SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS
(Estudo baseado em um estudo da revista “Vida Cristã” do 1º trimestre de 1994)
(Caso alguém saiba quem é o autor do estudo original da revista, favor me comunicar para colocar aqui)
“Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente, levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo da vossa alma.”
(1 Pedro 2:21-25 RC)
1. A primeira carta de Pedro foi escrita para os cristãos que viviam em cinco províncias romanas localizadas numa região que hoje faz parte da Turquia. (Veja os nomes dessas províncias em 1:1). Esses cristãos estavam sendo perseguidos por causa de sua fé em Cristo, e a intenção de Pedro é confortá-los, encorajá-los e ensiná-los a interpretarem o momento difícil pelo qual passavam.
a. Confortar porque os momentos difíceis, sejam quais forem, trazem incertezas, apreensão, dúvidas quanto ao futuro incerto; e o conforto que vem do Senhor é fonte de alívio para a tristeza e de tranquilidade.
b. Encorajar porque as dificuldades tendem a esvaziar as pessoas de seu ânimo e a enchê-las de cansaço físico e mental. As promessas do Senhor enchem os crentes de coragem, mesmo quando os ventos são contrários.
c. ]Ensinar porque as lutas da vida precisam ser interpretadas à luz da Palavra de Deus.
2. O estar confortado, o ter coragem e o encarar as lutas da vida segundo a Palavra de Deus têm em Jesus o maior exemplo, e por isso é que precisamos seguir os seus passos.
3. Vejamos alguns desses passos que podemos destacar do nosso texto base.
· Primeiro passo: o passo da santidade.
1. Pedro diz sobre Jesus: “...não cometeu pecado...” ( v. 22a )
2. O teólogo Langston, falando sobre santificação, comenta: “O grande propósito de Deus em estabelecer o Seu reino entre os homens é conseguir duas coisas: primeiramente, estabelecer uma relação vital entre Si mesmo e o homem; segundo, produzir no homem um caráter que esteja de acordo com esta nova relação existente entre os dois” [1]
3. Seguir os passos de Jesus no que concerne à vida de santidade é dar plena liberdade a Deus de, através de Seu Espírito, agir de maneira a produzir um caráter correspondente à relação que se tem com Ele. Jesus é exemplo de santidade e os crentes precisam seguir os seus passos no que concerne a isso.
4. Já tivemos várias oportunidades de, especificamente ou não, refletir sobre o tema santificação, e em todas elas, de uma maneira ou de outra, enfatizamos o fato de que a Bíblia contém abundantes orientações a que busquemos e cresçamos em santificação. Veja alguns versículos:
“Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.” (Romanos 6:19 RC)
“Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.” (Romanos 6:22 RC)
“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (2 Coríntios 7:1 RC)
“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra” (1 Ts 4:3-4 RC)
“Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.” (1 Ts 4:7 RC)
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”
(Hebreus 12:14 RC)
5. “Jesus, mesmo padecendo, não pecou”, diz Pedro aos seus destinatários, “e esse é um exemplo que ele deixou para vocês seguirem”. Dessa “informação” de Pedro, seus leitores, que viviam em um contexto de perseguição, certamente haveriam de deduzir que, não importa qual a situação, não há razão para abandonar as orientações divinas, não há razão para viver em pecado.
6. O pensamento do crente, concernente a esta questão, deve funcionar mais ou menos assim:
a. A situação está boa, o que Jesus faria? Vou agir igual!
b. A situação está mais ou menos, o que Jesus faria? Vou agir igual!
c. A situação não poderia ser pior, o que Jesus faria? Vou agir igual a Jesus!
· Segundo passo: o passo da verdade.
7. Pedro diz sobre Jesus: “...nem na sua boca se achou engano...” (v. 22b)
8. Não houve mentira nos lábios de Jesus, e nem na vida de Jesus.
9. Mentira não é apenas pronunciar palavras que não condizem com a verdade. A vida de uma pessoa, mesmo que ela não minta com os lábios, pode ser a expressão de uma grande mentira. Algumas vezes, não toda a vida, mas algum aspecto dela pode ser a expressão de uma mentira.
10. Um forte exemplo do que estamos querendo dizer aqui encontramos nas pessoas dos escribas e dos fariseus da época de Jesus. Veja com que palavras fortes Jesus se dirigiu a eles certa vez: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim, também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus 23:27-28 RC).
11. As palavras do crente que quer, e deve, seguir os passos de Jesus devem ser a expressão da verdade; mas a vida do crente também deve ser a expressão da verdade. O crente deve possuir um viver condizente com aquilo que professa.
· Terceiro passo: o passo da bondade e humildade acompanhada de mansidão.
12. Pedro diz sobre Jesus: “...quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” ( v. 23 ).
13. A bondade e a humildade são virtudes contrárias ao egoísmo e orgulho. Convém-nos lembrar que foi justamente o egoísmo e o orgulho que levou Lúcifer a rebelar-se contra Deus, com a consequência de haver sido expulso da Divina presença.
14. A bondade de Jesus se manifestava não apenas no fato de ele não revidar as injúrias que recebia, mas, muito mais do que isso, ela se revelava no seu amor que agia nesses momentos com a mesma intensidade dos momentos em que ele era reconhecido como Messias e louvado. Essa atitude de Jesus, unida ao fato de que a Bíblia nos orienta a seguirmos o seu exemplo, os seus passos, bem como nos revela que Deus, que de antemão nos conheceu, nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho (Rm. 8.29), e nada menos do que isso, é bastante reveladora no que diz respeito à nossa imperfeição. Às vezes, por estarmos inteiramente envolvidos nas atividades da igreja, por sermos membros producentes, temos a nós mesmos em alta conta. Mas, e se fizermos o teste da bondade, tendo a Jesus como referência, seremos aprovados? Amamos em igual intensidade as pessoas nos momentos em que elas nos louvam e nos momentos em que elas se postam contrárias a nós? Esse é um grande e difícil teste.
15. Com respeito à humildade de Jesus, ela é demonstrada no fato de ele não ameaçar as pessoas mesmo quando estas lhe faziam padecer. Jesus não agia dessa forma por medo; ao contrário, essa sua atitude demonstrava a coragem de alguém profundamente submisso à vontade do Pai. Veja, como exemplo, o seguinte episódio: “E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele, grande multidão com espadas e porretes, vinda da parte dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo. E o traidor tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi. E beijou-o. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então, Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?”(Mt.26:47-54 RC)
16. Veja também Filipenses 2:5-8: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus [isto é, conforme a NVI: “não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se”]. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.” (RC)
17. A humildade de Jesus, exemplo para nós seguirmos, manifestava-se no ato de não ficar pensando em si mesmo, de esvaziar-se de si mesmo; e a sua mansidão manifesta-se no ato de entregar o direcionamento de sua vida, em todas as circunstâncias, ao Pai.
18. Falando sobre a humildade de espírito, em “Estudos no Sermão do Monte”, Martyn Lloyd-Jones diz que a humildade de espírito é uma qualidade que aponta para a completa ausência de auto-segurança e de auto-dependência, e que se quisermos cultivar essa qualidade devemos parar de olhar para nós mesmos e de tentar fazer as coisas confiando em nossas próprias forças e voltarmos os nossos olhos para Deus.
19. É assim que Jesus agia, e por isso ele é exemplo de bondade, humildade e mansidão. Cabe a nós seguirmos os seus passos.
· Quarto passo: o passo da obediência com esperança.
20. Pedro diz sobre Jesus: “o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente, levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo da vossa alma.” (1 Pedro 2:23-25 RC)
21. Já vimos pela Leitura de Efésios 2:5-8 que Jesus foi obediente até à morte e morte de cruz. Jesus de fato é o exemplo máximo de obediência. Entretanto, a obediência de Jesus não foi uma obediência cega, despropositada. Pedro diz que Jesus obedeceu ao Pai, levando em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, mas havia um objetivo. Jesus o fez com uma esperança. Leia novamente o texto, atentando para a frase grifada. Aí está o objetivo de Jesus.
22. Ao seguirmos esse passo de Jesus, o da obediência, precisamos conscientizar-nos de que ele não espera de nós uma obediência louca e inconsequente, mas a obediência de quem, pela fé, enxerga claramente que mais à frente há uma grande vitória da qual irá tomar posse.
23. Noé, Abraão, Isaque, José, Moisés e muitos outros são exemplos dessa qualidade de obediência.
24. Conta-nos uma história ilustrativa que numa manhã fria de um rigoroso inverno um homem ia em busca do pão e do leite, andando com dificuldades sobre a espessa neve. Ao olhar para trás viu seu filho que vinha caminhando sem nenhuma dificuldade sobre as suas pegadas. Essa história ilustra bem o nosso caminhar seguindo nos passos de Jesus. Fora de seus passos afundamos na espessa neve dos desafios da vida. Porém, seguindo nos seus passos, podemos até saltar de alegria, pois há santidade, verdade, bondade, humildade, mansidão e obediência com propósito, dentre muitas outras excelentes virtudes.
Muqui – Abril de 2014
Estudo baseado em um estudo da revista “Vida Cristã” do 1º trimestre de 1994.
[1] LANGSTON, A. B. – Esboço de Teologia Sistemática, 11ª edição, Rio de Janeiro: JUERP, 1994. 305 p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário