sábado, 14 de setembro de 2013

Estudos no Sermão do Monte / parte 32 - Pedi, Buscai e Batei e Receberás

PEDI, BUSCAI E BATEI E RECEBERÁS

Mateus 7.7-11

 

– Estudo 32 da série "Estudos no Sermão do Monte", que tem como fonte a obra de Martyn Loyd-Jones, "Estudos no Sermão do Monte", publicada pela Editora Fiel –

 

1.    Veja bem o que temos aqui:

a.    Pedi e... (dar-se-vos-á).

b.    Buscai e... (encontrareis).

c.    Batei e... (abrir-se-vos á).

d.    Pois o que pede recebe, o que busca encontra e ao que bate abrir-se-lhe-á.

e.    Vosso Pai Celestial, mais que um Pai terreno, dará bens (**boas coisas** é a tradução mais correta) aos seus filhos que pedirem.

2.    Será que existe algo mais animador, para aqueles que creem, do que essa promessa de Jesus?

3.    Creio que todos já conseguimos entender que, biblicamente, a vida é uma jornada.

a.    Estamos aqui de passagem e "indo para algum lugar".

b.    E já nos demos conta de que essa jornada inclui, em muitos pontos, problemas e às vezes até incertezas, e não sabemos com exatidão em quais pontos da jornada nos encontraremos com esses problemas e incertezas.

c.    Sabemos para onde estamos indo, mas não sabemos o que nos está esperando no "caminho para lá".

d.    E, diante disso, uma promessa como essa é extremamente confortadora para aqueles que creem, por mostrar que "o Pai está com Sua atenção voltada para nós enquanto vamos"; "o Pai está conosco no caminho", e isso é o que realmente importa. Abraão, conforme observou um idoso Puritano há algumas centenas de anos, "saiu sem saber para onde ia; mas ele sabia com quem ia".

4.    Essa é, então, uma realidade para a qual a nossa mente pode se voltar quando lemos que Jesus disse que se pedirmos ser-nos-á dado, se buscarmos encontraremos e se batermos a porta se nos abrirá – o Pai se importa conosco, presta atenção em nós, está atento à nossa oração e está conosco em nossa jornada.

5.    Mas precisamos raciocinar mais. E esse raciocínio não pode ser simplesmente à luz do que pensamos ser nossas necessidades físicas/materiais e muito menos à luz de nossos desejos puramente mundanos. Se assim o fizermos poderemos ficar imaginando que *tudo*, indiscriminadamente, está incluído, quando, na verdade, o que a Bíblia nos ensina é que não é bem assim.

6.    A Bíblia ensina certo; nós é que lemos errado. E essa leitura errada a fazemos porque somos sujeitos à influencia de nossos desejos egoístas e mundanos – mesmo quando somos ensinados erradamente essa influência negativa não deixa de ter a sua participação.

7.    Por exemplo, eu posso ler, erradamente, apenas o verso 13 de Filipenses 4 e sair exigindo de Deus que atenda às minha reivindicações egoístas e que são puramente para o meu deleite pessoal, ou posso ler corretamente, observando o contexto (vs. 10-14), e descobrir que o significado é que *tendo* ou *não tendo*, estando em situação de *conforto* ou *desconforto*, eu permaneço firme na fé porque quem me fortalece é Deus, o Pai, que está comigo. Minha força não advém de *coisas* ou *conforto pessoal*, minha força tem sua origem no Pai que vai comigo pelo caminho.

8.    Então vamos raciocinar um pouquinho mais, pensando na questão da perseverança na oração, na questão sobre o que somos orientados, observando-se o contexto, a pedir principalmente e no fato de que Deus, sendo nosso Pai Celestial, só nos dá coisas boas e jamais coisas que desfavoreçam nosso progresso espiritual.

9.    Então vamos lá:

 

I. Pedir, Buscar E Bater – Uma Sequência Que Indica Perseverança Na Oração E Que É Demonstrativa Da Intensidade Espiritual Do Indivíduo.

 

Eu preciso ser perseverante na oração

 

1.    Em todos os tempos, ao se considerar essas palavras de Jesus, tem surgido a ideia de que tais palavras indicam a necessidade de haver perseverança na oração.

2.    Uma observação bem interessante que alguém fez é a de que pode se notar nessas palavras uma intensificação de esforço:

a.    pedir: um esforço pequeno;

b.    Buscar: um esforço mais diligente;

c.    Bater: o ápice do esforço.

3.    Essa observação é bem interessante por também demonstrar a intensidade espiritual de uma pessoa. Aquele que age assim, aquele que não desiste, porquanto crê, é o indivíduo que tem vida e caráter espiritual intenso. Muitas vezes nós nem bem começamos a nos esforçar em buscar no Senhor algo e já desistimos, e até nos esquecemos. Não recebemos ainda uma resposta e já paramos de buscar no Senhor.

4.    Às vezes isso pode nos parecer estranho – temos, em algumas ocasiões, que insistir com o Senhor?

5.    E fato é que, ainda que não entendamos, na Bíblia encontramos esse ensinamento.

6.    Não se trata de vãs repetições, mas de perseverança.

7.    Veja Gênesis 32.24-32

8.    Veja Lucas 18.1-8

9.    Perseverança é requisito bíblico para uma "busca bem sucedida" em Deus.

 

II. Perseverança Na Oração Visando O Que? O Que Pedir E Buscar? E Bater Pra Que Se Nos Abra A Porta Para Que Ou Onde?

 

Eu preciso pedir corretamente. Preciso ser perseverante em pedir coisas que contribuam para o meu progresso espiritual.

 

1.    É fato inegável que, na Bíblia, somos ensinados a pedir, buscar em Deus aquelas coisas de que necessitamos para bem viver neste mundo.

a.    Veja Filipenses 4.6

b.    Veja Mateus 6.11

c.    Veja 1 Pedro 5.7

d.    E nosso texto em questão também se aplica, porque o Pai dá boas dádivas a seus filhos.

2.    Entretanto, como já disse anteriormente, precisamos "ler certo", para não ficarmos "pensando errado". Se eu ler esse texto erradamente, sem considerar seu contexto, posso ficar pensando que TUDO, indiscriminadamente, incluindo aquilo que é só desejo pessoal e não necessidade real, TUDO pelo que eu "pedir, buscar e bater", Jesus tem que me conceder porque ele disse que se eu isso fizer alcançarei.

3.    Obviamente, sabemos,  que *em* e *para todas* as nossas necessidades podemos e devemos pedir, buscar e bater, e muitas delas *ser-nos-ão dadas*, *acharemos* e *abrir-se-nos-ão*;

4.    Porém não tudo *necessariamente* e nem tudo *indiscriminadamente*. Pode-se citar, por exemplo:

a.    O espinho na carne de Paulo – Veja 2 Coríntios 12.7-9

                                  i.    O que era esse espinho na carne de Paulo? (eu não sei)

                                ii.    Será que era algo *perturbador*?

                               iii.    Quantas vezes Paulo orou para se ver livre desse "espinho na carne"?

                               iv.    Ele "pediu", "buscou" e "bateu", isto é, foi insistente, perseverante?

                                v.    E qual foi a resposta que ele obteve e por que?

b.    Pedidos feitos por motivos errados: Tiago 4.3.

5.    Estes são dois bons exemplos, sendo o primeiro um exemplo de que não é *tudo necessariamente*, e o segundo de que não é *tudo indiscriminadamente*.

6.    Mas há um pedido principal, que está implícito no contexto, que se formos perseverantes, demonstrando assim que estamos realmente interessados, ser-nos-á dado.

7.    Qual é esse pedido? (Algum irmão gostaria de "arriscar"?) – Por que Jesus profere essas palavras nesse ponto do Sermão? O que tem a ver isso com o que ele estava ensinando?

8.    Vamos pensar no contexto: O que Jesus estava ensinando sobre como devem viver aqueles que são seus, os "bem-aventurados"? Algumas coisas aleatórias:

a.    Têm que ser sal da terra e luz do mundo;

b.    A sua justiça deve exceder a dos escribas e fariseus;

c.    Sua conformidade à lei de Deus não deve ser concebida apenas em termos de ações. Os pensamentos, os desejos e os motivos, isto é, aquilo que provoca as ações, são igualmente importantes;

d.    Não devem resistir ao perverso;

e.    Devem amar até os inimigos e orar pelos que os perseguem;

f.     Devem lutar para não se encontrarem agradando a si mesmos e buscando glória para si mesmos, senão para Deus. Não devem "trombetear", anunciando as coisas boas que fazem;

g.     Não devem ajuntar tesouros na terra e sim no céu;

h.    Devem ter plena confiança em Deus e não andar ansiosos por coisa alguma;

i.      Não devem julgar erradamente, pelas razões que vimos em estudo anterior.

9.    Todas essas coisas e muitas mais tivemos ocasião de estudar – e todos esses estudos estão disponíveis em nossa página virtual.

10. E tudo isso nos mostra uma coisa: o elevado padrão que Deus exige daqueles que são Seus filhos. E, nas palavras de Lloyd-Jones:

 

Assim que nos conscientizamos deste fato começamos a nos sentir humilhados, e começamos a perguntar: "Quem é idôneo para essas coisas? Como podemos viver à luz de tão alto padrão?" E não somente isso, mas também tomamos consciência da nossa necessidade de purificação, percebemos quão indignos e pecaminosos somos. E o resultado de tudo isso é que nos vemos como indivíduos totalmente incapazes e destituídos de esperança. E pensamos: "Como poderíamos viver o Sermão do Monte? Como é que alguém pode ter uma vida caracterizada por tão alto padrão? Precisamos de ajuda e graça! Mas, onde podemos obtê-las?" Eis a resposta: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á".

 

11. Ah, meus amados irmãos, essa é a conexão correta! Essa é a leitura correta!

12. O evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é glorioso demais e diante desse evangelho glorioso seremos insensatos se pesarmos poder alcançar seu elevado padrão através de nossa fraca moralidade pessoal. O padrão que nos é apresentado por Jesus Cristo nos esmaga, a qualquer um de nós, até ao chão, até ao pó, e nos leva a perceber a nossa incapacidade e a nossa desesperadora necessidade da graça de Deus. Não temos, definitivamente não temos, de nós mesmos o necessário para viver a vida que Deus quer que vivamos. Ma Deus tem, e disponibiliza a nós, se pedirmos, se buscarmos e se batermos.

 

III. Deus É Nosso Pai E Só Nos Dá Coisas Boas – E Ele Nunca Erra.

 

Eu preciso compreender e aceitar que Deus, sendo meu Pai Celestial, só me dará coisas boas. Ele não me dará TUDO necessariamente e nem TUDO indiscriminadamente.

 

1.    Bem, já vimos que "se pedirmos mal" não alcançamos o que pedimos.

2.    Deus jamais nos dará algo que seja prejudicial às nossas almas.

3.    E Deus nunca erra. Deus conhece perfeitamente a diferença entre o bom e o ruim, entre o bem e o mal.

a.    Nós não temos esse conhecimento perfeito, mas Deus sim.

b.    Nós podemos errar no tocante a isso, mas Deus não.

4.    Pais humanos podem se enganar e dar algo prejudicial a seus filhos julgando estar dando algo benéfico, mas nosso Pai Celestial jamais comete este equívoco.

5.    Nas palavras de Lloyd-Jones:

 

Somos filhos de um Pai que não somente nos ama, mas que cuida de nós e mantém atenta vigilância sobre nós. Ele jamais nos dará alguma coisa que nos seja prejudicial. Porém, além disso, Ele jamais nos desviará do bom caminho, Ele jamais cairá em erro no tocante àquilo que Ele tiver de dar-nos. Deus sabe de tudo; o Seu conhecimento é absoluto. Se ao menos pudéssemos compreender que estamos nas mãos de um Pai dessa qualidade, então a nossa perspectiva do futuro seria inteiramente modificada.

 

Conclusão

 

1.    Pedir, buscar e bater – perseverança na oração com promessa de resposta, é o que temos no texto. Porém, não "qualquer coisa", porque Deus é nosso Pai Celestial e não proverá para nós algo que seja prejudicial às nossas almas, ao nosso progresso espiritual.

2.    O contexto nos leva a pensar/entender que essa perseverança na busca por progresso espiritual tem resposta garantida.

3.    Como bem se expressou Lloyd-Jones:

 

Peçamos qualquer coisa que nos seja proveitosa, qualquer coisa que contribua para aprimorar a nossa ... perfeição... Qualquer coisa que nos aproxime mais do Senhor, que expanda a nossa vida e que nos faça progredir espiritualmente, e Deus nos dará. Talvez pensemos que certas coisas são boas, mas Ele sabe que essas coisas são más para nós. Deus jamais se engana e, sob hipótese nenhuma, nunca nos dará essas coisas prejudiciais. Ele nos dará coisas proveitosas. E sua promessa, literalmente, é a seguinte: se lhe pedirmos essas coisas boas, como a plenitude do Espírito Santo, ou uma vida caracterizada pelo amor, pela alegria e pela paz, pela longanimidade, etc., e todas aquelas virtudes excelentes que podiam ser vistas a brilhar esplendorosamente na vida terrena de Jesus Cristo, Ele no-las dará. Se realmente quisermos ser mais parecidos com ele... se realmente lhe solicitarmos  essas realidades espirituais, então haveremos de ser abençoados. Se as buscarmos, haveremos de achá-las; e, se batermos, a porta dessas bênçãos nos será aberta, e haveremos de entrar no gozo dessas possessões. A sua promessa é que se Lhe pedirmos coisas boas, nosso Pai Celeste haverá de dá-las para nós.

 

Em Cristo,

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

Muqui, Setembro de 2013

Um comentário:

É já a última hora

  É JÁ A ÚLTIMA HORA   “Filhinhos, é já a última hora...” (1 João 2.18)   Ø   “Última hora”, que é isso? Ø   Última hora é uma man...