RAZÕES PARA LOUVAR A DEUS
Efésios 1.1-14
O Autor: Paulo, Apóstolo de Cristo.
01. Saulo era um judeu que, justamente pelo
fato de ser judeu, dedicava sua vida a preservar uma doutrina: a doutrina da
unidade de Deus, de ser Ele (Deus) Supremo sobre todas as coisas.
02. Acontece
que essa doutrina, no entender dos religiosos judeus da época, incluindo Saulo,
foi ameaçada pelo surgimento de uma “seita” cristã que seguia o Nazareno
chamado Jesus.
03. Saulo,
sentindo-se muito ameaçado em sua própria pessoa, como também vendo o judaísmo
tão “ameaçado”, achou válido servir àquela doutrina até à morte. E, com essa
finalidade, dirigiu-se a Damasco a fim de destruir essa “seita” que se
espalhava tão rapidamente pelas cidades do império Romano.
04. Mas,
quando caminhava, uma visão, conforme hoje bem sabemos, transformou-lhe a vida.
E naquele instante começou a vida do novo, agora não mais Saulo e sim Paulo, a sua
vida em Cristo. Uma vida completamente transformada pela visão do senhorio
de Cristo, do Cristo crucificado, ressurreto e glorificado. É assim a vida
daquele que verdadeiramente tem um encontro com Cristo, uma vida completamente
transformada...
05. E essa
epístola aos Efésios é, podemos assim dizer, apenas uma continuação dessa
visão, a visão do senhorio de Cristo, do Cristo crucificado, ressurreto e
glorificado. É o Apóstolo Paulo reconhecendo a comissão que Cristo lhe deu,
quando então, naquele importante encontro, sua vida teve uma reviravolta.
06. A palavra Apóstolo, que indica o reconhecimento da
autoridade de Paulo, baseia-se numa palavra aramaica, shãliah, que, segundo Rengstorf, sugere que o apóstolo é aquele
que é comissionado não apenas como missionário que leva uma mensagem; não
apenas como um embaixador que tem sua carta selada para entregar a um rei de
outro país; mas como procurador que
substitui aquele que o mandou e que pode tomar iniciativas. No Talmude, uma
coletânea de livros sagrados dos judeus, há uma citação interessante: “o shãliah é equivalente àquele que o
mandou”. É por isso que Paulo às vezes diz o que disse em Efésios 2.20, que
os crentes são edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas.
Isto significa que os apóstolos e profetas receberam uma revelação revestida de
autoridade e que eles próprios, portanto, eram autoridades. A Palavra de Paulo
é, porque ele foi revestido de autoridade, igual à Palavra de Cristo, e a ela nós
devemos dar ouvidos como se fosse o próprio Cristo falando. Se não cremos
nisso, se não cremos nessa autoridade apostólica, se não cremos que Paulo foi
“inspirado”, ficamos sem segurança alguma e facilmente deslizamos para a nossa
própria razão humana (principalmente quando nos deparamos com os, conforme
disse Pedro, “pontos difíceis de entender”).
07. Então, o
autor é Paulo, apóstolo de Cristo, e a mensagem que ele nos traz é uma mensagem
inspirada e cheia de autoridade. É bom darmos atenção a essa mensagem.
08. Agora
pensemos em como Paulo se refere aos seus destinatários.
Os Destinatários: os Santos e Fiéis em
Cristo Jesus.
01. A palavra santo
não significa uma pessoa que não peca. Não!
02. Com base
em Daniel 7, onde o termo santos vem
de uma palavra hebraica que significa separados,
e em outras passagens do Antigo Testamento, santo
quer dizer “pessoa separada por Deus”; e no Novo Testamento, através do
Espírito de santificação, “alguém separado para pertencer exclusivamente a
Deus”.
03. Se nós somos
realmente convertidos e separados por Deus para o reino de Deus, então somos
santos, ainda que não sejamos totalmente isentos de pecar. E é isso que Paulo
pressupunha a respeito daqueles Efésios, isto é, que eles eram realmente
convertidos, separados para o Reino de Cristo e, portanto, santos. Aqui é mais
uma questão de posição do que de condição, ainda que àqueles que
receberam a posição cabe viverem na condição de santos e desenvolverem essa
santificação, vivendo para Deus, não vivendo no pecado, fazendo morrer a cada
dia a sua natureza carnal, não provendo para a sua carne no tocante às suas
paixões e concupiscências e provendo para o desenvolvimento de sua vida
espiritual.
04. Você pode
dizer: “pastor, é muito difícil!”. E eu digo: “é verdade!” As pressões
incessantes do mundo, da carne e do diabo são fortíssimas; o diabo anda em
derredor, bramindo como leão buscando a quem possa tragar; então é muito difícil
mesmo! É uma luta constante! Se alguém lhe disser que é fácil, não o creia! Se
alguém lhe apresentar um evangelho que não inclua essa dificuldade, não o
receba, não é o verdadeiro evangelho! É uma luta, mas é uma luta que eu preciso
lutar! Não posso simplesmente fugir dela e não posso ceder. Se eu sou de
Cristo, preciso e vou lutar essa luta.
05. E esses
santos, continua Paulo, são também fiéis.
E fiéis são aqueles que se comprometeram com Cristo, aqueles que aceitaram o convite de sair do mundo
perdido para o Reino do Filho do Seu amor, compromisso esse que é uma
decisão definitiva e clara; é uma mudança de posição, não geográfica, mas
mental, quanto a quem é Jesus Cristo e quanto a todos os outros senhorios do
mundo – todos os outros estão abaixo do senhorio de Jesus; nós servimos ao
Senhor Jesus, e, se para servir ao Senhor Jesus, em algum momento tivermos que
desobedecer aos senhores humanos, que assim o seja. Mas esta palavra carrega
também a ideia de fidelidade no sentido de identificação com Cristo. Os fiéis
são aqueles que se identificaram com Cristo e continuam se identificando,
permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.
06. Então, o
autor é Paulo, apóstolo de Cristo, e os destinatários são os santos e fiéis,
aqueles que foram separados e continuam se separando para serem de Cristo e que
se identificaram com ele e a cada dia vão se tornando mais semelhantes a ele.
07. Tendo
visto isto, vejamos agora, então, as razões aqui apresentadas para louvarmos a
Deus, as bênçãos que motivam o nosso louvor.
As Bênçãos Que Motivam o Nosso Louvor
01. Essas
bênçãos estão relatadas de forma específica a partir do verso 4, mas no verso
3, sem especificar, sem fazer uma “lista”, Paulo se expressa dizendo “bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo”. Por quê? Porque Ele “nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.
02. Na bíblia
há detalhes que são bastante significativos, e um desses detalhes nós o
encontramos aqui. Trata-se da preposição “em”.
É “em” Cristo que somos abençoados. É pela instrumentalidade dele e é nele. E
isso nos remete ao fato de que essas bênçãos são para aqueles que têm um
relacionamento íntimo com ele, a intimidade de uma vida transformada, uma vida
resgatada e salva; uma vida em que ele é realmente SENHOR, isto é, aquele a
quem já nos entregamos, aquele que pode legislar sobre nós e controlar as
nossas vidas porque nós estamos “em ele”. Você já está assim “em Cristo”?
03. Agora
vejamos as bênçãos especificadas a partir do verso 4.
Bênçãos de Deus, o Pai (versos 4-6)
“... como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela
qual nos fez agradáveis a si no
Amado.” (Efésios 1:4-6 RC)
Ø Temos
três bênçãos aí, a saber:
·
Ele nos
elegeu (escolheu)
Eu não sei se
há hoje alguém que entenda de fato, com todas as implicações, o que
significa essa escolha de Deus. Eu sei que há muita divergência sobre o
assunto. Wiersbe, um grande estudioso das Escrituras, autor de obras
maravilhosas, chega a confessar que essa é uma doutrina que deixa alguns
maravilhados, mas outros perplexos. E conta que um professor de seminário
disse-lhe certa vez: “Tente explicar essa
eleição e pode acabar perdendo o juízo; tente livrar-se dela e perderá a alma”.
Então, é um
assunto que está nas Escrituras, mas é um assunto complicado pra nós hoje. Mas
uma coisa todos nós podemos saber, porque está claramente escrito na bíblia:
Deus tem um livro (possivelmente temos aqui um antropomorfismo), o Livro da
Vida, no qual Ele tem escrito os nomes de todos os que já foram salvos, dos que
estão sendo salvos e dos que serão salvos. Nesse livro estão os nomes dos
“escolhidos”.
Não se tem
nenhuma informação de como Ele faz esta escolha. Não se explica que implicações
esta escolha tem para mim, porque eu também tenho a minha escolha plena e
livre. Mas uma coisa é preciso ser dita: se Deus não nos tivesse escolhido,
antes da fundação do mundo, como está escrito aí, nós também não o
“escolheríamos” e não seríamos filhos de Deus. Lembre-se que foi o próprio
Jesus quem disse, e João registrou no evangelho que leva o seu nome, capítulo
6, versículo 44 que ninguém pode ir a ele se não for levado pelo Pai; e depois,
no verso 65, ninguém pode ir a ele se não for concedido pelo Pai.
Esse é um
caminho misterioso no qual temos que trilhar, mas trilhar com cuidado e sem
querer ir além do que nos é permitido (ninguém saiba mais do que convém saber).
Então quero apenas concluir esse ponto dizendo que esta bênção aí do texto é a
garantia fundamental de que um dia olharei na face do meu Senhor, e que, então,
ELE, e somente ele, deve receber toda a glória pela minha salvação.
Eis aí,
então, a primeira razão para louvar, a primeira bênção que motiva o meu louvor.
Vamos
adiante; mais uma bênção de Deus, o Pai:
·
Ele nos
adotou
Somos “filhos de adoção por Jesus Cristo”, como diz o texto. Nascemos de novo
pela fé em Cristo e, depois que nascemos de novo Deus nos adotou, isto é, nos
colocou na posição de filhos dentro de Sua família. E se somos filhos, somos,
como lemos em Romanos 8, “herdeiros
também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” e um dia receberemos a
redenção do nosso corpo e estaremos para sempre com o Senhor.
Eis aí a
segunda razão para louvar, a segunda bênção registrada no texto e que motiva o
meu louvor.
Vamos
adiante, à terceira bênção de Deus, o Pai:
·
Ele “nos fez agradáveis a Si, no Amado”,
isto é, Ele nos aceitou.
Pela graça
de Deus em Cristo, somos aceitos por Ele. Quando Paulo escreve a Filemom, um
dos seus objetivos era incentivá-lo a receber de volta seu escravo que havia
fugido, Onésimo. Mas Onésimo agora havia se convertido, e Paulo o envia de
volta a Filemom e escreve a Filemom dizendo que pagaria qualquer coisa que
Onésimo porventura lhe devesse e que Filemom deveria receber Onésimo como se
fosse ele próprio (Paulo). E certamente Filemom assim o fez. Encontramos aqui
um paralelo com aquilo que Deus fez conosco: Ele nos recebeu como se estivesse
recebendo o Seu próprio Filho Jesus – Ele nos fez agradáveis a Si no Amado.
Então essa
é a terceira razão para louvarmos a Deus.
Essas três
primeiras são bênçãos de Deus, o Pai: Ele nos escolheu, Ele nos adotou e Ele
nos aceitou (em Cristo nos fez agradáveis a Si)
Continuemos.
Depois das bênçãos de Deus, o Pai, vêm as bênçãos de Deus, o Filho.
Bênçãos de Deus, o Filho (versos 7-12)
“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça, que Ele tornou abundante para conosco em toda a
sabedoria e prudência, descobrindo-nos o
mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si
mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas [as coisas,] na dispensação da
plenitude dos tempos, tanto as que [estão] nos céus como as que [estão] na
terra; nele, [digo,] em quem também fomos
feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que
faz todas [as coisas,] segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos
para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo;”
(Efésios 1:7-12 RC)
Ø São
três as bênçãos aí no texto que quero expor, a saber:
·
A bênção
da redenção e remissão (perdão) – “temos
a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas...”
Isso quer
dizer que Deus, na pessoa do Filho, com o seu sangue nos comprou e nos libertou
da condenação da lei, da escravidão do pecado e do poder de satanás e do mundo
e nos perdoou os pecados.
Wiersbe tem
uma palavra bem esclarecedora sobre essa remissão, ou perdão, das ofensas.
Veja:
O verbo perdoar significa “levar embora”.
Essa ideia nos traz à memória o ritual realizado em Israel no Dia da Expiação,
quando o sumo sacerdote enviava o bode expiatório para o deserto (Lv 16).
Primeiro, o sacerdote sacrificava um de dois bodes e aspergia o sangue diante
de Deus sobre o propiciatório. Em seguida, confessava os pecados de Israel,
enquanto impunha as mãos sobre o outro bode que, depois, era levado ao deserto
para nunca mais ser visto. Cristo morreu para levar os nossos pecados embora, a
fim de que nunca mais sejam vistos (Sl 103.12; Jo 1.29). Não há qualquer
acusação registrada contra nós, pois nossos pecados foram levados embora! O
pecado nos empobrece, mas a Graça nos enriquece!
Essa é a
primeira bênção de Deus, o Filho, aí apresentada, e, no geral, a quarta bênção,
a quarta razão para louvarmos a Deus.
·
A bênção
de ter-nos sido revelada a vontade de Deus – “descobrindo-nos o mistério da sua vontade”
O
“mistério” foi revelado. “Mistério” significa algo que estava oculto, mas que
agora foi revelado. Que “mistério” é esse? O plano de Deus para o futuro. Como
bem escreveu o Dr. Russel Shedd:
Cristo abriu o seu livro de informes. Ele
nos tem oferecido o seu plano para o futuro, o que é maravilhoso em todos os
sentidos. Assim, não há necessidade de ficarmos desesperados diante da
maneira como o mundo parece estar se tornando cada vez mais sujeito às forças
do caos. Não, não! É o contrário, dizem os versos 9 e 10: Deus já propôs – e
Ele não pode ser contrariado neste seu propósito – que todas as coisas vão
convrgir em Cristo, que estará encabeçando tudo.
“Em Cristo Deus reunirá todas as coisas no
apogeu das eras” (Wiersbe), e nós fazemos parte desse plano eterno
extraordinário.
Então,
estamos envelhecendo, estamos adoecendo, estamos enfrentando dificuldades as
mais diversas, lutas e mais lutas, e vamos morrer (se Cristo não voltar antes),
mas sabemos, foi-nos revelado, que, se estamos em Cristo, isso não é o fim.
“Nem a morte pode nos separa do amor de Deus em Cristo Jesus”. Ressuscitaremos,
receberemos corpos glorificados e estaremos para sempre com o Senhor, e sem
nenhum tipo de dificuldade ou sofrimento mais.
Não é uma
bênção saber disso? É a segunda bênção aí no texto, bênção de Deus o Filho, e
quinta bênção em geral nessa nossa consideração.
A terceira
bênção (sexta no geral) é:
·
A bênção
de termos sido feitos herança – “fomos
feitos herança”.
Algumas
versões da bíblia trazem como tradução “obtivemos uma herança” ao invés de
“fomos feitos herança”. As duas afirmações são válidas. Em Cristo temos uma
herança maravilhosa, “uma herança
incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para
vós” (1 Pedro 1.1-4), e em Cristo somos uma herança; em João 17, em sua
oração ao Pai, Jesus se refere aos seus discípulos (aqueles e os que ainda
viriam a ser – e isso nos inclui) como “aqueles
que me deste”. Somos herança de Cristo e somos coerdeiros juntamente com
ele.
Agora uma
observação quanto a esse trecho em questão. É certo que TODOS quantos estamos
em Cristo somos herança e temos herança, mas nesse texto em questão nos parece
que Paulo está se referindo à nação judaica, o que pode explicar ele dizer “fomos feitos herança” ao invés de “obtivemos herança”. Porque faço essa
observação? É por causa do contraste entre o nós dos versos 11 e 12 e o vós
do verso 13. É como se Paulo dissesse: Nele “nós” (judeus) fomos feitos herança
e nele “vós” (gentios) também estais, depois que ouvistes a palavra da verdade,
o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
Espírito Santo da promessa... Lembre-se de que Israel é o povo da promessa e
que há uma profecia/promessa de que eles serão salvos (obviamente não sem
reconhecer Jesus como o Messias). Para a glória de Deus, a própria nação
judaica vai se converter ao Messias, segundo a promessa de Deus. Então, eles
foram feitos herança.
Essa é,
então, a terceira bênção de Deus, o Filho, e a sexta bênção no geral, bênçãos
que são razões para louvarmos a Deus.
Continuemos.
Já vimos as bênçãos de Deus, o Pai; já vimos as bênçãos de Deus, o Filho; agora
vejamos as bênçãos de Deus, o Espírito Santo.
Bênçãos de Deus, o Espírito Santo (versos 13-14)
“em quem também vós [estais,] depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele
também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança,
para redenção da possessão [de Deus,] para louvor da sua glória.” (Efésios
1:13-14 RC)
Ø São
duas as bênçãos de Deus, o Espírito Santo, a saber:
·
A bênção
de termos sido selados com o Espírito Santo da promessa – “... fostes selados...”
Depois que
ouvimos a palavra da verdade, o evangelho da nossa salvação, e cremos, fomos
selados com o Espírito Santo da promessa.
Vamos
repetir isso, porque é muito importante: “...
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados
com o Espírito Santo da promessa...”.
Preste bem
atenção!
“Depois”...
Depois de
que? Depois que ouvistes a palavra da verdade, que é o evangelho da vossa
salvação, e creram.
Quanto
tempo depois? Imediatamente depois. Ouviu, creu, foi selado com a presença do
Espírito Santo. Recebe-se o Espírito Santo imediatamente depois que se crê em
Cristo. Dar lugar ao Espírito, andar no Espírito, estar pleno do Espírito, pode
ser que muitos não estejam fazendo, e, por isso talvez até pareça que Ele não
esteja presente, mas está. Se a pessoa de fato creu e está em Cristo, tem o
selo do Espírito.
E o ato de
selar indica uma transação concluída. O sangue de Jesus foi o preço que ele
pagou por nós. Quando cremos nisso e recebemos a Jesus como o Messias, o nosso
Salvador, então fomos salvos, a transação foi concluída, e Deus “carimba” em
nós o Seu selo, que é o Seu Espírito. É possível entristecer o Espírito, e
desse modo perder as bênçãos de seu ministério, mas Ele permanece em nós. 1
Tessalonicenses 5.19 fala de “apagar” o Espírito (extinguir, em algumas
versões), mas não é um apagar no sentido de que Ele não estar mais presente, e
sim no sentido de abafar a sua atuação, o que é uma situação de grande prejuízo
para a vida cristã.
Mas um selo
também pode ser usado como marca de autenticidade. É isso que se faz no
cartório quando se vai autenticar alguma coisa; um selo de autenticidade é
colado ou carimbado no documento. O Espírito Santo é selo de Deus em nós que
indica que somos cristãos autênticos. “...
se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8:9
RC)
Essa é, então,
aí no texto, a primeira bênção de Deus, o Espírito Santo, e a sétima bênção no
geral, bênçãos que são razões para louvarmos a Deus.
E a segunda
bênção de Deus, o Espírito Santo, aí no texto, e que é a oitava nessas nossas
considerações, é:
·
A bênção
de o Espírito Santo em nós ser o penhor da nossa herança – “... o qual é o penhor da nossa herança...”
Um penhor
era no tempo de Paulo, e ainda o é hoje, uma espécie de garantia. O ato de
penhorar hoje é muito comum. Penhora-se, por exemplo, joias, imóveis,
veículos... Pega-se uma certa quantia em dinheiro e oferece-se alguma coisa
como penhor.
Mas também,
e muito mais aplicável ao nosso assunto em questão, um penhor pode ser aquele
valor que se dá de entrada quando se está fazendo certos “negócios”. A garantia
de que você vai realmente comprar aquele imóvel, ou aquela joia, ou aquele
carro, ou que vai mesmo locar aquele sítio para o retiro da igreja, e que não
deve ser vendido ou locado para outros, é a entrada em dinheiro que foi paga.
Então, nesse sentido, figuradamente, o Espírito Santo em nós é a garantia de
Deus a Seus filhos de que El terminará a Sua obra e, no devido tempo, os
conduzirá à glória.
Porém,
muito mais aplicável ainda, é um outro significado da palavra penhor,
significado esse que é utilizado em alguns lugares do nosso planeta, como na
Grécia, por exemplo. Que significado é esse? É “aliança de noivado”. E esse
significado é muito mais aplicável a esse caso porque o nosso relacionamento
com Deus não é de caráter comercial; antes, é uma experiência pessoal de amor.
Cristo é o noivo e a igreja, que somos nós, é a noiva. E o Espírito é,
figuradamente, a “aliança de noivado”, isto é, a garantia de que Cristo
retornará e tomará a sua noiva para si.
Essa é,
então, aí no texto, a segunda bênção de Deus, o Espírito Santo, e a oitava
bênção no geral, bênçãos que são razões para louvarmos a Deus.
Conclusão
01. Esse foi,
então, o primeiro estudo dessa série em Efésios, e vimos:
Ø O
autor: Paulo, apóstolo de Jesus Cristo.
Apóstolo no sentido de ser aquele que foi comissionado não apenas como
missionário que leva uma mensagem; não apenas como um embaixador que tem sua
carta selada para entregar a um rei de outro país; mas como procurador que substitui aquele que o
mandou e que pode tomar iniciativas. Nesse sentido não existem mais apóstolos
hoje.
Ø Os
destinatários: os santos e fiéis em
Cristo Jesus, isto é, aqueles que foram separados para pertencerem
exclusivamente a Deus e que se identificaram com Cristo e continuam se identificando,
permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.
Ø E,
já que nosso tema é Razões Para Louvar a
Deus, vimos sobre as bênçãos que
motivam o nosso louvor:
·
Fomos, por Deus, o Pai, escolhidos, adotados e
feitos, em Cristo, agradáveis a si.
·
Fomos, por Deus, o Filho, redimidos e perdoados,
feitos conhecedores do seu plano maravilhoso para o nosso futuro, de maneira
que não precisamos ficar temerosos quando o mundo parece cada vez mais
despencar para um caos total, e fomos feitos herança (temos herança porque
somos coerdeiros com Cristo, e somos a herança de Cristo, aqueles a quem o Pai
deu ao Filho)
·
Fomos, por Deus, o Espírito Santo, selados e
garantidos de que a obra em nós iniciada será concluída e no devido tempo
seremos conduzidos à glória.
02. Wiersbe
conta que...
Uma esposa aflita procurou um conselheiro
cristão e lhe contou a triste história de seu casamento que estava preste a
chegar ao fim.
– Mas
temos tanta coisa! – comentou a mulher várias vezes. – Veja só este anel de
diamante em meu dedo. Vale uma fortuna! Temos uma mansão cara em um condomínio
d alto padrão. Temos três carros e uma casa nas montanhas. Temos tudo o que o
dinheiro pode comprar!
– É
bom ter as coisas que o dinheiro pode comprar – o conselheiro lhe respondeu –,
desde que não perca as coisas que o dinheiro não pode comprar. De que lhe
adianta ter uma mansão se você não tem um lar? De que lhe serve um anel
caríssimo, se você não tem amor?
03. Dinheiro
nenhum no mundo pode comprar essas bênçãos sobre as quais estivemos falando
aqui, mas em Cristo temos todas elas; em Cristo temos tudo o que o dinheiro não
pode comprar, todas as riquezas espirituais. Desfrutamos dessas dádivas porque
conhecemos e amamos o Doador.
04. Quer
maiores razões do que essas para louvar a Deus?
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
FONTES:
“Tão Grande Salvação” – Russel Shedd –
Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991
“Novo Testamento 2 – Comentário Bíblico Expositivo” – Warren W. Wiersbe,
2ª. Edição, 2020 – Geográfica Editora
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