terça-feira, 9 de agosto de 2022

Até que venha

 


Domingo, 07 de agosto de 2022

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

ATÉ QUE VENHA

 

TEXTO: 1 Coríntios 11.23-26

TEMA: ATÉ QUE VENHA

OBJETIVO: Entender que, através da celebração da Ceia nós “mostramos” a morte de Cristo e o seu significado, bem como entender que esta é uma celebração que deve ser feita por aqueles para quem ela faz sentido, isto é, aqueles que já foram alcançados pelos benefícios da morte de Cristo e que, para isso devem estar reunidos como igreja. E também entender que a celebração deve ser realizada “até que Cristo venha” e que devemos, antes, examinarmo-nos como igreja e como crentes individuais para não celebrarmos de forma indigna.

 

INTRODUÇÃO

Ø  Hoje vamos, mais uma vez, celebrar a Ceia do Senhor.

Ø  Quantas vezes você já participou dessa celebração?

Ø  Alguns de nós já participaram algumas dezenas de vezes, outros centenas e outros já participamos algumas milhares de vezes; e se vivermos mais cinquenta anos vamos participar mais algumas milhares de vezes. E é assim que tem que ser. Jesus ordenou que assim o fosse. Essa participação intensa é o normal; anormal é não se importar em participar.

Ø  E precisamos participar com entendimento, e, por isso, mesmo não sendo necessário todas as vezes proferir uma mensagem sobre o assunto, de vez em quando o fazemos, como será o caso hoje, para adquirirmos ou recordarmos o entendimento.

Ø  Então hoje veremos,

o   primeiro, o que fazemos;

o   depois, o que mostramos;

o   em terceiro lugar quem deve mostrar,

o   e, por último, quando devemos fazer isso.

Ø  Então vamos lá. Em primeiro lugar:

O QUE FAZEMOS?

Ø  O que fazemos? – Nós “anunciamos”.

Ø  Ou talvez fosse melhor dizer que nós “mostramos”,

o   através dos elementos simbólicos, “memoriais”, colocados sobre a mesa,

o   porém, muito mais, através da cerimônia que se pratica em torno desses elementos.

Ø  E isso é de extrema importância, porque um grande evento ou acontecimento, como foi o da morte de Cristo, e a razão dele, deve ser mantido em nossas mentes, e não há meio mais eficaz de se manter em mente do que as cerimônias relativas ao evento ou acontecimento.

Ø  O povo de Israel, assim como todos os povos, era dado a “memoriais”. Às vezes monumentos eram erguidos em memória de algum acontecimento. Mas as cerimônias realizadas em datas específicas, mesmo havendo os elementos memoriais, são bem mais eficazes. Por exemplo, quando Deus disse que os filhos de Israel deveriam se lembrar sempre de que Ele os tirara do Egito com mão forte, com braço estendido e com grandes sinais, ordenou a prática de uma cerimônia: a “Pessach” (Páscoa). Havia o cordeiro que deveria ser morto, mas fazia parte da cerimônia. Se eles simplesmente matassem o cordeiro e não fizessem a cerimônia, com o passar do tempo, nas futuras gerações muitos nem saberiam porque se faz isso.

Ø  Então, esta é uma cerimônia para “mostrar”, ou “anunciar mostrando” através dos elementos simbólicos. “Mostrar” aqui significa declarar, testemunhar, representar, expor, tornar manifesto, chamar a atenção.

Ø  É isso que nós estamos fazendo aqui hoje.

Ø  Mas não tem sentido fazer isso se não cremos. Por isso tenho que lhe perguntar: “você crê?”.

Ø  Se você não crê, não perca tempo tentando mostrar algo em que você não crê; não prossiga. Mas se você crê, então prossiga.

Ø  Porém, deixe eu lhe dizer uma coisa, a você que crê: ESTA é a cerimônia estabelecida por Jesus, uma ordenança do nosso Mestre, mas não existe apenas essa maneira de anunciar aquilo que Deus fez por nós em Cristo, até porque essa cerimônia não é para ser realizada todos os dias e em todos os lugares indiscriminadamente; essa é a cerimônia da igreja reunida; esse é um “mostrar” muito mais para nós que já cremos do que para aqueles que ainda permanecem na incredulidade. Não substituem a cerimônia da Ceia do Senhor, mas existem outras maneiras de anunciar, e uma delas é “pregar”, “falar de Jesus” às outras pessoas; falar sobre quem ele é, falar da sua encarnação, seus sofrimentos, sua morte e sua ressurreição em nosso favor; falar que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”; falar que ele “veio para buscar e salvar o que se havia perdido”; falar que é preciso crer nele, porque “quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do Unigênito Filho de Deus”; falar que “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. É preciso falar. Jesus nos mandou falar. Aprouve a Deus salvar o homem pela “loucura da pregação” (pregar é falar de Jesus). Você não vai querer deixar que seu pai, sua mãe, seu filho, sua filha, seu avô, sua avó, seu amigo... vá para a perdição eterna sem que você tenha, de alguma forma, falado de Jesus para ele.

Ø  Então, esse é o primeiro ponto, a primeira consideração: nós “mostramos” – “anunciamos mostrando” através desse memorial.

Ø  Vamos ao segundo ponto:

O QUE MOSTRAMOS?

Ø  Mostramos “a morte do Senhor”. Está aí no texto: “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.

Ø  Obviamente não se trata de apenas mostrar que um dia um homem chamado Jesus andou por aqui, fez algumas coisas importantes e depois morreu.

Ø  A morte de Cristo é repleta de significado, e quando “mostramos”, através da Ceia, que Cristo morreu, estamos mostrando também a razão porque ele morreu e o significado de sua morte.

Ø  Quando os Israelitas atravessaram a pés enxutos o rio Jordão para entrar na terra prometida, foi-lhes ordenado levar 12 pedras do meio do Jordão e coloca-las em determinado lugar, para que no futuro, quando alguém perguntasse o significado daquelas pedras, lhe fosse contada a história de como Deus fizera, de forma maravilhosa, o povo passar o Jordão.

Ø  Assim também é com a morte de Cristo. Mostramos a morte através da celebração da ceia, mas também a sua razão e o seu significado.

Ø  Mostramos, por exemplo:

o   Que a morte de Cristo foi em nosso lugar, no lugar de pecadores.

É claro e evidente que Cristo não morreu por seu próprio pecado – ele não o tinha. Veja:

“Quem dentre vós me convence de pecado? E, se vos digo a verdade, por que não credes?” (João 8:46 RC)

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4:15 RC)

Lemos em todo lugar que ele morreu pelo pecado de outros, e esses outros somos nós. Veja:

“Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.” (Isaías 53:5-6 RC)

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,” (1 Coríntios 15:3 RC)

“levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1 Pedro 2:24 RC)

Então, mostramos isso, mostramos a morte de Cristo e que a morte de Cristo foi em nosso lugar, no lugar de pecadores.

Já faz uns dias que vem voltando à minha mente uma história. Deve ser pra eu conta-la novamente. E ela cabe muito bem aqui:

Conta-se que Ciro, rei da Pérsia, certa ocasião sagrou-se vitorioso numa das suas batalhas e transportou para o seu país todos os inimigos que puderam ser capturados. Entre os inúmeros prisioneiros, estava também um príncipe, com sua esposa e filhos. Estes, por causa da linhagem real, foram levados à presença do rei.

Ao vê-los humilhados à sua frente, o soberano persa, com desmedida ironia, perguntou ao príncipe vencido:

- Quanto me darás em troca da tua liberdade?

- Dar-te-ei a metade do meu reino - respondeu o príncipe imediatamente.

- Diante de tamanha disposição, vejo que tens a vida por preciosa! E se eu, por deferência especial, conceder também a liberdade a teus filhos, o quanto receberei por recompensa?

- Eu entregarei a sua alteza todo o meu reino - falou o príncipe.

- Oferecendo-me em troca da tua liberdade pessoal e a dos teus filhos todo o teu reino, o que me poderás oferecer então pela liberdade da tua esposa? Certamente, ela representará muito para ti.

Só então o príncipe se deu conta de que havia sido precipitado, ao oferecer tudo o que possuía em apenas dois lances daquele jogo de interesses tão bem arquitetado pelo rei persa. Todavia, meditando por um rápido momento, disse com decisão:

- Entrego-me eu mesmo a ti, pela liberdade da minha esposa.

O grande conquistador, apesar de toda a sua crueldade e frieza, sentiu-se esmorecido naquele momento. Então, diante de uma resposta tão cheia de altruísmo e abnegação, acabou por conceder liberdade imediata a toda a família, sem exigir nada em troca.

No percurso de volta ao seu reino, o príncipe indagou da esposa se ela, por acaso, havia observado o quanto era belo e imponente o semblante do rei dos persas. A essa indagação, a princesa respondeu com ternura:

- Não olhei para nada, absolutamente, porque, tinha a minha atenção voltada e os meus olhos fixos naquele que estava pronto a dar-se a si mesmo, em pagamento pela minha liberdade.

Cristo deu-se a si mesmo, morreu, “por nós”. E agora, livres, onde estamos pondo os nossos olhos? Isto é, em que estamos mais interessados? A que estamos mais nos dedicando? Deveríamos estar mais interessados e nos dedicando àquele que deu a vida por nós; deveríamos estar como os nossos olhos voltados para ele; deveríamos estar mais interessados e nos dedicando em buscar, como ele mesmo nos orientou, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça. E isso deveríamos fazer com firmeza de propósito e olhando somente para ele.

Vamos em frente.

Mostramos:

o   Que a morte de Cristo foi para a nossa redenção;

Redenção significa “libertação mediante um pagamento”. Cristo, com sua morte, pagou o preço do nosso resgate.

“sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós;” (1 Pedro 1:18-20 RC)

Mostramos:

o   Que a morte de Cristo foi para nos reconciliar com Deus e estabelecer a paz;

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.  E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.” (2 Coríntios 5:17-19 RC)

“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo;” (Romanos 5:1 RC)

Mostramos:

o   Que a morte de Cristo foi para propiciação

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;” (Romanos 3:23-25 RC)

Propiciação significa “tornar alguém favorável a outro”. Deus, que era inimigo do homem perdido e estava irado contra ele, se torna agora favorável ao homem e ao relacionamento com ele.

Ø  Então é isso que mostramos.

Ø  Visto isso, passemos adiante:

QUEM DEVE MOSTRAR?

Ø  Primeiro precisamos fazer uma “delimitação”.

Quem deve mostrar?

Qualquer pessoa, em qualquer situação?

Não!

Obviamente, devem demonstrar aqueles que já foram alcançados pelos benefícios da morte de Cristo.

Quando estudamos o sermão da montanha e chegamos à parte em que Jesus diz que “vós sois o sal da terra e a luz do mundo”, fizemos também essa “delimitação. Foi assim:

Jesus disse “vós sois o sal... a luz...”, mas “vós” quem?

- Vós que sois humildes de espírito;

- Vós que lamentais por causa do pecado;

- Vós que sois mansos;

- Vós que tendes fome e sede de justiça;

- Vós que sois misericordiosos;

- Vós que sois limpos de coração;

- Vós que sois pacificadores;

- Vós que por minha causa sois perseguidos e não se abalam;

- Enfim, e resumindo: vós que realmente sois de Cristo.

VÓS – e somente vós!

É o mesmo caso aqui.

Quem deve mostrar?

Aqueles que já foram alcançados pela obra de Cristo. Aqueles que, por crerem na obra redentora de Cristo, já se arrependeram de seus pecados e a ele se entregaram.

Estes e SOMENTE estes.

Ø  Então, precisamos fazer essa “delimitação”.

Ø  Mas também precisamos fazer uma “coletivização”.

Quem deve mostrar? Aqueles que já foram alcançados pela obra de Cristo. Aqueles que, por crerem na obra redentora de Cristo, já se arrependeram de seus pecados e a ele se entregaram. Estes e somente estes, porém, JUNTOS COMO IGREJA.

A Ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida.

Os batistas não costumam levar a ceia do Senhor para alguém que esteja acamado, em uma casa de repouso para idosos, hospital, etc. Pode-se até fazê-lo, mas esse tipo de prática individual é excepcional, não a norma bíblica. Por quê? Não é por “maldade” ou por “desinteresse”. É porque entendemos que a celebração é para a igreja reunida. Todas as passagens bíblicas que citam a ceia contemplam a igreja reunida. Ceia é “comunhão”. Se você não sabia disso, agora já sabe, e pode responder se alguém de outra igreja, sem nenhuma ética cristã, for na sua casa e levar a ceia e perguntar porque o seu pastor não tem o costume de levar.

Eu já levei a ceia para irmãos em casa, mas na maioria das vezes procurei ter junto mais irmãos, para não ser algo tão individual.

Ø  E por último:

QUANDO DEVEMOS FAZER ISSO?

Ø  Não é dito quando.

Ø  Não é dito que deve ser toda semana.

Ø  Não é dito que deve ser uma vez por mês no primeiro domingo do mês no culto da manhã, como nós aqui na PIB Muqui normalmente praticamos.

Ø  Essa é uma decisão de cada igreja.

Ø  Mas é dito que devemos fazer isso depois de examinarmo-nos a nós mesmos para não comermos o pão ou bebermos o cálice do Senhor indignamente. Examinar, arrepender, pedir perdão, dispor-se a “acertar” e assim comer e beber.

o   Um exame no sentido “coletivo” – vamos participar da comunhão da mesa do Senhor como igreja do Senhor. A igreja de Corinto celebrava indignamente porque não havia amor e comunhão. Veja:

“Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões... cada um toma antecipadamente sua própria ceia... um tem fome e outro embriaga-se... envergonhais os que nada têm... nisso não vos louvo” (trechos de 1 Co. 11.17-22).

Então ela tinha de examinar-se a si mesma quanto a isso.

Bem, não temos esse problema hoje entre nós, até porque nossa celebração é diferente, não é uma “festa ágape” com muita comida. Mas mesmo assim temos que nos examinar nos quesitos amor e comunhão – ver se nosso coração é grande o bastante para caber todos da igreja.

o   E, certamente também, um exame no sentido individual, seguido por arrependimento e confissão de pecados, se necessário, e “assim coma desse pão e beba desse cálice”. Aliás, esse é um exame que devemos fazer sempre, e não apenas no dia da ceia.

Ø  Mas é dito também “até que venha” – e isto significa que enquanto Cristo não voltar a igreja deve permanecer firme na prática da celebração da Ceia do Senhor como ordenança de Jesus.

CONCLUSÃO

Ø  Então vamos celebrar, entendendo que, através da celebração da Ceia nós “mostramos” a morte de Cristo e o seu significado, bem como entendendo que esta é uma celebração que deve ser feita por aqueles para quem ela faz sentido, isto é, aqueles que já foram alcançados pelos benefícios da morte de Cristo e que, para isso devem estar reunidos como igreja, conforme estamos nós reunidos aqui. E também entendendo que a celebração deve ser realizada “até que Cristo venha” e que podemos e devemos, antes, examinarmo-nos como igreja e como crentes individuais para não celebrarmos de forma indigna.

Ø  Vamos então fazer um momento de oração “introspectiva”? Qual pecado você ainda não confessou? No seu coração cabe todas as pessoas? Há disposição para o perdão? Há pelo menos uma busca em Deus por essa disposição? Cada um ore por si mesmo...

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

FONTES DE CONSULTA:

 

Ø  Pregando a Bíblia com Charles Spurgeon – vol VI

Ø  Palestras em Teologia Sistemática – Henry Clarence Thiessen

Ø  www.igrejaredencao.org

Ø  Strongs – em Bíblia Online módulo 3.0

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