ENTRE ACORDES E AUSÊNCIAS
(Só um desabafo – nada mais que isso)
Às vezes, confesso, me pego cansado.
Não daquele cansaço bonito, que vem depois de um dia de trabalho bem-feito, um trabalho satisfatório, mas um cansaço meio atravessado, que chega como visita inesperada.
João, José, Manoel… nomes que invento para não apontar o dedo pra ninguém em particular, mas que carregam o peso dos famosos da música gospel. Eles não sabem, mas quase derrubaram a página da nossa igreja no Instagram por causa dos tais “direitos autorais”.
Direitos justos, é verdade – não digo que não são.
O trabalho deles sustenta famílias, paga contas, abençoa vidas.
Nada contra.
Mas fico ali, sentado num banco qualquer da PIB Muqui, pensando:
Quando foi que um culto simples, numa noite qualquer, passou a precisar pedir licença para existir? Não estamos vendendo ingressos, nem acendendo luzes coloridas. Estamos só cantando. Cantando a Deus. Cantando juntos. Cantando porque a alma precisa.
Mas o aviso chega, seco: “Pode transmitir sim, desde que pague.”
E eu respiro fundo.
Ainda assim, a questão que mais martela minha mente não é essa – Não são eles. Somos nós.
Por que “nós”?
Porque basta anunciar que um desses nomes famosos vai aparecer no domingo e pronto: os bancos lotam como num milagre instantâneo. Os corredores ganham vida, o estacionamento vira mar, o templo mal comporta tanta gente. Gente boa, gente querida, mas gente que, no domingo anterior, parecia ter evaporado, e vai evaporar de novo no próximo.
E aí me pergunto, com cuidado para não amargar por dentro e nem ferir ninguém: afinal, por que nos reunimos?
Por quem?
Qual é o nome que realmente nos move?
Qual é o Deus que estamos seguindo?
O da cruz simples ou o do palco iluminado?
Não faço essas perguntas por revolta. Faço por preocupação. Porque liderar é também carregar o peso de um espelho que sempre volta o próprio reflexo para nós.
Talvez eu esteja só cansado.
Talvez seja só um daqueles dias em que a alma precisa conversar.
Mas tenho medo de que, no fundo, estejamos afinando o coração no tom errado.
E Deus… esse Deus que não cobra ingresso, que não exige direitos autorais, que não precisa de contrato... esse continua esperando...
Paciente...
Silencioso...
Enquanto nós, distraídos, corremos atrás de aplausos que não iluminam o céu.
Talvez eu só esteja cansado hoje... amanhã é outro dia!
Pr. Walmir – PIB Muqui
Estando em Muqui, visite a Primeira Igreja Batista
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