sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O Fruto do Espírito–parte 5 de 10–Longanimidade

O FRUTO DO ESPÍRITO
Gálatas 5.22-23
Pr. Walmir Vigo Gonçalves


Parte 5 de 10 – Longanimidade


LONGANIMIDADE – O fruto do Espírito é... longanimidade...

1.    A palavra original no grego (Makrothumia), que se traduz por longanimidade em nosso português, é, possivelmente, uma palavra tipicamente cristã; criada pelo cristianismo e para o cristianismo; um neologismo, isto é, uma palavra nova derivada de outra já existente. E esta palavra foi criada para demonstrar como deve ser a o “ânimo” ou a “paciência” do cristão; como é o “ânimo” ou a “paciência” que não é simplesmente uma característica humana, mas parte do fruto do Espírito.
2.    E como é esse “ânimo”, essa “paciência”, essa “perseverança”?
a.    Esse ânimo é “muito longo”; não simplesmente “longo”, mas “muito longo”; daí o uso do termo makrothumia e não megathumia.
3.    Então, o servo do Senhor, por ter o Espírito do Senhor habitando nele, e por esse Espírito produzir nele um fruto que inclui, dentre outras virtudes, a longanimidade, é “muito” paciente. Isso não quer dizer que ele seja resignado ou acomodado, mas é “muito paciente”, o que significa também, nas palavras do professor e pastor Israel Belo de Azevedo, que ele tem um “espírito constante que nunca cede”, ou, que nunca “desanima”.
4.    Eis algumas circunstâncias diante das quais o servo do Senhor não se desanima:

Ø Não se desanima diante das situações difíceis da vida
a.    Hebreus 6.15 diz que Abraão alcançou a promessa depois de esperar com “paciência” (a mesma palavra para longanimidade) – Agora, raciocinemos: quando Deus fez a promessa a Abrão de que ele teria um filho por meio de quem seria pai de uma grande nação e que na sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas:
                                  i.    Abraão era velho;
                                ii.    Sara era velha;
                               iii.    Sara era estéril;
                               iv.    E a promessa não foi cumprida de imediato – levou, desde o dia em que Deus disse que Abraão seria pai de uma grande nação até o nascimento de Isaque, 25 anos.

Foi difícil ou não foi? O que os irmãos acham?
Foi difícil, mas Abraão não desanimou; Abraão teve makrothumia – “ânimo muito longo”

b.    Jó também não desanimou diante das grandes provações pelas quais passou, mesmo com sua própria esposa o tentando, dizendo que ele deveria amaldiçoar a Deus e entregar-se à morte.
c.    E muitos outros exemplos poderiam ser citados, de pessoas que não desanimaram; e nós mesmos não desanimamos, porque, além de a longanimidade ser parte do fruto que o Espírito Santo de Deus está produzindo em nós, ela é uma virtude que é mantida pela fé, isto é, pela consciência de que aquilo que esperamos como cristãos, como resultado da vida que vivemos em Cristo, vai realmente acontecer. Então, a situação se torna difícil, mas nós não desanimamos; não recuamos; avançamos dando ouvidos a Tiago: “Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.” (Tiago 5:7-10 RC).
d.    Nosso comportamento é o mesmo de Habacuque quando ele disse: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação. JEOVÁ, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.” (Habacuque 3:17-19 RC)
e.    E sabemos, como sabia o autor aos Hebreus, que aquilo que Deus espera de nós é aquilo que Ele deixou dito, que “o justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hebreus 10.38)
f.     Então, o servo do Senhor não se desanima, não se prostra, não recua, não abandona a fé diante das circunstâncias difíceis. Mas também o servo do Senhor...

Ø Não se desanima diante de pessoas difíceis

a.    Pessoas difíceis existem, sabemos. Há aquelas que são difíceis em contextos e momentos específicos apenas, e por motivos específicos; mas há também aquelas que são difíceis “no geral”.
b.    Jesus falou de pessoas assim. Lucas registrou: “E disse o Senhor: A quem, pois, compararei os homens desta geração, e a quem são semelhantes? São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros e dizem: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes. Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.” (Lucas 7:31-34 RC) – Nada e nem ninguém os satisfaz. Talvez fiquem um pouco satisfeitos com quem não lhes for contrário em nada e andarem segundo sua “cartilha”... Mas Jesus, obviamente, não desanimou de cumprir o seu ministério – “pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz e desprezou as afrontas...” (Hebreus 12)
c.    Davi foi perseguido por uma dessas pessoas difíceis, Simei. E Davi foi bem longânimo. Veja 2 Samuel 16.1-14. “Deixa ele”, disse Davi; “essa é a função dele, deixa ele cumpri-la... se Deus o colocou para isso e não o impede, não serei eu quem vai impedi-lo”. “Que infeliz ele é! Enquanto uns foram postos para edificar, ele foi posto para destruir; enquanto a língua de alguns foi dada para abençoar, a dele foi dada para amaldiçoar. Quão infeliz ele é! Deixe-o...”
d.    Diótrefes foi uma pessoa difícil no ministério de João. Queria ter a primazia na igreja, não recebia os servos de Deus que iam até eles, impedia a igreja de recebê-los e proferia contra João e os demais, palavras maliciosas. Mas João não desanimou... nem de ir àquela igreja para falar-lhes ele desanimou. V. 3 João.
e.    Irmã AAAA era uma pessoa difícil. Pensa numa pessoa “gente boa”. Era ela. Somos amigos até hoje; distantes geograficamente falando, mas amigos. Por outro lado, que pessoa difícil! Havia uma cadeia de confusão na igreja e ela era o pivô de toda confusão; quando ela foi embora, mudou-se, foi-se também a confusão;
f.     Irmã BBBB era uma pessoa difícil. Quando chegava alguém pra igreja e Fátima se achegava à pessoa já ficávamos preocupados; ela tinha o dom de “linguaruda”, e fazia fofoca de todo mundo, e se a gente não cuidasse a pessoa vinha num domingo e não voltava nunca mais.
g.    Irmão CCCC foi uma pessoa difícil... difícil de se converter... mas se converteu e já não é mais difícil nesse ponto...
h.    Então, há pessoas difíceis. Difíceis de se lidar, difíceis de se conviver, difíceis de suportar, que põem obstáculos à vida cristã e ao serviço cristão das pessoas, muitos desses obstáculos difíceis de transpor; pessoas que fazem o sangue do outro ferver. Pessoas difíceis de se converter, algumas das quais talvez já há muitos anos falamos de Jesus...
i.      Há pessoas difíceis, mas você não se desanima diante dessas pessoas difíceis, e nem se desanima das próprias pessoas difíceis no sentido de descrer que elas possam ser transformadas, porque o Espírito de Deus está produzindo no seu coração um fruto em que um de seus gomos se chama “longanimidade” – Makrothumia, isto é, “ânimo muito longo”. E daí você faz o que diz os primeiros versos de Hebreus 12:
                                  i.    Você se livra de todo pecado e de todo embaraço;
                                ii.    Você fixa seus olhos em Jesus e ninguém mais;
                               iii.    Você considera atentamente o fato de que o próprio Jesus suportou afrontas e contradições; e se Jesus suportou você também se dispõe a suportar, e, então, não enfraquece, não tem o seu ânimo desfalecido.
j.      Pessoas difíceis não abalam os que têm o Espírito e, consequentemente, longanimidade. E também...

Ø Não se desanima da carreira cristã

a.    A carreira Cristã não é um “mar de rosas”. É como canta João Alexandre: “coloca a viola na cacunda que a rapadura é doce mas não é mole não... Quem foi que te disse que a vida é um mar de rosas?...”
                                  i.    Jesus disse que a carreira não é fácil: “E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.  E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8:19-20 RC);
                                ii.    Jesus disse que estreita é a porta e apertado é o caminho que conduz à salvação;
                               iii.    Jesus disse que a carreira cristã inclui renúncias: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará.” (Lucas 9:24 RC);
                               iv.    Jesus disse que a carreira cristã inclui negar-se a si mesmo e levar a cruz: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lucas 9:23 RC);
                                v.    A carreira cristã inclui resistir às tentações do diabo: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.” (1 Pedro 5:8-9 RC);
                               vi.    A carreira cristã enfrenta adversários fortíssimos
1.    Pessoas outras – conscientes e inconscientes
2.    Hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais: “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12 RC)
b.    Mas você não desanima; seu ânimo é “muito longo”, porque é produzido pelo Espírito Santo, e então você segue adiante, você corre com paciência a carreira que lhe foi proposta, olhando para Jesus, o autor e consumador de sua fé.
5.    Então, o Fruto do Espírito é longanimidade, “ânimo muito longo” mantido pela fé, mantido pela consciência de que aquilo que esperamos como cristãos, como resultado da vida que vivemos em Cristo, vai realmente acontecer. Então,
a.    as situações da vida estão difíceis, mas você segue firme na sua fé, não se desanima;
b.    pessoas difíceis se interpõem no seu caminho, mas você segue firme na sua fé, não se desanima;
c.    você segue firme na carreira cristã que lhe foi proposta por Deus, não se desanima, porque sabe que o resultado prometido de sua vida vivida em Cristo e para Cristo virá com toda certeza.
6.    E agora, para encerrarmos esse ponto, ofereço-lhes algumas frases interessantes ditas por outras pessoas:
           
“Longanimidade é a manifestação de paciência no momento quando muitos iriam explodir de raiva. É a atitude de aguentar pacientemente os maus tratos, sem querer vingança ou retribuição. Aqueles que vivem irritados, com sentimentos de vingança, mal-humorados, não estão sob o controle do Espírito Santo”. (Não anotei o autor)

“... suportarmos as fragilidades e provocações alheias, com base na consideração que Deus se tem mostrado extremamente paciente conosco; pois, se Deus não tivesse agido assim conosco, teríamos sido imediatamente consumidos; suportando igualmente todas as tribulações e dificuldades da vida, sem murmurações e rebeldias; submetendo-nos alegremente a cada dispensação da providência de Deus, e assim derivando benefícios de cada ocorrência”. (Adam Clarke)
           
“A longanimidade é paciência que nos permite subjugar a ira e o senso de contenda, tolerando as injúrias”. (Mathew Henry)
           
“Constância de alma, sob a provocação à alteração... tolerância, permanência ante o erro sofrido ou a conduta exasperadora, sem nos deixarmos arrastar pela ira e sem nos atirarmos à vindita... Portanto: a) paciência, persistência, constância... b) tolerância ante erros sofridos, sem ira ou vindita... tolerância para com os indivíduos cuja conduta visa provocar-nos à ira”. (Burton)

7.    Então, o fruto do Espírito, o resultado da obra do Espírito em nós é, vimos até agora: amor, alegria, paz, longanimidade... E o próximo é: Benignidade




  





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