NOSSOS DEVERES EM CRISTO – PARTE 4
OS DEVERES DOMÉSTICOS, DOS SERVOS E DOS
SENHORES
Efésios 5.22-6.9
Ø Atribui-se
a Spurgeon as seguintes palavras acerca do lar: “Quando o lar é governado
pela Palavra de Deus, podemos convidar anjos para se hospedarem conosco, e eles
se sentirão à vontade”.
Ø Atente
bem para o termo governado. Significa dirigido, direcionado. Spurgeon
não falava do lar que tem várias bíblias, apesar de isso ser importante; nem do
lar em que se lê a bíblia, apesar de isso ser muito importante; nem do lar em
que pelo menos uma vez por semana se pega a bíblia e faz um culto doméstico com
direito a reflexão ou pregação da Palavra, apesar de isso ser de extrema
importância. Spurgeon falava do lar governado / dirigido / direcionado pela
bíblia. É bem diferente. NESSE lar anjos podem se hospedar e se sentirão à
vontade.
Ø Warren
Wiersbe comenta essa fala de Spurgeon com palavras bem duras. Veja:
“O
problema é que muitos lares não são governados pela Palavra de Deus – mesmo
aqueles constituídos por cristãos professos –, e as consequências são trágicas.
Alguns lares, em vez de hospedarem anjos, parecem deixar que os demônios tomem
conta. Muitos casamentos acabam na justiça, e ninguém sabe porque tantos homens
e mulheres vivem emocionalmente divorciados, ainda que continuem debaixo do
mesmo teto. O poeta William Cowper chamou o lar de “único êxtase do Paraíso que
sobreviveu à Queda”, mas muitos lares parecem mais um posto avançado do inferno,
não um pedaço do céu.”
Ø Que
palavras, hein? Duras! Duríssimas! Pesadas!
Ø Qual
a solução? Dissolver esse lar? Acabar com ele? Não! Para nós que somos cristãos
a solução é chamar alguém que possa consertar esse lar, e esse alguém é o
Espírito Santo de Deus; precisamos aprender a deixar que o Espírito Santo
governe o nosso lar através da Palavra de Deus. Somente pelo poder do
Espírito é que nós podemos andar em harmonia como maridos e esposas, pais e
filhos, e também, já que está no contexto da fala de Paulo, empregadores e
empregados.
Ø E
qual é o direcionamento do espírito através da Palavra?
Ø O
direcionamento está aí no texto; são os, assim podemos chamar, nossos “deveres
domésticos”, incluindo os deveres dos servos e senhores. Obviamente há muitos
outros direcionamentos “gerais” que, se aplicados no contexto do lar cristão,
vão também contribuir para a sua saúde. Mas vamos analisar um pouquinho os que
estão aí no texto.
Ø São
eles:
I.
MULHERES: SEJAM SUBMISSAS (5.22-24)
“Vós,
mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a
cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o
salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo,
assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido.” (Efésios 5:22-24
RC)
Ø Submissão
é “colocar-se debaixo da missão de uma outra pessoa”, o que implica em dar
importância prioritária àquele com quem se casa. Essa é a orientação do
Espírito através da Palavra, por intermédio do apóstolo Paulo, para as esposas,
apesar de o apóstolo Pedro, em 1 Pedro 5, depois de falar que os jovens devem
ser submissos aos anciãos, diz que, enfim, devemos todos ser sujeitos uns
aos outros, isto é, no trato de uns para com os outros, todos devemos servir de
alguma forma, com humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes.
Ø Mas
aqui Paulo está se dirigindo às esposas: “sejam submissas”.
Ø Falar
uma coisa dessas nesse tempo em que estamos vivendo chega a ser perigoso (kkk).
Mas é o que está escrito aí pelo inspirado apóstolo Paulo.
Ø E
Paulo dá dois motivos para essa ordem: o senhorio de Cristo e a liderança do
homem em Cristo. Assim como Cristo é o cabeça da igreja, o homem é o cabeça da
mulher.
Ø Quando
a esposa cristã se sujeita a Cristo e deixa que ele seja o Senhor de sua vida,
não tem dificuldade em sujeitar-se a seu marido.
Ø Isso
não significa, de modo algum, que ela deva tornar-se uma escrava, ou que o
marido tenha liberdade para torna-la uma escrava, pois o marido também deve
sujeitar-se a Cristo.
Ø E
se ambos vivem sob o senhorio de Cristo, então o resultado só pode ser
harmonia. Liderança não é ditadura. “Um ao outro” e “ambos ao Senhor”. A esposa
e o marido cristãos devem orar juntos e dedicar tempo ao estudo da Palavra, a
fim de conhecerem a vontade de Deus para sua vida pessoal e para seu lar. A
maioria dos conflitos conjugais de casais cristãos seriam resolvidos se ambos,
marido e esposa, se sujeitassem de verdade a Cristo, lessem a Palavra juntos e
juntos buscassem a vontade de Deus para o seu lar.
Ø Isso
explica porque por muito tempo se ensinou e ainda às vezes se ensina hoje que
um cristão deve se casar com outro cristão e não viver em “Jugo desigual”. Mas
pra isso dar certo o “cristão” tem que ser cristão mesmo, e não apenas um
frequentador de igreja (essa prática de crente casar com crente perdeu força
devido às más ações de muitos crentes em relação ao seu cônjuge)
Ø Aliás,
já que toquei no assunto, abro parênteses pra dizer que já está mais do que na
hora de muitos de nós “crentes” assumirmos radicalmente o nosso “cristianismo”
na prática. Crente ora, crente lê a bíblia, crente vai na igreja, crente se
esforça para não pecar, crente se esforça para não dar mal testemunho, crente
evangeliza (fala, entrega um folheto, faz um culto na sua casa só pra os
familiares e vizinhos não crentes ouvirem o evangelho...), crente contribui
financeiramente para a obra de Deus através da igreja... Crente faz essas
coisas e outras mais e deixa de fazer tantas outras que são contrárias à
vontade de Deus. Mas tem muito crente fazendo tudo errado, tudo contrário. Tem
crente achando bonito pecar e contar pra todo mundo nas redes sociais. Que
tempo é esse que estamos vivendo? Tá mais que na hora de assumirmos
radicalmente, na prática, o nosso cristianismo.
Ø Fecha
parênteses.
Ø Voltando:
“Mulheres, sejam submissas”. Se o marido é cristão submisso a Cristo, te trata
bem, não te explora, te respeita, seja-lhe naturalmente submissa. Se ele faz
alguma coisa que não é muito legal, conversa pacífica com oração e busca da
orientação de Deus na Palavra pode resolver a questão.
Ø Assim
o lar estará sendo governado, na verdade, não por um homem, mas pelo Espírito
de Deus através da Palavra.
II.
MARIDOS, AMEM SUAS ESPOSAS (5.25-33)
“Vós,
maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se
entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela
palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,
nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar a
sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si
mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e
sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por
isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois
numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da
igreja. Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a
si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” (Efésios 5:25-33 RC)
Ø Se
os homens estavam com ar de satisfação até agora, então prestem bastante
atenção, pois Paulo tem coisas a dizer aos maridos cristãos que são de maior
peso do que o que disse às esposas.
Ø O
padrão exigido dos homens é altíssimo: amar a esposa “como Cristo amou a igreja
e a si mesmo se entregou por ela”.
Ø A
igreja é, desculpem dizer assim, “um negócio interessante”. Ela, vivendo
corretamente como igreja, é no mundo, de certa forma, uma “figura” de como
deveria ser o mundo (olha que responsabilidade nós temos, o de ser um modelo
para o mundo – e não o contrário). E também é uma figura de como deveria ser em
nossos lares: Assim como Cristo é o cabeça da igreja, o homem é o cabeça da
mulher; e, como Cristo amou a sua igreja ao ponto de se entregar por ela, o homem
assim também deve amar a sua esposa.
Ø Uma
das definições práticas de amar é “cuidar do outro como cuidamos de nós
mesmos”. É esse o cuidado ao qual devemos nos entregar pelas nossas esposas.
Ø John
Gill, ministro batista que viveu no Reino Unido entre 1697 e 1771, citado por
Champlin, comenta assim:
Esse
amor consiste em um amor forte e cordial por elas; em real deleite e prazer
nelas; em demonstração de respeito e honra; em buscar o consentimento delas,
bem como a sua satisfação e prazer; em uma vida comum, tranquila, constante e
confortável com elas; em prover tudo quanto lhes é necessário; em protege-las
dos abusos e injúrias; em manter a melhor opinião sobre suas pessoas e ações; e
em esforçar-se por promover o bem-estar e o bem espiritual delas. Esse amor
deve ser sincero, de todo o coração, e não fingido e egoísta. Deve ser exibido
tanto em público quanto em particular. Também deve ser casto e singelo,
constante e perpétuo; deve exceder aquilo que é conferido aos vizinhos, ou
mesmo aos pais.
Ø A
submissão da mulher só tem sentido se houver esse amor por parte do marido, um
amor sacrificial que o leva a se dedicar a ela e contribuir para o seu
crescimento e pureza.
Ø Agora
veja o verso 28. Ele é bem interessante: “Os maridos devem amar sua mulher
como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo”.
Nós
costumamos enfatizar bastante aquilo que o apóstolo Paulo fala acerca de Cristo
e a igreja: que Cristo é o cabeça e a igreja o seu corpo, havendo, portanto,
uma espécie de unidade orgânica entre Cristo e a igreja. E, interessantemente,
Paulo aplica, de certa forma, essa mesma “figura” (não sei se seria essa a
palavra) ao casal.
Agora,
lembremo-nos de que quando um fariseu se aproxima de Jesus e lhe pergunta sobre
se é lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo, ele respondeu: “Não
tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse:
Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto,
o que Deus ajuntou não separe o homem.” (Mateus 19:4-6 RC). Enfatizo nesse
texto a frase “uma só carne”. Paulo vai repetir essa fala de Jesus em 1
Coríntios 6.16, num contexto diferente do de Jesus, e aqui em efésios num
contexto não exatamente igual, mas parecido.
É forte
isso! Parece haver, no matrimônio, entre aqueles a quem “Deus ajuntou”, à vista
de Deus, uma união total de duas personalidades. Já não são mais dois, mas
apenas um. Então, aquilo que o marido faz à esposa, e vice versa, faz a si
próprio, e, então, quem ama à sua esposa, como a Palavra diz aqui para amar,
está amando a si mesmo, fazendo bem a si mesmo.
E veja
também o verso 29: “Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne;
antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja”.
E Paulo
termina essa parte em que fala a esposas e a maridos dizendo, no verso 33: “Assim
também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a
mulher reverencie o marido”
III.
FILHOS: SEDE OBEDIENTES E HONREM A VOSSOS
PAIS
“Vós,
filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a
teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá
bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” (Efésios 6:1-3 RC)
Ø Paulo
admoesta diretamente aos filhos. A carta certamente seria lida na Congregação,
e os filhos certamente estariam lá para ouvir, porque naquele tempo era costume
a família toda participar do culto.
Ø Será
que eles prestaram atenção, entenderam e obedeceram?
Ø E
nós? Estamos prestando atenção, entendendo e obedecendo à Palavra que vem de
Deus? (Deus que, aliás, é o nosso Pai, a quem, portanto, devemos obedecer). Obedecer
ao que está aqui no texto e contexto dessa carta que estamos considerando e
mais: toda a Palavra de Deus. Lembre-se que “nem só de pão viverá o homem,
mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Jesus, em Mateus 4.4).
Nossa vida não é única e simplesmente material; nós temos também uma vida
espiritual. Enquanto nosso corpo é alimentado e fortalecido pelo pão material,
nosso espírito é alimentado e fortalecido pela Palavra de Deus.
Ø Faça
um exercício: à medida que for lendo a bíblia e encontrando orientações sobre o
que fazer, como agir..., vá escrevendo numa folha as ordens que você obedece e
em outra folha as que você não obedece. E depois peça graça a Deus para
conseguir obedecer e transferir tudo para a folha da obediência. Tem muita
orientação na Palavra de Deus: sobre amor, sobre perdão, sobre servir uns aos
outros, sobre a vida moral, sobre oração, sobre a evangelização, sobre
contribuição financeira, sobre frequência nos cultos da igreja, etc. – Como é
que nós estamos ouvindo essas instruções da parte do Senhor em Sua Palavra?
Ø (Aqui
posso fazer referência ao exemplo da obediência do recabitas e a desobediência
de Judá – veja em Jeremias 35.)
Ø E
aqui em Efésios Paulo fala sobre os filhos serem obedientes aos Pais.
Ø E
isso é justo! Diz Paulo. Por uma diversidade de razões é justo, até mesmo por
uma questão de bom senso. Seria muito estranho os pais prestarem obediência aos
filhos. Apenas em alguns casos bem específicos isso pode acontecer com
naturalidade, mas o normal, o até humanamente correto, é que os filhos
obedeçam e honrem aos pais, e todas as culturas humanas reconhecem o quão
prudente é que assim seja.
Ø Mas
além de ser justo, é mandamento – Honrar Pai e mãe, o que inclui a obediência,
é mandamento. Paulo está aí citando Êxodo 20.12, que é o quinto mandamento, mas
o primeiro com promessa (e também o único com promessa no decálogo).
Ø Agora,
isso nos leva ao seguinte pensamento: se a função dos filhos é obedecer, a
função dos pais é exercer autoridade. Pelo menos aos filhos menores, que ainda
estão sob seus cuidados, os pais não devem negar o exercício da autoridade. Eu
sei que em alguns lares isso já se tornou extremamente complicado no caso de
filhos adolescentes, mas deve-se pelo menos tentar, sem frouxidão; e se houver
desobediência, que o filho saiba que está em desobediência e que não fique
pensando que ganhou os pais “pelo cansaço” ou pela “chantagem emocional”.
Ø O
exercício da autoridade também faz parte do “Ensina a criança no caminho em
que deve andar...” (Provérbios 22.6). E “ensinar”, aí em provérbios, tem um
sentido maior e mais prático do que dar instruções falando; o sentido é o de
“treinar”. É como a criança que vai pra escolinha de futebol aprender a jogar
futebol; ela não aprende a jogar futebol só ouvindo os ensinamentos do
treinador, ela aprende jogando, “treinando”. E o exercício da autoridade é
também um treinamento da criança, no caso, na obediência; e é importante porque
a obediência todos nós vamos ter que exercê-la de alguma forma por toda a nossa
vida.
Ø Então,
pais, exercitem a autoridade, e filhos, obedeçam e honrem a seus pais.
Ø Obviamente
exceções existem, sendo uma delas o caso em que para obedecer aos pais temos
que desobedecer a Deus. Daí, “importa mais obedecer a Deus do que aos
homens” (Atos 5.29)
IV.
VÓS, PAIS...
“E vós,
pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4 RC)
Ø Primeiro:
“Não provoqueis a ira a vossos filhos”, isto é, “não tratem seus filhos de um
jeito que os faça ficar irritados”.
Não sei
como eram as crianças e adolescentes lá nos tempos de Paulo, mas os de hoje eu
sei que se irritam por qualquer motivo e têm aversão pela autoridade. Então
precisamos de muita sabedoria e paciência para lidar com eles com autoridade e
ao mesmo tempo não causar irritação e desânimo (como lemos no texto paralelo a
este – Colossenses 3.21). Por exemplo, EU preciso me policiar porque, confesso,
falo demais reclamando e brigando quando poderia resolver tudo apenas ensinando
pacientemente como é que devem ser as coisas e, sendo necessário, usando de
autoridade para ordenar algo ou dizer não para algumas coisas sem muita
falação. Eu sou irritante.
Tratamento
abusivo também irrita e causa desânimo numa criança ou adolescente;
Preferência
por outros filhos também pode irritar e amargurar – exemplo: preferência de
Jacó por José.
E por aí
vai... Tomemos cuidado com isso.
Ø Segundo:
“Criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”
Veja bem o
que Paulo está dizendo aos pais:
É pra criar
os filhos. Há muitos pais que
“geram” filhos, mas não os “criam”, especialmente os homens. E eu não estou me
referindo a pais que dão os seus filhos para os outros, por algum motivo, ou a
pais que têm filhos “por aí”; falo de pais que têm os seus filhos em casa, mas
não os “criam”, no verdadeiro sentido da palavra. Criar os filhos significa transformar,
educar, nutrir, cuidar, “cultivar” ... Por diversas
circunstâncias, e eu não quero aqui julgar ninguém, há muitos pais que, mesmo
tendo seu, ou seus, filhos em casa, não os criam nesse sentido. Mas os pais
cristãos precisam estar preocupados em, de fato, criar o seu filho. Deve
colocar isso como meta em sua vida. Os pais cristãos precisam “cultivar”
a sua “semente”, o seu filho.
Mais ainda: é pra criar
na doutrina do Senhor. Ao criar os filhos, os pais cristãos devem estar preocupados em que eles
aprendam a doutrina do Senhor. Há
muitas doutrinas, prescritas por muitas pessoas, e o mundo se encarregará de
ensinar-lhes algumas, porém, os pais cristãos devem ensinar ao seu filho a
doutrina que é prescrita pelo Senhor, e devem fazer isso em nome do Senhor, e
sob a autoridade do Senhor. Como
todo cristão foi chamado para exercer um ministério de reconciliação, como nos
mostra II Coríntios 5:17-20, nada mais óbvio do que começar em casa, com os
filhos. A Palavra de Deus já vem orientando, a muito tempo: “E estas palavras, que hoje te ordeno,
estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.”
(Deuteronômio 6:6-7).
E ainda: criar na admoestação do Senhor. Gary Ezzo, em “O Alvo em Ser Pais”, escreveu: “Há muitos pais que estão mais
preocupados com a ‘felicidade’ dos seus filhos do que com a sua ‘santidade’.”
Há muitos que até ensinam a doutrina do Senhor com palavras, mas não com ação.
Não há disciplina em forma de ação, e, muitas das vezes, os filhos “até
sabem como reconhecer e identificar a atitudes da vida cristã, mas não sabem
como vivê-las” (Ibid.). Admoestar
significa advertir, repreender, lembrar, avisar, e isso inclui não só palavras,
como também ações. Criar na admoestação do Senhor, é criar advertindo,
repreendendo, regulamentando e purificando as paixões, de acordo com a Palavra
do Senhor.
Ø Então, dentre os
nossos deveres como cristãos, se somos pais, está o de criar os nossos filhos
na doutrina e admoestação do Senhor, com autoridade, mas sem atitudes que
possam leva-los ao desânimo e amargura e à obediência apenas por medo.
V.
VÓS, SERVOS...
“Vós,
servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na
sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para
agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de
Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que
cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.”
(Efésios 6:5-8 RC)
Ø Falar
de servos aqui parece estar fora de contexto, já que o texto fala sobre o
contexto de uma casa. E pra nós talvez esteja, mas para aquele tempo naquele
contexto de vida, não está, porque, por mais estranho que possa nos parecer,
naquele tempo as famílias, mesmo as cristãs, ainda possuíam servidores que eram
uma espécie de escravos. A carta de Paulo a Filemom, intercedendo em favor de
Onésimo, é um bom exemplo disso.
Ø Agora,
enquanto que nas famílias romanas em geral os escravos eram tratados como se
não fossem pessoas, nas famílias cristãs há evidência de que eles eram tratados
humanamente, mesmo quando ainda não emancipados; e quando algum deles se
convertia, esse era tratado como igual.
Ø É
a esses que Paulo agora se dirige, e nós podemos contextualizar aplicando essas
palavras a todos quantos são empregados – em casas ou empresas ou
estabelecimentos públicos...
Ø A
ordem é obedecer e trabalhar não somente quando o patrão estiver vendo, e fazer
isso de boa vontade, como ao Senhor e não a homens. Essa é a vontade de Deus, e
Ele mesmo vai recompensar. É trabalhar como se o patrão fosse Jesus e não o Sr.
Fulano de Tal. E isso implicará não apenas em trabalhar com diligência, como
também com honestidade.
Ø O
servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o
devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque, na
verdade, está servindo a Cristo. Tem um “senhor” segundo a carne, mas seu
Senhor verdadeiro está no céu.
Ø O
servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o
devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque
fazer um bom trabalho é da vontade de Deus.
Ø O
servidor cristão deve servir bem, com diligência e honestidade, demonstrar o
devido respeito a seu empregador e não tentar se aproveitar dele, porque,
agindo assim, será recompensado pelo Senhor.
VI.
VÓS, SENHORES
“E vós,
senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que
o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de
pessoas.” (Efésios 6:9 RC)
Ø Bem
comentou Wiersbe que a fé cristã não promove a harmonia eliminado as distinções
sociais ou culturais. Os servos continuam sendo servos mesmo depois que aceitam
a Cristo, e os senhores continuam sendo senhores (isso, em geral). Antes, a fé
cristã traz harmonia ao operar no coração. Cristo não nos dá uma nova
organização, mas uma nova motivação. Tanto o servo quanto o senhor estão
servindo a Cristo e procurando lhe agradar, e, desse modo, podem trabalhar
juntos para a glória de Deus.
Ø E
Paulo apresenta, então, algumas responsabilidades do patrão cristão:
Deve se
preocupar com o bem-estar dos seus empregaos – “fazei o mesmo para com
eles”. Se o patrão espera que os trabalhadores se empenhem o máximo por
ele, então ele próprio deve dar o melhor de si por eles e não os explorar
abusivamente. Um dos melhores exemplos bíblicos é Boaz, no livro de Rute, que
tratava bem seus empregados, falava cordialmente com eles, mostrava-se sensível
às necessidades deles e os respeitava. Como é triste quando um empregado diz
que seu patrão se diz cristão mas não se parece com um cristão.
Não deve
ameaça-los – “deixando as ameaças”. É óbvio que isso não significa
que não se deva adverti-los quando necessário. Mas não se deve jamais fazer
ameaças infundadas. O medo tem um poder muitas vezes negativo, podendo tornar
um trabalhador até menos produtivo e menos criativo.
Deve
sujeitar-se ao Senhor – “sabendo também que o Senhor deles e vosso está
no céu”. Wiersbe conta uma boa história que ilustra bem isso. Ele diz
acerca de um amigo que foi promovido a um cargo elevado de diretoria. Mas o
poder lhe subiu à cabeça e ele não deixava passar uma oportunidade de
demonstrar aos colegas quem estava no comando. Perdeu o respeito dos
funcionários e a produtividade e eficiência do departamento dele caíram de tal
modo que a empresa teve que colocar outra pessoa em seu lugar. Ele se esqueceu
de que “tinha um Senhor no céu” e, por isso, não conseguiu ser um bom “senhor na
terra”.
Não deve
ter favoritismo – porque “O Senhor não faz acepção de pessoas”.
Julgará tanto o senhor quanto o servo por seus pecados ou recompensará a ambos
por sua obediência.
CONCLUINDO
Ø Quero
repetir uma frase que disse no início: “Quando o lar é governado
pela Palavra de Deus, podemos convidar anjos para se hospedarem conosco, e eles
se sentirão à vontade”.
Ø GOVERNADO!
Quando todos num relacionamento social (lar, empresa, lugar de diversão e
entretenimento, e até mesmo na igreja), se deixam governar pela Palavra de
Deus, então tudo vai bem.
Ø Infelizmente
nem sempre é assim; infelizmente quem às vezes governa somos nós mesmos, com
nossos temperamentos ruins, com nossos conceitos ruins aprendidos numa
sociedade repleta de conceitos ruins, com nossas inclinações carnais, com nossa
dureza de coração... Dizemos que a Palavra de Deus é nossa regra de fé e
conduta, mas na prática nem sempre é assim, sejamos sinceros. Mas se nós
primeiro olharmos para Deus, para a Sua Palavra, em oração, para entendermos a Sua
vontade com disposição de sermos governados por ela, tudo vai bem. Amor,
alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio
próprio, além de muitas outras coisas excelentes da Palavra de Deus estarão
presentes, inundarão o ambiente e tudo será muito bom, agradável, gostoso, e se
anjos vierem eles se sentirão muito bem em nosso meio.
Ø Infelizmente
somos duros demais de coração...
Ø Oremos...
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
FONTES
Comentário Bíblico Expositivo
de Warren Wiersbe
O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo – R. N. Champlin
Tão Grande Salvação – Russel
Shedd
O Dever do Pai Cristão –
sermão meu
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