O GRANDE MISTÉRIO DA SALVAÇÃO
I.
“POR ESTA CAUSA EU SOU O PRISIONEIRO”
1)
“Por esta causa eu sou o prisioneiro...”,
escreveu o apóstolo Paulo.
2)
Ora, todos sabemos que várias vezes Paulo esteve
preso, e que esta carta, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemon, é
uma, assim chamada, “epístola da prisão”.
3)
Nesse ponto eu quero considerar três coisas com
os irmãos.
Primeiro sobre qual
era a causa porque Paulo era “o prisioneiro” naquela ocasião.
1)
É claro que a resposta está aí no texto; e Paulo
a vem dando desde o início da carta. É o “mistério” agora revelado de que “os gentios são coerdeiros, e de um mesmo
corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. Gentios e judeus são unidos por Deus
mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia (administração, dispensação)
dessa graça foi confiada a Paulo. Então, essa é a resposta e está clara e
evidente aí no texto, mas eu quero me referir a ela para refletirmos juntos num
fato, que até quero destacar bem aqui: às vezes, para cumprirmos o papel
que Deus nos deu, especialmente o papel de alcançarmos outras pessoas, ou
sustentarmos outras pessoas na fé, ou deixarmos um legado de fé para as
próximas gerações, alguma renúncia e algum sofrimento se fazem necessários.
2)
Mas será
que a nossa geração hedonista, isto é, uma geração que vive em busca do prazer
e bem estar pessoal quase que como o propósito único da vida, está disposta a
isso?
3)
Qual é a
nossa “causa”? Nossa “causa” é alcançar pessoas para Jesus, para a salvação –
“até os confins da terra” e, principalmente, aqui em Muqui. As pessoas da nossa
cidade estão sendo conduzidas a “outros” que não podem salvar, e é nossa
responsabilidade, nossa “causa”, conduzi-las a Jesus.
4)
Isso não
vai acontecer se não estivermos dispostos a agir e até “sofrer” alguma
renúncia, que no nosso caso nem é tanto sofrimento assim. Aqui a gente só
precisa orar, dar bom testemunho, ter disposição para aprender a Palavra de
Deus pra falarmos alguma coisa quando necessário, sair pra evangelizar,
contribuir um pouco financeiramente, viver a vida da igreja (incluindo estar
presente nos cultos, porque isso “fala” às pessoas – se a igreja está vazia
porque nem os membros dela querem mais participar, o que a igreja está
“falando”?). Esse é o nosso “sofrimento”... a gente não precisa nem ficar
preso, a gente não precisa nem morrer, e
se todo mundo pegar no “cabo da foice” a gente não precisa nem trabalhar muito
... talvez ouvir algum xingamento ou tomar uma pedrada de vez em quando, quando
pregarmos algumas verdades...
5)
Então,
em primeiro lugar, “a causa”. Qual era a “causa” de Paulo? Administrar a graça
aos gentios – eles também estavam incluídos; até então isso era um “mistério”,
isto é, uma verdade que até então estava sendo mantida oculta, mas que agora
havia sido revelada. E qual é a nossa causa? Ora, nossa causa é alcançar as
pessoas para Jesus. E essa causa exige alguma renúncia de nossa parte – estamos
dispostos?
Segundo, sobre “de
quem” Paulo era “o prisioneiro”.
1)
Está aí no texto: Paulo era “o prisioneiro de
Jesus Cristo”.
2)
O artigo definido “o”, que acompanha o termo
“prisioneiro”, não deve ser desprezado. Paulo era “O” prisioneiro de
Jesus Cristo, e isso pode significar que poderiam haver outros encarcerados
pela causa de Cristo, por serem ministros do evangelho, mas Paulo era “o”
prisioneiro, o mais conhecido tanto das autoridades quanto da igreja e,
certamente, o mais ousado de todos.
3)
E o fato de Paulo se referir a si mesmo dessa
forma, como “o prisioneiro de Jesus Cristo”, numa evidente aceitação dessa
“definição” (se não era uma autodefinição), muda tudo.
a)
“Muda tudo”, porque demonstra que a visão de
Paulo estava “em Cristo”, e não no aprisionamento e sofrimento em si, e nem em
“se” os gentios, ou alguns deles, eram ou não dignos daquele sofrimento,
daquela “renúncia de vida” de Paulo.
Isso deveria falar profundamente a nós. Em
Hebreus 12 somos ensinados a deixar todo embaraço ou peso e todo pecado e a
corrermos com paciência a carreira que nos está proposta “olhando para
Jesus”, mas às vezes parece que temos uma dificuldade em aprender isso. Se
eu estivesse pregando em Hebreus 12 iria falar sobre os pecados e os “pesos”
que nos atrapalham, mas que vamos “levando” – é muito “peso” que vamos
acumulando. Mas como o assunto é em Efésios 3, falo só sobre o “olhando para
Jesus”. Que dificuldade temos de aprender isso (e como nós dificultamos
para os outros e os outros dificultam para nós esse aprendizado – porque
atraímos negativamente o olhar para nós quando nosso testemunho não é muito
bom...).
Paulo não tinha essa dificuldade; ou, se
tinha, lutava e vencia.
Ele estava preso em Roma, mas não era prisioneiro
das autoridades romanas, era prisioneiro de Jesus Cristo. Se fosse por um crime
como “roubar” que ele estivesse preso, ele poderia parar de roubar e deixar de
ser prisioneiro; mas ele estava preso por pregar o evangelho de Jesus Cristo e
isso ele não iria deixar de fazer, nem lá dentro da prisão. Ele foi preso,
junto com Silas, em Filipos, por pregar o evangelho, e foram açoitados, e ao
invés de ficarem olhando para aqueles acontecimentos investiram o tempo em orar
e louvar a Deus... e o próprio carcereiro se converteu naquele dia.
Muitos gentios alcançaram a fé e muitos não.
E muitos gentios depois “desvirtuaram” a fé. Paulo muitas vezes teve que
trabalhar para “consertar” as coisas. Eram eles dignos de Paulo sofrer o que
sofreu? Eles talvez não, mas Cristo era, e era para Cristo que Paulo estava
olhando (louvado seja Deus! Por isso nós fomos alcançados hoje, dois mil anos
depois).
Nossa visão também precisa estar voltada
para Cristo. As pessoas podem não ser dignas do nosso investimento, da nossa renúncia,
do nosso “sofrer” (mesmo pequeno); mas Cristo é, e nós fazemos “por ele e para
ele”.
b)
“Muda tudo” porque a “causa” deixa de ser
simplesmente “uma obra que ele tinha para realizar” e as “pessoas em favor de
quem ele realizaria aquela obra”, apesar de isso contar muito, porque Paulo não
queria que os gentios fossem conduzidos a outro além de Cristo, e passa a ser
Cristo.
A “causa” é Cristo – CRISTO me deu uma
missão, e por isso eu vou cumpri-la.
c)
“Muda tudo” porque significa também que mesmo
quando ele não estivesse encarcerado literalmente, ele continuava sendo “o
prisioneiro de Jesus Cristo”, isto é, “sujeito à autoridade de Cristo”, uma
sujeição voluntária e alegre.
“Não sou mais eu quem vivo; Cristo vive em
mim...”, disse Paulo certa ocasião.
E nós também, não é?
O Salmo 23 é um dos nossos salmos
prediletos. Mas às vezes parece que gostamos de falar bem rápido,
irrefletidamente, “o Senhor é o meu pastor”, e mais refletidamente, com mais
alegria, a parte que diz “e nada me faltará; deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente às águas tranquilas, refrigera a minha alma...”. O SENHOR é
o nosso pastor? De verdade? Jesus disse que as suas ovelhas o ouvem e o seguem.
E a terceira
coisa que quero considerar pode ser expressa assim: “lamentação zero,
disposição dez”.
1)
Uma vez disseram a Paulo que ele seria preso em
Jerusalém. E o que ele respondeu? Veja lá em Atos 21.10-14.
2)
Lamentação zero – disposição dez.
3)
De vez em quando parece que a coisa se inverte
no meio dos crentes (e eu me incluo) e vira disposição zero – lamentação
dez.
4)
Ei irmãos, nós não estamos presos, nossa cabeça
não está numa guilhotina para ser decepada, nós não estamos numa arena para
servir de espetáculo sendo atingidos e devorados por feras... Por que tanta
lamentação, tanta “gemeção” e tanta falta de disposição? Vamos trabalhar para o
Senhor!
II.
POR ESTA CAUSA EU ME PONHO DE JOELHOS
1) “Por
esta causa eu sou o prisioneiro de Jesus Cristo”, escreveu Paulo em primeiro
lugar aqui nessa parte de sua carta; e vimos a causa no ponto anterior: o
“mistério” agora revelado de que “os
gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em
Cristo pelo evangelho”.
Gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia
(administração, dispensação) dessa graça foi confiada a Paulo.
2) E
mais adiante ele diz “Por esta causa me ponho de Joelhos”. Que causa? A mesma
causa: o “mistério” agora revelado de que “os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da
promessa em Cristo pelo evangelho”. Gentios e judeus são unidos por Deus mediante a cruz de Cristo, e a oikonomia
(administração, dispensação) dessa graça foi confiada a Paulo. E Paulo ora;
ele precisa orar, porque o peso da responsabilidade era grande. Muitas pessoas
estavam sendo edificadas sobre ele e ele, certamente, sentia o peso, e então
ele orava, intercedia por aqueles crentes, e ao orar ele fazia o que E. M.
Bounds disse que fazemos quando oramos, ele trazia o Senhor para o seu
salvamento, para ajuda-lo, sabendo que para o Senhor nada há que seja difícil.
3) Mas
o que eu quero enfatizar aqui não é a causa em si, porque já a sabemos e já
enfatizamos. O que quero enfatizar agora é “a quem” Paulo ora, “de onde vem” o
recurso que Paulo pede, “o que Paulo pede” e “o que Paulo espera que aconteça
com aqueles crentes, sendo atendido o seu pedido”.
4) Prossigamos,
então, vendo sobre “a quem” Paulo ora.
A quem Paulo ora
1) Ah, é claro que sabemos a quem Paulo ora!
Paulo ora a Deus! Ao nosso Deus! É claro que ele não iria orar, por exemplo, à
“Diana dos efésios”, a “grande deusa” romana que representava a lua, os campos
e os bosques cujo centro principal de sua adoração estava em Éfeso, onde havia
um templo dedicado a ela (Veja Atos 19).
2) Porém, há que se destacar que Paulo ora a
Deus, referindo-se a Ele como “Pai” – de nosso Senhor Jesus Cristo e também
nosso: daqueles que fazem parte de sua família.
3) “Pai”, no oriente, não era só um termo de
intimidade. “No Oriente, o pai é o governante da família, aquele a quem
todas as questões importantes são relatadas, e a quem se espera que os filhos
(sem importar a idade) prestem deferência e obediência. Quando os judeus
falavam de Deus como Pai, eles queriam com isso dizer que Ele governa o mundo e
que este lhe deve a sua obediência” (Comentário Bíblico Vida Nova)
4) Mas, apesar de não ser “só”, é “também” um
termo de intimidade. Deus é alguém a quem podemos nos achegar, com quem podemos
falar e a quem podemos pedir – tudo isso, obviamente, de forma respeitosa,
reverente.
5) E “Pai” é também um termo que nos remete à
ideia de “ser parecido”. Um filho se parece, geneticamente, com o pai. Por isso
lemos em 1 João 3.9 que “todo aquele que é nascido de Deus não vive na
prática do pecado, porque o que permanece nele é a divina semente; ora,
esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”. E em Efésios 5.1
somos orientados a sermos “imitadores de Deus, como filhos amados”.
6) Então, o Deus a quem Paulo ora é o “Pai”. De
Jesus e nosso. Somos todos da família de Deus. Judeus e gentios foram unidos em
uma mesma família. E todos então devemos-Lhe respeito, obediência, e todos
podemos e devemos nos aproximar Dele com intimidade, e todos devemos procurar
ser parecidos com ELE – não com o mundo ou com as personalidades desse mundo.
De onde vem o recurso que Paulo pede
1) Vem
da “riqueza da Sua glória” – uma fonte onde tem tudo, absolutamente tudo o que
precisamos e em quantidade inexaurível!
2) Por
isso, somos soberbamente orientados na palavra de Deus a não ficarmos ansiosos
por nada.
a) Em
Efésios 4.6 lemos: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graças.” Na
versão de Eugene Peterson: “Não se aflijam nem se preocupem. Em vez de se
preocupar, orem...”.
b) Em
Mateus 6 somos orientados por Jesus a não andarmos inquietos quanto ao que
haveremos de comer, beber ou vestir. O que precisamos fazer? Precisamos buscar
em primeiro lugar o reino e a justiça de Deus, e essas coisas nos serão
acrescentadas – na “riqueza da glória de Deus tem”.
3) Por
isso diz-se de George Mueller que ele alimentou mais de 10.000 órfãos com
oração. “Ele orou por milhões de dólares (na moeda atual) para os órfãos e
nunca pediu dinheiro diretamente a ninguém. Ele nunca recebeu um salário nos
últimos sessenta e oito anos de seu ministério, mas confiou em Deus para
colocar no coração das pessoas que lhe enviassem o que ele precisava. Ele nunca
pegou um empréstimo ou se endividou. E nem ele nem os órfãos passaram fome. Ele
fez tudo isso enquanto pregava três vezes por semana de 1830 a 1898, pelo menos
dez mil vezes”. (segundo artigo no site da editora Fiel). George Mueller
fazia seu trabalho e orava, às vezes simplesmente dizendo para Deus: “não há
pão”, para daí a pouco haver pão. Por que? Porque na “riqueza da glória de
Deus” tem; o recurso é infinito.
4) Por
isso a igreja não precisa de recursos que venham de meios “escusos”; por isso a
igreja não precisa de recursos que venham de barganhas políticas; por isso a
igreja não precisa de recursos que venham de promoção de bingos, rifas e coisas
parecidas com essas. Porque a “riqueza da glória de Deus” é infinita. Deus
abençoa os irmãos e os irmãos abençoam a igreja.
5) Por
isso os irmãos não precisam ficar temerosos quando ao que comer ou ao que beber
ou vestir; por isso os irmãos não precisam ficar temerosos de “dar a Deus”
imaginando que vai faltar na sua casa. Porque a “riqueza da glória de Deus” é
grande.
6) É
da “Riqueza da glória de Deus” que vem os recursos, todos os recursos,
materiais e espirituais.
7) E
aqui o que Paulo pede é recurso não material.
8) Vamos
ver:
O que Paulo pede
1) Já
vimos nesta carta uma oração de Paulo por aqueles crentes, onde ele pede por
sabedoria, revelação, por um conhecimento preciso e correto de Deus, para que
eles soubessem qual era a esperança de sua vocação, para que eles conhecessem a
riqueza de Deus e para que eles conhecessem a sobre-excelente grandeza do poder
de Deus.
2) Consideramos
essa oração como um modelo inspirado de intercessão.
3) Agora,
mais uma vez Paulo ora por eles, e o que ele pede?
4) Segundo
Warren Wiersbe, Paulo pede 4 coisas: força (poder), profundidade, compreensão e
plenitude. Vejamos cada pedido em separado:
Paulo
pede força – poder do Espírito (v. 16) – que eles sejam “corroborados (isto
é, fortalecidos) com poder pelo Seu Espírito no homem interior”.
1) Não
apenas a presença do Espírito, mas a manifestação do Seu poder.
2) A
presença do Espírito Santo na vida do cristão dá testemunho de sua salvação. É
isso que lemos em Romanos 8.16: “O mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”. Na versão de Eugene Peterson: “O Espírito
de Deus entra em contato com o nosso espírito e confirma a nossa identidade”.
3) Mas
o “dunamis” (poder) do Espírito, que Paulo pede, dá a capacitação
necessária para viver a vida cristã.
a) Por
exemplo, em Atos 1.8 Jesus diz aos seus discípulos que eles receberiam poder ao
descer sobre Eles o Espírito Santo, e então seriam suas testemunhas tanto em
Jerusalém quanto em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra.
b) Uma
das últimas palavras de Jesus aos seus discípulos foi: “Assim está escrito,
e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos
mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados,
em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós
testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na
cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os
fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se
apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande
júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a
Deus. Amém!” (Lucas 24:46-53 RC).
É
como se Jesus estivesse dizendo: “Olha, daqui pra frente é com vocês. O
arrependimento e a remissão dos pecados precisam ser pregados em todas as
nações, começando por Jerusalém. Mas esperem em Jerusalém até que do alto sejais
revestidos de poder.”
Ora,
todos sabemos do que Jesus estava falando. E eles ficaram em Jerusalém, sempre
no templo louvando e bendizendo a Deus, mas esperando o prometido revestimento
do poder do Espírito Santo. E quando ele veio a gente sabe o que aconteceu.
c) O
próprio Jesus realizou seu ministério terreno no poder do Espírito. Veja:
“Jesus,
cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no
deserto,” (Lucas 4:1 RA)
“Então,
Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia, e a sua fama correu por
toda a circunvizinhança.” (Lucas 4:14 RA)
“...
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus
era com ele;” (Atos 10:38 RA)
d) Qual
é a solução para não sermos dominados pela carnalidade? O apóstolo Paulo
responde em Gálatas 5.16: “Andai em Espírito e não cumprireis as
concupiscências da carne”.
e) Para
que as pessoas se convertam não basta nós pregarmos, ainda que com grande
demonstração de conhecimento; é necessário poder do Espírito Santo, porque é
Ele quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.
Paulo
pede profundidade (v.17)
1) Segundo
Wiersbe há três imagens ocultas em três verbos no vero 17 que transmitem o
conceito de profundidade. São eles: “habitar”, “arraigar” e “alicerçar”
a) O
verbo “habitar” significa “fazer morada e sentir-se em casa”.
Então,
quando Paulo ora para que “Cristo habite no vosso coração”, ele está pedindo
para que Cristo faça morada na vida deles e se sinta realmente em casa.
Mas
Cristo já não habitava neles? Paulo se dirigiu a eles como “santos e fiéis
em Cristo Jesus” no início da carta, então Cristo já habitava neles.
Porém,
Paulo pedia por uma experiência mais profunda para eles. Seu desejo não era que
Cristo apenas habitasse, mas que se sentisse realmente em casa, indicando uma
comunhão cada vez mais íntima e não um relacionamento superficial.
b) O
verbo “arraigar”, proveniente da botânica, também nos transmite o
conceito de profundidade. O Cristãos deve estar “arraigado” ou “enraizado” em
Cristo, para estar firme e se nutrido por ele. E quanto mais profundamente
arraigado, mais firme e mais bem nutrido.
c) E
o verbo “alicerçar” é um verbo que nos remete à construção civil. Uma obra
precisa estar construída sobre um fundamento, um alicerce. E quanto maior e mais
alta for a obra mais profundo deve ser o alicerce.
Paulo
pede compreensão (v. 18, 19a)
1) O
que eles devem compreender?
2) O
amor de Deus em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.
3) O
Dr. Russel Shedd tem um pensamento interessante acerca desse texto. Ele sugere
que Paulo ora para que compreendamos “as quatro dimensões do evangelho”
(lembrando que o evangelho é a mensagem do Cristo crucificado, e, portanto,
manifestação do amor de Deus).
a) Primeiro
vem a largura. Qual é a largura do evangelho? Segundo o Dr. Russel
Shedd, em Apocalipse 5 e 7 encontramos a largura do evangelho; ele é largo o
suficiente para caber pessoas de todas as tribos, língua, povo e nação. Abrange
a todos indistintamente.
b) Depois
vem o comprimento. Segundo sugestão do Dr. Shedd, o comprimento tem a
ver com o “tempo”, significando que a operação poderosa e salvadora de Deus
está em operação desde logo após a queda no Éden e vai perdurar até o último
cristão a se converter no instante em que Cristo voltar.
c) Depois
vem a altura. E por altura podemos entender que estendeu-se até ao Céu para trazer o Filho
Amado esvaziado de Sua Majestade. Assim lemos em Filipenses 2.6-8, lemos acerca de Jesus: “... sendo em
forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si
mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2:6-8 RC)
d) E,
finalmente, vem a profundidade. A profundidade diz respeito ao sofrimento
que Jesus suportou para expiar nossos pecados. Em 1 Pedro 2.24 lemos que “ele levou em seu corpo os nossos pecados
sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a
justiça; e pelas suas feridas fomos sarados”. Mas a profundidade diz
respeito também ao fato de que a salvação oferecida por Deus em Cristo chega
até aos piores pecadores. Não nenhum pecador ou rebelde que não possa ser
incluído. Em João 3.16 encontramos que a salvação é para todo o que crer – O
amor de Deus alcança a todo o que crê em Cristo. Na Bíblia encontramos vários
bons exemplos:
§ Atos 7.58-8.3; 9.1-22 – Saulo: perseguidor
dos cristãos. Saulo: convertido, salvo, pregador do Evangelho.
§ Mateus 26.69-75; Marcos 16.6-7; João 21.15-17
– Pedro: negando a Jesus, mas sendo restaurado.
§ Lucas 15.11-24 – O filho que se perdeu, mas
foi achado.
§ Lucas 19.1-10 – Zaqueu, o publicano (e
ladrão) que se converteu e foi salvo.
§ Lucas 7.36-50 – A pecadora que foi salva por
Jesus.
Paulo
pede plenitude de Deus (v. 19b)
1) Estar
pleno é estar cheio.
2) Só
esse pedido de Paulo já é “material” para muita reflexão.
3) O
que significa estar pleno de Deus?
4) Não
sei se podemos compreender tudo o que está envolvido em estar pleno de Deus.
Mas alguma consideração podemos fazer, e uma delas é que se estamos plenos de
Deus, então todo o nosso ser está sob Seu controle. Não é isso que Paulo disse?
Em Gálatas 2.20 ele escreveu: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé
do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
5) Mente,
coração, língua, mãos, pés... todo o nosso ser, controlado por Ele.
a) Mente:
§ Vou
pensar que o reino de Deus vem em primeiro lugar;
§ Vou
pensar que ser grande é ser servo;
§ Vou
pensar que não é só de pão que vive o homem;
§ Vou
pensar em “ir e pregar o evangelho”, porque ainda há muitos “filhos pródigos”,
muitos “zaqueus”, muitas “mulheres samaritanas”, muitos “endemoninhados
gadarenos”, muitos “Nicodemos”... muita gente precisando da salvação que só
Ele, Cristo, tem para oferecer;
§ Vou
pensar nas coisas que são de cima – “Pensai nas coisas que são de cima e
não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida
está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3:2-3 RC);
§ Vou
pensar em coisas em que há virtude e louvor – “Quanto ao mais, irmãos, tudo o
que é verdadeiro, tudo o que [é] honesto, tudo o que [é] justo, tudo o que [é]
puro, tudo o que [é] amável, tudo o que [é] de boa fama, se [há] alguma
virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.8);
b) Coração:
§ Vou
amar a Deus acima de todas as coisas, ao meu próximo como a mim mesmo e até aos
meus inimigos;
§ Vou
ter compaixão das pessoas;
c) Língua:
§ Minha
língua vai ser usada para falar o que edifica
d) Mãos:
§ Minhas
mãos serão mantidas limpas e apresentadas para o serviço do Senhor
e) Pés:
§ Meus
pés percorrerão o caminho proposto por Deus.
f) Tudo,
absolutamente tudo o que sou e tudo o que tenho, é consagrado ao Senhor se
estou pleno dele.
III.
O “MISTÉRIO” QUE JÁ NÃO É MAIS MISTÉRIO –
NOSSO PRIVILÉGIO EM CRISTO – A GRAÇA DA SALVAÇÃO É PARA NÓS (GENTIOS) TAMBÉM
1.
Paulo já
vinha falando sobre isso desde o início da carta – os gentios e judeus são
unidos por Deus mediante a cruz de Cristo – unidos em um só corpo: o corpo de
Cristo, e, portanto, unidos ao próprio Cristo. (Acho que eu deveria ouvir um
“Amém! Glória a Deus!” agora, já que todos somos gentios (falo à PIB Muqui)
a.
A
dispensação da graça de Deus nos alcançou – Ao dizer isso nossa mente se volta
para o capítulo 2:
i. Estávamos mortos em nossas ofensas e pecados;
ii. andávamos segundo o curso deste mundo;
iii. andávamos segundo o príncipe das potestades
do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência;
iv. vivíamos fazendo a vontade da carne e dos
nossos próprios pensamentos;
v. e éramos, então, por natureza, filhos da ira.
Mas Deus... que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito
amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas,
vi. Nos vivificou juntamente com Cristo;
vii. Nos ressuscitou juntamente com ele;
viii. Nos fez assentar nos lugares celestiais em
Cristo Jesus;
ix. Para mostrar, nos séculos vindouros, as
abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo
Jesus (como se não bastasse todas as bênçãos que já recebemos... ).
b.
Nos
tornamos coerdeiros (v. 6)
i. Veja Gálatas 3.26-28 – Descendência de Abraão
e herdeiros conforme a promessa. Coerdeiros das riquezas espirituais que Deus
lhes deu em função de sua aliança com Abraão. Em Cristo não há qualquer
vantagem ou desvantagem em ser judeu ou gentio, pois participamos juntos das
riquezas de Cristo.
ii. Veja também Gálatas 4.1-7 – Não mais
simplesmente servos, mas filhos, e, como filhos, herdeiros.
iii. Mas é interessante também lermos João 1.11-13
associado a Romanos 8.14-17, para vermos que somos coerdeiros não apenas dos
judeus no que concerne às promessas feitas a Abraão, mas coerdeiros do próprio Cristo.
c.
Fomos “co
incorporados” (de um mesmo corpo – v. 6) – Quantos “corpos de Cristo” há?
Somente um. Aqui mesmo em Efésios, no capítulo 4, versículo 4, Paulo faz essa
afirmação. E todos quantos estamos em Cristo, sem importar se somos judeus ou
gentios, “bárbaros, citas, servos ou livres”, ricos ou pobres, negros ou
brancos, intelectuais ou analfabetos, jovens ou idosos, saudáveis ou enfermos
fisicamente ... fazemos parte desse mesmo corpo. E isso diz muito. Por exemplo:
i. Nos remete a Cristo como o cabeça – Se tem
corpo tem que ter cabeça; e quem é “a” ou “o” cabeça? Com certeza não é o papa;
e também não foi e nem é Paulo ou Pedro ou Tiago ou qualquer um dos apóstolos.
Cristo é o cabeça. É claro que sei que os irmãos sabem disso, e nem vou citar os
textos que isso afirmam, mas “toco no assunto” pra nos lembrar que devemos
obediência a Cristo; Se ele é o cabeça, então ele é quem guia (ou deve guiar).
E guiar não apenas o corpo como um todo, o corpo como uma “unidade orgânica”,
mas guiar cada membro em particular. E isso deve nos levar a pensar em duas
questões importantes:
Primeira questão: quem é que tem guiado a igreja (a “nossa” igreja)? Refletindo sobre
isso, eu penso que a gente tem se esforçado para que seja Jesus; mas ao mesmo
tempo eu penso que, além de nos pautarmos pela bíblia, para ser Jesus o guia da
igreja, ainda precisamos crescer muito na oração. Eu sou o pastor da igreja e,
obviamente, tenho uma responsabilidade bem grande nessa parte, mas quando falo
de oração pra Jesus guiar a igreja, não falo apenas de orações individuais, mas
também, e principalmente, das nossas orações em conjunto. Precisávamos estar
mais unidos em oração; precisávamos nos reunir para orar especificamente por
direção diante de algumas tomadas de decisão e direcionamentos. Imaginem os
irmãos a bênção que receberíamos; se já somos extremamente abençoados sendo
falhos nessa questão, imagina se consertarmos a falha. Por exemplo, queremos
plantar uma igreja em São Gabriel, e sei que temos orado sobre isso, e sei que
até alguma coisa temos feito – temos um culto lá às quintas-feiras, já tivemos
oportunidade de fazer culto na praça, já fizemos evangelismo percorrendo
praticamente toda a localidade, e agora recente fizemos uma investida
evangelística; mas não poderíamos ser mais “ousados”? Ousados em tudo, e
principalmente na oração pedindo a direção de Jesus sobre o que fazer e como
fazer; pedindo que Jesus não nos deixe operar na força da carne, e sim no poder
do Espírito... Quem é que tem guiado a igreja? O quanto oramos juntos pra
entendermos a vontade e o direcionamento de Jesus para a igreja, para que Jesus
nos guie?
Segunda questão: quem é que tem guiado você (a mim)? Se você faz parte desse “corpo” que
é a igreja, se você é um “membro” desse corpo não simplesmente porque um dia
foi mergulhado naquele batistério, mas porque foi de fato, verdadeiramente,
alcançado pela graça salvadora do Senhor Jesus, então quem é que tem guiado a
sua vida? Quem é que tem guiado você como membro do corpo de Cristo?
Depois que escrevi isso me veio à mente uma
pergunta: será que existe alguma doença que faz com que algum membro do corpo
humano não responda ao comando do cérebro? Bem, eu não sei – respondi para mim
mesmo – mas conheço alguém que sabe: o google. Então perguntei pro google. E
não é que tem? Chama-se “distonia”. É um distúrbio neurológico dos movimentos
que faz o indivíduo sofrer com contrações musculares involuntárias anormais que
podem interferir às vezes nas funções cotidianas como caminhar, dormir, comer,
falar... (Link: Informações sobre a Distonia, Distúrbio Neurológico
dos Movimentos (medtronic.com) )
Daí fiquei pensando que espiritualmente
também existe distonia. Estou falando de distonia e não espasmo passageiro. O espasmo
passageiro pode ser comparado ao afastamento da vontade de Deus como uma queda,
um “deslize”, do qual a gente logo se recupera confessando e pedindo perdão
porque esse não é o nosso modo de viver. Por exemplo: você se descuida e, por
alguma razão, fala uma mentira, mas logo cai em si, confessa e pede perdão; é
um “espasmo”; pecado, mas “espasmo”. Já por distonia quero dizer aquele
afastamento da vontade de Deus que já se tornou o nosso “viver normal”. Por
exemplo: se você normalmente fala mentira, então é “distonia”. Estão entendendo
o que estou querendo dizer com estas “figuras”? Agora, eu acho que a distonia
física é um acontecimento raro, enquanto que, infelizmente, a distonia
espiritual talvez seja bem mais comum. Cada um pese a si mesmo: eu, como membro
do corpo de Cristo, cuja cabeça é Cristo, me “movimento”, “ando”, “vivo”
seguindo o comando da cabeça do corpo do qual faço parte ou pela minha própria
cabeça?
Nós podemos até “testar a nós mesmos”. É só
abrir a bíblia, ler, e quando nos depararmos com alguma coisa que ela nos manda
fazer ou deixar de fazer, nos perguntar: “o que eu penso disso? E como procedo normalmente
(costumeiramente) em relação a isso?” Daí vamos saber se temos “distonia
espiritual”. E se tivermos é bom tratar logo.
Vamos a alguns exemplos. Abra aí sua bíblia e
se faça as perguntas sugeridas acima: Lucas 18.1; Mateus 5.43 e 44; Mateus
6.33; Hebreus 10.24 e 25...
ii. Nos transmite a mensagem de que cada membro
deve dar sua contribuição – É um pensamento óbvio. Num time de futebol é assim;
num clube é assim; numa associação é assim... no corpo humano é assim. E por
que na igreja deveria ser diferente? E também está na bíblia.
Veja Romanos 12.4-8
A parábola dos talentos também, em Mateus 25,
nos leva a esse entendimento.
iii. E nos transmite a mensagem de que se
reconhecemos que uma pessoa que tenha se afastado um pouco da “direção” em que
o corpo vai é crente de verdade, faz parte do corpo, apesar de seu temporário
“afastamento”, nossa obrigação é fazer o possível para trazê-la de volta ao
caminho; “dar chances”; “correr risco”. Não me entendam mal; não estou dizendo
que não deva haver disciplina; mas uma disciplina que vise traze-los de volta
ao caminho, e quando percebemos um mínimo esforço por voltar ao caminho, aí
então precisamos “segurar na mão”, “dar chances”, “correr riscos”, “correr em
direção a”, assim como o pai do pródigo fez quando viu o filho voltando – o
filho ainda estava longe, voltando mas ainda longe, e o pai correu em sua
direção e assim encurtou a distância. Nós devemos “encurtar a distância” e não
alongar mais, e isso ás vezes é arriscado, põe a igreja em risco; mas se a
igreja não estiver disposta a correr risco, então ela já pode ser arrebatada,
não tem mais o que fazer aqui no mundo.
d.
Nos
tornamos coparticipantes (v. 6)
i. Veja em 2.11 e 12 a nossa situação anterior.
ii. Mas agora somos coparticipantes,
participantes “em pé de igualdade”, sobre a mesma base. Coparticipantes da promessa em Cristo pelo evangelho.
IV.
O QUE ESTAMOS NÓS FAZENDO?
FONTES DE CONSULTA:
“Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida
Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991
Comentário Bíblico Vida Nova
Comentário Bíblico Expositivo de Warren W. Wiersbe
DBA – Dicionário Bíblico Almeida em A Bíblia Online
3.0
https://ministeriofiel.com.br/artigos/ele-alimentou-dez-mil-orfaos-com-oracao-george-muller/
Informações
sobre a Distonia, Distúrbio Neurológico dos Movimentos (medtronic.com)
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