fé de Hebreus 11, o autor diz que eles reconheceram que eram estrangeiros e peregrinos na terra, e depois diz que os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Uma clara referência ao fato de que a nossa verdadeira pátria não é essa terrena, mas a celestial, para onde estamos caminhando. Escrevendo aos Filipenses Paulo diz que há pessoas que são inimigas da cruz de Cristo, e que o fim dessas pessoas é a perdição; mas quanto a nós, diz Paulo: “a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.

Ø  Essa é a esperança que temos, e é uma só para todos nós; todos que fomos chamados por Cristo para a salvação estamos indo para um mesmo lugar. Preste bem atenção nisso: ESTAMOS INDO PARA UM MESMO LUGAR. Não tem um lugar “especial”, “diferenciado” para você no céu onde você vai poder estar separado dessas pessoas que, segundo pensas, não são dignas de você. Se você é salvo e essas pessoas são salvas, estão indo para o mesmo lugar; lá estarão unidos e aqui devem estar também, num mesmo propósito, ainda que em imperfeição.

Ø  Eu gosto muito daquela história de um passageiro de avião que achou que o passageiro assentado a seu lado não era digno de estar assentado ao lado dele. Então ele reclama com a comissária de bordo. E a comissária de bordo diz que vai tentar resolver o problema. Em poucos instantes a comissária de bordo volta dizendo que o problema estava resolvido, pois havia uma vaga na primeira classe. O passageiro reclamão levanta-se então para ir para a primeira classe, mas a comissária de bordo diz pra ele ficar assentado porque a vaga era para o que estava assentado a seu lado.

Ø  É uma só a esperança de nossa vocação em Cristo; estamos juntos no mesmo barco e indo para o mesmo lugar; essa é mais uma realidade que serve de base para a unidade.

 

4)    Quarta realidade: há um só Senhor

 

Ø  E quem é esse Senhor? O Senhor Jesus! ELE é o cabeça da igreja. Há um só corpo, conforme já frisamos, e há uma só cabeça que comanda todos os membros corpo, que devem trabalhar em unidade para que o corpo funcione bem.

 

5)    Quinta realidade: há uma só fé

 

Ø  A “condição” para a salvação é a mesma para todos: a fé no Senhor Jesus Cristo.

Ø  Todos, indistintamente, judeus ou gentios, ricos ou pobres, pessoas atoladas no mais profundo lamaçal do pecado ou pessoas tão boas que, como se diz, “até parecem crentes”, chegam à salvação da mesmíssima forma: pela graça, mediante a fé unicamente em Jesus. Não há outro Salvador; não há outro caminho; não há outro nome. Então a fé é uma só para todos – fé em Jesus como Salvador e Senhor.

 

6)    Sexta realidade: há um só batismo

 

Ø  Entre os intérpretes das Escrituras hoje há uma certa divergência de interpretação nesse texto.

Ø  Eu, particularmente, me identifico mais com a interpretação de Champlin que considera que aqui não está em foco necessariamente o batismo no Espírito Santo e que também Paulo não está dizendo que há “uma só forma de batizar”. Champlin considera que “está aqui em foco a realidade espiritual da qual o batismo em água serve de sinal simbólico. Essa realidade espiritual é a nossa união com Cristo em sua morte e em sua vida ressurrecta. O “sinal” dessa realidade é o batismo em água. A “verdade simbolizada” é a nossa identificação mística com Cristo, o nosso batismo espiritual dentro dele, para que desfrutemos de total união com ele. Essa verdade simbolizada é a grande unidade espiritual que, juntamente com os demais elementos, formam as sete facetas da unidade fundamental da fé cristã.”

Ø  Então, todos quantos creem em Cristo foram batizados com um só batismo, o batismo que simboliza a sua união com Cristo, em sua morte, sepultamento e ressurreição.

 

7)    Sétima realidade: há um só Deus e Pai

 

Ø  Paulo gosta de enfatizar Deus como Pai. A união maravilhosa dos cristãos na família de Deus fica evidente nessas palavras. Somos todos filhos dentro da mesma família, amando e servindo ao mesmo Pai, de modo que devemos ser capazes de andar juntos em união. Em uma família humana os membros devem dar e receber a fim de manter a união do lar em amor, e o mesmo se aplica à família celestial de Deus.

 

Ø  Então essa é a base. Nossa unidade está alicerçada nessa base constituída de sete realidades espirituais: há um só corpo, há um só Espírito, há uma só esperança da vossa vocação, há um só Senhor, há uma só fé, há um só batismo e há um só Deus e Pai.

 

Ø  Passemos adiante e vejamos agora sobre os dons para a unidade.

 

III.          OS DONS PARA A UNIDADE (4.7-12)

 

Ø  Deus concede a cada cristão pelo menos um dom espiritual, que deve ser usado para unir e edificar o corpo de Cristo.

Ø  Estou falando de “dons espirituais” e não “aptidões naturais”. Quando nascemos neste mundo Deus nos dá certas aptidões naturais, talentos para áreas específicas, como a arte, a mecânica, a música, etc. E, obviamente, se somos servos de Deus devemos usar essas aptidões de uma forma tal que Ele seja glorificado por elas e as pessoas às quais servimos com essas aptidões sejam beneficiadas. Mas aqui tratamos de “dons espirituais”. Cada cristão verdadeiro possui pelo menos um, concedido por Cristo por meio do Espírito Santo, e deve usá-lo para glorificar a Deus e edificar a igreja, os irmãos e irmãs na fé. E quando a pessoa assim age, ela mesma se torna um “dom de Deus à igreja”. Não só “o crente” é agraciado por Deus com dons; a igreja também o é, com a diferença de que nesse caso se trata de “homens dons”.

Ø  E aqui Paulo cita quatro grupos de pessoas agraciadas por Deus com dons e que são, essas pessoas, “dons de Deus para a Sua igreja” e que vão cooperar com a unidade.

Ø  Quais são? Veja aí no verso 11: Apóstolos, Profetas, Evangelistas e Pastores Mestres (Doutores).

Ø  Vejamos sobre cada um deles:

 

1)    Apóstolos

 

Ø  Um Apóstolo é “alguém que foi enviado com uma comissão”.

Ø  Os discípulos de Jesus foram muitos, mas os apóstolos foram poucos: 12.

Ø  Um discípulo é um “seguidor” ou “aprendiz”, mas um apóstolo é um “representante nomeado por Deus”.

Ø  Os apóstolos deveriam dar testemunho da ressurreição (Atos 1.15-22), de modo que precisavam ser homens que haviam visto o Cristo ressurreto pessoalmente. (1 Co. 9.1 e 2)

Ø  Sendo assim, ainda que possam existir apóstolos no sentido simples e mais amplo do termo, e ainda que em um sentido mais amplo todo cristão tenha um ministério apostólico, hoje não existem mais apóstolos no sentido mais estrito do termo no Novo Testamento. Mas os “escritos apostólicos” estão aí para instruir a igreja.

Ø  Repetindo o que já disse anteriormente:

 

A vida cristã não deve ser fundamentada na ignorância, e, sim, no conhecimento, e quanto maior for a nossa compreensão das doutrinas bíblicas, menos complicado será o cumprimento de nossos deveres para com Deus. E por isso devemos estar, em nossa casa, estudando a Palavra de Deus; porém não só em nossa casa sozinhos, mas também juntos como igreja, aqui ou onde estivermos reunidos. Por isso a EBD é de extrema importância para a igreja. Por isso os jovens se reunirem não só para diversão, mas também para estudo aprofundado das Escritura é importante. Por isso estar presente nos cultos é importante, pois em todos eles aprendemos.

 

Ø  E o que aprendemos é o que foi ensinado por Jesus e pelos apóstolos que foram ensinados por Jesus e inspirados pelo Espírito Santo.

Ø  Os apóstolos foram dons de Deus para a igreja, e se toda a igreja der ouvidos ao que eles nos deixaram, a unidade será um dos resultados.

 

2)    Profetas

 

Ø  Geralmente pensamos em profeta como a pessoa que prediz acontecimentos futuros.

Ø  Porém, conquanto isso esteja incluído, essa não é a função principal do profeta, e nem todo profeta anunciará necessariamente acontecimentos futuros que já não tenham sido anunciados. Sua função principal é ser “boca de Deus”, isto é, anunciar fielmente a Palavra de Deus ao povo.

Ø  Escutem bem: o profeta é “boca de Deus”, e como tal tem que anunciar FIELMENTE a Palavra de Deus ao povo.

Ø  Talvez por isso Paulo, ao orientar a igreja de Corinto quanto aos seus “ajuntamentos”, que deveria haver decência e ordem, disse: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” (1 Coríntios 14:29 RC).

Ø  “Julgar” aí significa “examinar”. Mas examinar por que? É simples: é porque a alguém que se diz profeta não se deve dar crédito sem discernimento; é preciso que aqueles que têm conhecimento de Deus e de Sua verdade revelada na Palavra examinem para ver se aquilo que o suposto profeta diz é coerente com a verdade revelada.

Ø  Infelizmente já lá no tempo de Paulo e muito mais agora, a atividade profética foi muito banalizada. A todo momento a gente recebe “profecias”, pessoalmente, através da TV, através das mídias sociais... São “profetas” e mais “profetas” falando em nome de Deus aquilo que Deus não falou, banalizando essa atividade de tão grande importância; tanta que Paulo escreveu assim aos Coríntios: “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis. Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando. O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja. Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação. Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina?” (1 Coríntios 14:1-6 RA).

Ø  Essa banalização faz com que, creio que não exagero, 99% do que se ouve como palavra profética possa ser descartado como falsa profecia. E isso é muito sério! Dizer “Deus me falou” sem que Ele realmente tenha falado é algo muitíssimo perigoso.

Ø  Mas, voltando, o profeta fiel é “boca de Deus”, anuncia fielmente a Palavra de Deus ao povo, muito especialmente a Palavra que já foi revelada, que está nas Escrituras, fazendo isso com singular poder advindo do Espírito Santo de Deus. E uma pessoa assim é “dom de Deus” para a igreja, que une ao invés de dividir – Essa pessoa tem um dom de Deus e ela própria é dom de Deus para a igreja.

 

3)    Evangelistas

 

Ø  O evangelista é uma bênção. É aquele que está sempre “pra lá e pra cá” pregando o evangelho e ganhando almas para Cristo. É a pessoa que tem o dom de evangelizar, que tem facilidade para levar pessoas a Cristo.

Ø  Obviamente todos devemos evangelizar, mas nem todos podemos dizer que somos evangelistas no verdadeiro e total sentido da palavra.

Ø  Evangelistas são bem vindos e são dons de Deus para a igreja.

 

4)    Pastores e mestres – ou pastores mestres (doutores)

 

Ø  Provavelmente um cargo único com dois ministérios: o de pastorear o “rebanho” e o de ensinar

 

Ø  Obviamente os dons e os “homens dons” são mais que esses, e todos são importantes na igreja, mas Paulo cita esses aqui, numa linha ascendente, ao tocar no assunto unidade:

o   Apóstolos e profetas – o fundamento (depois de Cristo, obviamente);

o   Os evangelistas, que evangelizam e ganham as almas com maior facilidade, e “enchem a igreja de gente”;

o   E os pastores mestres que pastoreiam e ensinam.

Ø  São dons para a unidade.

Ø  Agora vamos a um último ponto sobre esse assunto que estamos tratando:

 

IV.          O CRESCIMENTO DA UNIDADE (4.11-16)

 

Ø  É natural e desejável que os cristãos cresçam quando se alimentam da Palavra de Deus e ministram uns aos outros. E há evidências desse crescimento, ou: esse crescimento se torna evidente quando se pode observar algumas coisas:

 

1)    Semelhança a Cristo

 

Ø  Perceba no verso 13 que um dos objetivos apontados por Paulo para toda essa ministração da Palavra na igreja através desses “homens dons” é alcançar “a medida da estatura completa de Cristo”.

Ø  Além disso, Paulo, aos Romanos, no capítulo 8, escreve que o objetivo do Pai é nos transformar segundo a imagem de Seu Filho.

 

2)    Estabilidade

 

Ø  Estabilidade para não sermos mais meninos inconstantes enredados facilmente por todo e qualquer vento de doutrina.

Ø  O cristão maduro não fica por aí seguindo as novidades religiosas que surgem a cada dia, e aprende a reconhecer a charlatão que está infiltrado no meio evangélico com o objetivo de “raptar” ovelhas desatentas.

 

3)    Verdade combinada com o amor

 

Ø  “Seguindo a verdade em amor”, diz Paulo.

Ø  Alguém disse bem que verdade sem amor é brutalidade, mas amor sem verdade é hipocrisia.

Ø  Há quem pense que, se amamos alguém, devemos proteger essa pessoa da verdade para não a magoar. Porém, uma das marcas do crescimento, da maturidade, é a capacidade de compartilhar a verdade com os irmãos e irmãs, mas fazer isso com amor.

 

4)    Cooperação

 

Ø  “A justa operação de cada parte”.

Ø  Como membros de um só corpo e de uma congregação de crentes, pertencemos uns aos outros, influenciamos uns aos outros e precisamos uns dos outros. Cada cristão, desde o mais simples até o mais, humanamente falando, “qualificado”, tem um ministério a realizar junto a outros cristãos. O corpo cresce quando os indivíduos crescem, e os indivíduos crescem quando se alimentam da Palavra e ministram uns aos outros.

 

Ø  Então, essas são evidencias apresentadas por Paulo de que está havendo crescimento e que há saúde no corpo.

 

CONCLUSÃO

 

Ø  Nossos deveres em Cristo – parte I: O Dever de Andar Juntos. Estamos encerrando aqui e vamos prosseguir no próximo estudo sobre O Dever de Viver em Santidade.

Ø  E quero encerra com palavras de Warren Wiersbe:

 

“A unidade espiritual não é algo que criamos. Antes, é algo que já possuímos em Cristo e que devemos proteger e manter. A verdade une, mas as mentiras dividem. O amor une, mas o egoísmo divide. Assim, seguindo a verdade em amor, edifiquemos uns aos outros, para que todos possamos crescer e nos tornar mais semelhantes a Cristo.”

 

Ø  Deus seja com todos! Amém!

 

 

FONTES:

 

Novo Testamento 2 – Warren Wiersbe

Série de Estudos no Sermão do Monte

O N. T. Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin

Got Questions

O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas

 

 

 

PIB Muqui – setembro/outubro 2022

Exposição de Efésios - estudo 4 de 9 - O GRANDE MISTÉRIO DA SALVAÇÃO

 O GRANDE MISTÉRIO DA SALVAÇÃO

 

Efésios 3

 

I.             “POR ESTA CAUSA EU SOU O PRISIONEIRO”

 

1)    “Por esta causa eu sou o prisioneiro...”, escreveu o apóstolo Paulo.

2)    Ora, todos sabemos que várias vezes Paulo esteve preso, e que esta carta, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemon, é uma, assim chamada, “epístola da prisão”.

3)    Nesse ponto eu quero considerar três coisas com os irmãos.

 

Primeiro sobre qual era a causa porque Paulo era “o prisioneiro” naquela ocasião.

 

1)    É claro que a resposta está aí no texto; e Paulo a vem dando desde o início da carta. É o “mistério” agora revelado de que “os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia (administração, dispensação) dessa graça foi confiada a Paulo. Então, essa é a resposta e está clara e evidente aí no texto, mas eu quero me referir a ela para refletirmos juntos num fato, que até quero destacar bem aqui: às vezes, para cumprirmos o papel que Deus nos deu, especialmente o papel de alcançarmos outras pessoas, ou sustentarmos outras pessoas na fé, ou deixarmos um legado de fé para as próximas gerações, alguma renúncia e algum sofrimento se fazem necessários.

2)    Mas será que a nossa geração hedonista, isto é, uma geração que vive em busca do prazer e bem estar pessoal quase que como o propósito único da vida, está disposta a isso?

3)    Qual é a nossa “causa”? Nossa “causa” é alcançar pessoas para Jesus, para a salvação – “até os confins da terra” e, principalmente, aqui em Muqui. As pessoas da nossa cidade estão sendo conduzidas a “outros” que não podem salvar, e é nossa responsabilidade, nossa “causa”, conduzi-las a Jesus.

4)    Isso não vai acontecer se não estivermos dispostos a agir e até “sofrer” alguma renúncia, que no nosso caso nem é tanto sofrimento assim. Aqui a gente só precisa orar, dar bom testemunho, ter disposição para aprender a Palavra de Deus pra falarmos alguma coisa quando necessário, sair pra evangelizar, contribuir um pouco financeiramente, viver a vida da igreja (incluindo estar presente nos cultos, porque isso “fala” às pessoas – se a igreja está vazia porque nem os membros dela querem mais participar, o que a igreja está “falando”?). Esse é o nosso “sofrimento”... a gente não precisa nem ficar preso,  a gente não precisa nem morrer, e se todo mundo pegar no “cabo da foice” a gente não precisa nem trabalhar muito ... talvez ouvir algum xingamento ou tomar uma pedrada de vez em quando, quando pregarmos algumas verdades...

5)    Então, em primeiro lugar, “a causa”. Qual era a “causa” de Paulo? Administrar a graça aos gentios – eles também estavam incluídos; até então isso era um “mistério”, isto é, uma verdade que até então estava sendo mantida oculta, mas que agora havia sido revelada. E qual é a nossa causa? Ora, nossa causa é alcançar as pessoas para Jesus. E essa causa exige alguma renúncia de nossa parte – estamos dispostos?

 

Segundo, sobre “de quem” Paulo era “o prisioneiro”.

 

1)    Está aí no texto: Paulo era “o prisioneiro de Jesus Cristo”.

2)    O artigo definido “o”, que acompanha o termo “prisioneiro”, não deve ser desprezado. Paulo era “O” prisioneiro de Jesus Cristo, e isso pode significar que poderiam haver outros encarcerados pela causa de Cristo, por serem ministros do evangelho, mas Paulo era “o” prisioneiro, o mais conhecido tanto das autoridades quanto da igreja e, certamente, o mais ousado de todos.

3)    E o fato de Paulo se referir a si mesmo dessa forma, como “o prisioneiro de Jesus Cristo”, numa evidente aceitação dessa “definição” (se não era uma autodefinição), muda tudo.

a)    “Muda tudo”, porque demonstra que a visão de Paulo estava “em Cristo”, e não no aprisionamento e sofrimento em si, e nem em “se” os gentios, ou alguns deles, eram ou não dignos daquele sofrimento, daquela “renúncia de vida” de Paulo.

 

Isso deveria falar profundamente a nós. Em Hebreus 12 somos ensinados a deixar todo embaraço ou peso e todo pecado e a corrermos com paciência a carreira que nos está proposta “olhando para Jesus”, mas às vezes parece que temos uma dificuldade em aprender isso. Se eu estivesse pregando em Hebreus 12 iria falar sobre os pecados e os “pesos” que nos atrapalham, mas que vamos “levando” – é muito “peso” que vamos acumulando. Mas como o assunto é em Efésios 3, falo só sobre o “olhando para Jesus”. Que dificuldade temos de aprender isso (e como nós dificultamos para os outros e os outros dificultam para nós esse aprendizado – porque atraímos negativamente o olhar para nós quando nosso testemunho não é muito bom...).

 

Paulo não tinha essa dificuldade; ou, se tinha, lutava e vencia.

 

Ele estava preso em Roma, mas não era prisioneiro das autoridades romanas, era prisioneiro de Jesus Cristo. Se fosse por um crime como “roubar” que ele estivesse preso, ele poderia parar de roubar e deixar de ser prisioneiro; mas ele estava preso por pregar o evangelho de Jesus Cristo e isso ele não iria deixar de fazer, nem lá dentro da prisão. Ele foi preso, junto com Silas, em Filipos, por pregar o evangelho, e foram açoitados, e ao invés de ficarem olhando para aqueles acontecimentos investiram o tempo em orar e louvar a Deus... e o próprio carcereiro se converteu naquele dia.

 

Muitos gentios alcançaram a fé e muitos não. E muitos gentios depois “desvirtuaram” a fé. Paulo muitas vezes teve que trabalhar para “consertar” as coisas. Eram eles dignos de Paulo sofrer o que sofreu? Eles talvez não, mas Cristo era, e era para Cristo que Paulo estava olhando (louvado seja Deus! Por isso nós fomos alcançados hoje, dois mil anos depois).

 

Nossa visão também precisa estar voltada para Cristo. As pessoas podem não ser dignas do nosso investimento, da nossa renúncia, do nosso “sofrer” (mesmo pequeno); mas Cristo é, e nós fazemos “por ele e para ele”.

 

b)    “Muda tudo” porque a “causa” deixa de ser simplesmente “uma obra que ele tinha para realizar” e as “pessoas em favor de quem ele realizaria aquela obra”, apesar de isso contar muito, porque Paulo não queria que os gentios fossem conduzidos a outro além de Cristo, e passa a ser Cristo.

 

A “causa” é Cristo – CRISTO me deu uma missão, e por isso eu vou cumpri-la.

 

c)    “Muda tudo” porque significa também que mesmo quando ele não estivesse encarcerado literalmente, ele continuava sendo “o prisioneiro de Jesus Cristo”, isto é, “sujeito à autoridade de Cristo”, uma sujeição voluntária e alegre.

 

“Não sou mais eu quem vivo; Cristo vive em mim...”, disse Paulo certa ocasião.

 

E nós também, não é?

 

O Salmo 23 é um dos nossos salmos prediletos. Mas às vezes parece que gostamos de falar bem rápido, irrefletidamente, “o Senhor é o meu pastor”, e mais refletidamente, com mais alegria, a parte que diz “e nada me faltará; deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente às águas tranquilas, refrigera a minha alma...”. O SENHOR é o nosso pastor? De verdade? Jesus disse que as suas ovelhas o ouvem e o seguem.  

 

E a terceira coisa que quero considerar pode ser expressa assim: “lamentação zero, disposição dez”.

 

1)    Uma vez disseram a Paulo que ele seria preso em Jerusalém. E o que ele respondeu? Veja lá em Atos 21.10-14.

2)    Lamentação zero – disposição dez.

3)    De vez em quando parece que a coisa se inverte no meio dos crentes (e eu me incluo) e vira disposição zero – lamentação dez.

4)    Ei irmãos, nós não estamos presos, nossa cabeça não está numa guilhotina para ser decepada, nós não estamos numa arena para servir de espetáculo sendo atingidos e devorados por feras... Por que tanta lamentação, tanta “gemeção” e tanta falta de disposição? Vamos trabalhar para o Senhor!

 

II.            POR ESTA CAUSA EU ME PONHO DE JOELHOS

 

1)    “Por esta causa eu sou o prisioneiro de Jesus Cristo”, escreveu Paulo em primeiro lugar aqui nessa parte de sua carta; e vimos a causa no ponto anterior: o “mistério” agora revelado de que “os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia (administração, dispensação) dessa graça foi confiada a Paulo.

2)    E mais adiante ele diz “Por esta causa me ponho de Joelhos”. Que causa? A mesma causa: o “mistério” agora revelado de que “os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia (administração, dispensação) dessa graça foi confiada a Paulo. E Paulo ora; ele precisa orar, porque o peso da responsabilidade era grande. Muitas pessoas estavam sendo edificadas sobre ele e ele, certamente, sentia o peso, e então ele orava, intercedia por aqueles crentes, e ao orar ele fazia o que E. M. Bounds disse que fazemos quando oramos, ele trazia o Senhor para o seu salvamento, para ajuda-lo, sabendo que para o Senhor nada há que seja difícil.

3)    Mas o que eu quero enfatizar aqui não é a causa em si, porque já a sabemos e já enfatizamos. O que quero enfatizar agora é “a quem” Paulo ora, “de onde vem” o recurso que Paulo pede, “o que Paulo pede” e “o que Paulo espera que aconteça com aqueles crentes, sendo atendido o seu pedido”.

4)    Prossigamos, então, vendo sobre “a quem” Paulo ora.

 

A quem Paulo ora

 

1)    Ah, é claro que sabemos a quem Paulo ora! Paulo ora a Deus! Ao nosso Deus! É claro que ele não iria orar, por exemplo, à “Diana dos efésios”, a “grande deusa” romana que representava a lua, os campos e os bosques cujo centro principal de sua adoração estava em Éfeso, onde havia um templo dedicado a ela (Veja Atos 19).

2)    Porém, há que se destacar que Paulo ora a Deus, referindo-se a Ele como “Pai” – de nosso Senhor Jesus Cristo e também nosso: daqueles que fazem parte de sua família.

3)    “Pai”, no oriente, não era só um termo de intimidade. “No Oriente, o pai é o governante da família, aquele a quem todas as questões importantes são relatadas, e a quem se espera que os filhos (sem importar a idade) prestem deferência e obediência. Quando os judeus falavam de Deus como Pai, eles queriam com isso dizer que Ele governa o mundo e que este lhe deve a sua obediência” (Comentário Bíblico Vida Nova)

4)    Mas, apesar de não ser “só”, é “também” um termo de intimidade. Deus é alguém a quem podemos nos achegar, com quem podemos falar e a quem podemos pedir – tudo isso, obviamente, de forma respeitosa, reverente.

5)    E “Pai” é também um termo que nos remete à ideia de “ser parecido”. Um filho se parece, geneticamente, com o pai. Por isso lemos em 1 João 3.9 que “todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado, porque o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”. E em Efésios 5.1 somos orientados a sermos “imitadores de Deus, como filhos amados”.

6)    Então, o Deus a quem Paulo ora é o “Pai”. De Jesus e nosso. Somos todos da família de Deus. Judeus e gentios foram unidos em uma mesma família. E todos então devemos-Lhe respeito, obediência, e todos podemos e devemos nos aproximar Dele com intimidade, e todos devemos procurar ser parecidos com ELE – não com o mundo ou com as personalidades desse mundo.

 

De onde vem o recurso que Paulo pede

 

1)    Vem da “riqueza da Sua glória” – uma fonte onde tem tudo, absolutamente tudo o que precisamos e em quantidade inexaurível!

2)    Por isso, somos soberbamente orientados na palavra de Deus a não ficarmos ansiosos por nada.

a)    Em Efésios 4.6 lemos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.”  Na versão de Eugene Peterson: “Não se aflijam nem se preocupem. Em vez de se preocupar, orem...”.

b)    Em Mateus 6 somos orientados por Jesus a não andarmos inquietos quanto ao que haveremos de comer, beber ou vestir. O que precisamos fazer? Precisamos buscar em primeiro lugar o reino e a justiça de Deus, e essas coisas nos serão acrescentadas – na “riqueza da glória de Deus tem”.

3)    Por isso diz-se de George Mueller que ele alimentou mais de 10.000 órfãos com oração. “Ele orou por milhões de dólares (na moeda atual) para os órfãos e nunca pediu dinheiro diretamente a ninguém. Ele nunca recebeu um salário nos últimos sessenta e oito anos de seu ministério, mas confiou em Deus para colocar no coração das pessoas que lhe enviassem o que ele precisava. Ele nunca pegou um empréstimo ou se endividou. E nem ele nem os órfãos passaram fome. Ele fez tudo isso enquanto pregava três vezes por semana de 1830 a 1898, pelo menos dez mil vezes”. (segundo artigo no site da editora Fiel). George Mueller fazia seu trabalho e orava, às vezes simplesmente dizendo para Deus: “não há pão”, para daí a pouco haver pão. Por que? Porque na “riqueza da glória de Deus” tem; o recurso é infinito.

4)    Por isso a igreja não precisa de recursos que venham de meios “escusos”; por isso a igreja não precisa de recursos que venham de barganhas políticas; por isso a igreja não precisa de recursos que venham de promoção de bingos, rifas e coisas parecidas com essas. Porque a “riqueza da glória de Deus” é infinita. Deus abençoa os irmãos e os irmãos abençoam a igreja.

5)    Por isso os irmãos não precisam ficar temerosos quando ao que comer ou ao que beber ou vestir; por isso os irmãos não precisam ficar temerosos de “dar a Deus” imaginando que vai faltar na sua casa. Porque a “riqueza da glória de Deus” é grande.

6)    É da “Riqueza da glória de Deus” que vem os recursos, todos os recursos, materiais e espirituais.

7)    E aqui o que Paulo pede é recurso não material.

8)    Vamos ver:

 

O que Paulo pede

 

1)    Já vimos nesta carta uma oração de Paulo por aqueles crentes, onde ele pede por sabedoria, revelação, por um conhecimento preciso e correto de Deus, para que eles soubessem qual era a esperança de sua vocação, para que eles conhecessem a riqueza de Deus e para que eles conhecessem a sobre-excelente grandeza do poder de Deus.

2)    Consideramos essa oração como um modelo inspirado de intercessão.

3)    Agora, mais uma vez Paulo ora por eles, e o que ele pede?

4)    Segundo Warren Wiersbe, Paulo pede 4 coisas: força (poder), profundidade, compreensão e plenitude. Vejamos cada pedido em separado:

 

Paulo pede força – poder do Espírito (v. 16) – que eles sejam “corroborados (isto é, fortalecidos) com poder pelo Seu Espírito no homem interior”.

 

1)    Não apenas a presença do Espírito, mas a manifestação do Seu poder.

2)    A presença do Espírito Santo na vida do cristão dá testemunho de sua salvação. É isso que lemos em Romanos 8.16: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Na versão de Eugene Peterson: “O Espírito de Deus entra em contato com o nosso espírito e confirma a nossa identidade”.

3)    Mas o “dunamis” (poder) do Espírito, que Paulo pede, dá a capacitação necessária para viver a vida cristã.

a)    Por exemplo, em Atos 1.8 Jesus diz aos seus discípulos que eles receberiam poder ao descer sobre Eles o Espírito Santo, e então seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém quanto em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra.

b)    Uma das últimas palavras de Jesus aos seus discípulos foi: “Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou.  E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém!” (Lucas 24:46-53 RC).

 

É como se Jesus estivesse dizendo: “Olha, daqui pra frente é com vocês. O arrependimento e a remissão dos pecados precisam ser pregados em todas as nações, começando por Jerusalém. Mas esperem em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder.”

 

Ora, todos sabemos do que Jesus estava falando. E eles ficaram em Jerusalém, sempre no templo louvando e bendizendo a Deus, mas esperando o prometido revestimento do poder do Espírito Santo. E quando ele veio a gente sabe o que aconteceu.

 

c)    O próprio Jesus realizou seu ministério terreno no poder do Espírito. Veja:

 

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto,” (Lucas 4:1 RA)

 

“Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia, e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.” (Lucas 4:14 RA)

 

“... Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;” (Atos 10:38 RA)

 

d)    Qual é a solução para não sermos dominados pela carnalidade? O apóstolo Paulo responde em Gálatas 5.16: “Andai em Espírito e não cumprireis as concupiscências da carne”.

e)    Para que as pessoas se convertam não basta nós pregarmos, ainda que com grande demonstração de conhecimento; é necessário poder do Espírito Santo, porque é Ele quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.

 

Paulo pede profundidade (v.17)

 

1)    Segundo Wiersbe há três imagens ocultas em três verbos no vero 17 que transmitem o conceito de profundidade. São eles: “habitar”, “arraigar” e “alicerçar”

 

a)    O verbo “habitar” significa “fazer morada e sentir-se em casa”­.

 

Então, quando Paulo ora para que “Cristo habite no vosso coração”, ele está pedindo para que Cristo faça morada na vida deles e se sinta realmente em casa.

 

Mas Cristo já não habitava neles? Paulo se dirigiu a eles como “santos e fiéis em Cristo Jesus” no início da carta, então Cristo já habitava neles.

 

Porém, Paulo pedia por uma experiência mais profunda para eles. Seu desejo não era que Cristo apenas habitasse, mas que se sentisse realmente em casa, indicando uma comunhão cada vez mais íntima e não um relacionamento superficial.

 

b)    O verbo “arraigar”, proveniente da botânica, também nos transmite o conceito de profundidade. O Cristãos deve estar “arraigado” ou “enraizado” em Cristo, para estar firme e se nutrido por ele. E quanto mais profundamente arraigado, mais firme e mais bem nutrido.

 

c)    E o verbo “alicerçar” é um verbo que nos remete à construção civil. Uma obra precisa estar construída sobre um fundamento, um alicerce. E quanto maior e mais alta for a obra mais profundo deve ser o alicerce.

 

Paulo pede compreensão (v. 18, 19a)

 

1)    O que eles devem compreender?

2)    O amor de Deus em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.

3)    O Dr. Russel Shedd tem um pensamento interessante acerca desse texto. Ele sugere que Paulo ora para que compreendamos “as quatro dimensões do evangelho” (lembrando que o evangelho é a mensagem do Cristo crucificado, e, portanto, manifestação do amor de Deus).

a)    Primeiro vem a largura. Qual é a largura do evangelho? Segundo o Dr. Russel Shedd, em Apocalipse 5 e 7 encontramos a largura do evangelho; ele é largo o suficiente para caber pessoas de todas as tribos, língua, povo e nação. Abrange a todos indistintamente.

b)    Depois vem o comprimento. Segundo sugestão do Dr. Shedd, o comprimento tem a ver com o “tempo”, significando que a operação poderosa e salvadora de Deus está em operação desde logo após a queda no Éden e vai perdurar até o último cristão a se converter no instante em que Cristo voltar.

c)    Depois vem a altura. E por altura podemos entender que estendeu-se até ao Céu para trazer o Filho Amado esvaziado de Sua Majestade. Assim lemos em Filipenses 2.6-8, lemos acerca de Jesus: “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;  e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2:6-8 RC)

d)    E, finalmente, vem a profundidade. A profundidade diz respeito ao sofrimento que Jesus suportou para expiar nossos pecados. Em 1 Pedro 2.24 lemos que “ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fomos sarados”. Mas a profundidade diz respeito também ao fato de que a salvação oferecida por Deus em Cristo chega até aos piores pecadores. Não nenhum pecador ou rebelde que não possa ser incluído. Em João 3.16 encontramos que a salvação é para todo o que crer – O amor de Deus alcança a todo o que crê em Cristo. Na Bíblia encontramos vários bons exemplos:

§  Atos 7.58-8.3; 9.1-22 – Saulo: perseguidor dos cristãos. Saulo: convertido, salvo, pregador do Evangelho.

§  Mateus 26.69-75; Marcos 16.6-7; João 21.15-17 – Pedro: negando a Jesus, mas sendo restaurado.

§  Lucas 15.11-24 – O filho que se perdeu, mas foi achado.

§  Lucas 19.1-10 – Zaqueu, o publicano (e ladrão) que se converteu e foi salvo.

§  Lucas 7.36-50 – A pecadora que foi salva por Jesus.

 

Paulo pede plenitude de Deus (v. 19b)

 

1)    Estar pleno é estar cheio.

2)    Só esse pedido de Paulo já é “material” para muita reflexão.

3)    O que significa estar pleno de Deus?

4)    Não sei se podemos compreender tudo o que está envolvido em estar pleno de Deus. Mas alguma consideração podemos fazer, e uma delas é que se estamos plenos de Deus, então todo o nosso ser está sob Seu controle. Não é isso que Paulo disse? Em Gálatas 2.20 ele escreveu: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.

5)    Mente, coração, língua, mãos, pés... todo o nosso ser, controlado por Ele.

a)    Mente:

§  Vou pensar que o reino de Deus vem em primeiro lugar;

§  Vou pensar que ser grande é ser servo;

§  Vou pensar que não é só de pão que vive o homem;

§  Vou pensar em “ir e pregar o evangelho”, porque ainda há muitos “filhos pródigos”, muitos “zaqueus”, muitas “mulheres samaritanas”, muitos “endemoninhados gadarenos”, muitos “Nicodemos”... muita gente precisando da salvação que só Ele, Cristo, tem para oferecer;

§  Vou pensar nas coisas que são de cima – “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3:2-3 RC);

§  Vou pensar em coisas em que há virtude e louvor – “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que [é] honesto, tudo o que [é] justo, tudo o que [é] puro, tudo o que [é] amável, tudo o que [é] de boa fama, se [há] alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.8);

b)    Coração:

§  Vou amar a Deus acima de todas as coisas, ao meu próximo como a mim mesmo e até aos meus inimigos;

§  Vou ter compaixão das pessoas;

c)    Língua:

§  Minha língua vai ser usada para falar o que edifica

d)    Mãos:

§  Minhas mãos serão mantidas limpas e apresentadas para o serviço do Senhor

e)    Pés:

§  Meus pés percorrerão o caminho proposto por Deus.

f)     Tudo, absolutamente tudo o que sou e tudo o que tenho, é consagrado ao Senhor se estou pleno dele.

 

III.          O “MISTÉRIO” QUE JÁ NÃO É MAIS MISTÉRIO – NOSSO PRIVILÉGIO EM CRISTO – A GRAÇA DA SALVAÇÃO É PARA NÓS (GENTIOS) TAMBÉM

 

1.    Paulo já vinha falando sobre isso desde o início da carta – os gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo – unidos em um só corpo: o corpo de Cristo, e, portanto, unidos ao próprio Cristo. (Acho que eu deveria ouvir um “Amém! Glória a Deus!” agora, já que todos somos gentios (falo à PIB Muqui)

 

a.    A dispensação da graça de Deus nos alcançou – Ao dizer isso nossa mente se volta para o capítulo 2:

 

                                  i.    Estávamos mortos em nossas ofensas e pecados;

                                ii.    andávamos segundo o curso deste mundo;

                               iii.    andávamos segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência;

                               iv.    vivíamos fazendo a vontade da carne e dos nossos próprios pensamentos;

                                v.    e éramos, então, por natureza, filhos da ira.

 

Mas Deus... que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas,

 

                               vi.    Nos vivificou juntamente com Cristo;

                              vii.    Nos ressuscitou juntamente com ele;

                             viii.    Nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;

                               ix.    Para mostrar, nos séculos vindouros, as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus (como se não bastasse todas as bênçãos que já recebemos... ).

 

b.    Nos tornamos coerdeiros (v. 6)

 

                                  i.    Veja Gálatas 3.26-28 – Descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa. Coerdeiros das riquezas espirituais que Deus lhes deu em função de sua aliança com Abraão. Em Cristo não há qualquer vantagem ou desvantagem em ser judeu ou gentio, pois participamos juntos das riquezas de Cristo.

                                ii.    Veja também Gálatas 4.1-7 – Não mais simplesmente servos, mas filhos, e, como filhos, herdeiros.

                               iii.    Mas é interessante também lermos João 1.11-13 associado a Romanos 8.14-17, para vermos que somos coerdeiros não apenas dos judeus no que concerne às promessas feitas a Abraão, mas coerdeiros do próprio Cristo.

 

c.    Fomos “co incorporados” (de um mesmo corpo – v. 6) – Quantos “corpos de Cristo” há? Somente um. Aqui mesmo em Efésios, no capítulo 4, versículo 4, Paulo faz essa afirmação. E todos quantos estamos em Cristo, sem importar se somos judeus ou gentios, “bárbaros, citas, servos ou livres”, ricos ou pobres, negros ou brancos, intelectuais ou analfabetos, jovens ou idosos, saudáveis ou enfermos fisicamente ... fazemos parte desse mesmo corpo. E isso diz muito. Por exemplo:

 

                                  i.    Nos remete a Cristo como o cabeça – Se tem corpo tem que ter cabeça; e quem é “a” ou “o” cabeça? Com certeza não é o papa; e também não foi e nem é Paulo ou Pedro ou Tiago ou qualquer um dos apóstolos. Cristo é o cabeça. É claro que sei que os irmãos sabem disso, e nem vou citar os textos que isso afirmam, mas “toco no assunto” pra nos lembrar que devemos obediência a Cristo; Se ele é o cabeça, então ele é quem guia (ou deve guiar). E guiar não apenas o corpo como um todo, o corpo como uma “unidade orgânica”, mas guiar cada membro em particular. E isso deve nos levar a pensar em duas questões importantes:

 

Primeira questão: quem é que tem guiado a igreja (a “nossa” igreja)? Refletindo sobre isso, eu penso que a gente tem se esforçado para que seja Jesus; mas ao mesmo tempo eu penso que, além de nos pautarmos pela bíblia, para ser Jesus o guia da igreja, ainda precisamos crescer muito na oração. Eu sou o pastor da igreja e, obviamente, tenho uma responsabilidade bem grande nessa parte, mas quando falo de oração pra Jesus guiar a igreja, não falo apenas de orações individuais, mas também, e principalmente, das nossas orações em conjunto. Precisávamos estar mais unidos em oração; precisávamos nos reunir para orar especificamente por direção diante de algumas tomadas de decisão e direcionamentos. Imaginem os irmãos a bênção que receberíamos; se já somos extremamente abençoados sendo falhos nessa questão, imagina se consertarmos a falha. Por exemplo, queremos plantar uma igreja em São Gabriel, e sei que temos orado sobre isso, e sei que até alguma coisa temos feito – temos um culto lá às quintas-feiras, já tivemos oportunidade de fazer culto na praça, já fizemos evangelismo percorrendo praticamente toda a localidade, e agora recente fizemos uma investida evangelística; mas não poderíamos ser mais “ousados”? Ousados em tudo, e principalmente na oração pedindo a direção de Jesus sobre o que fazer e como fazer; pedindo que Jesus não nos deixe operar na força da carne, e sim no poder do Espírito... Quem é que tem guiado a igreja? O quanto oramos juntos pra entendermos a vontade e o direcionamento de Jesus para a igreja, para que Jesus nos guie?

 

Segunda questão: quem é que tem guiado você (a mim)? Se você faz parte desse “corpo” que é a igreja, se você é um “membro” desse corpo não simplesmente porque um dia foi mergulhado naquele batistério, mas porque foi de fato, verdadeiramente, alcançado pela graça salvadora do Senhor Jesus, então quem é que tem guiado a sua vida? Quem é que tem guiado você como membro do corpo de Cristo?

 

Depois que escrevi isso me veio à mente uma pergunta: será que existe alguma doença que faz com que algum membro do corpo humano não responda ao comando do cérebro? Bem, eu não sei – respondi para mim mesmo – mas conheço alguém que sabe: o google. Então perguntei pro google. E não é que tem? Chama-se “distonia”. É um distúrbio neurológico dos movimentos que faz o indivíduo sofrer com contrações musculares involuntárias anormais que podem interferir às vezes nas funções cotidianas como caminhar, dormir, comer, falar...  (Link: Informações sobre a Distonia, Distúrbio Neurológico dos Movimentos (medtronic.com) )

 

Daí fiquei pensando que espiritualmente também existe distonia. Estou falando de distonia e não espasmo passageiro. O espasmo passageiro pode ser comparado ao afastamento da vontade de Deus como uma queda, um “deslize”, do qual a gente logo se recupera confessando e pedindo perdão porque esse não é o nosso modo de viver. Por exemplo: você se descuida e, por alguma razão, fala uma mentira, mas logo cai em si, confessa e pede perdão; é um “espasmo”; pecado, mas “espasmo”. Já por distonia quero dizer aquele afastamento da vontade de Deus que já se tornou o nosso “viver normal”. Por exemplo: se você normalmente fala mentira, então é “distonia”. Estão entendendo o que estou querendo dizer com estas “figuras”? Agora, eu acho que a distonia física é um acontecimento raro, enquanto que, infelizmente, a distonia espiritual talvez seja bem mais comum. Cada um pese a si mesmo: eu, como membro do corpo de Cristo, cuja cabeça é Cristo, me “movimento”, “ando”, “vivo” seguindo o comando da cabeça do corpo do qual faço parte ou pela minha própria cabeça?

 

Nós podemos até “testar a nós mesmos”. É só abrir a bíblia, ler, e quando nos depararmos com alguma coisa que ela nos manda fazer ou deixar de fazer, nos perguntar: “o que eu penso disso? E como procedo normalmente (costumeiramente) em relação a isso?” Daí vamos saber se temos “distonia espiritual”. E se tivermos é bom tratar logo.

 

Vamos a alguns exemplos. Abra aí sua bíblia e se faça as perguntas sugeridas acima: Lucas 18.1; Mateus 5.43 e 44; Mateus 6.33; Hebreus 10.24 e 25...

 

                                ii.    Nos transmite a mensagem de que cada membro deve dar sua contribuição – É um pensamento óbvio. Num time de futebol é assim; num clube é assim; numa associação é assim... no corpo humano é assim. E por que na igreja deveria ser diferente? E também está na bíblia.

 

Veja Romanos 12.4-8

 

A parábola dos talentos também, em Mateus 25, nos leva a esse entendimento.

 

                               iii.    E nos transmite a mensagem de que se reconhecemos que uma pessoa que tenha se afastado um pouco da “direção” em que o corpo vai é crente de verdade, faz parte do corpo, apesar de seu temporário “afastamento”, nossa obrigação é fazer o possível para trazê-la de volta ao caminho; “dar chances”; “correr risco”. Não me entendam mal; não estou dizendo que não deva haver disciplina; mas uma disciplina que vise traze-los de volta ao caminho, e quando percebemos um mínimo esforço por voltar ao caminho, aí então precisamos “segurar na mão”, “dar chances”, “correr riscos”, “correr em direção a”, assim como o pai do pródigo fez quando viu o filho voltando – o filho ainda estava longe, voltando mas ainda longe, e o pai correu em sua direção e assim encurtou a distância. Nós devemos “encurtar a distância” e não alongar mais, e isso ás vezes é arriscado, põe a igreja em risco; mas se a igreja não estiver disposta a correr risco, então ela já pode ser arrebatada, não tem mais o que fazer aqui no mundo.

 

d.    Nos tornamos coparticipantes (v. 6)

 

                                  i.    Veja em 2.11 e 12 a nossa situação anterior.

                                ii.    Mas agora somos coparticipantes, participantes “em pé de igualdade”, sobre a mesma base. Coparticipantes da promessa em Cristo pelo evangelho.

 

IV.          O QUE ESTAMOS NÓS FAZENDO?

 

 

 

 

FONTES DE CONSULTA:

“Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991

Comentário Bíblico Vida Nova

Comentário Bíblico Expositivo de Warren W. Wiersbe

DBA – Dicionário Bíblico Almeida em A Bíblia Online 3.0

https://ministeriofiel.com.br/artigos/ele-alimentou-dez-mil-orfaos-com-oracao-george-muller/

Informações sobre a Distonia, Distúrbio Neurológico dos Movimentos (medtronic.com) 

Serie Cultura Bíblica – Efésios – Francias Foulkes – Vida Nova - 

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