domingo, 18 de fevereiro de 2024

Ensinamentos bíblicos evidenciados pela Reforma

 

ENSINAMENTOS BÍBLICOS EVIDENCIADOS PELA REFORMA

 

Olá meus irmãos,

 

Lembrem-se que já faz um tempo que estamos usando os boletins do último dia de cada mês para trazer algumas informações que chamamos de informações “apologéticas”, isto é, informações acerca de ensinamentos que consideramos biblicamente errados e que já combatemos e/ou ainda continuamos a combater. E hoje, como amanhã, dia 31/10, é o dia em que se comemora a Reforma Protestante, a informação gira em torno do que levou a essa Reforma. Obviamente não tudo, mas apenas algumas coisas básicas. A lição dos adultos e jovens de domingo passado nos ajuda nesse texto de hoje.

 

O cristianismo no século XVI estava passando por uma grande crise. Mas não foi uma crise que “de repente”, “do nada”, que se estabeleceu sobre o cristianismo. Não é assim que acontece. A grande crise começa “pequena” e vai se avolumando com o passar do tempo se o problema que vai gerar a crise não é “detectado” e resolvido logo no início. Pode levar um ano, ou alguns anos ou até dezenas de anos ou até mesmo séculos como hoje “enxergamos” ter sido o caso dessa crise no século XVI. Nós hoje precisamos estar atentos porque podemos estar contribuindo para que num futuro, que pode ser breve ou de médio e longo prazo, o cristianismo venha enfrentar uma crise, ou mesmo “algumas” crises; e talvez até já as estejamos enfrentando.

 

Essa crise, a do século XVI, na verdade, teve início séculos antes, desde que o imperador romano Constantino (288-337 d.C.) proclamou, em 313, a liberdade de culto para os cristãos que, até então, eram perseguidos. Em 380 o imperador Teodósio I converteu a fé cristã em religião oficial do Império Romano, transformando a igreja cristã em Católica Apostólica Romana. E essa união do poder temporal com a fé cristã não fez bem ao cristianismo, que se distanciou cada vez mais dos princípios do Novo Testamento, corrompendo-se, perdendo sua essência, perdendo aquilo que de mais precioso tinha, que era sua mensagem, seu poder e sua confiança somente em Deus. Durante a Idade Média a Igreja Católica se confirmou como uma das maiores instituições religiosa, porém, também política, do mundo.

 

O cenário era, bem resumidamente, o seguinte:

 

Ø  A Igreja Católica vivia um período de embelezamento de seus templos; foi a época das grandes catedrais. Há muita riqueza envolvida nas construções dessas catedrais, e nem sempre essa riqueza foi adquirida de forma moralmente correta.

Ø  Os fiéis tinham grande fé no poder miraculoso de relíquias tidas como sagradas, o que resultou em comércio das mesmas. Estas relíquias podiam ser desde um objeto com que o “santo” tivesse tido contato até um resíduo do seu corpo (um pedacinho de osso, por exemplo).

Ø  Ensinavam a doutrina da penitência como forma de absolvição de pecados;

Ø  Praticavam a “venda de indulgências”, ou seja, o pagamento em forma de oferta para a Igreja poder absolver o pecador de seus pecados. Assim o fiel teria a remissão total ou parcial do pecado. Johann Tetzel foi um dos nomes mais conhecidos nessa questão da venda de indulgências. A ele foi atribuída a frase: “Tão logo uma moeda na caixa cai, a alma do purgatório sai”.

Ø  A leitura da bíblia era monopolizada – era escrita somente em latim e apenas o clero tinha acesso e era responsável por mediar o encontro dos fiéis com o livro sagrado;

 

Então essa era, “por alto”, a situação religiosa decadente no século XVI, enfatizando, novamente, pra que cuidemos de nós mesmos quanto a isso, que não foi uma decadência que aconteceu “da noite para o dia”; não! Levou séculos!

 

E é nesse cenário que acontece a Reforma Protestante.

 

Martinho Lutero, Monge Agostiniano e professor de Teologia é a personagem mais importante nesse contexto. Foi ele o idealizador da Reforma Protestante contra as práticas da venda de indulgências feita pela Igreja Católica.

 

Lutero documentou 95 pontos de discussão, baseados naquilo que não acreditava ser bíblico, na estrutura religiosa cristã da época. E, em 31 de outubro de 1517, no muro da igreja do castelo de Wittenberg, Lutero fixou suas 95 teses com um convite formal e explícito à uma discussão com os principais teólogos daquela época, acerca de cada um dos seus pontos.

 

Vale lembrar que Lutero nunca idealizou a divisão da Igreja, mas uma reforma em suas práticas.

 

As 95 teses contestavam a veracidade teológica das indulgências, dos usos e costumes da Igreja Católica e do poder atribuído ao Papa como mediador entre Deus e os homens.

 

A resposta da Igreja e do Papa Leão X foi a condenação de Lutero e exigência de sua retratação, além da classificação de Herege, concedida pelo imperador Carlos V em assembleia. Lutero foi, então, excomungado da Igreja.

 

Mas o discurso de Lutero agradava parte da nobreza, e, por isso, recebeu refúgio anos depois da eclosão da Reforma.

 

Após isso, Lutero dedicou sua vida a traduzir a Bíblia para o alemão e redigir os conceitos da nova estrutura religiosa.

 

De maneira resumida, as 95 teses, que serviram como pilares da Reforma Protestante, foram condensadas nos chamados Cinco Solas (“somente”, na língua portuguesa). E são os seguintes:

 

1)    Sola Fide (somente a fé) – O ser humano é justificado única e exclusivamente pela fé, sem o acréscimo das boas obras ou do mérito humano, como ensinava a Igreja Católica. A fé salvadora é evidenciada pelas boas obras, mas não determinada por elas (Romanos 5.1). O crente é justificado pela fé somente (Romanos 4.7, Salmo 32.1).

2)    Sola Scriptura (somente a Escritura) – A Bíblia é a única Palavra de Deus, pois foi inspirada por Ele, sendo assim a única fonte de autoridade para a doutrina cristã. Por isso a bíblia não exige interpretação fora de si mesma e, portanto, não está sujeita a ser interpretada pela tradição católica (2 Tm. 3.17-17; 2 Pe 1.19-21; 3.15-16)

3)    Solus Christus (somente Cristo) – Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade, e não há salvação através de nenhum outro (Atos 4.12). Este ensinamento evidencia o sacerdócio universal dos crentes sem a necessidade de intermediação humana para se chegar a Deus.

4)    Sola Gratia (somente a graça) – A salvação é dada à humanidade por Graça divina, um “favor imerecido”. Não há nenhum mérito humano na salvação, que é um presente de Deus (1 Coríntios 4.7; Romanos 11.35).

5)    Soli Deo Gloria (somente a Deus a glória) – Toda a glória é devida somente a Deus, uma vez que a salvação é realizada através de Sua vontade e ação. Os seres humanos não são dignos de receber glória nenhuma, e por isso não devem ser canonizados nem adorados (Isaías 6.3; Efésios 1.6; 2 Tessalonicenses 1.9; Romanos 9.23)

 

Então, em nossa “apologia” hoje estamos “ecoando” alguns “protestos” da Reforma:

 

Ø  “Relíquias” não tem nenhum poder miraculoso, até porque aqueles a quem elas dizem respeito foram homens como nós e, conquanto tenham sido dedicados servos de Deus, já se foram e não interferem mais no “mundo dos vivos”;

Ø  Penitência não absolves pecados;

Ø  Só Jesus pode nos absolver de nossos pecados, então não adianta pagar pra ninguém e nem pra nenhuma igreja pra que eles façam isso por nós ou por algum ente querido – nada de venda de indulgências;

Ø  A leitura da bíblia e a aquisição de conhecimento é livre para todos;

Ø  Somente pela fé somos justificados;

Ø  Somente a Bíblia é A Palavra de Deus;

Ø  Somente Cristo é o Mediador entre nós e Deus;

Ø  Somente pela graça é que somos salvos;

Ø  Somente a Deus é devida toda a glória.

 

Deus seja com todos!

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

 

Boletim apologético 30/10/2022

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