ESTAMOS NO EXÉRCITO
Efésios 6.10-24
Ø Tozer
escreveu que o mundo em que vivemos não é um lugar de lazer, e sim um campo de
batalha.
Ø E
é verdade! Obviamente que desfrutamos de muito lazer, mas as batalhas para
aqueles que creem e servem a Deus são muitas e grandes. Quanto mais
interessados somos em viver uma vida de dedicação a Deus, uma vida santificada,
mais e maiores serão as batalhas espirituais que enfrentaremos, ou pelo menos a
percepção delas. Por exemplo, um crente que não se importa em cometer
determinado pecado não achará ou não perceberá que a inclinação para ele seja
uma batalha a se travar. Não tem batalha porque já se deixou derrotar antes
mesmo de começar a lutar. É impressionante hoje a quantidade de crente que acha
que está fazendo grande coisa em, antes mesmo de pecar, se entregar à
disciplina da igreja porque vai passar um tempo “pecando com tal pecado”. Nesse
momento o que ele está dizendo, mesmo que não tenha consciência disso, é que
entre obedecer e desobedecer escolhe desobedecer; entre o mundo e a igreja
escolhe o mundo; entre Deus e o diabo escolhe o diabo; entre o céu e o inferno
escolhe o inferno. Tinha é que lutar, renunciar, mas o que faz é pedir licença
para “ir ali perder uma batalha que nem começou ainda” como se isso fosse coisa
pequena sem importância.
Ø Isso
é muito sério! A Bíblia é um livro de princípios; quero dizer: é um livro de
ensinamentos que servem de base para outros ensinamentos. Então, por exemplo,
Jesus ensinou que não se deve “trombetear”, para ser visto pelos homens, ao
orar, ao dar esmolas e ao jejuar. Mas seriam só nesses casos específicos que
não deveríamos querer “aparecer e sermos louvados pelos homens”? Não! Temos aí
nesses exemplos um “princípio” que pode ser aplicado a muitas outras coisas
mais: pregar, cantar, tocar instrumento, escrever textos, ensinar, profetizar, “falar
em outras línguas” (muita gente fala, não é?), etc. E como tem gente que faz
questão de trombetear coisas como essas!
Ø Pois
bem, onde quero chegar? Quero chegar no seguinte: quando Jesus manda ao mancebo
de qualidade renunciar seus bens materiais para segui-lo, temos ali um caso
específico, mas também um princípio – qualquer coisa que interrompa nossa
comunhão com Deus, qualquer coisa que nos conduza à infidelidade, qualquer tipo
de pecado, e até mesmo a roupa manchada da carne, como lemos em Judas 1.23, nós
devemos renunciar ou “aborrecer” para seguir a Jesus, e isso implica em
batalha. Que não sejamos derrotados.
Ø Então,
estejamos nós perceptivos quanto a isso ou não, estamos envolvidos em uma
grande batalha, estamos no exército – o exército de Deus!
Ø Três
são os grandes inimigos que temos que enfrentar. Paulo falou sobre eles aqui
mesmo em Efésios, em 2.1-3. Na ordem em que lá está: o mundo, o diabo e a
carne. Geralmente usamos a ordem: o mundo, a carne e o diabo.
Ø “O
mundo” refere-se ao “sistema” ao nosso redor que se opõe a Deus.
Ø “A
carne” a gente sabe do que se trata: é a velha natureza que vem de Adão e que é
inclinada a pecar, pecar e pecar.
Ø E
o diabo... Bem, o diabo é o diabo, o pai da mentira, o enganador, aquele que
anda em derredor bramindo como leão buscando a quem possa tragar; e isso ele o
faz incansavelmente.
Ø O
diabo é o grande inimigo contra o qual temos que lutar e que está em evidência
aqui nessa parte dessa carta de Paulo.
Ø Vamos
ver aí sobre o inimigo, sobre o “equipamento” que Deus nos disponibiliza para a
batalha, de onde vem a energia para a batalha e o encorajamento para a batalha.
Ø Primeiro
o inimigo:
I.
O INIMIGO (10-12)
“No
demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as
astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue,
mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais.” (Efésios 6:10-12 RC)
Ø Uma
das necessidades cruciais numa guerra é conhecer o inimigo. Saber qual é a
força do inimigo, qual é a sua capacidade bélica, como ele age, quais as suas
estratégias.
Ø Não
é diferente quando se trata de batalha espiritual, e, por isso mesmo, Deus nos
instrui sobre ele não apenas aqui em efésios 6, mas ao longo de toda a Sua
Palavra, de forma que só seremos pegos de surpresa se formos descuidados.
Ø Nosso
verdadeiro inimigo é espiritual. Aqui ele é descrito como principados,
potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade
nos lugares celestiais.
Ø Arche,
exousia, kosmokrator, poneria. Tem uma hierarquia aqui: os que governam, os que
estão logo abaixo dos que governam, mas também exercem autoridade, e os poderes
malignos que saem dominando maldosamente este mundo de trevas.
Ø Se
fôssemos fazer um estudo teológico mais aprofundado de cada termo desses, isso
levaria um bom tempo. Mas o cerne da questão é que nossa batalha não é
simplesmente contra carne e sangue, não é simplesmente contra seres humanos,
mas sim contra poderes espirituais. Então quando concentramos todas as nossas
forças lutando contra pessoas que de uma forma ou de outra nos atrapalham em
nossa vida espiritual, em nossa fé e fidelidade a Deus, em nossa comunhão com
Deus, em nossa consagração, estamos perdendo tempo. Essas pessoas estão sendo
controladas e usadas pelo diabo como inimigas da obra de Deus. Daí, conquanto
pessoas estejam envolvidas e não devamos ignorar totalmente esse fato, nosso
inimigo real e maior é o diabo, e isso faz com que as “armas” com as quais
devemos lutar mudem.
Ø E
isso nos leva, então, ao segundo ponto, que é sobre:
II.
O EQUIPAMENTO (6.13-17)
“Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo
feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos
com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação
do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis
apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da
salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,” (Efésios 6:13-17 RC)
Ø Antes
disso, quando vai apresentar o inimigo, Paulo já fala sobre a necessidade de
fortalecermo-nos no Senhor e na força do Seu Poder. Em quem mais poderíamos
encontrar fortalecimento para lutar contra tão poderoso e astuto inimigo? Em
ninguém mais. E esse fortalecimento no Senhor e na força do Seu poder é operado
em nós pelo Espírito Santo que Ele enviou, em quem nós devemos andar e a quem
devemos buscar. Alguém nos disse, aqui mesmo desse púlpito (PIB Muqui), que
cantamos errado e oramos errado quando cantamos e oramos invocando a vinda do
Espírito sobre nós, porque ele já veio de forma definitiva. Em certo sentido
está certo porque Jesus disse que ele enviaria o Consolador e que Ele estaria
para sempre conosco. No entanto não concordo que não possamos invocar a presença
do Espírito, seja cantando, seja orando; podemos e devemos, e quando isso
fazemos não estamos dizendo que Ele não está aqui, mas estamos declarando que
desejamos e pedimos a Sua manifestação em nosso meio. Pois bem, devemos buscar
essa manifestação em nossa vida para que sejamos fortalecidos no Senhor e na
força do Seu poder e vençamos aquele inimigo poderoso cujo desejo é o de apagar
a imagem de Cristo em nós.
Ø Tendo
dito isto e apresentado o inimigo Paulo diz: “Portanto...”, isto é: já
que a luta é contra tal inimigo, “tomai toda a armadura de Deus para que
possais resistir e ficar firmes no dia mau”. Dia mau é uma expressão um
tanto quanto vaga, mas certamente inclui o dia da tentação forte, o dia em que
esses inimigos atacam de forma singular, dia de guerra. E quais são as “peças”
dessa armadura? É o que veremos agora. Esse é o nosso “equipamento”.
A
verdade, que é qual cinto que segura o restante da armadura. Satanás tenta
enganar com mentiras, mas ele só consegue enganar quem não conhece e/ou não
está firmado na verdade.
A
justiça, que funciona como uma couraça. A couraça era um peitoral que protegia os órgãos vitais do tórax e da
parte superior do abdômen. Era uma proteção extremamente importante para o
soldado. Assim também A JUSTIÇA é importante para o discípulo de Jesus. JUSTIÇA
aqui quer dizer RETIDÃO. A retidão de Cristo está em pauta. Cristo é o
modelo. Precisamos deixar o Espírito operar em nós esse tipo de retidão,
porque quando estamos exercitados no andar em retidão, qualquer tortuosidade
que se apresente é logo percebida com facilidade. A nossa vitalidade espiritual
é então protegida.
A “Preparação do evangelho da paz”,
que funciona como as sandálias que protegem os nossos pés. Isto significa que devemos estar nos
preparando para falar de Cristo a qualquer pessoa. O que é que protege os nossos pés e nos dá firmeza para caminhar? Não é
o calçado? Imagine-se passando em uma estrada cheia de pedrinhas pontiagudas.
Descalço você poderá caminhar com firmeza? E calçado? O Evangelho da paz, da reconciliação com Deus dá firmeza aos nossos pés. Você CONHECE esse evangelho, você VIVE esse evangelho, você PROCLAMA
esse evangelho, você está firme.
A fé é o escudo que protege contra os
dardos inflamados do maligno. Não se trata aqui da fé como sendo um corpo de
doutrinas, e, sim, como aquele princípio que consiste na entrega de todo o
nosso ser aos braços de Cristo. É compromisso com Cristo, lealdade crescente...
Imaginemos dardos inflamados (flechas com fogo na ponta) sendo lançados. O
objetivo é atear fogo em alguma coisa. Mas para que o fogo pegue é preciso que
as mesmas atinjam algum material suscetível ao fogo. Assim é que satanás age.
Ele lança sobre nós suas tentações; essas, para serem eficazes precisam
encontrar “material suscetível”. A autoconfiança é um desses "materiais
suscetíveis": “A autoconfiança é
combustível fácil. A fé, porém, que elimina a dependência do crente de si
mesmo, retira o combustível da frente do dardo. ... Cria a sensibilidade para
as influências santas, mediante as quais a força da tentação é neutralizada. A
fé chama em nosso socorro a ajuda de Deus”.
A salvação é o “capacete” que protege
a mente, a alma. Veja o fantástico testemunho de Paulo em 2 Coríntios 1.3-9: “Bendito seja o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de
toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também
possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com
que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as aflições de Cristo são
abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo.
Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos
consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência
as mesmas aflições que nós também padecemos. E a nossa esperança acerca de vós
é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também
da consolação. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos
sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos
suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos
tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus,
que ressuscita os mortos” (2 Coríntios 1:3-9 RC)
A espada é a arma ofensiva, e esta não é
outra senão a Palavra de Deus. Mas notem que ela é a espada do
Espírito. É o Espírito quem convence... é o Espírito quem aplica a Palavra.
“É
somente através do poder do Espírito Santo que a Palavra de Deus nos oferece
qualquer utilidade. O Espírito Santo nos dá a Palavra e a torna eficaz em nós,
dando vigor ao uso que fazemos dela. Também é o Espírito do Senhor que
interpreta os preceitos da mensagem de Cristo para nós, tornando-os reais em
nossas vidas. Em suma, é o Espírito Santo quem torna a Palavra de Deus uma
força viva e vital em nossa vida diária”
Mas prestem bem atenção! O Espírito não vai
nos colocar em uma espécie de transe, ou quando estivermos dormindo, colocar a
Palavra em nossa mente.
- NÓS temos a responsabilidade de estudá-la;
- NÓS temos a responsabilidade meditar nela;
- NÓS temos a responsabilidade de buscar
colocá-la em prática;
- NÓS temos a responsabilidade de nos
mantermos sempre abertos à ação da Palavra em nossas vidas
Ø Aí está, então, o equipamento que Deus
dispõe para nós nessa batalha: o cinto da verdade, a couraça da justiça, as
sandálias do evangelho, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do
espírito que é a Palavra de Deus.
Ø Mas tem também:
III.
A
ENERGIA PARA A BATALHA (18-20)
“orando em todo tempo com toda oração e
súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos
os santos e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra
com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou
embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém
falar.” (Efésios 6:18-20 RC)
Ø Onde é que encontramos “energia” para a
batalha? Na oração.
- Devemos orar em todo tempo, isto é, em
qualquer ocasião e sob quaisquer circunstâncias; antes de tudo, primeiro do que
tudo e mais importante do que tudo é a oração.
- Devemos orar “com toda oração e súplica”. O
cristão que ora apenas para pedir coisas para si está perdendo as bênçãos
resultantes da intercessão e da ação de graças. A ação de graças é uma grande
arma para derrotar satanás. Na quinta-feira bem cedo, enquanto me preparava
para voltar ao estudo desse sermão, li um comentário em alguma postagem. Não
lembro bem a postagem; acho que era em uma música que falava sobre a bondade de
Deus; mas o comentário ficou na mente. No comentário a pessoa tinha o coração
grato a Deus – coisas aconteceram na infância, mas Deus a amparou e hoje seu
coração estava focado na gratidão a Deus pela Sua Bondade e ela se considerava
uma pessoa vitoriosa. Satanás não conseguiu derrubar essa pessoa porque não
conseguiu desviar seu coração de ser grato a Deus para a amargura.
- Devemos orar no espírito, isto é, como
expressão de nossa natureza espiritual, como um desejo sincero da alma e não
como um mero capricho mental;
- Devemos vigiar com toda perseverança, como
um soldado em batalha, tanto para não sermos apanhados quanto para atacarmos
quando Deus nos der a oportunidade;
- E devemos orar por todos os santos, isto é,
uns pelos outros, e pelos pregadores, para que possam falar como convém.
Ø É aí que encontramos energia e fazemos
satanás tremer, como bem disse alguém: “Satanás
treme quando vê o mais fraco santo de joelhos”
IV.
O ENCORAJAMENTO NA BATALHA (21-24)
“Ora,
para que vós também possais saber dos meus negócios e o que eu faço, Tíquico,
irmão amado e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo, o qual vos enviei
para o mesmo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console os vossos
corações. Paz seja com os irmãos e caridade com fé, da parte de Deus Pai e da
do Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus
Cristo em sinceridade. Amém!” (Efésios 6:21-24 RC)
Ø Saber
que não estamos travando essa batalha sozinhos, nem espiritualmente e nem
humanamente falando, nos encoraja; e nós também devemos encorajar outros.
Ø Paulo
animou os efésios; Tíquico encorajou Paulo (Atos 20.4); e Paulo o estava enviando
de volta a Éfeso, a fim de ser um estímulo para os cristãos de lá.
Ø É
um grande estímulo saber que fazemos parte da família de Deus e que estamos
orando uns pelos outros. Em parte alguma do Novo Testamento encontramos um
cristão isolado. Os cristãos são como ovelhas: vivem em rebanhos. A igreja é um
exército, e os soldados precisam permanecer juntos e lutar juntos.
Ø É
interessante notar as palavras que Paulo usa para encerrar essa carta: paz,
amor, fé e graça. Ora, ele estava preso em Roma, mas cheio de coragem.
Quaisquer que sejam as nossas circunstâncias, em Jesus Cristo somos abençoados
com “toda sorte de bênçãos espirituais”.
CONCLUSÃO
Ø O
mundo em que vivemos é um grande campo de batalha e nós somos soldados no
exército de Deus.
Ø O
inimigo é forte e é um inimigo espiritual: satanás e suas hostes espirituais da
maldade.
Ø Temos
que buscar nos fortalecer no Senhor e na força do Seu poder; temos que nos
vestir da armadura de Deus; temos que orar e vigiar com perseverança, inclusive
orando uns pelos outros para que esses inimigos poderosos não obtenham vitória
sobre nenhum de nós; e temos que ficar juntos, lutar juntos, encorajando uns
aos outros.
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
FONTES:
Tão Grande Salvação – Exposição de Efésios – Russel Shedd
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo –
R. N. Champlin
Comentário Bíblico Expositivo – Novo Testamento 2 –
Warren W. Wiersbe
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