O FRUTO DO ESPÍRITO
Gálatas 5.22-23
1. O que é um fruto?
2. Os dicionários definem fruto como sendo “produto comestível das árvores frutíferas”,
e, no sentido figurado:
a. um filho é um fruto – o “fruto do
ventre”;
b. um resultado é um fruto – o “fruto do
seu trabalho”;
c. o proveito que tiramos de algo é um
fruto.
3. Sobre o Fruto do Espírito, o mesmo é o resultado, aquilo que o Espírito de
Deus que em nós habita produz em nós. Eu disse “produz” e não “quer
produzir”. Se estamos unidos a Deus através de Seu Espírito habitando em nós,
uma união vital, haverá resultado, haverá fruto. Se não houver fruto é porque
não há essa união viva.
4. E qual é esse fruto ou resultado? O
resultado é caridade (amor), gozo (alegria), paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé (fidelidade), mansidão e temperança (domínio próprio).
5. *Pode
ser* que em algum
sentido, como, por exemplo, o tempo que levará para esse resultado aparecer, ou
a perfeição do resultado, etc, haja dependência do “tipo de solo do nosso
coração”; da “dureza” ou “não dureza” do nosso coração; da “muita fertilidade”
ou “pouca fertilidade” de nosso coração – um coração é tanto mais fértil quanto
mais ele é regado e fertilizado com a oração, o estudo da Palavra e o exercício
da fidelidade; e, também, ele é tanto menos fértil quanto menos ele é regado e
fertilizado com a oração, o estudo da Palavra e o exercício da fidelidade.
6. Nas mega plantações de milho, soja,
aveia, trigo... em algumas regiões do Brasil, tudo é feito através de máquina.
Dentre essas máquinas estão as grandes e moderníssimas colheitadeiras. Pouco
sei sobre elas, até porque está muitíssimo distante de minhas áreas de
interesse; mas alguém me disse certa ocasião algo interessante: essas
colheitadeiras vêm equipadas com tecnologia que indica a área da plantação que
está produzindo menos. Então, a média de produção é “x quantidade” por metro
quadrado, mas se uma área está produzindo menos a máquina acusa essa
deficiência. E o que se faz? Faz-se o tratamento do solo daquela área. Faz-se a
análise do que está faltando e repõe. E uma dessas reposições é o que se chama
de fertilização do solo.
7. Pois bem, talvez seja assim também
conosco. Se não formos “duros de coração” e regarmos e fertilizarmos o nosso
coração com a oração, o estudo da Palavra e a prática da fidelidade a Deus e à
Sua Palavra, nós nos tornaremos um belíssimo pomar onde o Espírito Santo
produzirá o Seu fruto, com abundância, com beleza indescritível, e no qual Deus
será grandemente glorificado.
8. Feita essa introdução, pensemos um
pouquinho no que o Espírito produz em nós.
AMOR – O fruto do Espírito é amor...
1. O fruto do Espírito é amor.
a. O fruto do Espírito não é aversão; é
amor.
b. O fruto do Espírito não é desapreço; é
amor.
c. O fruto do Espírito não é repulsa; é
amor.
d. O fruto do Espírito não é malquerença; é
amor.
e. O fruto do Espírito não é antipatia; é
amor.
f. O fruto do Espírito não é inimizade,
desafeição, hostilidade, raiva, detestação, execração... Não!!! O fruto do
Espírito é amor.
2. Mas o que é esse amor?
3. Sabemos que o amor se manifesta de
diversas formas. Tem até termos diferentes para distinguir um amor do outro.
Por exemplo, o amor de um rapaz por uma moça pela qual ele está enamorado, e
vice-versa, é diferente do amor que esse rapaz ou essa moça tem por alguém de
sua família; por um irmão, por exemplo.
4. E esse amor aqui, fruto do Espírito, o
que é? Como podemos falar sobre ele de forma bem prática?
5. Esse amor é, como disse William Barclay,
“...
o espírito no coração que nunca
procurará outra coisa senão o sumo bem do seu próximo. Não se importa com o
tratamento que recebe do seu próximo, nem com a natureza dele; não se importa
com a atitude do próximo para com ele, nunca procurará outra coisa a não ser o
sumo bem do próximo, o melhor para ele”.
E até mesmo quando se faz necessária uma
disciplina, uma repreensão mais dura, aquele que ama a aplica com base nesse
amor e por amor, e não por vingança. Há momentos em que a disciplina, a correção,
o castigo, fazem parte do amor.
6. Esse amor é o mesmo que encontramos
descrito em 1 Coríntios 13:
a. É
a virtude que faz de nós “sofredores”.
Sofredores no sentido de sermos pacientes e não nos abatermos facilmente ao
ponto de desejarmos até vingança quando somos insultados ou abusados.
b. É
a virtude que faz de nós pessoas benignas; e pessoas benignas são aquelas que realizam feitos
bondosos, que bendizem, que oram mesmo pelos que as maltratam e perseguem, que
dão de comer e de beber mesmo ao inimigo se ele tem fome e sede, que retribuem
ao mal não com o mal, mas com o bem.
c. É
a virtude que nos faz alegres, e não invejosos ou enciumados por aquele que está alcançando sucesso
e destaque.
d. É
a virtude que nos leva a não nos ufanarmos, a não nos ensoberbecermos, isto é, a não nos vangloriarmos
colocando-nos acima das outras pessoas numa ostentação orgulhosa nem mesmo
daquilo que realmente possuímos, seja sabedoria, seja riqueza, seja força, seja
dons espirituais ou capacidade de fazer alguma coisa melhor do que o outro.
e. É
a virtude que nos leva a não nos portarmos com indecência, inconvenientemente, isto é, com desonra e sem boas
maneiras, mesmo que outros se comportem assim para conosco.
f. É
a virtude que nos leva a não vivermos em busca apenas dos nossos próprios
interesses. O amor é
altruísta e não egoísta. Os egoístas, que só pensam em si mesmos, podem ser
comparados ao mar morto, que só recebe, sem nada dar. O verdadeiro amor não é
assim. Não fica insistindo sobre seus próprios direitos. Foi por causa da arrogância
das pessoas, e insistência em fazer valer os seus próprios direitos, que a
igreja dos coríntios se repartiu em várias facções. E Paulo repreendeu-os
severamente por isso. A pessoa
que busca seus próprios interesses pensa que tudo gira em torno dela. Suas
opiniões, seus pensamentos... é que de fato valem, e deveriam ser observados
acima de tudo. E as opiniões dos outros só valem quando estão em concordância
com as suas. Não! O amor pensa nos outros!
g. É
a virtude que nos leva a não vivermos irritados e nem irritar os outros. O amor não se deixa provocar tão
facilmente, e nem provoca os outros. Os seus “direitos” são ameaçados, mas ele
não perde a compostura. Isso não
significa a ausência de uma atitude enérgica quando esta se faz necessária.
Atitudes enérgicas podem ser tomadas, quando elas se fazem necessárias, sem a
presença da irritabilidade. A irritabilidade provoca ressentimento e gera
tristeza. O amor deve governar até mesmo as atitudes enérgicas necessárias.
h. É
a virtude que nos leva a não suspeitar mal. O melhor sentido da frase “não suspeita mal”, que lemos em
1 Coríntios 13, é: “não leva em
consideração o mal praticado contra si”. Mas isso se torna especialmente difícil quando encontramos alguém
que insiste em continuar fazendo o mal contra nós, e, às vezes, hipocritamente
– Faz-nos o mal e ainda, em sua hipocrisia e falsa piedade, faz com que todos a
enxerguem como “boazinha”. Se o amor cristão não fosse algo “derramado em nossos corações pelo Espírito
que nos foi dado” (Rm. 5.5), eu diria que isso seria impossível de
realizar. Porém, por vir de Deus o
amor cristão, é possível tal realização.
“...o
amor não conserva uma contracorrente de méritos e deméritos, com base no que os
outros lhe tenham feito. Não guarda ressentimento, não se lembra do mal sofrido
por parte de outrem. Também não cultiva a malícia, não se vinga. O amor não
atribui mal a outrem, e nem se lembra de possíveis deméritos. O amor não fica
afagando na memória os males sofridos, mas sempre perdoa e esquece, conservando
limpo o registro, a folha corrida de outros. Isso é psicologicamente benéfico,
porquanto é fato bem conhecido que a atitude daquele que guarda ressentimentos
contra outros sofre detrimento em sua saúde física e mental”. (R. N. Champlin,
em o N. T. int. Vers. por Vers., vol.4, p. 208)
i. É
a virtude que nos leva a não folgar com a injustiça. Em outras palavras, o amor não se
regozija, não se alegra diante da injustiça, da maldade, do erro. Ele se
entristece, tanto pelo erro em si quanto pela pessoa que cometeu o erro. Ele
não se regozija ante o fato de que o outro caiu e porque o outro caiu agora a
sua bondade própria é manifestada mais nitidamente em contraste com aquele.
j. É
a virtude que nos leva a folgar com a verdade. Obviamente, a boa verdade: a verdade de Deus; a verdade acerca do bem, feito por e a outrem; a verdade acerca do progresso espiritual dos outros; a verdade acerca da pureza moral dos
nossos semelhantes; a verdade do
triunfo do bem.
k. É
a virtude que “tudo sofre”, “tudo crê”, “tudo espera” e “tudo suporta”. Sofre e suporta os reveses e as falhas
dos outros pelo bem deles. Crê que as pessoas, mesmo as “piores”, podem ser
transformadas, e ora e luta por isso; e espera a manifestação do que há de bom
nas pessoas.
7.
O amor, esse tipo de amor, é parte do Fruto do Espírito, e,
podemos dizer, é a parte mais substanciosa, o mais suculento gomo desse fruto.
8.
Tem uma história interessante que diz que
Uma mulher saiu de sua casa
e viu três homens com longas barbas brancas, sentados em frente ao quintal
dela. Ela não os reconheceu. Ela disse: - "Acho que não os conheço, mas
devem estar com fome. Por favor, entrem e comam algo. - O homem da casa está? -
Perguntaram. - Não, ela disse, está fora. - Então não podemos entrar" -
eles responderam. À noite quando o marido chegou, ela contou-lhe o que
aconteceu. - "Vá diga que estou em casa e convide-os a entrar". A
mulher saiu e convidou-os a entrar. - "Não podemos entrar juntos".
Responderam. - "Por que isto?" - ela quis saber. Um dos velhos
explicou-lhe: - "Seu nome é Fartura" - ele disse apontando um dos
seus amigos e, mostrando o outro, falou: - "Ele é o Sucesso e eu sou o
Amor". E completou: - "Agora vá e discuta com o seu marido qual de
nós você quer em sua casa". A mulher entrou e falou ao marido o que foi
dito. Ele ficou arrebatado e disse: - "Que bom!" Ele disse: -
"Neste caso, vamos convidar Fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de
fartura". A esposa discordou: - "Meu querido, por que não convidamos
o Sucesso?" A cunhada ouvia do outro canto da casa. Ela apresentou sua
sugestão: - "Não seria melhor convidar o Amor? Nossa casa então estará
cheia de amor". - "Atentemos pelo conselho da cunhada" - disse o
marido para a esposa. - "Vá lá fora e chame o Amor para ser nosso
convidado". A mulher saiu e perguntou aos três homens: - "Qual de
vocês é o amor? Por favor, entre e seja nosso convidado". O Amor
levantou-se e seguiu em direção à casa. Os outros dois levantaram-se e
seguiram-no. Surpresa a senhora perguntou-lhes: - "Apenas convidei o Amor,
por que vocês entraram?" Os velhos homens responderam juntos: - "Se
você convidasse o Fartura ou o Sucesso, os outros dois esperariam aqui fora,
mas se você convidar o Amor, onde ele for iremos com ele". Onde há amor,
há também fartura e sucesso!!!
9.
Onde há amor há fartura e sucesso!
10. Talvez não fartura e sucesso
segundo o pensamento humano, mas certamente fartura e sucesso segundo o que
realmente é fartura e sucesso.
11. Se houver o amor, as demais
qualidades serão quase que consequências naturais.
12. É o amor que leva ao
cumprimento de toda a lei de Deus.
13. Portanto, os cristãos,
conforme lemos em Gálatas 5.13-15, ao invés de se “morderem” e “devorarem” uns
aos outros, devem se amar.
14. Termino essa parte
relembrando uma história que já contei aqui há uns dois ou três anos atrás:
“Um
homem contou a história de que ele foi, certa vez, conselheiro em um
acampamento de igreja que abrigava meninos pequenos. Um dos meninos que estava
no acampamento tinha sido vítima de paralisia cerebral, e os outros meninos se
divertiam com ele, imitando os seus gestos descontrolados e, de maneira geral,
tornando a vida dele uma miséria. Um dos meninos deveria fazer um breve sermão
na última noite do acampamento, e os colegas resolveram que o candidato certo
para o trabalho era o menino com paralisia cerebral. Eles se divertiriam
enquanto ele lutasse por expressar-se. Portanto, o pobre menino seria a
“diversão”, o “espetáculo” daquela noite. Os risos já se tinham espalhado por
toda a jovem audiência quando o menino subiu ao púlpito. Ele conseguiu gaguejar
o seu sermão bem simples dizendo que tinha três coisas para compartilhar com os
outros: 1) A Primeira é que ele sabia que Deus o amava; 2) A Segunda era que
ele sabia que Deus amava a todos eles; 3) Portanto, a Terceira coisa, segundo
ele assegurou aos outros meninos, era que ele próprio os amava...”
15. E as reações àquele “sermão” foram bem
diferentes da planejadas:
a.
Ao
invés de risos, lágrimas;
b.
Ao
invés de “diversão” e “espetáculo”, contrição;
16. Por quê essas reações? É porque o amor,
aquele tipo de amor, aquele amor que amou mesmo quando tinha todos os motivos
para não amar, estava presente.
17. E quem deixou essa história registrada
informou que nos anos que se passaram, vários dos meninos que tinham estado
naquele acampamento confessaram que, pela primeira vez, naquela noite, sentiram
a presença de Jesus, e muitos se consagraram ao serviço cristão.
18. Amor! O fruto... preste bem atenção, o
FRUTO – fruto não é algo que é feito como se faz uma obra qualquer, fruto é
algo que é gerado a partir de uma união vital; o fruto do Espírito é amor!
19. Depois do amor vem:
GOZO (ALEGRIA) – O fruto do Espírito
é... alegria...
1. Alegria é algo de muito valor, muita
importância.
2. Alegria é tradução de uma palavra que
aparece cerca de sessenta vezes no Novo Testamento. E o verbo correspondente,
traduzido por “alegrar-se”, aparece
mais de setenta vezes.
3. Por isso, isto é, pelo fato de a alegria
aparecer tantas vezes no Novo testamento, percebemos o seu valor, e também
podemos dizer que o Novo Testamento é “um livro de alegria”.
4. Mas, mesmo que não tivéssemos tantas
ocorrências, só o fato de sermos informados que a alegria é parte integrante do
Fruto do Espírito, já nos leva a entender o quão importante ela é, e que é da
vontade de Deus que o Seu povo seja um povo alegre, e que ela é ingrediente
importante da vida cristã.
5. Podemos até comparar, de forma
ilustrativa, a vida cristã a um “bolo”, um delicioso bolo. Como se faz um bolo?
O que se usa para fazer um bolo? Bem, uma diversidade de ingredientes, todos
eles importantes, necessários. Pois a vida cristã é feita de muitos
ingredientes, todos eles importantíssimos, e a alegria é um desses
ingredientes. Esqueça de colocar um ingrediente na mistura do bolo e ele não
sairá do jeito que deve sair (aliás, você já viu alguém fazer um bolo, um bolo
comum, e esquecer de colocar o trigo? Eu já vi... há poucos dias... rsss). Pois
a vida cristã sem a alegria não é vida cristã do jeito que deveria ser.
6. Entretanto, o que vem a ser essa
alegria, essa que é produzida pelo Espírito a partir de nossa união com Ele?
7. É importante essa pergunta, porque há
alguns conceitos equivocados que precisam ser refutados (aliás, somos mestres
em conceituar equivocadamente as coisas e as pessoas...).
8. Um dos conceitos equivocados é que
alegria tem a ver com o jeito de ser de uma pessoa. Se uma pessoa é “pra
frente”, extrovertida, “espalhafatosa” até, essa é uma pessoa alegre, pensamos.
Já aquele que é introvertido, tímido, reservado, sério... esse não é alegre, ou
pelo menos não é muito alegre. É o que pensamos às vezes. Nada mais equivocado
do que esse pensamento. O sujeito extrovertido pode ser alguém de muita
alegria, mas também pode não ser. E o sujeito austero pode ser alguém sem muita
alegria, mas também pode ser alguém muito alegre. E quantos exemplos nós temos
disso!!! Tem até alguns que dão cabo da própria vida dos quais ouvimos às vezes
alguém dizer: “poxa, mas ele parecia tão feliz, tão alegre!”. Isaltino Gomes Coellho
Filho, no livro “O Fruto do Espírito”, cita o exemplo de João Batista. João
Batista era homem austero, provavelmente não muito risonho e festivo e que se
vestia de tecido grosseiro, se alimentava de gafanhoto e mel silvestre, não
bebia vinho e nem bebida forte, desenvolvia seu ministério no deserto e sua
mensagem era uma chamada ao arrependimento, apontando até, com muita
severidade, os erros que seus contemporâneos praticavam, inclusive os erros
daqueles que eram autoridades religiosas. Não era João Batista alguém alegre?
Não era ele alguém cheio do Espírito Santo, e, portanto, não agraciado com essa
alegria que é parte do fruto do Espírito? Claro que era! Cheio do Espírito
Santo desde o ventre de Sua mãe, conforme disse o anjo Gabriel a Zacarias quando
lhe anunciou a gravidez de Izabel, e, portanto, cheio de alegria, a alegria que
é fruto do Espírito.
9. Outro conceito equivocado é que a
alegria tem a ver com o momento em que estamos vivendo ou com aquilo que temos.
Tem até gente que se expressa dizendo “ah, como eu seria alegre se...”, e
depois do “se” vem uma série de circunstâncias e/ou “coisas que supostamente as
fariam mais alegres”. Mas o que tinha Paulo e qual era sua circunstância de
vida quando, escrevendo aos filipenses, lhes disse: “Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me
lembro de vós, fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as
minhas súplicas”? Ele não tinha nada, e
vivia uma circunstância de prisão. Já contei para os irmãos aquela história de
um “rei que tinha tudo, menos alegria.
Além desta, nada mais lhe faltava. Seu país estava em paz. E, no entanto, ele
não era alegre. Quando todas as possíveis medidas falharam, seus amigos
resolveram experimentar o conselho de um sábio. Este sugeriu que o rei usasse
uma camisa do homem mais alegre do reino. Pouco tempo depois, o homem foi
encontrado. Contudo, o problema permaneceu sem solução, pois o homem não
possuía uma camisa sequer”.
10. Outro conceito equivocado é o de que
demonstramos que somos ou estamos alegres colocando um sorriso no rosto ou
esboçando alguns outros gestos quaisquer. Isso acontece muito nos nossos cultos
(nossos = cultos evangélicos). O “animador de auditório” vai lá pra frente e
quer fazer as pessoas arreganharem os dentes de qualquer jeito, e quer ver as
pessoas batendo palmas de qualquer jeito, e quer ver as pessoas se
movimentando, pulando... e quem não agir assim é porque não está alegre e está
pecando porque culto tem que ser prestado com alegria... e alegria pra ele é
isso: rir, bater palmas e pular. Então ele age assim e insiste para que todos
ajam assim, e depois sai dizendo: “como o culto hoje foi bom! Como foi
alegre!”. Bom coisa nenhuma! Foi artificial! Não sou contra sorrir, bater
palmas e até algumas outras coisas mais, mas se foi forçado e não natural, é
expressão de artificialidade e não de alegria.
11. Outro conceito equivocado é que quem tem
a alegria fruto do Espírito jamais terá momentos de tristeza. Paulo, no início
de Romanos 9, fala de uma grande tristeza e continua dor que havia em seu coração.
Por qual motivo? Por causa da incredulidade de Israel.
12. E há muitos outros conceitos errados,
mas vamos deixa-los de lado para nos concentrarmos agora no conceito certo.
13. E o conceito certo é que essa alegria,
fruto do Espírito, nada tem a ver com posses materiais terrenas e nem com as
circunstâncias gerais da vida, a não ser aquelas circunstâncias que nos colocam
mais próximos de Deus.
14. A fonte da verdadeira
alegria é o Senhor. Em Filipenses 4.4 Paulo diz: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez vos digo:
regozijai-vos”. O profeta Habacuque, no final de seu pequeno livro, depois
de alguma experiência com Deus, assim se expressou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto
da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam
arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro
no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e
me faz andar altaneiramente.” (Habacuque 3:17-19 RA). Então,
independentemente da circunstância, no Senhor o crente tem alegria. Alguém
disse corretamente que “é no Senhor que
se encontra tudo aquilo que nada pode mudar”.
15. Isso não quer dizer que não
vamos às vezes chorar ou ficar com o semblante triste, perder por algum tempo a
euforia natural de quem está alegre por algum motivo. Mas, mesmo quando o
momento for de dor e choro, de tristeza, o crente pode olhar para dentro de si
e encontrar a alegria ali presente. Algum acontecimento fez com que o seu
semblante não se apresentasse alegre, mas interiormente, por causa do Senhor,
por causa da esperança celestial que tem no Senhor, ele é alegre. Podemos
dizer que aqueles que são servos de Jesus têm um motivo perene para alegrar-se,
a vida lhe apresenta vários outros motivos adicionais passageiros para
alegrar-se também, e, durante a sua vida terrena, alguns ou até vários motivos
passageiros para se entristecer também se lhes apresentam. E também podemos
dizer que, quanto àquele que não é servo de Jesus, é o contrário. Ele tem um
motivo perene para entristecer-se e a vida lhe apresenta ainda outros motivos
passageiros para entristecer-se e alguns ou vários motivos passageiros para
alegrar-se. Todos nós temos momentos tristes e momentos
alegres, motivos para alegria e motivos para tristeza... passageiros! A
grande diferença está no fato de que enquanto uns tem um motivo perene para
alegrarem-se, outros o tem para entristecer-se.
16. Na verdade, então, a alegria
interior, independente das circunstâncias, é dependente de algo: depende de
se a pessoa tem a Jesus como Salvador e Senhor ou não! Antigamente
costumava-se dizer que o ser humano tem um vazio na alma tão grande que nada
nesse mundo pode preenchê-lo. Só Deus pode preencher esse vazio, porque ele é
do tamanho de Deus.
17. Então, essa alegria, fruto do Espírito,
vem de saber que Deus habita em mim e que Ele perdoou os meus pecados e que,
por isso, não estou destinado à perdição, mas à vida eterna no reino de Deus.
Essa alegria não depende das circunstâncias mutáveis da vida, Não!!! Ela
depende da promessa de Deus de que Ele está comigo onde quer que eu esteja e
que cuida de mim em toda e qualquer situação. Essa alegria é dom de Deus, é
“fruto do Espírito”.
18. E para encerrarmos esse ponto com muita
alegria, deixe-me ler para você alguns trechos de Romanos 8:
Verso 1 ... nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.
Versos 14 – 18: ... todos os que são guiados pelo Espírito de Deus,
esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para,
outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de
filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo,
herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que
com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados ... para mim tenho por certo que as aflições deste
tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser
revelada.
Versos 26 – 39: ...
o
Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir
como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele
que segundo Deus intercede pelos santos. E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a
esses também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é
por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho
poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas
as coisas? Quem intentará
acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os
mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos
separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti
somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o
matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por
aquele que nos amou. Porque estou
certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem
alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor!”
19. Que maravilha! O Espírito
nos capacita a amar; e o Espírito produz a alegria, a verdadeira alegria, em
nossos corações; e, terceiro, o Espírito produz em nós a Paz.
PAZ – O
fruto do Espírito é... paz...
1. O terceiro gomo do Fruto do Espírito é a
paz.
2. Mas não se trata de uma paz que é
dependente das circunstâncias em que estamos vivendo. É uma paz que se faz
presente mesmo quando tudo parece desabar sobre nossa cabeça.
3. No Dicionário Aurélio assim lemos sobre
paz:
a. Ausência de lutas, violências ou
perturbações sociais; tranquilidade pública; concórdia, harmonia: O respeito às
leis assegura a paz de uma comunidade.
b. Ausência de conflitos entre pessoas; bom
entendimento; entendimento, harmonia: Vive em paz com os vizinhos e colegas.
c. Ausência de conflitos íntimos;
tranquilidade de alma; sossego: Goza de paz absoluta.
d. Situação de um país que não está em
guerra com outro: Grandes são os benefícios das épocas de paz.
e. Ausência de agitação ou ruído; repouso,
silêncio, sossego: “a paz do campo”.
4. Mas não é essa a paz que o Espírito
produz em nós. Essa paz é dependente das circunstâncias; ela é dependente de
algumas “ausências”, como vemos nas definições, ou, talvez melhor dizendo, ela
é a própria ausência dessas circunstâncias desfavoráveis, e se porventura a “ausência”
der lugar à “presença”, foi-se embora a paz.
5. A paz fruto do Espírito não depende de
circunstâncias. Por que? Eis algumas razões:
a. Porque os
que a têm sabem que estão sob o cuidado de um Deus que sabe de todas as suas
circunstâncias e que nada escapa ao Seu poder de agir.
i. E até
mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais
valeis vós do que muitos passarinhos.” (Mateus 10:30-31 RC)
ii. Jó,
depois de passar por grandes provações permitidas por Deus, e posteriormente
pela experiência de Deus se manifestar a ele e falar com ele, reconheceu: “Bem sei que tudo podes e nenhum de Teus
planos pode ser frustrado”.
iii. Os
planos dele de libertar Israel do Egito por intermédio de Moisés da forma com
libertou, demonstrando seu grande poder, não puderam ser frustrados. Depois
Moisés orientou ao povo em Êxodo 13.13: “Lembrai-vos
deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois, com MÃO FORTE,
o Senhor vos tirou daqui...”
iv. O
profeta Jeremias, em uma oração que está registrada a partir do verso 17 do
capítulo 32 (depois veja lá o teor todo da oração), começa se expressando assim
diante de Deus: “Ah! Senhor JEOVÁ! Eis
que tu fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço
estendido; não te é maravilhosa demais
coisa alguma. Tu usas de benignidade com milhares e tornas a maldade dos pais
ao seio dos filhos depois deles; tu és o grande e poderoso Deus cujo nome é
SENHOR dos Exércitos, grande em conselho e magnífico em obras; porque os teus
olhos estão abertos sobre todos
os caminhos dos filhos dos homens, para dar a cada um segundo os seus caminhos
e segundo o fruto das suas obras. Tu puseste sinais e maravilhas na terra do
Egito até o dia de hoje, tanto em Israel como entre os outros homens, e te criaste um nome, qual é o que tens
neste dia. E tiraste o teu povo de Israel da terra do Egito, com sinais, e com
maravilhas, e com MÃO FORTE, e com braço estendido, e com grande espanto; e lhe
deste esta terra que juraste a seus pais que lhes havias de dar; terra que mana
leite e mel.” (Jeremias 32:17-22 RC)
v. As
muralhas de Jericó caíram...
vi. Gideão,
com 300 homens, venceu um exército de 132.000 homens...
vii. Estes e
muitos outros acontecimentos mostram que nada escapa ao poder de agir do Deus a
quem servimos; nenhum de seus planos pode ser impedido.
b. Mas
também essa paz é uma paz que independe das circunstâncias porque o Senhor é o
escudo e o ajudador daqueles que a tem.
i. “Depois
destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas,
Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.” (Gênesis 15:1 RC)
ii. “Sejam
vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele
disse: Não te deixarei, nem te desampararei. E, assim, com confiança,
ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa
fazer o homem. ” (Hebreus 13:5-6 RC)
c. Ainda essa
paz é uma paz que independe das circunstâncias porque o Senhor toma pela mão
aqueles que a tem, está com eles e age favoravelmente a eles em todas as
situações.
i. “Porque
eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: não temas, que
eu te ajudo.” (Isaías 41:13 RC)
ii. "Estou
convosco todos os dias..." disse Jesus...
iii. Romanos
8.28-29 diz que Deus agem em todas as coisas para o bem daqueles que o amam e
que são chamados segundo o Seu propósito.
d. Me
permitam falar ainda mais uma razão que não pode faltar: essa paz é uma paz que
independe das circunstâncias por sabermos
que quando cruzarmos a linha que divide esta vida da eternidade tudo irá bem
conosco
i. Deus tem
um reino preparado para nós: “Não temas,
ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino.” (Lucas
12:32 RC)
ii. Deus tem
uma cidade para nós: “Mas a nossa cidade
está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso,
segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Filipenses 3:20-21 RC)
iii. Nessa
cidade que Deus tem preparada para nós seremos livres, como lemos no
apocalipse, da fome, da sede, das maldiçoes, das lágrimas de tristeza... enfim,
de todo e qualquer tipo de sofrimento e seremos apascentados por Jesus para as
fontes das águas da vida.
iv. Nada
pode nos separar do amor de Deus a nós manifestado em Cristo Jesus... nem a
morte... (Romanos 8)
v. Ao
cruzarmos a linha que divide esta vida da eternidade, seja hoje, seja amanhã,
seja quando for e de que forma for, tudo irá bem conosco se já foi estabelecida
a paz entre nós e Deus.
6. Então, essa paz não depende de
circunstâncias.
7. A paz que o mundo oferece é uma paz
circunstancial, e, como tal, passageira, mas a paz produzida pela presença do
Espírito em nós não é circunstancial e é duradoura.
8. Mas, notemos uma coisa interessante: a
Palavra de Deus parece nos indicar que, apesar de Deus em Jesus ter essa paz
disponível para nós através do Seu Espírito que a produz em nós, ela é algo que
precisamos desenvolver, pela fé.
9. Vejamos o que está escrito em Filipenses
4.6 e 7:
“Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de
Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a
paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus.”
10. Veja o comentário de Russel P. Shedd:
O
antídoto da ansiedade e descontentamento não se encontra em outra ação senão na
oração de fé... Pensamentos que trazem ao coração revoltantes e horríveis
possibilidades devem ser vencidos pela comunhão com Deus na oração...
11. Repetindo o que já foi dito
anteriormente, apesar de Deus em Jesus ter essa paz disponível para nós através
do Seu Espírito que a produz em nós, ela é algo que precisamos desenvolver,
pela fé.
12. Pela fé reconhecemos que Deus trabalha em
todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8.28).
13. Pela fé lançamos sobre Deus toda a nossa
ansiedade, certos de que Ele cuida de nós (I Pedro 5.7).
14. Não andeis ansiosos de coisa alguma...
em tudo, porém, isto é, ao invés de ficarem ansiosos, tenham fé e orem, façam
conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com
ações de graças. Mesmo antes de receber e sem saber se vai receber o que se
deseja como se deseja, deve-se agradecer a Deus, e esse agradecimento não é
porque se espera receber o desejado; antes, é um reconhecimento de que o que
Deus fizer será o melhor. Assim, com essa fé, a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, e que é fruto do Espírito, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus.
15. Recordando: “O fruto do Espírito é: 1)
amor, 2) alegria, 3) paz... E depois da paz vem a
LONGANIMIDADE – O fruto do Espírito
é... longanimidade...
1.
A palavra original no grego (Makrothumia),
que se traduz por longanimidade em nosso português, é, possivelmente, uma
palavra tipicamente cristã; criada pelo cristianismo e para o cristianismo; um
neologismo, isto é, uma palavra nova derivada de outra já existente. E esta
palavra foi criada para demonstrar como deve ser a o “ânimo” ou a “paciência”
do cristão; como é o “ânimo” ou a “paciência” que não é simplesmente uma
característica humana, mas parte do fruto do Espírito.
2.
E como é esse “ânimo”, essa “paciência”, essa “perseverança”?
a.
Esse ânimo é “muito longo”; não simplesmente “longo”, mas “muito
longo”; daí o uso do termo makrothumia e não megathumia.
3.
Então, o servo do Senhor, por ter o Espírito do Senhor habitando
nele, e por esse Espírito produzir nele um fruto que inclui, dentre outras
virtudes, a longanimidade, é “muito” paciente. Isso não quer dizer que ele seja
resignado ou acomodado, mas é “muito paciente”, o que significa também, nas
palavras do professor e pastor Israel Belo de Azevedo, que ele tem um “espírito
constante que nunca cede”, ou, que nunca “desanima”.
4.
Eis algumas circunstâncias diante das quais o servo do Senhor não
se desanima:
Ø
Não se desanima diante das
situações difíceis da vida
a.
Hebreus 6.15 diz que Abraão alcançou a promessa depois de esperar
com “paciência” (a mesma palavra para longanimidade) – Agora, raciocinemos:
quando Deus fez a promessa a Abrão de que ele teria um filho por meio de quem
seria pai de uma grande nação e que na sua descendência todas as famílias da
terra seriam abençoadas:
i. Abraão era velho;
ii. Sara era velha;
iii. Sara era estéril;
iv. E a promessa não foi
cumprida de imediato – levou, desde o dia em que Deus disse que Abraão seria
pai de uma grande nação até o nascimento de Isaque, 25 anos.
Foi difícil ou não foi? O
que os irmãos acham?
Foi difícil, mas Abraão não
desanimou; Abraão teve makrothumia – “ânimo
muito longo”
b.
Jó também não desanimou diante das grandes provações pelas quais
passou, mesmo com sua própria esposa o tentando, dizendo que ele deveria
amaldiçoar a Deus e entregar-se à morte.
c.
E muitos outros exemplos poderiam ser citados, de pessoas que não
desanimaram; e nós mesmos não desanimamos, porque, além de a longanimidade ser
parte do fruto que o Espírito Santo de Deus está produzindo em nós, ela é uma
virtude que é mantida pela fé, isto é, pela consciência de que aquilo que
esperamos como cristãos, como resultado da vida que vivemos em Cristo, vai
realmente acontecer. Então, a situação se torna difícil, mas nós não
desanimamos; não recuamos; avançamos dando ouvidos a Tiago: “Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do
Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com
paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes,
fortalecei o vosso coração, porque já
a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros,
para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai
por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.”
(Tiago 5:7-10 RC).
d.
Nosso comportamento é o mesmo de Habacuque quando ele disse: “Porquanto, ainda que a figueira não
floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não
produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não
haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha
salvação. JEOVÁ, o Senhor, é
minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as
minhas alturas.” (Habacuque 3:17-19 RC)
e.
E sabemos, como sabia o autor aos Hebreus, que aquilo que Deus
espera de nós é aquilo que Ele deixou dito, que
“o justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele”
(Hebreus 10.38)
f.
Então, o servo do Senhor não se desanima, não se prostra, não
recua, não abandona a fé diante das circunstâncias difíceis. Mas também o servo
do Senhor...
Ø
Não se desanima diante de
pessoas difíceis
a.
Pessoas difíceis existem, sabemos. Há aquelas que são difíceis em
contextos e momentos específicos apenas, e por motivos específicos; mas há também
aquelas que são difíceis “no geral”.
b.
Jesus falou de pessoas assim. Lucas registrou: “E disse o Senhor: A quem, pois, compararei
os homens desta geração, e a quem são semelhantes? São semelhantes aos meninos
que, assentados nas praças, clamam uns aos outros e dizem: Nós vos tocamos
flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes. Porque veio
João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o
Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de
vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.” (Lucas 7:31-34 RC) – Nada e
nem ninguém os satisfaz. Talvez fiquem um pouco satisfeitos com quem não lhes
for contrário em nada e andarem segundo sua “cartilha”... Mas Jesus,
obviamente, não desanimou de cumprir o seu ministério – “pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz e desprezou as
afrontas...” (Hebreus 12)
c.
Davi foi perseguido por uma dessas pessoas difíceis, Simei. E Davi
foi bem longânimo. Veja 2 Samuel 16.1-14. “Deixa ele”, disse Davi; “essa é a
função dele, deixa ele cumpri-la... se Deus o colocou para isso e não o impede,
não serei eu quem vai impedi-lo”. “Que infeliz ele é! Enquanto uns foram postos
para edificar, ele foi posto para destruir; enquanto a língua de alguns foi
dada para abençoar, a dele foi dada para amaldiçoar. Quão infeliz ele é!
Deixe-o...”
d.
Diótrefes foi uma pessoa difícil no ministério de João. Queria ter
a primazia na igreja, não recebia os servos de Deus que iam até eles, impedia a
igreja de recebê-los e proferia contra João e os demais, palavras maliciosas. Mas
João não desanimou... nem de ir àquela igreja para falar-lhes ele desanimou. V.
3 João.
e.
Irmã Eli era uma pessoa difícil. Pensa numa pessoa “gente
boa”. Era ela. Somos amigos até hoje; distantes geograficamente falando, mas
amigos. Por outro lado, que pessoa difícil! Havia uma cadeia de confusão na
igreja e ela era o pivô de toda confusão; quando ela foi embora, mudou-se,
foi-se também a confusão;
f.
Irmã Fátima era uma pessoa difícil. Quando chegava alguém pra
igreja e Fátima se achegava à pessoa já ficávamos preocupados; ela tinha o dom
de “linguaruda”, e fazia fofoca de todo mundo, e se a gente não cuidasse a
pessoa vinha num domingo e não voltava nunca mais.
g.
Irmão Carlos Marquardt foi uma pessoa difícil... difícil de
se converter... mas se converteu e já não é mais difícil nesse ponto...
h.
Então, há pessoas difíceis. Difíceis de se lidar, difíceis de se
conviver, difíceis de suportar, que põem obstáculos à vida cristã e ao serviço
cristão das pessoas, muitos desses obstáculos difíceis de transpor; pessoas que
fazem o sangue do outro ferver. Pessoas difíceis de se converter, algumas das
quais talvez já há muitos anos falamos de Jesus...
i.
Há pessoas difíceis, mas você não se desanima diante dessas
pessoas difíceis, e nem se desanima das próprias pessoas difíceis no sentido de
descrer que elas possam ser transformadas, porque o Espírito de Deus está
produzindo no seu coração um fruto em que um de seus gomos se chama “longanimidade”
– Makrothumia, isto é, “ânimo muito longo”. E daí você faz o que diz os
primeiros versos de Hebreus 12:
i. Você se livra de todo pecado
e de todo embaraço;
ii. Você fixa seus olhos em
Jesus e ninguém mais;
iii. Você considera atentamente o
fato de que o próprio Jesus suportou afrontas e contradições; e se Jesus
suportou você também se dispõe a suportar, e, então, não enfraquece, não tem o
seu ânimo desfalecido.
j.
Pessoas difíceis não abalam os que têm o Espírito e,
consequentemente, longanimidade. E também...
Ø
Não se desanima da carreira
cristã
a. A carreira Cristã não é um “mar de
rosas”. É como canta João Alexandre: “coloca a viola na cacunda que a rapadura
é doce mas não é mole não... Quem foi que te disse que a vida é um mar de rosas?...”
i. Jesus disse que a carreira não é fácil: “E,
aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu
te seguirei. E disse Jesus: As raposas
têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem
onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8:19-20 RC);
ii. Jesus disse que estreita é a porta e
apertado é o caminho que conduz à salvação;
iii. Jesus disse que a carreira cristã inclui
renúncias: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas
qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará.” (Lucas 9:24 RC);
iv. Jesus disse que a carreira cristã inclui
negar-se a si mesmo e levar a cruz: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lucas 9:23
RC);
v. A carreira cristã inclui resistir às
tentações do diabo: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário,
anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual
resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos
irmãos no mundo.” (1 Pedro 5:8-9 RC);
vi. A carreira cristã enfrenta adversários
fortíssimos
1. Pessoas outras – conscientes e
inconscientes
2. Hostes espirituais da maldade nos
lugares celestiais: “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais.” (Efésios 6:12 RC)
b. Mas você não desanima; seu ânimo é
“muito longo”, porque é produzido pelo Espírito Santo, e então você segue
adiante, você corre com paciência a carreira que lhe foi proposta, olhando para
Jesus, o autor e consumador de sua fé.
5.
Então, o Fruto do Espírito é longanimidade, “ânimo
muito longo” mantido pela fé, mantido pela consciência de que aquilo que
esperamos como cristãos, como resultado da vida que vivemos em Cristo, vai
realmente acontecer. Então,
a.
as situações da vida estão difíceis, mas você segue firme na sua
fé, não se desanima;
b.
pessoas difíceis se interpõem no seu caminho, mas você segue firme
na sua fé, não se desanima;
c.
você segue firme na carreira cristã que lhe foi proposta por Deus,
não se desanima, porque sabe que o resultado prometido de sua vida vivida em
Cristo e para Cristo virá com toda certeza.
6.
E agora, para encerrarmos esse ponto, ofereço-lhes algumas frases
interessantes ditas por outras pessoas:
“Longanimidade é a
manifestação de paciência no momento quando muitos iriam explodir de raiva. É a
atitude de aguentar pacientemente os maus tratos, sem querer vingança ou
retribuição. Aqueles que vivem
irritados, com sentimentos de vingança, mal-humorados, não estão sob o controle
do Espírito Santo”. (Não anotei o autor)
“... suportarmos as
fragilidades e provocações alheias, com base na consideração que Deus se tem
mostrado extremamente paciente conosco; pois, se Deus não tivesse agido assim
conosco, teríamos sido imediatamente consumidos; suportando igualmente todas as
tribulações e dificuldades da vida, sem murmurações e rebeldias; submetendo-nos
alegremente a cada dispensação da providência de Deus, e assim derivando
benefícios de cada ocorrência”. (Adam Clarke)
“A longanimidade é paciência
que nos permite subjugar a ira e o senso de contenda, tolerando as injúrias”.
(Mathew Henry)
“Constância de alma, sob a
provocação à alteração... tolerância, permanência ante o erro sofrido ou a
conduta exasperadora, sem nos deixarmos arrastar pela ira e sem nos atirarmos à
vindita... Portanto: a) paciência, persistência, constância... b) tolerância
ante erros sofridos, sem ira ou vindita... tolerância para com os indivíduos
cuja conduta visa provocar-nos à ira”. (Burton)
7.
Então, o fruto do Espírito, o resultado da obra do Espírito em nós
é, vimos até agora: amor, alegria, paz, longanimidade... E o próximo é:
BENIGNIDADE – O fruto do Espírito é...
benignidade...
1.
Benignidade é a característica por causa da qual praticamos atos
de bondade. Talvez por isso, como evidencia William Barclay, “até mesmo filósofos pagãos teriam definido
que é a benignidade que torna o homem semelhante a Deus”, porque o nosso
Deus é benigno, e por causa da Sua benignidade Ele age com bondade para
conosco.
2.
Falando sobre a benignidade nos homens, Plummer, segundo Barclay,
diz que ela é “a gentileza simpática ou
doçura de gênio que deixa os outros à vontade e recua diante da ideia de
provocar dor”.
3.
Então, benignidade tem a ver com o caráter da pessoa. Ela age naturalmente
com bondade porque o seu caráter é benigno. A malignidade não, a malignidade
faz a pessoa agir como os inimigos de Daniel, que procuraram alguma coisa que
pudesses usar contra ele e, em não encontrando, elaboraram todo um plano para
que pudessem prejudica-lo.
4.
Agora, lembremo-nos e não nos esqueçamos de uma coisa: a partir do
momento em que fomos alcançados pela graça de Deus em Cristo Jesus, isto é, a
partir do momento em que fomos salvos, o Espírito Santo passou a habitar em nós,
porque quem não tem o Espírito de Cristo não é dele, lemos em Romanos 8.9; e é
o Espírito que é o selo e o penhor de nossa salvação; então, se fomos e somos
salvos, o temos. E se o temos, nosso caráter necessariamente foi ou está sendo
transformado por Ele, e nesse processo de transformação um fruto está sendo
produzido e este fruto inclui a benignidade, e, portanto, todos os que são
verdadeiramente crentes devem ser benignos. A benignidade, necessariamente, é
uma de suas qualidades.
5.
É como quando estudamos o sermão da montanha e vimos que Jesus o
começa com as bem-aventuranças e que essas bem-aventuranças são características
necessárias daqueles que realmente pertencem a Jesus.
a.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, são
pobres de espírito, isto é, reconhecem a sua miséria espiritual e sua absoluta
necessidade do favor divino;
b.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados,
choram, isto é, lamentam o pecado presente no mundo e em suas próprias vidas;
c.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, são
mansos, isto é, entregam a Deus todas as questões, não buscando vingança ou
retaliações...
d.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, têm
fome e sede de justiça, isto é, anelam por ser positivamente santos, por
despojar-se do velho homem que se corrompe pelas concupiscências do engano e
revestir-se do novo homem que é criado segundo Deus, em verdadeira justiça e
santidade, e por conhecer a Deus e desfrutar de companheirismo com Ele e ser parecido
com o próprio Senhor Jesus.
e.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, são
misericordiosos, isto é, são ativamente compassivos para com os outros que
sofrem;
f.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, são
limpos de coração, isto é, têm um coração santificado a Deus;
g.
Os que pertencem a Jesus e que, portanto, são bem-aventurados, são
pacificadores, são promotores da paz, inclusive da paz entre o homem e Deus; e promove-se
a paz entre o homem e Deus quando se age positivamente para levar esse homem à
conversão.
h.
E por causa de tudo isso, aquele que pertence a Jesus às vezes é
perseguido, mas até nisso ele é bem-aventurado.
6.
Pois bem, a benignidade não está explicitamente incluída nas bem-aventuranças
proferidas por Jesus e que são características necessárias dos que pertencem a
ele. Entretanto, ela é também característica necessária por fazer parte do
fruto que o Espírito produz no crente.
7.
Então, meu prezado irmão, se você é crente de verdade, o Espírito
Santo habita em você e está produzindo um fruto e esse fruto inclui a
benignidade, e isso significa que deve haver em você aquela gentileza
simpática, aquela doçura de gênio ou personalidade que, diante da ideia de
vingança ou de provocar alguma espécie de dor, recua, não vai adiante. Se assim
não é, se não há pelo menos um sinal de que uma personalidade assim está sendo
formada em você, então algo está errado com você.
8.
Ser benigno é ser gentil. Os crentes precisam ser gentis.
9.
Uma das vantagens de se ser gentil é que nos tornamos pessoas de
fácil abordagem.
10. É muito mais fácil nos
aproximarmos de uma pessoa a quem magoamos, para pedir perdão, se a mesma for
uma pessoa gentil e não rude.
11. É muito mais fácil as
pessoas se aproximarem de nós, inclusive para serem perdoadas por nós, se somos
gentis.
12. Foi Martinho Lutero quem
disse:
“Os seguidores do evangelho
não devem ser inflexíveis e amargos, mas antes, gentis, suaves, corteses e de
fala mansa, o que deveria encorajar outros a buscarem sua companhia... A
gentileza pode dar-se bem até mesmo com pessoas ousadas e difíceis...”
13. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a benignidade;
então, você precisa ser benigno, gentil. Você precisa exercitar a gentileza.
14. Vamos ao próximo resultado:
BONDADE – o fruto do Espírito é...
bondade...
1.
O que é bondade?
2.
Eu sei que tem gente aí (IBMuqui) que está curioso para ver como
vamos fazer diferença entre benignidade (que já vimos) e bondade (entre
CHRESTOTES e AGATHOSUNE).
3.
E realmente há uma certa dificuldade. Aliás, na língua portuguesa,
até o termo “bondade”, sozinho, já traz alguma dificuldade. “Bondade” é um
substantivo abstrato que indica qualidade, a qualidade daquele ou daquilo que é
bom. Mas bom “como”?, “Em que”? “Em que sentido”? Simplesmente dizer que alguém
é bom não é suficiente; é preciso observar o contexto: “bom de bola”, “bom
cantor”, “bom escritor”... e por aí vai.
4.
Mas, em nosso caso, o contexto é bem claro, e bondade aqui está
relacionada à conduta de alguém para com outras pessoas. Bondade aqui é uma
qualidade daquele que faz coisas boas, faz o bem para os outros, natural e
desinteressadamente.
5.
A parábola do bom Samaritano serve de exemplo aqui...
6.
Não importa se o sujeito é meu inimigo, eu devo agir com bondade
para com ele. “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede,
dá-lhe de beber”, não é assim que lemos na Bíblia?
7.
Às vezes se faz necessária a repreensão, uma atitude mais dura,
mas até isso deve e pode ser feito com bondade; deve e pode ser feito por bondade
e não por maldade.
a.
Você já ouviu falar de alguma mãe que mandou prender o filho? Isso
acontece! Por maldade? Não!!! Há mãe que manda prender o filho porque não quer
vê-lo se autodestruindo, caminhando para a morte prematura.
8.
Os motivos do crente, aquilo que o impulsiona a agir de uma
determinada maneira deve ser bom, ainda que a atitude em si, a princípio não
seja considerada boa por parte daquele que foi objeto dela.
9.
Mas isso não é o mesmo que benignidade? É bem parecido, mas não é
exatamente igual; as duas qualidades estão intrinsecamente ligadas, mas não são
a mesma coisa. Talvez possamos dizer que a bondade é a expressão prática da benignidade,
e que porque o sujeito é benigno ele pratica atos de bondade; ou, conforme
William Barclay: “Agathosume (bondade)
é a generosidade que brota do coração benigno”.
10. Henry David Thoreau foi quem
disse que “Se um homem marcha com um
passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor”. Pois
bem, quem ouve o “tambor” da benignidade, segue nos passos da bondade, que tem
como sinônimo palavras como ‘altruísmo’, ‘caridade’, magnanimidade’, ‘clemência’,
‘compaixão’, ‘piedade’, etc.
11. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a bondade; então,
você precisa ser bondoso para com as pessoas, todas elas. Não precisa ficar “indo
atrás daquelas que insistem em ser suas inimigas”, como se você fosse um “cão
que procura pelo dono”; mas, sendo necessário, deve-se agir com bondade. Se teu
inimigo tiver fome ou sede e você puder ajudar, não deve “encolher a mão”; se
teu inimigo tropeçar e cair na sua frente, você deve ajudá-lo a se levantar; e
em todas as circunstâncias você deve orar por ele.
12. Vamos adiante. O próximo
resultado é:
FÉ
(FIDELIDADE) – O fruto do Espírito é... fé (fidelidade)...
1.
A palavra original utilizada no versículo, para este sétimo
aspecto do fruto do Espírito pode ser traduzida tanto por fé quanto por
fidelidade.
2.
A razão de o Espírito orientar Paulo na utilização desta palavra
talvez esteja no fato de que fé, a verdadeira fé, não é uma simples crença. A
crença simples é passiva, ao passo que a fé é ativa, leva a atos de fidelidade
a Deus. No dizer de Edith Hamilton, “é
uma visão que inevitavelmente passa à ação”.
3.
Porém, apesar de a palavra original poder ser traduzida tanto por
fé quanto por fidelidade, o melhor sentido aqui é o de fidelidade. E aí você
pode perguntar: “por que?”. E a resposta não é muito complicada de se dar; na
verdade é até bem simples. Barclay explica dizendo que a fé que é confiança,
entrega e obediência totais no que diz respeito a Jesus Cristo, é uma virtude
teológica, isto é, tem a ver com a nossa crença em Deus; mas as virtudes
alistadas no fruto do Espírito são virtudes éticas e não teológicas, isto é,
são virtudes que tem a ver com aquilo que praticamos em decorrência da fé que
temos.
4.
Então, a pessoa em cuja vida o fruto do Espírito está em pleno
desenvolvimento, é uma pessoa fiel, cumpridora de suas obrigações ou
compromissos, principalmente os compromissos para com Deus.
5.
Alguns exemplos ligados às obrigações sociais e interpessoais:
a.
Cumpre suas obrigações sociais – respeita as leis e paga seus
impostos.
b.
Não se deixa corromper. E aí surgem algumas perguntas: se assim é,
se o Espírito produz no crente um fruto que inclui a fidelidade, então:
i. Será que aquele político que
se diz crente, mas desvia “para o seu bolso” o dinheiro que não é seu, é
realmente crente, habitado pelo Espírito Santo?
ii. Será que aquele funcionário
público que se diz crente, mas recebe propina em troca de favores é realmente
crente?
iii. Será que aquele que paga
propina, para se livrar de uma multa, por exemplo, é realmente crente?
Veja bem, não estou
afirmando que tais pessoas não sejam crentes; podem até ser; mas nesses
momentos e nessas práticas o papel não é de crente.
c.
É honesto. E daí pergunto:
i. será que aquele indivíduo
que se diz crente, mas deixa de pagar as suas contas, não por uma infelicidade,
um acontecimento que lhe fugiu ao controle, mas porque é “caloteiro”, é
realmente um crente e habitado pelo Espírito Santo?
ii. E o que dizer daquele que “mascara”
alguma coisa que vai comercializar, para “vender bem” ... e depois ainda “conta
vantagem”.
O caso é o mesmo: podem até
ser; mas nesses momentos e nessas práticas o papel não é de crente.
d.
É leal ao seu cônjuge;
e.
É leal ao seu patrão;
f.
E se é patrão trata o funcionário com dignidade e lhe dá o que lhe
é de direito;
6.
Alguns exemplos ligados às obrigações para com Deus
a.
É observador da Palavra de Deus – ouve e cumpre.
b.
É envolvido com a obra de Deus;
c.
É parecido com Jesus (fidelidade significa também “semelhança
entre o original e a cópia”);
d.
Procura não ser motivo de escândalo, isto é, procura não proceder,
por palavra ou ação, de forma que cause constrangimento, vexação ao evangelho e
à igreja, e, consequentemente, afastamento das pessoas.
7.
É fiel no pouco e é fiel no muito, é fiel nas pequenas e também
nas grandes coisas. Coloca-se pouco em suas mãos e ele é fiel nesse pouco,
coloca-se muito e ele é fiel nesse muito. É uma pessoa com quem Jesus, e, consequentemente,
a igreja de Jesus pode contar, porque é alguém que cumpre com fidelidade as
suas responsabilidades para a glória do Senhor.
8.
Certo pastor escreveu no editorial do boletim de sua igreja um
artigo com o título “Um Crente Mais ou Menos”. No segundo parágrafo desse
editorial ele escreveu:
“Que é um crente mais ou
menos? É o membro da igreja com o qual não se pode contar, que não é de
confiança. Isso porque às vezes ele está presente e às vezes não está presente.
Às vezes ele contribui para a igreja e às vezes ele não contribui. Às vezes ele
está entusiasmado e às vezes ele está desanimado e desinteressado. Às vezes ele
faz o trabalho que se lhe entrega e às vezes ele não o faz”.
9.
Não é terrível isso?
10. Você quer ser assim?
11. Se não, seja fiel, exercite
a fidelidade. Diga ao Senhor: “Senhor, eis-me aqui, pode contar comigo!” Mas
diga com sinceridade, diga apenas se estiver disposto mesmo a ser fiel em tudo.
12. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a fidelidade;
então, você precisa ser fiel em tudo a Deus.
13. Vamos adiante. O próximo
resultado do fruto do Espírito é:
VIII.
MANSIDÃO – O fruto do Espírito é ... mansidão...
01. Mas o que significa ser manso? Vamos
pensar sobre isso. Pensemos primeiramente em sentido negativo, isto é, o que
mansidão, a mansidão segundo a Palavra de Deus, NÃO é.
Ø
A mansidão bíblica NÃO é algo natural
a. Não é uma questão de temperamento
natural, é fruto do Espírito. Certamente que existe uma mansidão natural, mas
essa que estamos considerando não é natural. Na Bíblia temos exemplos de homens
como Davi, Jeremias, Moisés, Paulo e outros; homens de temperamento natural
fortíssimo, de uma “personalidade” extraordinária e que, entretanto, se
tornaram homens humildes e mansos sob a direção do Senhor.
Ø
A mansidão bíblica NÃO é indolência
b. Existe muita gente que parece ser mansa,
mas não é; antes, é indolente, isto é, é apática, insensível, indiferente, e
ser manso, biblicamente falando, nada tem a ver com isso.
Ø
A mansidão bíblica NÃO é fraqueza de
caráter ou personalidade, e também NÃO é medo.
c. Há muita gente que parece ser mansa, mas
que não é; é simplesmente uma pessoa de personalidade fraca ou medrosa.
Ø
A mansidão bíblica NÃO é simples
gentileza
d. Quanta gente gentil existe no mundo!
e. E isso é muito bom!
f. Mas isso, simplesmente, não corresponde
à mansidão de que a Bíblia nos fala.
Ø
A mansidão bíblica NÃO é aquela atitude
de quem quer “paz a qualquer preço”
g. Pelo contrário, o indivíduo manso
segundo Deus é alguém que, se necessário for, defenderá a verdade divina até
morrer por ela. A história da igreja está repleta de mártires. O primeiro deles
foi Estevão.
02. Essas e muitas outras são coisas que a
mansidão bíblica NÃO é.
03. Sendo assim, o que vem a ser então essa
mansidão?
04. Várias considerações poderiam ser feitas
aqui, mas uma só nos é suficiente:
Ø A
MANSIDÃO CONSISTE EM UMA ENTREGA DA NOSSA VONTADE A DEUS
a. Quando fazemos isto, então não resta
mais lugar para espírito de revolta e ressentimento com as circunstâncias e
pessoas. (enfatizar bem isso)
b. Mas observem que essa atitude de não
revolta e de não ressentimento,
i. não é porque o crente seja tolo,
ii. não é porque o crente seja bobo,
iii. ou até porque não sinta nem um pouquinho
de vontade de reagir assim.
iv. O fato é que ele não é mais o dono de sua vontade, pois a entregou a Deus.
c. E quando submetemos a nossa vontade a
Deus, submissos a Ele ficam também
i. os nossos direitos,
ii. as nossas causas,
iii. os nossos interesses pessoais,
iv. as nossas reivindicações...
v. ... tudo!
vi. Tudo passa a ocupar um plano inferior em
nossas vidas em relação a Deus e à Sua vontade soberana.
vii. Estas coisas, estas causas, até poderão
e creio que estarão sempre presentes nas vidas dos crentes, mas sempre
obedecendo os limites estabelecido por Deus, sempre submissas à Sua vontade.
05. Tendo feito essas considerações,
passemos a ver agora alguns exemplos bíblicos de pessoas mansas.
Ø
Abraão – Quando Deus testou Abraão, ordenando-lhe
que sacrificasse seu único filho, Isaque, não vemos em parte alguma da Bíblia
que ele tenha levantado objeções, nutrido ressentimento ou mesmo sentimento de
auto piedade; apenas continuou firme na fé na promessa que recebera de Deus.
Veja Gênesis 22.1-14 e Hebreus 11.17-19.
Ø José
– Foi desprezado por
seus irmãos e vendido como escravo (Veja Gênesis 37.12-28), mas não nutriu
nenhuma revolta ou hostilidade. Quando seus irmãos o reconheceram lá no Egito,
temeram e clamaram por misericórdia. E o que José fez? Simplesmente lhes disse:
“Não temais;
porque, porventura, estou eu em
lugar de Deus? Vós bem intentastes mal
contra mim, porém Deus o tornou
em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo
grande.” (Gênesis 50:19-20 RC)
Ø Moisés – Apenas dois episódios na vida de Moisés nos são suficientes para
mostrar sua mansidão, e eles se encontram, respectivamente, em Êxodo 32.7-14 e
Números 12.1-15.
Ø Davi – Um homem de uma coragem fantástica. Quando pastor de ovelhas matou
um urso e um leão para proteger as ovelhas. Depois ele enfrentou Golias, e o
matou. Entretanto, perseguido por Saul, ainda que teve oportunidade, não ousou
tocar no ungido do Senhor. Veja 1 Samuel 17.17-51, 24.2-7 e 26.1-10
06. E o que dizer de Jó, João
Batista, Paulo e muitos outros que, com muita coragem, mas também com muita
mansidão, com muita submissão à vontade de Deus, enfrentaram duríssimas
circunstâncias em suas vidas?
07. Todos esses são bons
exemplos, excelentes exemplos, mas o grande exemplo vem do Senhor Jesus.
08. Jesus tinha a mansidão como
o alicerce de sua atitude para com todas as circunstâncias da vida.
a. Um grande exemplo o temos em
Mateus 4.1-11. Jesus podia tranquilamente transformar pedras em pães, no
entanto, ele só o faria se o Pai assim o desejasse.
b. Em João 5.30 ele diz: “... não busco a minha vontade, mas a
vontade do Pai, que me enviou”. O cálice que o Pai lhe deu, ainda que um
cálice de extrema amargura, ele o bebeu, e foi o supremo exemplo de como um
homem manso sempre deixa Deus determinar o que lhe é melhor em todas as
circunstâncias.
09. Paulo diz em Romanos 13.14: “... revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...”,
e isso inclui ter no coração a virtude da mansidão.
10. Vejamos a seguir, sobre a
mansidão na prática. Apenas três pontos.
Ø A mansidão nos ensina a sofrer sem reclamações, sem murmurações.
a. Jesus é o grande exemplo
(Veja 1 Pedro 2.21-23).
b. Jesus entregou seus direitos
ao Pai, ao Juiz Soberano.
c. E nós somos exortados a
seguirmos as suas pisadas, mas quantas são as vezes em que falhamos nisso!?
i. Não é verdade que, muitas
vezes, quando os “nossos direitos” não são observados, vociferamos com língua venenosa
em protesto?
ii. E quando assim não agimos
somos chamados de tolos. Eu nunca ouvi ninguém dizer, se referindo a alguém que
tenha sido injustiçado e que tenha entregado a causa nas mãos de Deus, que esse
alguém tenha sido revestido pela mansidão de Jesus (Uau! Como ele foi revestido
pela mansidão de Jesus!), mas já ouvi palavras mais ou menos assim: “Como “fulano” é bobo! Ah, se fosse eu!”
iii. Não é errado confrontar o
mal, desde que a confrontação seja legítima, com o propósito de correção,
pensando mais no que errou do que em mim que sofri as consequências do erro.
Jesus muitas vezes foi duro com seus ouvintes, principalmente com os escribas e
fariseus; mas não por ressentimento diante do que eles faziam e iriam fazer a
ele, não pensando em si próprio, mas neles, no bem-estar espiritual deles.
d. Então, a mansidão, na
prática, quando exercitada, nos ensina a sofrer sem reclamações, sem
murmurações.
Ø A mansidão facilita a renúncia que Deus requer de Seus filhos
e. Veja Lucas 14.33
f. Renunciar a tudo quanto
temos não é abandonar tudo: lar, família, emprego, casa, e ir morar como
mendigo debaixo de uma ponte. Antes, é entrega a Deus de nossos direitos
egoístas e pessoais.
g. Quando declaramos que Jesus
é Senhor em nossa vida, isso não é verdade enquanto retivermos o direito à vida
e a todos os valores que a acompanham.
h. Jim Elliot foi um jovem que
viveu nos meados do século passado, e que foi convocado por Deus para
evangelizar os índios selvagens da floresta amazônica no Equador. Era uma
tarefa muito difícil e que podia levar à perda da vida. Mas esse jovem
deixou-nos a seguinte frase: “Não é tolo
quem abre mão do que não pode reter para segurar firme aquilo que não pode
perder”. Ele morreu assassinado com mais três jovens missionários. Um deles
se chamava Rogério, e sua esposa, Bárbara Youderian, ao saber que eles haviam
sido mortos e jogados no rio, lembrou-se das palavras do Salmo 48.14: “... este é Deus, o nosso Deus para todo o
sempre; Ele será o nosso guia até à morte”. E com este salmo na mente, e ciente
de que só Deus e ninguém mais era Senhor da vida de Rogério, ela louvou a Deus
e orou: “Ajude-me, Senhor, a ser mãe e
pai”.
Ø
A mansidão nos instrui em um são
procedimento em nossos relacionamentos no lar.
i. Quando exercemos a mansidão, no sentido
de ser um rendimento de nossa vontade à vontade de Deus, no lar, somos
bem-aventurados no sentido de nosso procedimento ser um santo procedimento,
agradável a Deus.
j. Mas isso é especialmente difícil quando
nem todos no lar são crentes em Jesus.
i. Milhares de mulheres cristãs convivem
com maridos incrédulos, e vice-versa.
ii. Milhares de filhos moram com pais não
crentes.
iii. E as circunstâncias de muitos desses
crentes às vezes os pressionam a resmungar, reagir e condenar os familiares com
quem convivem.
iv. Mas a atitude que Deus requer de nós não
é essa,
v. e o exercício da mansidão possibilita a
atitude correta.
11. E quais seriam alguns meios eficazes
para ajudar a aumentar a mansidão?
Ø
Fazer um ato de entrega de seus direitos
a Deus
a. Isso é mais difícil de fazer do que de
falar.
b. MAS DEVE SER FEITO.
c. Precisamos confirmar no nosso coração
que não temos direito a nada, e que todos os direitos pertencem a Deus.
d. Deus é dono de tudo quanto é “nosso”, e
se por algum motivo Ele nos tirar ou permitir que seja tirado o que Ele nos
deu, a nossa reação deve ser de serenidade, tranquilidade, e não de rancor.
e. Se não me engano é o Dr. Russel Shedd
que conta que
Certa
tarde, no Rio Grande do Sul, aconteceu o seguinte: irmãos evangélicos estavam
ouvindo os princípios da mansidão e da importância de se abrir mão dos direitos
sobre todos os nossos pertences. De repente, certo irmão teve uma crise de
tosse. Saiu da reunião e, ficou chocado ao perceber que havia um espaço vago
exatamente onde tinha deixado o seu carro uma hora antes. Ficou indignado,
disposto a... (esganar)... o ladrão se descobrisse que era ele. Mas acalmou-se
ao relembrar o que estava sendo ministrado na reunião. A raiva cedeu lugar à
gratidão e ao louvor. No dia seguinte, chegando ao trabalho, sua atitude tão
mudada foi o meio que Deus usou para penetrar no coração de alguns colegas que
havia muito precisavam de um testemunho cristão verdadeiro.
Ø
Pensar seriamente na soberania de Deus
f. Deus é soberano e não há nada fora do
Seu controle, absolutamente nada.
g. E mesmo que não saibamos o porquê de um
acontecimento que julgamos ser “mal”, se amamos a Deus, no fim isso redundará
em bênçãos.
h. Mas não devemos pensar só em coisas e
acontecimentos, mas até os direitos sobre a nossa reputação devem ser entregues
a Deus. Entre as marcas da carne pecaminosa estão as mágoas e o desejo de nos
vingar quando nosso bom nome é atingido. Por outro lado, perdoar genuinamente
reflete a santidade que o Espírito Santo está gerando em nós.
i. Os mansos também entregam os direitos
sobre as pessoas. Quando perdemos um ente querido podemos cair na tentação de
culpar Deus, mas os mansos, aqueles que entregaram seus direitos a Deus,
reconhecem a soberania divina e reconhecem que esta vida é uma vida de agonias,
mas que as mesmas são passageiras e até podem produzir um “peso de glória”
acima de toda comparação. (2 Coríntios 4.17)
Ø
Ler as Escrituras com o intuito de nos
examinarmos (e mudarmos
o que precisa ser mudado) e orar
fervorosa e constantemente buscando um espírito manso.
12. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a mansidão;
então, seja manso, insto é, entregue a Deus a sua vontade, as suas causas, os
seus direitos.
13. E então chegamos ao último
resultado, que é:
VIII.
A TEMPERANÇA (DOMÍNIO PRÓPRIO) – O fruto do Espírito é ... temperança.
1.
Domínio próprio é o domínio de nós mesmos, o que impede que
sejamos levados ao léu pelos desejos e impulsos diversos. Aliás, achei
interessante a tradução de Barclay para o termo grego egkrateia, traduzido em nossas bíblias por temperança ou domínio
próprio. Barclay assim traduz: “a vitória sobre o desejo”.
2.
Então, temperança ou domínio próprio é “por freio em nós mesmos”,
inclusive no que respeita ao nosso “temperamento”.
3.
Infelizmente é verdade o que diz Isaltino Gomes Coelho Filho ao
comentar sobre essa virtude, sobre o fato de que nem todos a exercitam no que
respeita ao “temperamento”:
“Há muita gente descontrolada, e que acha isto uma virtude. Até
camuflam seu destempero com boas intenções ou com sentimentos de defesa da fé.
Dois dos discípulos de Jesus, Tiago e João, filhos de Zebedeu, receberam do
próprio Senhor o apelido de Boanerges, que significa, em aramaico, “filhos do
trovão” (Mc. 3.17). Não era, com toda probabilidade, porque tinham vozes de
baixo profundo, mas porque eram temperamentais, tendendo à violência. Em Lucas
9.54, os dois fazem uma proposta inusitada a Jesus: “... Senhor, queres que
mandemos descer fogo do céu para os consumir (como Elias também fez?)”... E,
infelizmente temos que reconhecer que nossas igrejas estão cheias de
Boanerges...”
4.
Mas temperança ou domínio próprio não diz respeito apenas ao nosso
temperamento; está em pauta todos os nossos apetites e paixões. Num pequeno
tratado de ética intitulado Das Virtudes
e dos Vícios, inicialmente atribuído a Aristóteles e depois não,
encontra-se que “à egkrateia (temperança) pertence a capacidade
de, pela razão, refrear o desejo quando este fixa-se nos gostos e prazeres vis,
e de ser resoluto e sempre pronto a suportar a necessidade e dor naturais”
(Barclay)
5.
Então, domínio próprio tem a ver com temperamento e com todos os
nossos desejos. Diz respeito ao que comemos, ao que bebemos, diz respeito à
nossa vida sexual, diz respeito ao que falamos.. e por aí vai. A pessoa que não
tem domínio próprio se deixa levar pelos seus desejos e termina por se tornar
uma espécie de escravo dos mesmos. Por outro lado, aquele que tem domínio
próprio é aquele que evita que o desejo seja o ditador das suas ações e da sua
vida.
6.
Parece que de alguma maneira Deus dotou a todas as pessoas de uma
certa dose de domínio próprio. Se assim não o fosse o mundo seria um caos
infinitamente maior do que já é. Uma simples briga caseira, de irmãos que se
gostam muito, talvez terminasse em morte se em algum ponto não houvesse o
exercício do autodomínio.
7.
Mas o crente tem que se dominar a si mesmo de uma maneira mais
especial. Existem muitas coisas que são normais para o mundo, mas que não o são
para nós.
8.
Deus não retira de nós os nossos impulsos naturais, mas nós
precisamos dominá-los.
9.
Nós é que, abaixo de Deus, precisamos ser os regentes da orquestra
de nossa vida, e não os impulsos que fazem parte dela. Lembre-se disso todas as
vezes que você sentir-se impulsionado a fazer algo que, racionalmente você sabe
que não será muito bom. Talvez você sinta esse impulso hoje ainda, e amanhã
também... várias vezes. Portanto, não se descuide na vigilância.
10. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui a temperança,
o domínio próprio; então, seja temperante, não se deixe levar pelos seus
impulsos.
CONCLUSÃO
01. Se você é crente, o Espírito
está desenvolvendo um fruto em seu interior, e esse fruto inclui:
a.
o amor;
b.
a alegria;
c.
a paz;
d.
a longanimidade;
e.
a benignidade;
f.
a bondade;
g.
a fidelidade;
h.
a mansidão
i.
e o domínio próprio
02. Mas não se trata de amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e
domínio próprio naturais, conforme tivemos oportunidade de ressaltar em cada
virtude estudada. É amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio como resultados de uma operação do
Espírito Santo de Deus em nosso interior. Faz parte de toda uma obra que foi e
está sendo realizada em nós pelo Deus Trino: o Pai nos chamou, o Filho nos
salvou e o Espírito está nos aperfeiçoando/santificando.
03. Eis aí o Fruto do Espírito.
Você pode percebê-lo sendo formado em você? Se você é “crente”, alguém que crê
em Jesus, alguém que foi alcançado pela graça salvadora e recebeu o “selo” e o
“penhor” que é o Espírito de Deus, certamente que sim. E se assim o é, abra a
sua mente para esse fato e “ande em Espírito”, deixe que Ele “exiba” em sua
vida toda a beleza desse fruto para a honra e glória de Jesus que te salvou.
04. Termino com o verso 23:
“... contra
essas coisas não há lei.”
“Não existe
lei contra o Fruto do Espírito!... A sociedade não precisa de proteção contra
os que ostentam estas qualidades”.
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
OBRAS CONSULTADAS:
Ø A Felicidade Segundo Jesus –
Russel P. Shedd
Ø Alegrai-vos no Senhor – Uma
Exposição de Filipenses – Russel P. Shedd
Ø As Obras da Carne e o Fruto
do Espírito – William Barclay – Vida Nova
Ø Bíblia Online 3.0 Módulo
Avançado – SBB
Ø Comentário Bíblico Broadman
– Volume 11 – Novo Testamento
Ø E-book de Sermões e
Ilustrações – desenvolvido pelo Pr. Walter Pacheco
Ø Estudos no Sermão do Monte –
Martin Lloyd-Jones
Ø Estudos Sobre a Palavra de
Deus – II Coríntios-Colossenses – J. N. Darby
Ø Fruto do Espírito – Na
prática das nove virtudes – Isaltino Gomes Coelho Filho
Ø Liberdade em Cristo –
Entendendo a epístola de Paulo aos Gálatas – Meno Kalisher
Ø O N. T. Int. Vers. Por Vers.
– Volume 4 – R. N. Champlin
Ø Revista Pontos Salientes de
1994
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