quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Há um silêncio falando alto demais

HÁ UM SILÊNCIO FALANDO ALTO DEMAIS

Permitam-me, como pastor uma lamentação.

Há um silêncio estranho ecoando nos bancos da igreja.

E não é silêncio como fruto da reverência, mas da ausência.

Os cultos de oração, que já foram cheios de vida, e a Escola Bíblica Dominical, que já formou gerações na fé, estão ficando cada vez mais vazios. O som das páginas da Bíblia sendo folheadas, as vozes que antes se uniam em súplica e estudo, parecem cada vez mais distantes… quase um eco de um passado distante...

E é curioso, para não dizer doloroso, que muitos de nós lamentemos o fim de ministérios e programas que marcaram nossa história – como a saudosa União de Treinamento – e, no entanto, estejamos, com nossas próprias mãos, empurrando o culto de oração e a EBD para o mesmo destino. É como chorar diante de uma árvore cortada, enquanto deixamos de regar outra que está prestes a secar.

Eu às vezes fico querendo aliviar os meus pensamentos, a minha tristeza, a minha frustração, com alguns argumentos, como por exemplo, o de que os dias atuais são “corridos”. Mas não é possível chamar isso apenas de “falta de tempo”. Em alguns casos é, mas em muitos outros... sei não... tenho minhas dúvidas. O tempo nunca foi generoso, nem nas décadas em que a igreja estava cheia em cada manhã de domingo e em cada noite de quarta. Talvez seja outra coisa… talvez estejamos distraídos demais, sobrecarregados de prioridades que parecem urgentes, mas que não alimentam a alma. Eu disse “talvez” ... Se não for, me perdoem o desabafo.

Mas ainda há esperança. Ainda dá tempo de reverter esse quadro. O culto de oração pode voltar a ser o coração que bombeia vida espiritual para toda a igreja, e a EBD pode novamente ser o alicerce firme onde a fé se constrói “tijolo por tijolo”. E para isso, não precisamos inventar nada novo, apenas redescobrir o valor do que já tínhamos: abrir a Bíblia juntos, dobrar os joelhos em comunhão, chorar e sorrir como família de fé.

Se o silêncio está gritando, que ele nos acorde. Que ele nos lembre de que o culto de oração e a Escola Bíblica não são eventos de agenda, mas expressões de amor ao Senhor e uns aos outros.

Ainda é tempo de ocuparmos nossos lugares, de encher de novo esses bancos, de reacender o fogo que um dia brilhou tão forte. Como diz o cântico: “Acende a chama, ó Pai, que uma vez brilhou! Vem limpar, brilhar, resplandecer o meu primeiro amor.

Que assim seja! Que assim seja, porque quando a igreja se reúne para orar e estudar, o céu se abre… e não há silêncio que resista ao som de um povo buscando a Deus.

Fim da lamentação.

Pr. Walmir Vigo Gonçalves, 13/08/2025, depois de um culto de oração que... melhor nem dizer.

 

 

 

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