CRÔNICAS SOBRE AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE
1. ÉFESO: O AMOR QUE PERDEU A ESSÊNCIA
Era uma vez uma igreja que nasceu no coração de uma cidade próspera e fervilhante chamada Éfeso. Fundada sobre um solo fértil de ensinamentos apostólicos, ela floresceu com uma paixão quase incontrolável. Era admirada por sua força, zelo e capacidade de enfrentar as adversidades. Como um farol em meio às trevas, a igreja de Éfeso era conhecida por sua coragem e comprometimento em defender a verdade.
No entanto, o tempo passou, e o que um dia era ardente começou a se apagar lentamente. Não era algo perceptível de imediato. As obras continuavam, as atividades estavam bem estruturadas, e as heresias eram combatidas com fervor. Mas algo essencial começava a faltar, como uma vela que, embora ainda iluminasse, já não queimava com o mesmo brilho.
Certo dia, como em um encontro à meia-luz, o próprio Senhor, aquele que caminha entre os candeeiros, enviou uma mensagem para Éfeso. Sua voz era firme, mas carregada de amor:
“Eu conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus e que pôs à prova os que dizem ser apóstolos, mas não são. Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não desanimou.”
Ah, que orgulho seria ouvir tal elogio! Uma igreja forte, dedicada, leal ao chamado da verdade. Mas então veio a pausa. Um silêncio que precede o peso de uma revelação.
“Contudo, tenho contra você isto: você abandonou o seu primeiro amor.”
Essas palavras foram como um golpe no coração. Não era uma acusação de falta de trabalho ou esforço. Não era sobre desleixo na doutrina ou preguiça nas atividades. Era algo mais profundo. A chama do primeiro amor, aquele ardor que fazia cada obra ser feita com paixão genuína, havia se apagado.
Éfeso era como um casal que, após anos de convivência, permanece junto, mas esqueceu o calor do primeiro olhar. As palavras ditas ainda estavam certas, os gestos ainda eram feitos, mas o coração não ardia mais com a mesma intensidade.
“Lembre-se de onde caiu!”, a mensagem continuava. “Arrependa-se e volte à prática das primeiras obras. Se não, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele.”
Não era uma ameaça fria, mas uma advertência amorosa. O candelabro, símbolo da presença divina, só permaneceria onde o amor verdadeiro também estivesse. Não bastava fazer certo. Era preciso fazer com amor.
Éfeso foi chamada a revisitar o passado, a lembrar-se dos dias em que cada ato de fé era impulsionado pela alegria de agradar ao Senhor, não apenas pela obrigação de fazer o que era correto.
Hoje, essa mensagem ecoa não apenas para uma igreja em ruínas no tempo, mas para cada coração que se encontra ocupado demais com as coisas de Deus para sentir a presença de Deus. Somos convidados a olhar para dentro, a avaliar o brilho da nossa chama.
Será que o amor pelo Senhor ainda é o centro de tudo o que fazemos? Será que nossas mãos ainda agem movidas pelo coração, ou apenas pela memória do que um dia fomos?
É tempo de voltar. Voltar ao amor que dá sentido às obras, ao ardor que faz da obediência um prazer, e não um fardo. Porque, no final, não é sobre o quanto fazemos, mas sobre o quanto amamos enquanto fazemos.
E assim, entre candeeiros e cartas, o Senhor continua a caminhar, chamando cada um de nós a acender novamente a chama do primeiro amor.
Autor: anônimo
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