segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Vida Proveniente de Deus

 

VIDA PROVENIENTE DE DEUS

 

 “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João 3:3 RC)

 

1.    Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus!

2.    Lembro-me de quando era bem jovem, bem mais jovem do que sou hoje, e eu tinha o pensamento, talvez mais uma influência do que um desejo próprio, de entrar para a Marinha do Brasil. Não fui; nem tentei; mas me lembro bem que para se conseguir entrar para as Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica) havia algumas características que o indivíduo precisava ter e outras que ele não podia ter, e ainda havia outras que ele não tinha necessariamente que ter, mas que precisaria adquirir lá dentro para haver continuidade da carreira (talvez hoje ainda seja assim).

3.    O texto bíblico que temos acima, palavra de Jesus, nos leva a pensar que para vermos o Reino de Deus precisamos “adquirir” algumas características necessárias.

4.    Estas características precisarão ser “adquiridas” porque ninguém há que as possua naturalmente e por si próprio.

5.    E essas características são, em essência:

 

a.    uma nova vida,

b.    como membros de uma nova família,

c.    com uma nova capacidade

d.    e um novo desejo de agradar ao nosso Pai Celeste.

 

6.    Mas como adquirir, de onde vêm essas novas características? De onde vem essa nova vida?

7.    A resposta é simples e única: de Deus.

8.    O Apóstolo Pedro em sua primeira carta falou sobre essa nova vida. Ele apresentou-a como uma vida que deve ser vivida

 

a.    em temor; (Temor no sentido de respeito, reverência diante de Deus – sendo assim podemos pensar em Provérbios 1.7 como nos dizendo que o portar-se respeitosamente diante de Deus é característica necessária e principal de um homem verdadeiramente sábio – e respeitar é mais que simplesmente diante d’Ele portar-se de maneira grave, circunspecta, discreta. Respeitar é não nos portarmos de maneira indiferente às Suas orientações, àquilo que Ele pretende para nós... ).

b.    em constante crescimento;

c.    em submissão aos governos, senhores, maridos;

d.    encarando os sofrimentos de uma forma positiva e

e.    trabalhando para o Senhor.

 

9.    A razão dessas orientações do Apóstolo é que essa nova vida proveniente de Deus é uma vida que consiste, sim, da salvação através da fé em Cristo, mas também da santidade através da obediência a Deus, em Cristo.

10. Vejamos de maneira mais detalhada esses dois pontos: salvação através da fé e santidade através da obediência.

 

I. Salvação Através da Fé

 

1.    Leiamos primeiramente os versículos 3-9 de 1 Pedro 1:  “3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4  para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós 5  que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo, 6 em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, 7  para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo; 8  ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso, 9  alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma.” (1 Pedro 1:3-9 RC)

 

a.    Por Sua grande misericórdia Deus nos regenerou; nós nascemos de novo.

b.    Nascemos de novo não para uma esperança lúgrube (triste), morta, mas para uma esperança viva; uma esperança que se exerce pela ressurreição de Cristo dentre os mortos.

c.    Nascemos de novo para recebermos uma herança não manchada pelo mal, e que não perde o seu valor com o tempo. Uma herança que não murcha como a folha de louro da coroa de louros, prêmio ganho pelos atletas olímpicos vitoriosos na época de Pedro. Uma herança reservada nos céus para nós.

d.    Ora, a esse Deus Bendito devemos nós, com fé, estar nos entregando de corpo e alma, para que Ele nos guarde pelo Seu poder para a plena revelação da salvação no último dia.

e.    Uma vez fazendo isso e crendo, podemos nos regozijar com alegria indizível, apesar de, por ainda vivermos neste mundo, sermos contristados por várias provações, que servem para provar o valor de nossa fé.

f.     Essa nova vida pela misericórdia de Deus é vida que começa a ser vivida agora, em união com Cristo, e que será consumada na ocasião de Sua vinda.

 

2.    Agora leiamos os versículos 10-12: “10 Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, 11  indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir. 12  Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.” (1 Pedro 1:10-12 RC)

 

a.    Pedro não estava inventando nada.

b.    Tudo o que ele estava a dizer já fora dito pelos profetas séculos antes.

c.    A graça foi profetizada pelos profetas do AT, e a graça que eles profetizaram veio a se tornar realidade no tempo na vida, morte e ressurreição de Jesus.

 

3.    Fechando esse ponto: a nova vida proveniente de Deus

 

a.    foi anunciada pelos profetas,

b.    tornou-se realidade em Cristo,

c.    é fruto da misericórdia divina,

d.    mas nós precisamos recebê-la pela fé (Isso é o que chamamos de salvação através da fé)

 

4.    Mas, como disse, esta nova vida não consiste apenas da salvação através da fé, mas também, da santidade através da obediência.

 

II. Santidade Através da Obediência

 

1.    Santidade significa separação.

 

a.    Ser separado de todo pensamento ou ato que possa ser chamado de pecaminoso, injusto, incorreto...

b.    ser separado por Deus para Deus, para servir a Deus.

 

2.    A vida proveniente de Deus consiste dessa santidade, através da obediência.

3.    E essa santidade precisa ser:

 

2.1. Modelada pela santidade de Deus – 1 Pedro 1.13-21

 

“13 Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, 14  como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; 15  mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, 16  porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. 17  E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação, 18  sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, 19  mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, 20  o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós; 21  e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.” (1 Pedro 1:13-21 RC)

 

1.    Para falar sobre viver em santidade, Pedro começa se utilizando de uma figura de linguagem: “cingindo os lombos do vosso entendimento”

2.    Vestir vestidos era um costume dos homens à época de Pedro, e, para que estes não os atrapalhassem no trabalho, eles os amarravam com cordas à altura da cintura. Pedro aplicou isso no âmbito intelectual – nós devemos estar tirando da nossa mente qualquer coisa que atrapalhe a vida santificada. Nós devemos estar disciplinados até em nossa maneira de pensar. Devemos ser sóbrios, isto é, termos bom senso e focalizar nossa visão, o nosso pensamento, na consumação vindoura da graça redentora de Deus, por ocasião da volta de Cristo.

3.    Devemos nos portar como filhos obedientes, e filhos obedientes sempre procuram imitar seus pais.

4.    E como filhos obedientes de DEUS, devemos imitar não esse mundo, mas Deus, o nosso Pai, e procurarmos viver em santidade porque Ele é Santo.

5.    Devemos esquematizar nossa conduta tendo Deus como modelo, e não as concupiscências mundanas, pois fomos resgatados de nossa vida pecaminosa pelo sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus que não conheceu pecado, mas levou sobre si as nossas culpas.

6.    Então, a santidade de Deus, ainda que sejamos incapazes de alcançá-la, é o modelo da santidade que devemos viver. E essa santidade que devemos viver, tendo Deus como modelo, leva ao amor aos irmãos. A santidade deve ser modelada pela santidade de Deus e, consequentemente, motivadora do amor aos irmãos.

 

2.2. Motivadora do amor aos irmãos – 1.22-25

 

“22  Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro; 23  sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. 24 Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; 25  mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” (1 Pedro 1:22-25 RC)

 

1.    A santidade que provém da obediência a Deus e do fato de se modelar o caráter pessoal pelo caráter de Deus, indica um laço comum que une todos os remidos.

2.    Esse laço é o amor fraternal, não fingido, não hipócrita.

3.    E também essa santidade deve ser:

 

2.3. Amadurecida em união com Cristo – 2.1-10

 

“1 Deixando, pois, toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações, 2  desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo, 3  se é que já provastes que o Senhor é benigno. 4 E, chegando-vos para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, 5  vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. 6  Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. 7  E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; 8  e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. 9  Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 10  vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.” (1 Pedro 2:1-10 RC)

 

1.    Assim como um bebê cresce até à maturidade, os “nascidos de novo” também precisam crescer. E para que haja crescimento é preciso “colocar de lado”, “botar fora” algumas coisas, como se faz com uma roupa velha e manchada. Essas coisas são, dentre outras:

 

a.    maldade (malícia),

b.    dolo (engano),

c.    hipocrisia (fingimento),

d.    invejas,

e.    maledicência.

 

2.    Estes são pecados do espírito.

3.    E os pecados da carne também precisam ser evitados.

4.    Nosso desejo precisa estar voltado para as coisas espirituais, tendo como ponto de referência a salvação como produto final, acabado, consumado.

5.    A nossa santidade deve amadurecer em união com Cristo. Assim como Cristo é a Pedra Viva, nós também devemos ser quais pedras que vivem...

6.    Pedro também afirma que somos o santuário do Deus Vivo, e, como tais, não devemos entrar em jugo desigual com qualquer coisa ou pessoa deste mundo. Somos povo de propriedade exclusiva de Deus.

 

Conclusão

 

1.    Fomos salvos pela fé em Jesus;

2.    Recebemos de Deus uma vida nova que precisa voltar-se completamente para Ele.

3.    Devemos crescer em santidade através da obediência a Deus.

4.    Devemos repudiar crescente e continuamente o pecado

5.    Devemos depender ininterrupta e crescentemente de Cristo

6.    Não é fácil, mas lembremo-nos da promessa de Jesus: “... eis que estou convosco todos os dias...”

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 


CONSULTAS:

A Bíblia Anotada por Charles Caldwell Ryrie

Comentário Bíblico Broadman – volume 12

O Evangelho da Redenção – Walter Thomas Conner

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