ENTRE LUZ E ESCURIDÃO
A cidade adormecia enquanto ele caminhava pelas ruas desertas. Nicodemos era seu nome, um homem respeitado, líder entre o povo. Mas naquela noite, o peso de suas dúvidas o conduziu a um encontro inesperado. Ele buscava respostas, talvez luz para a confusão que escurecia sua alma.
Ao
chegar, encontrou Jesus. Não havia multidões, nem discursos formais. Apenas o
Mestre, esperando calmamente. Nicodemos começou com palavras cautelosas,
exaltando o que já sabia: "Sabemos que vieste da parte de Deus..."
Mas antes que pudesse continuar, Jesus o desarmou com uma verdade avassaladora:
– Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.
As
palavras pairaram no ar como um convite e uma sentença. Nicodemos tentava
entender. Como alguém poderia nascer de novo? E Jesus continuou, pacientemente,
como quem acende uma vela em um quarto escuro. Explicou sobre o Espírito, o
vento que sopra onde quer. Falou sobre a salvação e o amor de Deus, que enviou
Seu Filho ao mundo não para condenar, mas para salvar.
E
então, a verdade mais dura:
– Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porque não creu no nome do Filho unigênito de Deus.
O coração de Nicodemos pesou. Ele pensava em sua vida, suas crenças, tudo o que havia construído. Estaria pronto para crer? Ou a condenação já pairava sobre ele, uma sombra que ele próprio não queria admitir?
Jesus
continuou, apontando o que talvez fosse o maior dilema da humanidade:
– A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más.
Nicodemos compreendeu que não era apenas uma questão de lógica ou entendimento. Era uma questão de escolha. A luz estava ali, diante dele, brilhando em meio à noite. Mas o que faria? Permaneceria nas sombras, agarrado ao conforto das trevas familiares, ou daria um passo em direção à luz, mesmo que isso revelasse as falhas e pecados que ele tanto tentava esconder?
A escolha de Nicodemos é também a nossa. A cada dia, somos convidados a crer ou a rejeitar. Não há neutralidade quando se trata da luz. Permanecer nas trevas é uma decisão tão ativa quanto correr para a luz.
Talvez
seja isso que nos assusta. A luz expõe quem somos, mas também nos mostra quem
podemos ser. Ela não apenas ilumina nossos erros; ela revela a graça que nos
transforma.
Nicodemos, naquela noite, saiu diferente. Não sabemos ao certo o que ele escolheu naquele momento, mas mais tarde o encontramos, defendendo Jesus e ajudando a cuidar de Seu corpo após a crucificação.
A luz havia triunfado.
E quanto a nós? O que faremos diante da luz? Continuaremos amando as trevas, ou daremos o passo que nos liberta da condenação? A escolha, como sempre, é nossa.
Passando
por Muqui, visite a Primeira Igreja Batista
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