sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de Efésios - estudo 3 de 9 - TÃO GRANDE SALVAÇÃO

 

TÃO GRANDE SALVAÇÃO!

 

Ø  Texto: Efésios 2.1-22 (ler após a introdução)

Ø  O fim do capítulo 1 de Efésios diz que a igreja foi feita corpo de Cristo, sendo Cristo o cabeça da igreja, isto é, aquele que planeja e controla os acontecimentos na vida da igreja.

Ø  O capítulo 2, que temos diante de nós, continua o pensamento de Paulo iniciado no primeiro parágrafo do capítulo 1, onde ele louva a Deus pelas profundas e transformadoras bênção que Ele nos tem concedido. O parágrafo vai até o verso 14, mas veja o verso 3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo Jesus”.

Ø  Mas Efésios 2 dá continuidade também à oração do segundo parágrafo, que se inicia no verso 15, quando o apóstolo Paulo pede que o Espírito venha abrir os olhos do coração dos leitores e ouvintes, para que compreendam através da sabedoria e da revelação divina a vocação que Deus lhes tinha dado, a riqueza da glória da herança que somos em Cristo, e, finalmente, no versículo 19, a suprema grandeza do seu poder.

Ø  Esse capítulo 2 é uma exposição do significado daquela frase “a suprema grandeza do seu poder” para conosco (1.19), ou, na tradução de Eugene Peterson: “a grandiosidade absoluta de Sua obra em nós, que confiamos nele – força sem fim, pode sem limite!”

Ø  Então, com essa ideia em mente, leiamos este capítulo que se divide claramente em duas partes: a primeira, falando da nossa situação de onde Deus nos resgatou (1-10) e a segunda parte, falando de nossa nova situação “social” – o novo povo de Deus, que é a igreja (11-22)

 

A CONDIÇÃO ANTERIOR

 

Ø  Mortos! Escravos! Filhos da ira!

Ø  Essa era a nossa condição anterior. Pensemos um pouco sobre isso.

 

Mortos.

 

Ø  “mortos nos vossos delitos e pecados”

Ø  Essa palavra carrega em si profundas realidades sobre a situação moral e espiritual do homem sem Deus.

 

Ø  Primeiramente, a pessoa morta não pode se movimentar; a pessoa morta é totalmente inerte, e perde totalmente aquilo que chamamos de personalidade e perde totalmente a capacidade de responder à fala, bem como a qualquer outro tipo de estímulo. Tanto faz falar com um cadáver ou com este púlpito de madeira ou estes bancos em que os irmãos estão sentados. A primeira ideia, então de morte, parece ser esta: a incapacidade de comunicação, de movimentação, de aproximação. A incapacidade de reagir, de corresponder. É Deus falando ao homem e o homem não escutando coisa alguma, não respondendo, não reagindo, continuando seu próprio caminho como se Deus não existisse. Éramos assim.

 

Ø  Em segundo lugar, o cadáver ou defunto ao deixar de ter a vida começa a se decompor. A situação do homem sem Deus é uma situação de decomposição, não no sentido de mau cheiro, mas no de que a integração da sua pessoa, da sua personalidade, está se perdendo como aquele cadáver, que daqui a algum tempo não será mais do que pó e alguns ossos espalhados por aí. O homem sem Deus está se decompondo. A sociedade humana se decompõe quando se separa de Deus. Por isso é que vemos tanta idolatria, tanta imoralidade sexual, tanta violência, tanta corrupção, tanta luta por coisas totalmente contrárias à vontade de Deus revelada em Sua Palavra ao ponto de alguns pecados já não serem mais apenas pecados pessoais, mas pecados “institucionalizados”, uma situação extremamente perigosa, sujeita ao juízo iminente de Deus.

 

Ø  Mortos em delitos e pecados. Delitos e pecados são palavras diferentes, porém sinônimas. O pecado pode ser descrito como “o que cai fora da meta, que não atinge o destino”; traz a ideia “daquele que erra o alvo”; pode até “cair perto” ou “quase acertar/passar perto”, mas “caiu fora” e “errou o alvo”, tendo como consequência a morte espiritual. Prestemos atenção nisso! “Estar perto” não é “estar dentro”; “estar perto” é “estar fora”; então fica aí o alerta: se alguém está “perto”, “quase”, mas ainda “fora”, tome cuidado; se a “porta” se fecha, ainda que tenha estado “perto” vai ficar eternamente “fora”. Essa era a condição anterior.

 

Acorrentados como escravos

 

Ø  Essa é uma figura da qual Paulo se utiliza – a corrente de escravos.

Ø  Isso acontecia frequentemente no Império Romano: depois de uma guerra, para punir os povos que se rebelavam contra Roma, faziam uma corrente e algemavam, pelos pescoços ou pelas pernas, centenas de presos para leva-los às cidades do Império como escravos.

Ø  Veja-se a palavra “andar” (v. 2). Mortos em delitos e pecados nós andávamos acorrentados como escravos. Normalmente não se pensa em mortos andando, mas nessa figura de Paulo eles andam. Porém, é um andar pressionado, um andar de presos. Imagine a cena...

Ø  Note a frase que Paulo usa com respeito a este andar: “segundo o curso deste mundo”. Escravizados pelo pecado e acorrentados nós andávamos “segundo o curso deste mundo” – “O curso deste mundo”, (a cultura do mundo) é uma cultura formada sem Deus e a cultura formada sem Deus escraviza o homem no pecado. Eugene Peterson traduz assim: “Haviam permitido que o mundo, que não sabe nada a respeito da vida, dissesse a vocês como viver”.

Ø  Note ainda a frase “segundo o príncipe da potestade do ar”. Escravizados pelo pecado e acorrentados nós andávamos “segundo o príncipe da potestade do ar” (o mesmo espírito que ainda opera agora nos filhos da desobediência). Esse “príncipe da potestade do ar” é aquele “general conquistador” que vai à frente desta fila de escravos acorrentados levando-os ao seu destino apropriado. Ele é satanás, o príncipe deste mundo, que através da sua força enganadora cria na mente humana desejos contrários à vontade de Deus, inclusive o desejo de adorar outros deuses.

Ø  E ainda mais uma frase: “entre os quais todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne. Certamente que os escravos romanos, acorrentados, não andavam tão felizes, mas chorando, tristes e sofrendo. Porém não é esse o caso do homem pecador sem Deus; ele está escravizado, porém, pelo menos no presente, gosta disso. É como o homem escravizado pela droga ou o alcóolatra que, ainda que seja escravo, gosta desta escravatura e muitas vezes vai se escravizando ainda mais, porque esta é a “inclinação da sua carne”, isto é, é o “desejo da sua própria pessoa”. Assim é nossa carne – ela é inclinada ao pecado; a diferença entre os que agora seguem a Cristo e os que ainda não é que uns andam segundo essa inclinação e outros não; uns “avivam”, “alimentam” e outros “mortificam” essa inclinação.

 

Por natureza filhos da ira

 

Ø  Filhos da ira” é uma maneira de dizer que não há nenhuma possibilidade de, por nós mesmos, sermos outra coisa, diferente do que éramos.

Ø  A ira de Deus é um conceito teológico profundo, objeto de muita cogitação, pesquisa e discussão. Mas, de forma bem simples podemos dizer que a ira de Deus é a Sua reação pessoal frente a qualquer pecado, qualquer rebelião contra Ele.

Ø  Um bom texto que demonstra a manifestação desta ira é Romanos 1.18-32. Vamos ler esse texto. A ira de Deus se manifesta sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detém a verdade em injustiça... Como?

a.    “Deus os entregou...” – Veja versos 24-25.

b.    “Deus os abandonou...” – Veja versos 26-32.

Ø  Estes homens vão se escravizando cada vez mais, praticando cada vez mais esses pecados até que a justiça de Deus recaia sobre eles.

Ø  Mas a ira de Deus não é uma ira fria, sem sentimentos; não! A ira de Deus é uma ira transbordante de amor, e isso pode ser visto de forma bem clara numa parábola que todos conhecemos, a parábola do filho pródigo. O filho pródigo saindo de casa, procurando seus próprios prazeres e escravizando-se neles, fica cada vez mais caído, cada vez mais desprezado pelos outros e por si mesmo, doente, com fome, quase nu, esperando a morte terrível junto aos porcos, sozinho, na verdadeira miséria. Mas longe, em casa, está o seu pai esperando. Podemos deparar aqui com uma descrição autêntica da ira de Deus. É uma ira cheia de transbordante amor, mas que não pode atravessar aquela distância até o filho amado, a não ser que o próprio filho amado caia em si (o que a bíblia chama de arrependimento). A ira de Deus afasta, entrega, permite ao filho ir cada vez mais longe da casa paterna enquanto espera, busca e ansiosamente aguarda o filho rebelde.

 

Ø  Essa era, então, a nossa condição anterior, segundo Paulo aqui em Efésios 2 (e ainda é a condição de muita gente):

a.    Mortos em delitos e pecados,

b.    Escravos acorrentados andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar e segundo a inclinação carnal,

c.    E por natureza filhos da ira.

Ø  É a condição em que muitos ainda estão hoje. Todos os dias “esbarramos” com muitos que estão nessa condição. Devemos ter compaixão.

Ø  E é uma condição terrível da qual não tínhamos e eles não têm nenhuma condição de sair pela própria força.

Ø  Mas nós saímos, e eles também podem sair. Como? Como nós saímos e como eles podem sair?

Ø  A resposta está aí na segunda parte do texto, a partir do verso 4, que começa com as palavras “mas Deus”.

 

A NOVA CONDIÇÃO – “Mas Deus...”

  

Ø  Depois de descrever a situação totalmente desesperadora do homem sem Deus, Paulo escreve duas palavrinhas: “mas Deus”.

Ø  Russel Shedd recomendava sublinhar, marcar essas palavras aí no texto, porque elas são a única esperança de todos os pecadores deste mundo.

Ø  “Mas Deus” introduz o amor e a misericórdia de Deus para com o homem perdido.

Ø  E esse amor se manifesta em compaixão misericordiosa, perdoadora, ativa, de três formas, expressas por três frases nos versos 5 e 6:

 

Ø  Primeira: “Nos deu vida juntamente com Cristo”. A nossa “morte em pecado” é cancelada pela mesma força que cancelou a força que amarrou Jesus naquela tábua de pedra, naquele túmulo que abrigou nosso Senhor depois de morto crucificado.

 

Ø  Segunda: “juntamente com ele nos ressuscitou”. Isso não significa apenas aquilo que aconteceu quando Jesus chamou Lázaro do seu túmulo, para que saísse, envolvido naquelas roupas e vivesse por mais algum tempo. Não, este poder da ressurreição é uma força que transforma, de dentro para fora, todo o nosso ser. Eu sou a mesma pessoa que era antes dessa força se aplicar em minha vida, mas também não sou a mesma pessoa. Quando Agostinho, depois de lutas difíceis para vencer as forças e paixões de sua carne, estava sendo chamado por sua amante, do outro lado da rua, depois de sua conversão: “Vem Agostinho! Eu estou aqui”, ele respondeu: “Mas EU não estou aqui!”. É a força da ressurreição, tão transformadora, que a própria aparência de Jesus se transformou, na sua ressurreição, e isso pode até ser usado como uma figura da transformação que o poder da ressurreição opera naquele velho cadáver, escravo, miserável, filho da ira.

 

Ø  Terceira: “nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Essa frase descreve, de forma figurada, a nossa possibilidade de vencer. Desse lugar no qual agora estamos assentados emana toda a força que conquista o pecado, a morte, a força satânica e a ira de Deus. Este poder está todo aí a nosso alcance porque Cristo venceu todas estas forças escravizadoras. Por isso Paulo pôde afirmar que nós somos mais do que vencedores; e Romanos 8 descreve em forma poética, extasiada, empolgante, a nossa vitória. Veja aí em sua bíblia o que dizem os versos 37 a 39. Na tradução de Eugene Peterson lemos assim: “Nada disso nos intimida, porque Jesus nos ama. Estou convencido que nada – vivo ou morto, angelical ou demoníaco, atual ou futuro, alto ou baixo, pensável ou impensável –, absolutamente nada pode se intrometer entre nós e o amor de Deus, quando vemos o modo com que Jesus, nosso Senhor, nos acolheu”.

 

Nossa parte: Fé

 

Ø  Tudo isso recebemos, pela graça, mas por meio da fé.

Ø  “Não vem das obras, para que ninguém se glorie”, é pela graça, por meio da fé.

Ø  Não há nenhuma maneira de o cadáver se levantar, dos escravos cortarem as correntes que os prendem e nem de o filho da ira se retirar dessa ira; mas Deus oferece a Sua salvação tão grande, de graça! Ele paga o preço todo desta salvação para nós; Seu amor e Sua compaixão nos envolvem. E a resposta do coração humano não pode ser outra, senão: “obrigado, Senhor!”. E esse obrigado tão simples é a fé. A salvação, a misericórdia, tudo o que está envolvido na frase “mas Deus”, não vem de nós, é dom de Deus; mas nós precisamos crer para receber.

 

Nossa situação presente: “feitura sua” – precisamos viver para a glória de Deus.

 

Ø  Veja os versos 8 a 10 na NTLH: “Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la. Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.” (Efésios 2:8-10 NTLH)

Ø  “Foi Deus quem nos fez”, ou “feitura sua”, vem de uma palavra grega – poiema – que aqui quer dizer que os salvos pela graça são uma “obra de arte”. A nova criação é uma “obra de arte de Deus”, e, como tal, deve glorifica-lo, aplicando-se não às más, mas sim às boas obras.

Ø  E “boas obras” não tem a ver apenas com “doar” alguma coisa pra alguém que está necessitado; tem a ver com tudo o que a gente faz todos os dias em todos os lugares e ambientes, e, principalmente, tem a ver com a necessidade/obrigação de nos unirmos a Deus naquilo, ou em muito daquilo, que Ele está fazendo.

a.    Então, aquilo que eu faço no trabalho tem que ser “obra boa”, que glorifica a Deus;

b.    Então, aquilo que eu faço em casa tem que ser “obra boa”, que glorifica a Deus;

c.    Então, aquilo que eu faço lá no meio dos amigos, na diversão, jogando um futebol por exemplo, tem que ser “obra boa”, que glorifica a Deus;

d.    Então, aquilo que eu faço no ambiente virtual tem que ser “obra boa”, que glorifica a Deus;

e.    Então, minha “fala”, onde quer que seja, tem que ser “fala” boa, edificante, que glorifica a Deus;

f.     Então, eu tenho que me envolver na obra de Deus, com a igreja de Deus, na evangelização, na comunhão do povo de Deus, na contribuição para a obra de Deus... porque eu sou “nova criação”, “obra de arte de Deus”, criado em Cristo Jesus para fazer coisas boas, que ele preparou e que o glorificam.

g.    Isso não é um favor que vou fazer à igreja ou a algum pastor; é uma resposta a Deus, resposta de fé, de amor, de gratidão, de reconhecimento por essa tão grande salvação que eu recebi de graça, apenas crendo. 

 

CONCLUSÃO

 

Ø  Muitas pessoas são salvas todos os dias por outras pessoas, “heróis desconhecidos”.

Ø  É o bombeiro que salvou as pessoas de um prédio em chamas; é o salva-vidas que resgatou o banhista que estava se afogando; é a equipe de resgate que encontrou o aventureiro que se perdeu na floresta; é o paramédico e sua equipe que salvou a vida do homem acidentado preso nas ferragens do carro... E por aí vai. São muitas as possibilidades de exemplos.

Ø  E todas estas “salvações” são grandes e dignas de nota.

Ø  E se nós fomos os salvos, levamos a lembrança, o reconhecimento e a gratidão para a vida toda.

Ø  Mas não há salvação maior do que a com que Deus, em Cristo, trouxe. E mais: essa salvação é salvação da qual TODOS nós precisamos.

Ø  O inferno eterno está com as portas abertas recebendo e para receber muitos perdidos, inclusive muitos perdidos dentro das igrejas. Temo ser uma realidade que muitos que estão nas igrejas hoje, daqui há alguns anos tenham partido, porém não para o céu e sim para o inferno. Mas Cristo, o Salvador, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, aquele que tem as palavras de vida eterna, o caminho, a verdade e a vida, o Nome único no qual há salvação, está com os braços abertos, pronto e poderoso para salvar todos quantos quiserem ir a ele para não continuarem perdidos.

Ø  É uma grande salvação!

Ø  John Benton em um livro que escreveu (Como Pode Um Deus de Amor Mandar Pessoas Para o Inferno?), faz a seguinte pergunta: "Qual o ensino de Jesus sobre o que sucede após a morte, no caso daqueles que rejeitam a Deus? Como foi que ele descreveu o inferno?" E ele mesmo dá a resposta, da qual incluo um trecho aqui:

 

"Seu ensino a esse respeito parece enfatizar três elementos fundamentais:

 

Primeiro, há aquela miséria causada por aquilo de que as pessoas são privadas no inferno. As palavras usadas por Jesus, para descrever tal privação, são “trevas” ou “trevas exteriores”. Nessa vida, todas as pessoas, até certo ponto, usufruem as bênçãos de Deus. Vivemos em um mundo que está longe de ser perfeito, mas onde ainda restam muitas coisas boas. Há muita tragédia neste mundo, mas também há muitas alegrias. Grande é o ódio e o egoísmo neste mundo, mas também existe amor entre os familiares e entre amigos. A enfermidade anda de mãos dadas com a saúde. A desonestidade mistura-se com a verdade. Todavia, neste mundo ainda encontramos muitas coisas boas da parte de Deus. Jesus retratou o inferno como um estado onde toda a bondade de Deus fica excluída... O inferno inclui estar privado de toda alegria, luz e vida; estar excluído de todas as coisas boas que temos experimentado na vida, embora nunca tenham sido realmente apreciadas por muitos. O inferno inclui estar banido da presença de Deus e de tudo quanto é bom e digno. Envolve estar excluído de todo amor, de toda paz, de toda alegria, para sempre. Jesus explicou que, ao perceberem isso e ao entenderem o que estão perdendo, as pessoas sofrerão um efeito devastador: “Ali haverá choro e ranger de dentes”. Esse é um quadro indescritível e sombrio. Em raras ocasiões os homens choram; mas no inferno, eles chorarão incontrolavelmente. Portanto, Jesus aludiu ao inferno como um lugar caracterizado, acima de tudo, por lágrimas. O grego em que foi escrito o Novo Testamento inclui o artigo definido nas palavras de Jesus. Não está em foco apenas “um choro” no inferno, e sim “o chorar”. É como se Jesus dissesse que cada conotação do que está envolvido na atitude das pessoas verterem lágrimas na terra estivesse sumariada na total aflição e angústia do inferno. Todas as lágrimas da terra são apenas um mostruário dos soluços que haverá no inferno.

 

Segundo, há aquela miséria causada por aquilo a que as pessoas são positivamente expostas no inferno. Jesus aludiu a isso utilizando os termos “fogo do inferno” ou “fogo eterno”. As misérias do inferno não consistem apenas naquilo de que serão privados os homens e as mulheres que houverem rejeitado a Deus. Jesus falou sobre o castigo aplicado diretamente aos pecadores. Ele referiu-se a esses castigos em termos de “chamas de fogo”... Jesus contou uma parábola a respeito de um agricultor que semeou boa semente em seu campo; mais tarde, entretanto, um inimigo do agricultor veio e semeou o joio no meio da boa semente, tornando aquele campo extremamente difícil de ser colhido. Depois, Jesus explicou a parábola: “E ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos. Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século. Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça.” (Mateus 13:37-43) ... Ao referir-se ao inferno Jesus usou a espantosa figura do fogo eterno. ... Jesus encarava como aterrorizantes as consequências do pecado. Ele via o pecado como aquilo que leva as pessoas àquele lugar de indescritível miséria, mostrando-se, uma vez mais, insistente e direto em suas advertências a esse respeito: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.” (Mateus 18:7-9 RA). ...Jesus serviu-se de uma linguagem vigorosa para impressionar-nos com o fato de que o inferno é tão horrendo, que não deveríamos poupar dores a fim de evitar o pecado que conduz as pessoas àquele lugar.

 

E Terceiro, Jesus referiu-se ao inferno como lugar de infinda desintegração e dissolução. Ele usa o simbolismo do “verme que não morre”. Esta figura sugere que, no inferno, ocorre uma dissolução eterna que jamais cessará. O inferno é um lugar de infinita desintegração da pessoa e sua personalidade... É como se alguma coisa estivesse corroendo o tempo todo, algo com o que a pessoa não consegue ajustar-se.

 

Ø  A salvação de Cristo nos livra dessa perdição. Que livramento! Que grandioso livramento! Não temos como retribuir; tudo o que fizermos e dissermos, por maior que seja, ainda ficará muito aquém de uma gratidão à altura. Mas precisamos, mesmo assim, apresentarmo-nos a Ele em sacrifício vivo, santo e que lhe é agradável; precisamos não nos conformar a este mundo e deixarmo-nos transformar pela renovação do entendimento para entendermos e cumprirmos a vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável.

 

Ø  É uma grande salvação. É realmente uma “tão grande salvação”.

 

 

 

FONTES

 

“Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991 – O presente sermão é um resumo do capítulo 3, com adaptações e ideias minhas, para ser aplicado, a princípio, na PIB Muqui – deve então ser considerada uma obra do Saudoso Dr. Russel Shedd.

 

Como Pode Um Deus de Amor Mandar Pessoas Para o Inferno? – John Benton

 

A Mensagem – Bíblia em linguagem contemporânea – Tradução de Eugene Peterson

Exposição de Efésios - estudo 2 de 9 - UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO - PELO QUE ORAR A DEUS

 

UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR A DEUS

 

01. Este é o segundo estudo que estamos fazendo, nessa intenção de expor brevemente essa carta do Apóstolo Paulo aos Efésios.

02. No primeiro estudo, com base em 1:1-14, vimos:

a.    Tema: Razões Para Louvar a Deus.

b.    O autor da carta: Paulo, apóstolo de Jesus Cristo. Apóstolo no sentido de ser aquele que foi comissionado não apenas como missionário que leva uma mensagem; não apenas como um embaixador que tem sua carta selada para entregar a um rei de outro país; mas como procurador que substitui aquele que o mandou e que pode tomar iniciativas. Nesse sentido não existem mais apóstolos hoje; em outros sentidos pessoas até podem se denominar ou serem denominados apóstolos, mas não nesse.

c.    Os destinatários: os santos e fiéis em Cristo Jesus, isto é, aqueles que foram separados para pertencerem exclusivamente a Deus e que se identificaram com Cristo e continuam se identificando, permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.

d.    E, já que nosso tema foi Razões Para Louvar a Deus, vimos sobre as bênçãos que motivam o nosso louvor:

                                  i.    Fomos, por Deus, o Pai, escolhidos, adotados e feitos, em Cristo, agradáveis a si.

                                ii.    Fomos, por Deus, o Filho, redimidos e perdoados, feitos conhecedores do seu plano maravilhoso para o nosso futuro, de maneira que não precisamos ficar temerosos quando o mundo parece cada vez mais despencar para um caos total, e fomos feitos herança (temos herança porque somos coerdeiros com Cristo, e somos a herança de Cristo, aqueles a quem o Pai deu ao Filho)

                               iii.    Fomos, por Deus, o Espírito Santo, selados e garantidos de que a obra em nós iniciada será concluída e no devido tempo seremos conduzidos à glória.

 

03. Hoje veremos sobre UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR A DEUS.

04. Comecemos pela leitura do texto: 1:15-23:

 

“15 ¶ Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e a vossa caridade para com todos os santos, 16  não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17  para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18  tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19  e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20  que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21  acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22  E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23  que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.” (Efésios 1:15-23 RC)

 

05. Paulo foi, sem dúvida, um homem de oração.

06. Com quem ele aprendeu?

07. Como bom religioso da religião judaica, fariseu, certamente que ele sabia como orar. Mas orar mesmo, de verdade, “no modelo cristão”, talvez ele tenha sido treinado por Cristo, através de Seu Espírito, no deserto de Damasco, onde ele passou vários anos; ou, então, nas limitações do seu ministério em Tarso, durante ainda mais vários anos, antes de entrar no trabalho ativo em Antioquia e depois fazer suas viagens missionárias.[1]

08. Nas palavras do Dr. Russel Shedd: “Deus fez uma coisa maravilhosa com Paulo. Ele o separou para aprender Dele, naquelas ocasiões que duraram tanto tempo. Um seminário sem mestres humanos! Só então iniciou o seu ministério; e depois Deus o separou, de novo, para um ministério de oração, numa prisão”.

09. Será que nós não precisamos de uma situação assim para também aprendermos a orar de verdade? Mas é bem melhor nos esforçarmos por aprender sem necessitar de desertos e prisões ou extrema perseguição para nos ajudar.

10. Verdade é que oramos pouco, muito pouco. Mesmo passando por uma pandemia como a que estamos passando, oramos pouco. Nossos irmãos do passado, especialmente em tempos dificultosos, passavam horas e horas em oração; horas essas que lhes pareciam minutos apenas, enquanto nós passamos minutos que nos parecem horas. Temos que tratar disso, desse “defeito” em nós – eu tenho que tratar desse defeito em mim.

11. Paulo estava na prisão em Roma quando escreveu essa carta, e lá na prisão em Roma, sem oportunidade de sair para pregar às multidões e abrir novos trabalhos, teve novamente tempo para se concentrar em oração. Ele disse (v.16) aí na carta que não cessava de dar graças pelos crentes de Éfeso, fazendo sempre menção deles em suas orações. “Não cesso”, disse Paulo. Cessar logo de orar por algo ou por alguém é um problema nosso, mas não era de Paulo.

12. E na sua oração incessante Paulo nos diz “pelo que ele orava” por eles, de forma que temos aí algumas boas razões pelo que orarmos uns pelos outros. No estudo anterior vimos sobre razões para louvar a Deus, e nesse vamos ver sobre “pelo que” orar a Deus em favor de nossos irmãos e irmãs em Cristo e em nosso próprio favor – “UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR”.

13. Obviamente podemos orar e oramos por muitas coisas, mas os pedidos mais essenciais talvez não precisem ser muitos, e talvez por isso Paulo fala aqui sobre dois essenciais: o Espírito de sabedoria e o Espírito de revelação. Que os “olhos” do nosso coração sejam abertos pelo Espírito de Deus. Mas também faz parte da oração o “para que”. Que Deus nos dê o Espírito de sabedoria e revelação, que sejam abertos os olhos do nosso coração, mas “para que”? Vamos ver:

 

I.     Sabedoria

 

01. Sabedoria; o que vem a ser?

02. Bem, muito se pode dizer sobre esse assunto. Consulte um dicionário comum, por exemplo, e você vai encontrar definições de sabedoria sob várias óticas. Mas nosso interesse é a sabedoria sob a ótica espiritual cristã bíblica.

03.  Segundo o Dr. Russel Shedd, no Velho Testamento, sabedoria significa olhar para a vida com os olhos de Deus e perceber o que Ele está fazendo, para então envolvermo-nos nisso.

04. No livro de provérbios, por exemplo, os conselhos sábios tratam de diversos assuntos, como:

a.    O dinheiro – como gastá-lo como Deus quer;

b.    O casamento – o planejamento da vida familiar e a educação dos filhos de acordo com a vontade de Deus;

c.    E também saber cultuar a Deus.

05. O Antigo Testamento está cheio de fórmulas, indicações e mandamentos, e todos eles são um apanhado da sabedoria de Deus.

06. Obviamente isso ainda é válido hoje; ainda hoje precisamos olhar para a vida com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo, e envolvermo-nos nisso.

07. Mas no Novo Testamento, também segundo o Dr. Russel Shedd, encontramos uma nova dimensão. Em 1 Coríntios 1.22-24, Paulo escreve que “os judeus pedem sinais, e os gregos buscam sabedoria (filosófica, científica – a sabedoria da universidade); mas nós pregamos a Cristo Crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos; mas para os que foram chamados, sejam judeus ou gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”.

08. E quando chegamos em 1 Coríntios 2.2, encontramos Paulo, então, dizendo: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.

09. Sabedoria verdadeira é aquela que é imersa no significado da cruz: saber realmente amar até ao ponto de sacrificar-se. Amar a Deus primeiramente e acima de todas as coisas, e depois ao nosso próximo como a nós mesmos.

10. Amar a Deus acima de todas as coisas significa, falando de forma bem simples, “preferi-lo”, e essa é a sabedoria.

a.    Entre Deus e toda a riqueza do mundo, qual você prefere? (uma coisa ou outra)

b.    Entre Deus e todo o prazer que o mundo possa lhe oferecer, o que você prefere?

11.  Essas são perguntas bem radicais para as quais nós, crentes, respondemos que “é óbvio que preferimos a Deus”, e se uma escolha assim, em algum momento, nos fosse apresentada de forma bem palpável, é bem possível que escolhêssemos mesmo a Deus.

12. Mas se assim o é, porque muitas vezes na vida escolhemos coisas que Deus reprova ao invés de obedecê-lo?

a.    Por medo, por falta de vontade, por estar acomodado, ou por alguma outra razão parecida, nunca saio para evangelizar ninguém – será que é essa a vontade de Deus? Se não, porque então, na prática, eu estou preferindo isso?

b.    A igreja, que somos nós, por mais defeitos que tenha, é e continuará sendo a noiva de Cristo; e na Bíblia aprendemos que não devemos deixar de nos reunir como tal; mas eu, na prática, por alguma razão, pareço não dar valor e, sem motivo algum realmente justificável, mais estou ausente do que presente na vida da igreja – será que essa é a vontade de Deus? Certamente que não; mas eu, que sou capaz de dizer que prefiro a Deus do que toda a riqueza e todo o prazer que o mundo possa me oferecer, cometo muito facilmente essa falta.

c.    Escolhi esconder meus talentos e não os usar na expansão do reino de Deus – Será que é essa a vontade de Deus?

d.    Escolhi não amar e nem perdoar determinados tipos de pessoas – será que é essa a vontade de Deus?

e.    E o que mais? Há muitas coisas que estamos, na prática, às vezes até sem nos darmos conta, fazendo diferente do que é orientado por Deus em sua Palavra. Isso não é amar a Deus, isso não é preferi-lo acima de todas as coisas; isso é preferir a nós mesmos e aos nossos “achismos”.

13. Então essa é uma boa oração. Oremos para que Deus nos dê o espírito de sabedoria – esta sabedoria que nos faz olhar o mundo com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo e nos envolvermos; essa sabedoria que nos faz preferi-lo e obedecê-lo, nos “maiores” e nos “menores” desafios; desde nas coisas mais vultuosas até nas mais corriqueiras da vida.[2]

 

II.    Revelação

 

01. Que revelação? Será que Paulo está falando de alguma revelação nova, à parte das Escrituras? Certamente que não. Ele não está falando que os crentes devem sair em busca outra fonte de conhecimento da vontade de Deus além das Escrituras.

02. Então, o que pode ser essa revelação?

03. Revelação é visão correta de todas as coisas, não apenas deste mundo, que está desaparecendo e não vai durar muito, segundo Paulo em 1 Coríntios 7.31. Veja lá que texto interessante, a partir do verso 29 – “a aparência deste mundo passa” significa que “este mundo, como está agora, não vai durar muito”. Então, orem para que tenham uma visão não apenas deste mundo, mas visão dos valores como eles são traduzidos no céu – visão daquilo que tem valor no céu.

04. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, por exemplo, como orientou Jesus, tem valor no céu, e até faz com que “estas coisas” (as que precisamos na terra) nos sejam acrescentadas. Jesus já ensinou isso, mas, mesmo assim precisamos que nos sejam reveladas verdades invisíveis para que vejamos que vale a pena investir num mundo além, atentando para aquele mistério de Deus que vê o fim e não apenas os passos difíceis de agora. A revelação que o Espírito dá abre-nos a visão. Os passos agora são difíceis, mas a revelação que Deus nos dá abre nossa visão para além dos passos de agora.

05. Boa oração de Paulo pelos Efésios. Boa oração para fazermos. Que nos sejam reveladas as realidades espirituais; que a nossa visão não fique concentrada neste mundo que está passando, naquilo que neste mundo tem valor, mas naquilo que tem valor no céu. Aos Colossenses Paulo escreveu: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (3.1-3)

06. Então, oremos para que Deus nos dê esse espírito de sabedoria e de revelação.

07. Para que? É o que vamos pensar daqui por diante, na sequência deste estudo.    

 

III.  Para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus (epignosis) – v. 17

 

01. Como bem se expressou Wiersbe, a ignorância intencional de Deus conduziu a humanidade à corrupção e à condenação.

02. Leia Romanos 1.18-32. Aí Paulo descreve os estágios da degeneração humana:

a.    Ignorar a Deus deliberadamente;

b.    Dedicar-se à idolatria;

c.    E, por fim, se entregar à imoralidade e à indecência.

03. Onde tudo isso começa? Na recusa em conhecer a Deus como Criador, Sustentador, Governante, Salvador e Juiz.

04. O cristão deve crescer no conhecimento de Deus. A salvação é o conhecimento pessoal de Deus (João 17.3). A santificação é o conhecimento crescente de Deus (Fp. 3.10). A glorificação é o conhecimento perfeito de Deus (1 Co. 13.9-12). Uma vez que fomos criados à imagem de Deus, quanto melhor O conhecermos, melhor conheceremos a nós mesmos e uns aos outros. Não basta conhecer a Deus somente como Salvador. Devemos conhece-Lo como Pai, Amigo e Guia, e, quanto melhor o conhecermos, mais gratificante será nossa vida espiritual.[3]

05. Então, espírito de sabedoria e de revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus. Mas também:

 

IV. Para que saibamos qual seja a esperança da nossa vocação – v. 18

 

01. O termo vocação (chamado ou chamamento) é de grande importância para o vocabulário cristão. A palavra igreja é uma combinação de dois termos gregos que significam “chamados para fora”. Paulo não se cansava de testemunhar que Deus o havia chamado “pela Sua graça” (Gl. 1.15); e lembrou a Timóteo que o cristão possui uma “santa vocação [chamado]” (2 Tim. 1.9). Fomos chamados “das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9), e até mesmo chamados “à Sua eterna glória” (1 Pedro 5.10). A vocação ou chamamento de Deus se dá por causa de Sua graça e não de algum mérito que porventura tenhamos.[4]

02. Paulo deseja que nos conscientizemos da esperança que possuímos em virtude desse chamamento (Ef. 4.4). Alguns chamamentos não oferecem esperança alguma, mas o nosso chamamento em Cristo nos garante um futuro maravilhoso. É importante lembrar sempre que, na bíblia, o termo esperança não significa “espero que isso aconteça”, como uma criança que espera ganhar uma bicicleta no natal. Esse termo bíblico implica “certeza quanto ao futuro”. O cristão espera, evidentemente, pela volta de Jesus Cristo para buscar sua igreja (1 Ts. 4.13-18; 1 Jo. 3.1-3). Quando estávamos perdidos “não tínhamos esperança” (efésios 2.12); mas em Jesus temos uma “viva esperança” (1 Pe. 1.3) que nos dá ânimo a cada dia.[5]

03. Quando uma pessoa tem tudo na vida: riquezas, boa família, amigos, saúde... é fácil nós nos perguntarmos, quando vamos evangelizar essa pessoa, sobre que boas novas temos a anunciar a alguém assim.

04. Mas temos!

05. Éfeso era uma cidade rica. Abrigava o templo de Diana, uma das maravilhas do mundo antigo. Hoje, apesar de ser um paraíso arqueológico, perdeu sua riqueza e esplendor. Mas neste exato momento, os cristãos que viveram em Éfeso estão no céu, desfrutando a glória de Deus![6]

06. A esperança referente a nossa vocação (chamado) deve ser uma força dinâmica em nossa vida, estimulando-nos a ser puros (1 João 2.28-3.3), obedientes (Hb. 13.17) e fiéis (Lc. 12.42-48). O fato de que, um dia, veremos a Cristo e seremos como ele deve nos motivar a viver como Cristo hoje.[7]

07. Então, espírito de sabedoria e de revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus e para que saibamos qual seja a esperança de nossa vocação. Mas, ainda:

 

V.   Para conhecermos as riquezas de Deus – v. 18

 

01. Veja bem: as riquezas DE DEUS. “As riquezas da glória da SUA HERANÇA NOS SANTOS”.

02. Entre os estudiosos há uma pequena diferença de interpretação desse trecho. Há quem pense que Paulo está falando sobre a riqueza de Deus e que nós somos considerados parte dessa riqueza. Mas também há quem advogue que Paulo pode estar se referindo tanto à herança de Deus quanto à nossa herança, isto é, tanto à herança que Ele recebe, e que somos nós, quanto à herança que nós recebemos dele.

03. Bem, as duas coisas podem ser verdadeiras.

04. Como bem se expressou Hernandes Dias Lopes:

 

O Salmo 16.5 diz que Deus é a nossa herança. Mas, agora, Paulo diz que nós somos a herança de Deus. Aqui não é a herança que Deus outorga, mas a herança que ele recebe. Essa frase não se refere à nossa herança em Cristo (1.11), mas à sua herança em nós. Essa é uma tremenda verdade. Deus olha para nós e vê em nós sua gloriosa riqueza, sua preciosa herança. Jesus verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito (Is 53.11). Paulo expressa, aqui, o desejo de que os crentes compreendam quão preciosos eles são para Deus. Eles são o troféu da graça de Deus. O tesouro deles está em Deus, e, num sentido bem verdadeiro, o tesouro de Deus está nos santos. Paulo ora para que os crentes possam entender o quão preciosos eles são para Deus. Somos a igreja que Deus comprou com o sangue de seu amado Filho (At 20.28). Somos a noiva do Filho de Deus. O Senhor escolheu-nos para sermos a sua porção eterna. Ele nos fez troféus da sua graça e monumentos para a sua glória. Se o chamamento aponta para o passado, a herança aponta para o futuro. Nós somos a riqueza de Deus, o presente de Deus, o tesouro de Deus, a menina dos olhos de Deus. Somos filhos, herdeiros, coerdeiros, santuários, ovelhas e a delícia de Deus.[8]

 

05. Temos riqueza em Deus e somos a riqueza de Deus. Entender bem isso e viver de modo digno disso é preciso. Então oremos para que Deus nos dê o espírito de sabedoria e revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus, para que saibamos qual seja a esperança de nossa vocação e para conhecermos essa riqueza de Deus – a que temos nele e a que somos para Ele. E, por último:

 

VI. Para conhecermos o poder de Deus – v. 19-23

 

01. É muito “poder” aí no texto. Se fôssemos traduzir por “poder” todos os termos gregos que aí estão e que assim podem ser traduzidos, ficaria assim: “Para que saibais... qual a sobre-excelente grandeza do seu poder (dunamis) sobre nós, os que cremos, segundo o poder (energeia) do poder (ischus) do seu poder (kratos)...”

02. Dunamis é o poder para realizar milagres.

03. Energeia é poder no sentido de eficiência. No Novo Testamento usado apenas para poder sobre-humano, seja de Deus ou do diabo. No caso aqui, de Deus.

04. Ischus é poder no sentido de força, habilidade.

05. E kratos é poder no sentido de uma ação poderosa.

06. Então, Deus, em Cristo, realizou sobre nós, os que cremos, um grande milagre, o milagre da salvação; e isso Ele o fez eficazmente porque tem habilidade para realizar essas ações poderosas.

07. Essa manifestação poderosa de Deus foi feita em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à Sua direita nos céus acima de... (continue no texto)

08. Precisamos continuar experimentando a operação desse poder sobre nós, em nós, por nós e através de nós. Esse poder precisa estar presente em “nossa” igreja hoje. Afinal, Cristo é o cabeça da igreja, é o cabeça “dessa” igreja, ou não? Sim! E ele é aquele que supre tudo em todos, inclusive a necessidade de poder. Precisamos “conhecer” esse poder. As pessoas perdidas de nossa cidade precisam que nós conheçamos esse poder e o manifestemos.

09. Nos evangelhos vemos o poder de Deus operando no ministério de Jesus. No livro de Atos vemos o mesmo poder operando em homens e mulheres comuns, membros do corpo de Cristo (assim como nós). Pedro passou por uma transformação extraordinária entre o fim dos evangelhos e o começo de Atos. A que se deveu essa mudança tão radical? Ao poder de Deus sobre ele. É preciso haver “energia”, “combustível” e “poder” em nossas vidas. Paulo orou por isso pelos Efésios. Que seja este também o motivo de nossa oração uns pelos outros e por nós mesmos.  

 

Conclusão

 

01. Então, “pelo que orar a Deus?”.

02. Obviamente podemos orar e oramos por muitas coisas, mas que não esqueçamos de orar incessantemente por esse espírito de sabedoria e revelação.

03. A sabedoria é a sabedoria que nos faz olhar o mundo com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo e nos envolvermos; é sabedoria que nos faz preferi-lo e obedecê-lo, nos “maiores” e nos “menores” desafios; desde nas coisas mais vultuosas até nas mais corriqueiras da vida.

04. A revelação é revelação das realidades espirituais para que a nossa visão não fique concentrada neste mundo que está passando, naquilo que neste mundo tem valor, mas naquilo que tem valor no céu; para que busquemos e pensemos nas coisas que são de cima e não nas que são da terra.

05. Pra que?

a.    Para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus – Não basta conhecer a Deus somente como Salvador. Devemos conhece-Lo como Pai, Amigo e Guia, e, quanto melhor o conhecermos, mais gratificante será nossa vida espiritual

b.    Para que saibamos qual seja a esperança do nosso chamado – Alguns chamados não oferecem esperança alguma, mas o nosso chamado em Cristo nos garante um futuro maravilhoso. Éfeso era uma cidade rica. Abrigava o templo de Diana, uma das maravilhas do mundo antigo. Hoje, apesar de ser um paraíso arqueológico, perdeu sua riqueza e esplendor. Mas neste exato momento, os cristãos que viveram em Éfeso estão no céu, desfrutando a glória de Deus. E essa esperança referente a nosso chamado deve ser uma força dinâmica em nossa vida, estimulando-nos a ser puros (1 João 2.28-3.3), obedientes (Hb. 13.17) e fiéis (Lc. 12.42-48). O fato de que, um dia, veremos a Cristo e seremos como ele deve nos motivar a viver como Cristo hoje.

c.    Para que conheçamos as riquezas de Deus – Temos riqueza em Deus e somos a riqueza de Deus. Entender bem isso e viver de modo digno disso é preciso.

d.    E para que conheçamos o poder de Deus – Nos evangelhos vemos o poder de Deus operando no ministério de Jesus. No livro de Atos vemos o mesmo poder operando em homens e mulheres comuns, membros do corpo de Cristo (assim como nós). É preciso haver “energia”, “combustível” e “poder” em nossas vidas. Nós precisamos disso, nossos familiares precisam dessa manifestação de poder através de nós, nossa cidade precisa. Lembrando sempre que esse poder não é nosso, mas é o poder de Deus, o poder do Espírito Santo de Deus, o poder da ressurreição de Cristo que opera o grande milagre da salvação.

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

PIB Muqui – março de 2022

 

FONTES: “Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991

“Novo Testamento 2 – Comentário Bíblico Expositivo” – Warren W. Wiersbe, 2ª. Edição, 2020 – Geográfica Editora

EFÉSIOS – Igreja, a noiva Gloriosa de Cristo – Hernandes Dias Lopes - Hagnos



[1] Russel Shedd

[2] Olhar o mundo com os olhos de Deus, o que é isso?

Ø  Quero exemplificar pra entendermos bem

o    Exemplo 1 – No mundo existe a igreja do Senhor Jesus. Estou falando de igreja no sentido verdadeiro, o conjunto daqueles que são verdadeiramente crentes e fiéis ao Senhor, haja o que houver, venha o que vier. Crentes que não tiram o pé do caminho do Senhor nem se forem ameaçados de morte terrível, como Estêvão que morreu apedrejado por causa de sua fé em Jesus. O irmão já pensou o que é isso? Uma pedrada já é ruim, imagina morrer sob pedradas. Você faz parte, você é assim. Amém? Essa igreja não pertence ao mundo, mas está no mundo, e tem pensamentos, ensinamentos, direcionamentos em alguns casos muito diferentes do mundo em que ela está. Por exemplo, a questão da sexualidade humana, como a igreja “encara” e como o mundo “encara”? – castidade pré-matrimonial, homossexualidade, bissexualidade, bestialidade, fidelidade, monogamia... Ora, todos sabemos que há uma diferença muito grande de pensamento entre a igreja e o “sistema mundo” sobre essa questão. E muitas vezes essa igreja, fiel aos ensinamentos do Senhor, justamente por essa causa, é olhada, quando olhada com olhos puramente humanos e mundanos, como sendo “algo estranho”, “fora do tempo”; às vezes é odiada e combatida por causa daquilo que apregoa. Se olhar com os olhos do mundo, é assim; mas, e se olhar com os olhos de Deus?

o    Exemplo 2 – Se nós olharmos para os acontecimentos e práticas que são normais no mundo com os “olhos do mundo” e adotarmos a filosofia do “sistema mundo”, em que caminhos vamos colocar os nossos pés? Tem muito “crente” fazendo isso, e é por isso vive na bebedeira, nos bailões da vida, nos carnavais, na libertinagem sexual... . Mas se olharmos com os olhos de Deus, aí as coisas têm que ser diferentes; se entendemos direito, se satanás não cegou o nosso entendimento, então a coisa tem que ser diferente; olhando com os olhos de Deus, as coisas têm que ser diferentes.

o    Exemplo 3 – Olhamos para as pessoas ao nosso redor, os milhares de moradores de Muqui, quase todos conhecidos nossos, e o que vemos?

§   Com os seus olhos você olha para aquelas pessoas que estão sempre ali na praça se embebedando dia após dia, ou para aqueles que estão atolados até o pescoço nas drogas por aí, e o que você vê? E se você olhar com os olhos de Deus? – São pessoas que estão quais ovelhas desgarradas que não têm pastor... Podem até nunca querer o pastor Jesus na vida delas, podem nunca se converter, mas não podem ser ignoradas e privadas da oportunidade se as olhamos com os olhos de Deus.

§   Com os seus olhos você olha para as pessoas mais nobres da sociedade muquiense; nobres no sentido de serem dignas, respeitadas, pessoas de bem, sóbrias, caridosas... o que você vê? E se olhar com os olhos de Deus. Aos olhos de Deus, se ainda não têm Jesus, por mais nobres, caridosas, respeitáveis que sejam, são pessoas que estão quais ovelhas desgarradas que não têm pastor...

Ø  E o que Deus está fazendo? Ora, Deus está fazendo muita coisa, e uma delas, com certeza, é disponibilizando salvação para essas pessoas – “Deus amou o mundo de tal maneira que deu...”; “O Filho do homem veio buscar e salvar...”; “Vinde a mim todos vós...”;

Ø  Deus está fazendo isso e nós precisamos nos envolver.

Ø  Ser sábio é perceber a obra de Deus e se envolver; ser sábio é preferir a Deus.

Ø  Então é por essa sabedoria que Paulo orava pelos efésios e é por ela que precisamos orar também

 

[3] Wiersbe em “Novo Testamento 2” alistado na lista de fontes.

[4] Ibidem

[5] Ibidem

[6] Ibidem

[7] Ibidem

[8] Hernandes Dias Lopes em EFÉSIOS – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

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