sábado, 18 de fevereiro de 2023

Exposição de Efésios - estudo 2 de 9 - UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO - PELO QUE ORAR A DEUS

 

UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR A DEUS

 

01. Este é o segundo estudo que estamos fazendo, nessa intenção de expor brevemente essa carta do Apóstolo Paulo aos Efésios.

02. No primeiro estudo, com base em 1:1-14, vimos:

a.    Tema: Razões Para Louvar a Deus.

b.    O autor da carta: Paulo, apóstolo de Jesus Cristo. Apóstolo no sentido de ser aquele que foi comissionado não apenas como missionário que leva uma mensagem; não apenas como um embaixador que tem sua carta selada para entregar a um rei de outro país; mas como procurador que substitui aquele que o mandou e que pode tomar iniciativas. Nesse sentido não existem mais apóstolos hoje; em outros sentidos pessoas até podem se denominar ou serem denominados apóstolos, mas não nesse.

c.    Os destinatários: os santos e fiéis em Cristo Jesus, isto é, aqueles que foram separados para pertencerem exclusivamente a Deus e que se identificaram com Cristo e continuam se identificando, permanentemente, se tornando cada dia mais semelhantes a ele.

d.    E, já que nosso tema foi Razões Para Louvar a Deus, vimos sobre as bênçãos que motivam o nosso louvor:

                                  i.    Fomos, por Deus, o Pai, escolhidos, adotados e feitos, em Cristo, agradáveis a si.

                                ii.    Fomos, por Deus, o Filho, redimidos e perdoados, feitos conhecedores do seu plano maravilhoso para o nosso futuro, de maneira que não precisamos ficar temerosos quando o mundo parece cada vez mais despencar para um caos total, e fomos feitos herança (temos herança porque somos coerdeiros com Cristo, e somos a herança de Cristo, aqueles a quem o Pai deu ao Filho)

                               iii.    Fomos, por Deus, o Espírito Santo, selados e garantidos de que a obra em nós iniciada será concluída e no devido tempo seremos conduzidos à glória.

 

03. Hoje veremos sobre UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR A DEUS.

04. Comecemos pela leitura do texto: 1:15-23:

 

“15 ¶ Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e a vossa caridade para com todos os santos, 16  não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17  para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18  tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19  e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20  que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21  acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22  E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23  que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.” (Efésios 1:15-23 RC)

 

05. Paulo foi, sem dúvida, um homem de oração.

06. Com quem ele aprendeu?

07. Como bom religioso da religião judaica, fariseu, certamente que ele sabia como orar. Mas orar mesmo, de verdade, “no modelo cristão”, talvez ele tenha sido treinado por Cristo, através de Seu Espírito, no deserto de Damasco, onde ele passou vários anos; ou, então, nas limitações do seu ministério em Tarso, durante ainda mais vários anos, antes de entrar no trabalho ativo em Antioquia e depois fazer suas viagens missionárias.[1]

08. Nas palavras do Dr. Russel Shedd: “Deus fez uma coisa maravilhosa com Paulo. Ele o separou para aprender Dele, naquelas ocasiões que duraram tanto tempo. Um seminário sem mestres humanos! Só então iniciou o seu ministério; e depois Deus o separou, de novo, para um ministério de oração, numa prisão”.

09. Será que nós não precisamos de uma situação assim para também aprendermos a orar de verdade? Mas é bem melhor nos esforçarmos por aprender sem necessitar de desertos e prisões ou extrema perseguição para nos ajudar.

10. Verdade é que oramos pouco, muito pouco. Mesmo passando por uma pandemia como a que estamos passando, oramos pouco. Nossos irmãos do passado, especialmente em tempos dificultosos, passavam horas e horas em oração; horas essas que lhes pareciam minutos apenas, enquanto nós passamos minutos que nos parecem horas. Temos que tratar disso, desse “defeito” em nós – eu tenho que tratar desse defeito em mim.

11. Paulo estava na prisão em Roma quando escreveu essa carta, e lá na prisão em Roma, sem oportunidade de sair para pregar às multidões e abrir novos trabalhos, teve novamente tempo para se concentrar em oração. Ele disse (v.16) aí na carta que não cessava de dar graças pelos crentes de Éfeso, fazendo sempre menção deles em suas orações. “Não cesso”, disse Paulo. Cessar logo de orar por algo ou por alguém é um problema nosso, mas não era de Paulo.

12. E na sua oração incessante Paulo nos diz “pelo que ele orava” por eles, de forma que temos aí algumas boas razões pelo que orarmos uns pelos outros. No estudo anterior vimos sobre razões para louvar a Deus, e nesse vamos ver sobre “pelo que” orar a Deus em favor de nossos irmãos e irmãs em Cristo e em nosso próprio favor – “UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO – PELO QUE ORAR”.

13. Obviamente podemos orar e oramos por muitas coisas, mas os pedidos mais essenciais talvez não precisem ser muitos, e talvez por isso Paulo fala aqui sobre dois essenciais: o Espírito de sabedoria e o Espírito de revelação. Que os “olhos” do nosso coração sejam abertos pelo Espírito de Deus. Mas também faz parte da oração o “para que”. Que Deus nos dê o Espírito de sabedoria e revelação, que sejam abertos os olhos do nosso coração, mas “para que”? Vamos ver:

 

I.     Sabedoria

 

01. Sabedoria; o que vem a ser?

02. Bem, muito se pode dizer sobre esse assunto. Consulte um dicionário comum, por exemplo, e você vai encontrar definições de sabedoria sob várias óticas. Mas nosso interesse é a sabedoria sob a ótica espiritual cristã bíblica.

03.  Segundo o Dr. Russel Shedd, no Velho Testamento, sabedoria significa olhar para a vida com os olhos de Deus e perceber o que Ele está fazendo, para então envolvermo-nos nisso.

04. No livro de provérbios, por exemplo, os conselhos sábios tratam de diversos assuntos, como:

a.    O dinheiro – como gastá-lo como Deus quer;

b.    O casamento – o planejamento da vida familiar e a educação dos filhos de acordo com a vontade de Deus;

c.    E também saber cultuar a Deus.

05. O Antigo Testamento está cheio de fórmulas, indicações e mandamentos, e todos eles são um apanhado da sabedoria de Deus.

06. Obviamente isso ainda é válido hoje; ainda hoje precisamos olhar para a vida com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo, e envolvermo-nos nisso.

07. Mas no Novo Testamento, também segundo o Dr. Russel Shedd, encontramos uma nova dimensão. Em 1 Coríntios 1.22-24, Paulo escreve que “os judeus pedem sinais, e os gregos buscam sabedoria (filosófica, científica – a sabedoria da universidade); mas nós pregamos a Cristo Crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos; mas para os que foram chamados, sejam judeus ou gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”.

08. E quando chegamos em 1 Coríntios 2.2, encontramos Paulo, então, dizendo: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.

09. Sabedoria verdadeira é aquela que é imersa no significado da cruz: saber realmente amar até ao ponto de sacrificar-se. Amar a Deus primeiramente e acima de todas as coisas, e depois ao nosso próximo como a nós mesmos.

10. Amar a Deus acima de todas as coisas significa, falando de forma bem simples, “preferi-lo”, e essa é a sabedoria.

a.    Entre Deus e toda a riqueza do mundo, qual você prefere? (uma coisa ou outra)

b.    Entre Deus e todo o prazer que o mundo possa lhe oferecer, o que você prefere?

11.  Essas são perguntas bem radicais para as quais nós, crentes, respondemos que “é óbvio que preferimos a Deus”, e se uma escolha assim, em algum momento, nos fosse apresentada de forma bem palpável, é bem possível que escolhêssemos mesmo a Deus.

12. Mas se assim o é, porque muitas vezes na vida escolhemos coisas que Deus reprova ao invés de obedecê-lo?

a.    Por medo, por falta de vontade, por estar acomodado, ou por alguma outra razão parecida, nunca saio para evangelizar ninguém – será que é essa a vontade de Deus? Se não, porque então, na prática, eu estou preferindo isso?

b.    A igreja, que somos nós, por mais defeitos que tenha, é e continuará sendo a noiva de Cristo; e na Bíblia aprendemos que não devemos deixar de nos reunir como tal; mas eu, na prática, por alguma razão, pareço não dar valor e, sem motivo algum realmente justificável, mais estou ausente do que presente na vida da igreja – será que essa é a vontade de Deus? Certamente que não; mas eu, que sou capaz de dizer que prefiro a Deus do que toda a riqueza e todo o prazer que o mundo possa me oferecer, cometo muito facilmente essa falta.

c.    Escolhi esconder meus talentos e não os usar na expansão do reino de Deus – Será que é essa a vontade de Deus?

d.    Escolhi não amar e nem perdoar determinados tipos de pessoas – será que é essa a vontade de Deus?

e.    E o que mais? Há muitas coisas que estamos, na prática, às vezes até sem nos darmos conta, fazendo diferente do que é orientado por Deus em sua Palavra. Isso não é amar a Deus, isso não é preferi-lo acima de todas as coisas; isso é preferir a nós mesmos e aos nossos “achismos”.

13. Então essa é uma boa oração. Oremos para que Deus nos dê o espírito de sabedoria – esta sabedoria que nos faz olhar o mundo com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo e nos envolvermos; essa sabedoria que nos faz preferi-lo e obedecê-lo, nos “maiores” e nos “menores” desafios; desde nas coisas mais vultuosas até nas mais corriqueiras da vida.[2]

 

II.    Revelação

 

01. Que revelação? Será que Paulo está falando de alguma revelação nova, à parte das Escrituras? Certamente que não. Ele não está falando que os crentes devem sair em busca outra fonte de conhecimento da vontade de Deus além das Escrituras.

02. Então, o que pode ser essa revelação?

03. Revelação é visão correta de todas as coisas, não apenas deste mundo, que está desaparecendo e não vai durar muito, segundo Paulo em 1 Coríntios 7.31. Veja lá que texto interessante, a partir do verso 29 – “a aparência deste mundo passa” significa que “este mundo, como está agora, não vai durar muito”. Então, orem para que tenham uma visão não apenas deste mundo, mas visão dos valores como eles são traduzidos no céu – visão daquilo que tem valor no céu.

04. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, por exemplo, como orientou Jesus, tem valor no céu, e até faz com que “estas coisas” (as que precisamos na terra) nos sejam acrescentadas. Jesus já ensinou isso, mas, mesmo assim precisamos que nos sejam reveladas verdades invisíveis para que vejamos que vale a pena investir num mundo além, atentando para aquele mistério de Deus que vê o fim e não apenas os passos difíceis de agora. A revelação que o Espírito dá abre-nos a visão. Os passos agora são difíceis, mas a revelação que Deus nos dá abre nossa visão para além dos passos de agora.

05. Boa oração de Paulo pelos Efésios. Boa oração para fazermos. Que nos sejam reveladas as realidades espirituais; que a nossa visão não fique concentrada neste mundo que está passando, naquilo que neste mundo tem valor, mas naquilo que tem valor no céu. Aos Colossenses Paulo escreveu: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (3.1-3)

06. Então, oremos para que Deus nos dê esse espírito de sabedoria e de revelação.

07. Para que? É o que vamos pensar daqui por diante, na sequência deste estudo.    

 

III.  Para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus (epignosis) – v. 17

 

01. Como bem se expressou Wiersbe, a ignorância intencional de Deus conduziu a humanidade à corrupção e à condenação.

02. Leia Romanos 1.18-32. Aí Paulo descreve os estágios da degeneração humana:

a.    Ignorar a Deus deliberadamente;

b.    Dedicar-se à idolatria;

c.    E, por fim, se entregar à imoralidade e à indecência.

03. Onde tudo isso começa? Na recusa em conhecer a Deus como Criador, Sustentador, Governante, Salvador e Juiz.

04. O cristão deve crescer no conhecimento de Deus. A salvação é o conhecimento pessoal de Deus (João 17.3). A santificação é o conhecimento crescente de Deus (Fp. 3.10). A glorificação é o conhecimento perfeito de Deus (1 Co. 13.9-12). Uma vez que fomos criados à imagem de Deus, quanto melhor O conhecermos, melhor conheceremos a nós mesmos e uns aos outros. Não basta conhecer a Deus somente como Salvador. Devemos conhece-Lo como Pai, Amigo e Guia, e, quanto melhor o conhecermos, mais gratificante será nossa vida espiritual.[3]

05. Então, espírito de sabedoria e de revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus. Mas também:

 

IV. Para que saibamos qual seja a esperança da nossa vocação – v. 18

 

01. O termo vocação (chamado ou chamamento) é de grande importância para o vocabulário cristão. A palavra igreja é uma combinação de dois termos gregos que significam “chamados para fora”. Paulo não se cansava de testemunhar que Deus o havia chamado “pela Sua graça” (Gl. 1.15); e lembrou a Timóteo que o cristão possui uma “santa vocação [chamado]” (2 Tim. 1.9). Fomos chamados “das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9), e até mesmo chamados “à Sua eterna glória” (1 Pedro 5.10). A vocação ou chamamento de Deus se dá por causa de Sua graça e não de algum mérito que porventura tenhamos.[4]

02. Paulo deseja que nos conscientizemos da esperança que possuímos em virtude desse chamamento (Ef. 4.4). Alguns chamamentos não oferecem esperança alguma, mas o nosso chamamento em Cristo nos garante um futuro maravilhoso. É importante lembrar sempre que, na bíblia, o termo esperança não significa “espero que isso aconteça”, como uma criança que espera ganhar uma bicicleta no natal. Esse termo bíblico implica “certeza quanto ao futuro”. O cristão espera, evidentemente, pela volta de Jesus Cristo para buscar sua igreja (1 Ts. 4.13-18; 1 Jo. 3.1-3). Quando estávamos perdidos “não tínhamos esperança” (efésios 2.12); mas em Jesus temos uma “viva esperança” (1 Pe. 1.3) que nos dá ânimo a cada dia.[5]

03. Quando uma pessoa tem tudo na vida: riquezas, boa família, amigos, saúde... é fácil nós nos perguntarmos, quando vamos evangelizar essa pessoa, sobre que boas novas temos a anunciar a alguém assim.

04. Mas temos!

05. Éfeso era uma cidade rica. Abrigava o templo de Diana, uma das maravilhas do mundo antigo. Hoje, apesar de ser um paraíso arqueológico, perdeu sua riqueza e esplendor. Mas neste exato momento, os cristãos que viveram em Éfeso estão no céu, desfrutando a glória de Deus![6]

06. A esperança referente a nossa vocação (chamado) deve ser uma força dinâmica em nossa vida, estimulando-nos a ser puros (1 João 2.28-3.3), obedientes (Hb. 13.17) e fiéis (Lc. 12.42-48). O fato de que, um dia, veremos a Cristo e seremos como ele deve nos motivar a viver como Cristo hoje.[7]

07. Então, espírito de sabedoria e de revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus e para que saibamos qual seja a esperança de nossa vocação. Mas, ainda:

 

V.   Para conhecermos as riquezas de Deus – v. 18

 

01. Veja bem: as riquezas DE DEUS. “As riquezas da glória da SUA HERANÇA NOS SANTOS”.

02. Entre os estudiosos há uma pequena diferença de interpretação desse trecho. Há quem pense que Paulo está falando sobre a riqueza de Deus e que nós somos considerados parte dessa riqueza. Mas também há quem advogue que Paulo pode estar se referindo tanto à herança de Deus quanto à nossa herança, isto é, tanto à herança que Ele recebe, e que somos nós, quanto à herança que nós recebemos dele.

03. Bem, as duas coisas podem ser verdadeiras.

04. Como bem se expressou Hernandes Dias Lopes:

 

O Salmo 16.5 diz que Deus é a nossa herança. Mas, agora, Paulo diz que nós somos a herança de Deus. Aqui não é a herança que Deus outorga, mas a herança que ele recebe. Essa frase não se refere à nossa herança em Cristo (1.11), mas à sua herança em nós. Essa é uma tremenda verdade. Deus olha para nós e vê em nós sua gloriosa riqueza, sua preciosa herança. Jesus verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito (Is 53.11). Paulo expressa, aqui, o desejo de que os crentes compreendam quão preciosos eles são para Deus. Eles são o troféu da graça de Deus. O tesouro deles está em Deus, e, num sentido bem verdadeiro, o tesouro de Deus está nos santos. Paulo ora para que os crentes possam entender o quão preciosos eles são para Deus. Somos a igreja que Deus comprou com o sangue de seu amado Filho (At 20.28). Somos a noiva do Filho de Deus. O Senhor escolheu-nos para sermos a sua porção eterna. Ele nos fez troféus da sua graça e monumentos para a sua glória. Se o chamamento aponta para o passado, a herança aponta para o futuro. Nós somos a riqueza de Deus, o presente de Deus, o tesouro de Deus, a menina dos olhos de Deus. Somos filhos, herdeiros, coerdeiros, santuários, ovelhas e a delícia de Deus.[8]

 

05. Temos riqueza em Deus e somos a riqueza de Deus. Entender bem isso e viver de modo digno disso é preciso. Então oremos para que Deus nos dê o espírito de sabedoria e revelação para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus, para que saibamos qual seja a esperança de nossa vocação e para conhecermos essa riqueza de Deus – a que temos nele e a que somos para Ele. E, por último:

 

VI. Para conhecermos o poder de Deus – v. 19-23

 

01. É muito “poder” aí no texto. Se fôssemos traduzir por “poder” todos os termos gregos que aí estão e que assim podem ser traduzidos, ficaria assim: “Para que saibais... qual a sobre-excelente grandeza do seu poder (dunamis) sobre nós, os que cremos, segundo o poder (energeia) do poder (ischus) do seu poder (kratos)...”

02. Dunamis é o poder para realizar milagres.

03. Energeia é poder no sentido de eficiência. No Novo Testamento usado apenas para poder sobre-humano, seja de Deus ou do diabo. No caso aqui, de Deus.

04. Ischus é poder no sentido de força, habilidade.

05. E kratos é poder no sentido de uma ação poderosa.

06. Então, Deus, em Cristo, realizou sobre nós, os que cremos, um grande milagre, o milagre da salvação; e isso Ele o fez eficazmente porque tem habilidade para realizar essas ações poderosas.

07. Essa manifestação poderosa de Deus foi feita em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à Sua direita nos céus acima de... (continue no texto)

08. Precisamos continuar experimentando a operação desse poder sobre nós, em nós, por nós e através de nós. Esse poder precisa estar presente em “nossa” igreja hoje. Afinal, Cristo é o cabeça da igreja, é o cabeça “dessa” igreja, ou não? Sim! E ele é aquele que supre tudo em todos, inclusive a necessidade de poder. Precisamos “conhecer” esse poder. As pessoas perdidas de nossa cidade precisam que nós conheçamos esse poder e o manifestemos.

09. Nos evangelhos vemos o poder de Deus operando no ministério de Jesus. No livro de Atos vemos o mesmo poder operando em homens e mulheres comuns, membros do corpo de Cristo (assim como nós). Pedro passou por uma transformação extraordinária entre o fim dos evangelhos e o começo de Atos. A que se deveu essa mudança tão radical? Ao poder de Deus sobre ele. É preciso haver “energia”, “combustível” e “poder” em nossas vidas. Paulo orou por isso pelos Efésios. Que seja este também o motivo de nossa oração uns pelos outros e por nós mesmos.  

 

Conclusão

 

01. Então, “pelo que orar a Deus?”.

02. Obviamente podemos orar e oramos por muitas coisas, mas que não esqueçamos de orar incessantemente por esse espírito de sabedoria e revelação.

03. A sabedoria é a sabedoria que nos faz olhar o mundo com os olhos de Deus, perceber o que Ele está fazendo e nos envolvermos; é sabedoria que nos faz preferi-lo e obedecê-lo, nos “maiores” e nos “menores” desafios; desde nas coisas mais vultuosas até nas mais corriqueiras da vida.

04. A revelação é revelação das realidades espirituais para que a nossa visão não fique concentrada neste mundo que está passando, naquilo que neste mundo tem valor, mas naquilo que tem valor no céu; para que busquemos e pensemos nas coisas que são de cima e não nas que são da terra.

05. Pra que?

a.    Para que tenhamos um conhecimento preciso e correto de Deus – Não basta conhecer a Deus somente como Salvador. Devemos conhece-Lo como Pai, Amigo e Guia, e, quanto melhor o conhecermos, mais gratificante será nossa vida espiritual

b.    Para que saibamos qual seja a esperança do nosso chamado – Alguns chamados não oferecem esperança alguma, mas o nosso chamado em Cristo nos garante um futuro maravilhoso. Éfeso era uma cidade rica. Abrigava o templo de Diana, uma das maravilhas do mundo antigo. Hoje, apesar de ser um paraíso arqueológico, perdeu sua riqueza e esplendor. Mas neste exato momento, os cristãos que viveram em Éfeso estão no céu, desfrutando a glória de Deus. E essa esperança referente a nosso chamado deve ser uma força dinâmica em nossa vida, estimulando-nos a ser puros (1 João 2.28-3.3), obedientes (Hb. 13.17) e fiéis (Lc. 12.42-48). O fato de que, um dia, veremos a Cristo e seremos como ele deve nos motivar a viver como Cristo hoje.

c.    Para que conheçamos as riquezas de Deus – Temos riqueza em Deus e somos a riqueza de Deus. Entender bem isso e viver de modo digno disso é preciso.

d.    E para que conheçamos o poder de Deus – Nos evangelhos vemos o poder de Deus operando no ministério de Jesus. No livro de Atos vemos o mesmo poder operando em homens e mulheres comuns, membros do corpo de Cristo (assim como nós). É preciso haver “energia”, “combustível” e “poder” em nossas vidas. Nós precisamos disso, nossos familiares precisam dessa manifestação de poder através de nós, nossa cidade precisa. Lembrando sempre que esse poder não é nosso, mas é o poder de Deus, o poder do Espírito Santo de Deus, o poder da ressurreição de Cristo que opera o grande milagre da salvação.

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

PIB Muqui – março de 2022

 

FONTES: “Tão Grande Salvação” – Russel Shedd – Edições Vida Nova, primeira edição, 1978 – reimpressão de 1991

“Novo Testamento 2 – Comentário Bíblico Expositivo” – Warren W. Wiersbe, 2ª. Edição, 2020 – Geográfica Editora

EFÉSIOS – Igreja, a noiva Gloriosa de Cristo – Hernandes Dias Lopes - Hagnos



[1] Russel Shedd

[2] Olhar o mundo com os olhos de Deus, o que é isso?

Ø  Quero exemplificar pra entendermos bem

o    Exemplo 1 – No mundo existe a igreja do Senhor Jesus. Estou falando de igreja no sentido verdadeiro, o conjunto daqueles que são verdadeiramente crentes e fiéis ao Senhor, haja o que houver, venha o que vier. Crentes que não tiram o pé do caminho do Senhor nem se forem ameaçados de morte terrível, como Estêvão que morreu apedrejado por causa de sua fé em Jesus. O irmão já pensou o que é isso? Uma pedrada já é ruim, imagina morrer sob pedradas. Você faz parte, você é assim. Amém? Essa igreja não pertence ao mundo, mas está no mundo, e tem pensamentos, ensinamentos, direcionamentos em alguns casos muito diferentes do mundo em que ela está. Por exemplo, a questão da sexualidade humana, como a igreja “encara” e como o mundo “encara”? – castidade pré-matrimonial, homossexualidade, bissexualidade, bestialidade, fidelidade, monogamia... Ora, todos sabemos que há uma diferença muito grande de pensamento entre a igreja e o “sistema mundo” sobre essa questão. E muitas vezes essa igreja, fiel aos ensinamentos do Senhor, justamente por essa causa, é olhada, quando olhada com olhos puramente humanos e mundanos, como sendo “algo estranho”, “fora do tempo”; às vezes é odiada e combatida por causa daquilo que apregoa. Se olhar com os olhos do mundo, é assim; mas, e se olhar com os olhos de Deus?

o    Exemplo 2 – Se nós olharmos para os acontecimentos e práticas que são normais no mundo com os “olhos do mundo” e adotarmos a filosofia do “sistema mundo”, em que caminhos vamos colocar os nossos pés? Tem muito “crente” fazendo isso, e é por isso vive na bebedeira, nos bailões da vida, nos carnavais, na libertinagem sexual... . Mas se olharmos com os olhos de Deus, aí as coisas têm que ser diferentes; se entendemos direito, se satanás não cegou o nosso entendimento, então a coisa tem que ser diferente; olhando com os olhos de Deus, as coisas têm que ser diferentes.

o    Exemplo 3 – Olhamos para as pessoas ao nosso redor, os milhares de moradores de Muqui, quase todos conhecidos nossos, e o que vemos?

§   Com os seus olhos você olha para aquelas pessoas que estão sempre ali na praça se embebedando dia após dia, ou para aqueles que estão atolados até o pescoço nas drogas por aí, e o que você vê? E se você olhar com os olhos de Deus? – São pessoas que estão quais ovelhas desgarradas que não têm pastor... Podem até nunca querer o pastor Jesus na vida delas, podem nunca se converter, mas não podem ser ignoradas e privadas da oportunidade se as olhamos com os olhos de Deus.

§   Com os seus olhos você olha para as pessoas mais nobres da sociedade muquiense; nobres no sentido de serem dignas, respeitadas, pessoas de bem, sóbrias, caridosas... o que você vê? E se olhar com os olhos de Deus. Aos olhos de Deus, se ainda não têm Jesus, por mais nobres, caridosas, respeitáveis que sejam, são pessoas que estão quais ovelhas desgarradas que não têm pastor...

Ø  E o que Deus está fazendo? Ora, Deus está fazendo muita coisa, e uma delas, com certeza, é disponibilizando salvação para essas pessoas – “Deus amou o mundo de tal maneira que deu...”; “O Filho do homem veio buscar e salvar...”; “Vinde a mim todos vós...”;

Ø  Deus está fazendo isso e nós precisamos nos envolver.

Ø  Ser sábio é perceber a obra de Deus e se envolver; ser sábio é preferir a Deus.

Ø  Então é por essa sabedoria que Paulo orava pelos efésios e é por ela que precisamos orar também

 

[3] Wiersbe em “Novo Testamento 2” alistado na lista de fontes.

[4] Ibidem

[5] Ibidem

[6] Ibidem

[7] Ibidem

[8] Hernandes Dias Lopes em EFÉSIOS – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

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