“E, dizendo alguns a respeito do templo, que estava ornado de formosas pedras e dádivas, disse: Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que se não deixará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Lc. 21:5-6)
Algumas pessoas estavam falando a respeito do templo, de como ele estava ornado de formosas pedras e dádivas. Exaltavam o templo por causa de sua beleza exterior; admiravam seu tamanho, grandeza arquitetônica e riquíssima decoração. E isso é muito natural. Não é assim que também nos comportamos quando vamos a determinados lugares?
Entretanto, as pessoas que falavam com Jesus sobre o templo não receberam nenhuma resposta positiva. O que foi que Jesus disse? Em momento algum ele pareceu comungar da mesma admiração daquelas pessoas, mas disse simplesmente que não ficaria pedra sobre pedra; tudo seria derrubado, e o foi, daí mais alguns anos.
É difícil imaginar quão estranhas e alarmantes essas palavras soaram aos ouvidos dos judeus. Afinal, foram proferidas a respeito de uma construção que eles reverenciavam com veneração idólatra. Era um edifício que continha a arca da aliança, o Santo dos Santos e a mobília simbólica, feita de acordo com o modelo apresentado pelo próprio Deus (Veja em êxodo, a partir do capítulo 25). Foram proferidas a respeito de uma construção associada aos nomes mais proeminentes da história deles – Davi, Salomão, Ezequias, Josias, Isaías, Jeremias, Esdras e Neemias. Foram proferidas a respeito de uma construção em direção à qual todo judeu piedoso curvava sua fronte, em qualquer lugar do mundo, quando apresentava suas orações diárias – Veja 1 Reis 8.44 e Daniel 6.10.
No entanto, tais palavras foram ditas com sabedoria. Tinham, certamente, como um dos propósitos, o de ensinar que a verdadeira glória de um lugar de adoração não consiste em beleza externa.
A beleza externa, é óbvio, tem a sua importância. Já pensou se todas as janelas do templo em que cultuamos juntos a Deus estivessem quebradas, as paredes todas riscadas e sujas...? Seria ruim, não é? Certamente que logo daríamos um jeito de arrumar tudo. Mas o que é mais importante, e o que mais conta para o Senhor, é se há nesse lugar verdadeira adoração espiritual.
Sem dúvida, é adequado e correto que os edifícios separados para adoração a Cristo sejam dignos do propósito para o qual são utilizados. Tudo o que fazemos para Cristo deve ser bem feito. No prédio em que o evangelho é proclamado, a Palavra de Deus é exposta e orações são dirigidas a Deus, não deve faltar nada que possamos adquirir para que o torne mais agradável. Porém, devemos sempre lembrar que o aspecto material de uma igreja cristã é o menos importante. Tudo isso será sem valor aos olhos de Deus a menos que a verdade esteja sendo proclamada do púlpito e a graça de Deus reine no coração dos que ali se reúnem.
O templo com o qual o Senhor Jesus mais se deleita é um coração quebrantado, contrito e regenerado pelo Espírito Santo. Isso é o que tem mais valor.
Adaptado por Pr. Walmir Vigo Gonçalves
Fonte: Meditações no Evangelho de Lucas – J. C. Ryle
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