domingo, 8 de outubro de 2023

TIAGO – A FÉ EM AÇÃO - 11/17

 

TIAGO – A FÉ EM AÇÃO

 

Estudo 11

Fontes de consulta: Novo Testamento 2: Comentário Bíblico Expositivo – Warren W. Wiersbe

 

LÍNGUA – ÓRGÃO MINÚSCULO, PROBLEMA MAIÚSCULO ...

MAS PODEMOS FAZER SER DIFERENTE.

 

Tiago 3.1-12

 

Ø  Ao que tudo indica, os cristãos para os quais Tiago escreveu inicialmente estavam tendo problemas sérios com a língua, porque ele, na carta, já havia escrito sobre a necessidade de se refrear a língua, e, agora, novamente fala sobre o problema da língua, e mais pra frente vai falar de novo, dizendo que não se deve falar mal uns dos outros. É preciso controlar a língua, porque o controle da língua é uma das características do cristão maduro.

Ø  O poder das palavras é um dos maiores poderes que Deus nos deu. O ser humano pode usar a língua para louvar a Deus, orar, pregar a Palavra e levar os perdidos a Cristo, mas também é capaz de usar a mesma língua de forma não tão edificante.

Ø  É já bem conhecida a história que diz que:

 

Há mais de dois mil anos existiu um rico mercador grego que tinha um escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabedoria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu escravo, o mercador ordenou:

 

- Toma, Esopo. Aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mercado. Compra lá o que houver de melhor para um banquete. A melhor comida do mundo!

 

Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levantou o paninho e ficou surpreso:

 

- Ah!! Língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a língua como a melhor comida do mundo?

 

E o escravo de olhos baixos, explicou sua escolha:

 

- O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que nos une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua é que se constroem as cidades, graças à língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, da ternura, do amor, da compreensão. É a língua que torna eterno os versos dos grandes poetas, as ideias dos grandes escritores. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se ora, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua dizemos "mãe", "querida" e "Deus". Com a língua dizemos "sim". Com a língua dizemos "eu te amo"! O que pode haver de melhor do que a língua, senhor?

 

O mercador levantou-se entusiasmado:

 

- Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas. Vai de novo ao mercado e traz o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria.

 

Mais uma vez, depois de algum tempo, o escravo Esopo voltou do mercado trazendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com um sorriso:

 

- Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há de pior...

 

O mercador descobriu o prato e ficou indignado:

 

- O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado?

 

Esopo encarou o mercador e respondeu:

 

- A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que separa a humanidade, que divide os povos. É a língua que usam os maus políticos quando querem nos enganar com suas falsas promessas. É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que engana, que explora, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que mendiga, que xinga, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, que corrompe. Com a língua dizemos "morre", "canalha" e "demônio". Com a língua dizemos "não". Com a língua dizemos "eu te odeio"! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas! 

 

Ø  A fim de deixar clara a importância de ser controlado no falar e de mostrar as consequências sérias de nossas palavras, Tiago apresenta nada menos do que seis imagens para a língua: o freio, o leme, o fogo, um animal venenoso, uma fonte e uma figueira. E nós podemos, para refletir, dividir essas seis ilustrações em três categorias que revelam três poderes da língua. Vejamos:

 

I.                 O PODER DE DIRIGIR: O FREIO E O LEME (3.1-4)

 

Ø  Freio (o que se coloca na boca dos cavalos) e leme. Dois pequenos objetos, mas que exercem grande poder. O freio permite que o cavaleiro controle um grande cavalo, e o leme permite o controle de um navio enorme. Assim também é a língua, ela tem o poder de dirigir todo o corpo.

Ø  E faço três observações sobre esses objetos relacionando-os à língua:

 

1)    Tanto o freio quanto o leme devem superar forças contrárias.

 

Ø  O freio deve superar a natureza do cavalo e o leme deve superar os ventos e correntes que poderiam tirar o navio do seu rumo.

Ø  Assim, a língua humana também deve superar forças contrárias:

o   a nossa velha natureza que deseja nos controlar e nos fazer pecar, inclusive com a língua;

o   e as muitas circunstâncias que podem nos levar a dizer coisas indevidas.

o   O pecado interior e as pressões exteriores que podem nos fazer pecar com a língua são forças contrárias que ela deve superar.

 

2)    Tanto o freio quanto o leme devem estar sob o controle de uma mão forte.

 

Ø  Assim é a língua também.

Ø  E, nesse caso, a mão forte não é a nossa própria mão, e, sim, a mão de Deus.

Ø  Cristo é Senhor dos nossos corações e deve ser também da nossa língua.

Ø  Devemos fazer nossa a oração de Davi no Salmo 141: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios...”

 

3)    O freio e o leme, quando deles se perde o controle, podem afetar negativamente não só a nossa vida como também a vida dos outros.

 

Ø  Pense num cavalo disparado em um local público...

Ø  Pense num navio desgovernado cheio de gente...

Ø  Assim também é a língua desgovernada.

Ø  Mas, se governada, afeta positivamente.

 

II.               O PODER DE DESTRUIR: O FOGO E O ANIMAL (3.5-8)

 

Ø  Pensemos primeiro no fogo. O fogo é uma bênção, mas também tem um alto poder de destruição. Todos os anos muitos lugares no mundo inteiro são atingidos por incêndios, e os prejuízos são enormes. Hoje tomamos conhecimento mais facilmente e em tempo real. Aparece em todas as mídias. Mansões, prédios, museus, bibliotecas, florestas (a amazônica por exemplo) ... pegam fogo e o prejuízo é incalculável. Quem não se lembra do incêndio no museu nacional no Rio de Janeiro em 2018? Prejuízo cultural incalculável.

Ø  E ainda sobre o fogo: ele pode começar pequeno com uma pequena centelha, espalhar-se, esquentar o ambiente, sujar devido a fumaça e fuligem, queimar, ferir e destruir. E o fogo espalha quanto mais combustível (material susceptível) recebe.

Ø  Assim também é a língua; é como um fogo – pode ser uma bênção, mas também possui alto poder de destruição. Quando ela está sem controle causa muitos prejuízos. O fogo que ela ateia começa pequeno, espalha-se, “esquenta” o ambiente, suja, queima (reputações), fere, destrói. E também espalha-se quanto mais “combustível” recebe.

 

Ø  Agora pensemos no animal. Tiago compara a língua sem controle a um animal peçonhento, à “peçonha mortal”.

Ø  Alguns animais são venenosos, e assim também algumas línguas são venenosas. E línguas venenosas causam grandes estragos na vida de indivíduos, famílias, e até em igrejas.

 

Ø  Às vezes nós pensamos que podemos falar tudo de qualquer maneira e em qualquer lugar, desde que seja verdade. Mas não é bem assim. A língua precisa ser dominada e precisa ser usada com sabedoria, para edificar as vidas das pessoas. Mesmo no que respeita à verdade precisamos exercer esse controle. Nem toda verdade é para ser dita; e a verdade que pode ser dita não pode ser dita de qualquer maneira e em qualquer lugar.

 

Ø  A língua descontrolada tem o poder do fogo e da peçonha mortal.

 

III.             O PODER DE DAR PRAZER: UMA FONTE E UMA ÁRVORE (3.9-12)

 

Ø  Tiago continua falando das “produções” ruins da língua: amaldiçoar, coisas comparadas a água que não se pode beber (água amarga ou salgada) e frutos que não são os esperados.

Ø  Porém, a língua, se controlada, se bem direcionada, se submetida à mão forte do Senhor, pode ser aprazível: pode produzir “água doce” e o fruto desejado, isto é: pode ser usada para edificar a própria vida, a vida das pessoas, a família, a igreja...

Ø  Warren Wiersbe, por exemplo, sugere algumas expressões que podem transformar vidas – as nossas e as dos outros:

o   “por favor” e “obrigado” – ao utilizarmos essas expressões, tratamos os outros como pessoas, e não como “coisas”, e demonstramos apreciação.

o   “Perdão” – palavra que tem o poder de derrubar muralhas e construir pontes.

o    “Amo você” – para muitos, essa expressão lembra imediatamente “romance”, mas, na verdade, vão bem além. Como cristãos, devemos amar os irmãos e até mesmo os inimigos. “Amo você” é uma expressão que pode ter tremendo poder.

o   “Estou orando por você” – mas que seja verdade! E que seja sem presunção, como se fôssemos mais espirituais que os outros. Deve-se dizer isso, se for verdade, de modo encorajador, a fim de mostrar ao outro que nos importamos com ele ao ponto de o levarmos ao trono da graça. Se falar das pessoas para Deus, então terá poder de falar de Deus para as pessoas

Ø  E quantas outras “boas falas”, falas que edificam, falas que alegram... podemos dizer!

Ø  A língua tem esse poder, como uma fonte de água doce e uma árvore frutífera que produz bons frutos.

 

CONCLUSÃO

 

Ø  Sem dúvida, a língua é um pequeno órgão que pode causar grandes problemas. Mas não precisa ser assim. Podemos fazer diferente. Deus pode usar nossa língua para orientar a outros pelos caminhos da vida e para lhes dar prazer em meio às tribulações. A língua é um pequeno órgão, mas tem grande poder.

Ø  Dediquemos a Deus a língua e o coração diariamente e deixemos que ele nos use, a fim de sermos bênção para os outros.

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