O FRUTO DO
ESPÍRITO
Gálatas 5.22-23
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
Parte 9 de 10 – Mansidão
VIII.
MANSIDÃO – O fruto do Espírito é ...
mansidão...
01. Mas
o que significa ser manso? Vamos pensar sobre isso. Pensemos primeiramente em
sentido negativo, isto é, o que mansidão, a mansidão segundo a Palavra de Deus,
NÃO é.
Ø A mansidão bíblica NÃO é algo
natural
a. Não é uma
questão de temperamento natural, é fruto do Espírito. Certamente que existe uma
mansidão natural, mas essa que estamos considerando não é natural. Na Bíblia
temos exemplos de homens como Davi, Jeremias, Moisés, Paulo e outros; homens de
temperamento natural fortíssimo, de uma “personalidade” extraordinária e que,
entretanto, se tornaram homens humildes e mansos sob a direção do
Senhor.
Ø A mansidão bíblica NÃO é
indolência
b. Existe muita
gente que parece ser mansa, mas não é; antes, é indolente, isto é, é apática,
insensível, indiferente, e ser manso, biblicamente falando, nada tem a ver com
isso.
Ø A mansidão bíblica NÃO é fraqueza de caráter ou
personalidade, e também NÃO é medo.
c. Há muita gente
que parece ser mansa, mas que não é; é simplesmente uma pessoa de personalidade
fraca ou medrosa.
Ø A mansidão bíblica NÃO é simples gentileza
d. Quanta gente
gentil existe no mundo!
e. E isso é muito
bom!
f. Mas isso,
simplesmente, não corresponde à mansidão de que a Bíblia nos
fala.
Ø A mansidão bíblica NÃO é aquela atitude de quem quer
“paz a qualquer preço”
g. Pelo contrário,
o indivíduo manso segundo Deus é alguém que, se necessário for, defenderá a
verdade divina até morrer por ela. A história da igreja está repleta de
mártires. O primeiro deles foi Estevão.
02. Essas
e muitas outras são coisas que a mansidão bíblica NÃO
é.
03. Sendo
assim, o que vem a ser então essa mansidão?
04. Várias
considerações poderiam ser feitas aqui, mas uma só nos é
suficiente:
Ø A MANSIDÃO CONSISTE EM UMA ENTREGA DA NOSSA VONTADE A
DEUS
a. Quando fazemos
isto, então não resta mais lugar para espírito de revolta e ressentimento com as
circunstâncias e pessoas. (enfatizar bem
isso)
b. Mas observem
que essa atitude de não revolta e de não ressentimento,
i. não é porque o
crente seja tolo,
ii. não é porque o
crente seja bobo,
iii. ou até porque
não sinta nem um pouquinho de vontade de reagir assim.
iv. O fato é que
ele não é mais o dono de sua vontade, pois a
entregou a Deus.
c. E quando
submetemos a nossa vontade a Deus, submissos a Ele ficam também
i. os nossos
direitos,
ii. as nossas
causas,
iii. os nossos
interesses pessoais,
iv. as nossas
reivindicações...
v. ... tudo!
vi. Tudo passa a
ocupar um plano inferior em nossas vidas em relação a Deus e à Sua vontade
soberana.
vii. Estas coisas,
estas causas, até poderão e creio que estarão sempre presentes nas vidas dos
crentes, mas sempre obedecendo os limites estabelecido por Deus, sempre
submissas à Sua vontade.
05. Tendo
feito essas considerações, passemos a ver agora alguns exemplos bíblicos de
pessoas mansas.
Ø Abraão – Quando
Deus testou Abraão, ordenando-lhe que sacrificasse seu único filho, Isaque, não
vemos em parte alguma da Bíblia que ele tenha levantado objeções, nutrido
ressentimento ou mesmo sentimento de auto piedade; apenas continuou firme na fé
na promessa que recebera de Deus. Veja Gênesis 22.1-14 e Hebreus
11.17-19.
Ø José – Foi
desprezado por seus irmãos e vendido como escravo (Veja Gênesis 37.12-28), mas
não nutriu nenhuma revolta ou hostilidade. Quando seus irmãos o reconheceram lá
no Egito, temeram e clamaram por misericórdia. E o que José fez? Simplesmente
lhes disse: “Não temais; porque,
porventura, estou eu em lugar
de Deus? Vós bem intentastes mal
contra mim, porém Deus o
tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo
grande.” (Gênesis
50:19-20 RC)
Ø Moisés – Apenas
dois episódios na vida de Moisés nos são suficientes para mostrar sua mansidão,
e eles se encontram, respectivamente, em Êxodo 32.7-14 e Números
12.1-15.
Ø Davi – Um
homem de uma coragem fantástica. Quando pastor de ovelhas matou um urso e um
leão para proteger as ovelhas. Depois ele enfrentou Golias, e o matou.
Entretanto, perseguido por Saul, ainda que teve oportunidade, não ousou tocar no
ungido do Senhor. Veja 1 Samuel 17.17-51, 24.2-7 e 26.1-10
06. E
o que dizer de Jó, João Batista, Paulo e muitos outros que, com muita coragem,
mas também com muita mansidão, com muita submissão à vontade de Deus,
enfrentaram duríssimas circunstâncias em suas
vidas?
07. Todos
esses são bons exemplos, excelentes exemplos, mas o grande exemplo vem do Senhor
Jesus.
08. Jesus
tinha a mansidão como o alicerce de sua atitude para com todas as circunstâncias
da vida.
a. Um grande
exemplo o temos em Mateus 4.1-11. Jesus podia tranquilamente transformar pedras
em pães, no entanto, ele só o faria se o Pai assim o desejasse.
b. Em João 5.30
ele diz: “... não busco a minha vontade,
mas a vontade do Pai, que me enviou”. O cálice que o Pai lhe deu, ainda que
um cálice de extrema amargura, ele o bebeu, e foi o supremo exemplo de como um
homem manso sempre deixa Deus determinar o que lhe é melhor em todas as
circunstâncias.
09. Paulo
diz em Romanos 13.14: “... revesti-vos
do Senhor Jesus Cristo...”, e isso inclui ter no coração a virtude da
mansidão.
10. Vejamos
a seguir, sobre a mansidão na prática. Apenas três
pontos.
Ø A mansidão nos ensina a sofrer sem reclamações, sem
murmurações.
a. Jesus é o
grande exemplo (Veja 1 Pedro 2.21-23).
b. Jesus entregou
seus direitos ao Pai, ao Juiz Soberano.
c. E nós somos
exortados a seguirmos as suas pisadas, mas quantas são as vezes em que falhamos
nisso!?
i. Não é verdade
que, muitas vezes, quando os “nossos direitos” não são observados, vociferamos
com língua venenosa em protesto?
ii. E quando assim
não agimos somos chamados de tolos. Eu nunca ouvi ninguém dizer, se referindo a
alguém que tenha sido injustiçado e que tenha entregado a causa nas mãos de
Deus, que esse alguém tenha sido revestido pela mansidão de Jesus (Uau! Como ele
foi revestido pela mansidão de Jesus!), mas já ouvi palavras mais ou menos
assim: “Como
“fulano” é bobo! Ah, se fosse eu!”
iii. Não é errado
confrontar o mal, desde que a confrontação seja legítima, com o propósito de
correção, pensando mais no que errou do que em mim que sofri as consequências do
erro. Jesus muitas vezes foi duro com seus ouvintes, principalmente com os
escribas e fariseus; mas não por ressentimento diante do que eles faziam e iriam
fazer a ele, não pensando em si próprio, mas neles, no bem-estar espiritual
deles.
d. Então, a
mansidão, na prática, quando exercitada, nos ensina a sofrer sem reclamações,
sem murmurações.
Ø A mansidão facilita a renúncia que Deus requer de Seus
filhos
e. Veja Lucas
14.33
f. Renunciar a
tudo quanto temos não é abandonar tudo: lar, família, emprego, casa, e ir
morar como mendigo debaixo de uma ponte. Antes, é entrega a Deus de nossos
direitos egoístas e pessoais.
g. Quando
declaramos que Jesus é Senhor em nossa vida, isso não é verdade enquanto
retivermos o direito à vida e a todos os valores que a
acompanham.
h. Jim Elliot foi
um jovem que viveu nos meados do século passado, e que foi convocado por Deus
para evangelizar os índios selvagens da floresta amazônica no Equador. Era uma
tarefa muito difícil e que podia levar à perda da vida. Mas esse jovem
deixou-nos a seguinte frase: “Não é tolo
quem abre mão do que não pode reter para segurar firme aquilo que não pode
perder”. Ele morreu assassinado com mais três jovens missionários. Um deles
se chamava Rogério, e sua esposa, Bárbara Youderian, ao saber que eles haviam
sido mortos e jogados no rio, lembrou-se das palavras do Salmo 48.14: “...
este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; Ele será o nosso guia até à
morte”. E com este salmo na mente, e ciente de que só Deus e ninguém mais
era Senhor da vida de Rogério, ela louvou a Deus e orou: “Ajude-me, Senhor, a ser mãe e
pai”.
Ø A mansidão nos instrui em um são procedimento em nossos
relacionamentos no lar.
i. Quando
exercemos a mansidão, no sentido de ser um rendimento de nossa vontade à vontade
de Deus, no lar, somos bem-aventurados no sentido de nosso procedimento ser um
santo procedimento, agradável a Deus.
j. Mas isso é
especialmente difícil quando nem todos no lar são crentes em Jesus.
i. Milhares de
mulheres cristãs convivem com maridos incrédulos, e vice-versa.
ii. Milhares de
filhos moram com pais não crentes.
iii. E as
circunstâncias de muitos desses crentes às vezes os pressionam a resmungar,
reagir e condenar os familiares com quem convivem.
iv. Mas a atitude
que Deus requer de nós não é essa,
v. e o exercício
da mansidão possibilita a atitude correta.
11. E
quais seriam alguns meios eficazes para ajudar a aumentar a
mansidão?
Ø Fazer um ato de entrega de seus direitos a
Deus
a. Isso é mais
difícil de fazer do que de falar.
b. MAS DEVE SER
FEITO.
c. Precisamos
confirmar no nosso coração que não temos direito a nada, e que todos os direitos
pertencem a Deus.
d. Deus é dono de
tudo quanto é “nosso”, e se por algum motivo Ele nos tirar ou permitir que seja
tirado o que Ele nos deu, a nossa reação deve ser de serenidade, tranquilidade,
e não de rancor.
e. Se não me
engano é o Dr. Russel Shedd que conta que
Certa tarde,
no Rio Grande do Sul, aconteceu o seguinte: irmãos evangélicos estavam ouvindo
os princípios da mansidão e da importância de se abrir mão dos direitos sobre
todos os nossos pertences. De repente, certo irmão teve uma crise de tosse. Saiu
da reunião e, ficou chocado ao perceber que havia um espaço vago exatamente onde
tinha deixado o seu carro uma hora antes. Ficou indignado, disposto a...
(esganar)... o ladrão se descobrisse que era ele. Mas acalmou-se ao relembrar o
que estava sendo ministrado na reunião. A raiva cedeu lugar à gratidão e ao
louvor. No dia seguinte, chegando ao trabalho, sua atitude tão mudada foi o meio
que Deus usou para penetrar no coração de alguns colegas que havia muito
precisavam de um testemunho cristão
verdadeiro.
Ø Pensar seriamente na soberania de
Deus
f. Deus é soberano
e não há nada fora do Seu controle, absolutamente nada.
g. E mesmo que não
saibamos o porquê de um acontecimento que julgamos ser “mal”, se amamos a Deus,
no fim isso redundará em bênçãos.
h. Mas não devemos
pensar só em coisas e acontecimentos, mas até os direitos sobre a nossa
reputação devem ser entregues a Deus. Entre as marcas da carne pecaminosa estão
as mágoas e o desejo de nos vingar quando nosso bom nome é atingido. Por outro
lado, perdoar genuinamente reflete a santidade que o Espírito Santo está gerando
em nós.
i. Os mansos
também entregam os direitos sobre as pessoas. Quando perdemos um ente querido
podemos cair na tentação de culpar Deus, mas os mansos, aqueles que entregaram
seus direitos a Deus, reconhecem a soberania divina e reconhecem que esta vida é
uma vida de agonias, mas que as mesmas são passageiras e até podem produzir um
“peso de glória” acima de toda comparação. (2 Coríntios 4.17)
Ø Ler as Escrituras com o intuito de nos examinarmos
(e mudarmos o que precisa
ser mudado)
e orar fervorosa e constantemente buscando um espírito
manso.
12. Se
você é crente, o Espírito está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse
fruto inclui a mansidão; então, seja manso, insto é, entregue a Deus a sua
vontade, as suas causas, os seus direitos.
13. E
então chegamos ao último resultado, que é: Temperança
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