A PRAÇA QUE MUDOU DE NOME
(Uma crônica sobre o progressismo)
Na minha infância, havia uma praça no centro da cidade. Não era grande, nem moderna, mas tinha bancos de madeira, uma fonte no meio e um busto de um homem que eu não conhecia. Diziam que ele fora um herói da independência, desses que deram o sangue pela liberdade. A placa dizia: “Praça da Liberdade”.
Hoje passo por lá e quase não reconheço o lugar. Os bancos foram trocados por pufes coloridos, a fonte virou um chafariz digital, e o busto sumiu. Em seu lugar, uma escultura abstrata que, sinceramente, parece mais uma confusão de ferro retorcido do que qualquer forma de arte. A placa agora diz: “Praça da Inclusão Plural e Afetiva”.
O que mudou? Tudo. O que deveria ser progresso virou um tipo de amnésia coletiva. Apagaram símbolos, silenciaram histórias, reescreveram significados. E tudo isso com um sorriso nos lábios e uma bandeira colorida na mão.
O progressismo, em sua ânsia de construir um mundo “livre”, parece esquecer que a liberdade verdadeira se ancora em verdades sólidas, não em modismos ideológicos. Eles dizem lutar pela igualdade, mas criam castas de pensamentos. Pregam respeito, mas perseguem quem pensa diferente. Falam em amor, mas destilam ódio contra tudo que cheire a tradição.
Na escola, os livros de história foram revisados. Heróis viraram opressores. Pais fundadores são tidos como ultrapassados. E o que antes era pecado agora é celebrado em nome de uma tal “desconstrução”. Dizem que estão libertando as crianças. Libertando de quê? Da inocência? Da família? De Deus?
Nas igrejas, há quem queira pintar os altares com as cores da moda. Pregadores evitam palavras como “arrependimento”, “santidade” e “pecado” — afinal, tudo é relativo, tudo é fluido, tudo pode, desde que ninguém se sinta ofendido. E, ironicamente, a única coisa que realmente ofende é a verdade.
O progressismo, no fundo, não quer apenas mudar as estruturas sociais. Quer redesenhar o ser humano. Quer apagar a imagem de Deus em nós para substituí-la por um reflexo distorcido do ego. Quer liberdade sem responsabilidade, amor sem compromisso, direitos sem deveres, e céu... sem cruz.
Mas há um limite para tanta fluidez. Quando tudo é permitido, nada tem valor. Quando toda estrutura é demolida, o que sobra é ruína. Quando o homem se faz o centro, o mundo se curva ao caos.
Talvez um dia alguém volte àquela praça, procure pelo busto do herói e se pergunte por que ele desapareceu. Talvez encontrem apenas a resposta nos livros empoeirados de uma biblioteca esquecida. Ou — quem sabe — em um coração que ainda se recusa a esquecer que liberdade é mais do que slogans, é mais do que bandeiras: é caminhar em verdade, mesmo que doa. É não ceder à maré, mesmo que ela venha forte. É não se envergonhar do Evangelho, mesmo que o mundo inteiro diga que ele é retrógrado.
A praça mudou de nome. Mas eu continuo a chamar de Liberdade. Porque há coisas que nem o progressismo pode apagar: a memória, a consciência e a fé.
E essas três, quando bem firmadas, são sementes que resistem a qualquer tempestade.
(Anônimo)
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