NÃO NOS CANSEMOS DE FAZER O BEM
1. Leia Gálatas 6.1-10
2. São dez versículos apenas, mas nestes apenas dez versículos encontramos lições por demais preciosas para nós.
3. Vamos ver algumas coisas de que nos fala a Palavra de Deus através de Paulo nesses versos?
Nos fala sobre tratar os que falham (os que cometem algum deslize ou desvio) com espírito de mansidão (brandura, gentileza, bondade) e tomando cuidado pra eu não falhar também.
1. Foi o que fez aquele garoto “desengonçado” por conta de uma paralisia cerebral quando estava num acampamento de meninos. Os demais gostavam de imitar seus gestos descontrolados e dar risadas. Numa das noites do acampamento um dos garotos teria que proferir um pequeno sermão, e ele foi o escolhido pelos outros, que planejavam dar muitas risadas naquela noite. Mas, qual não foi a surpresa deles quando, na hora do “sermão”, aquele menino de gestos descontrolados diz: “Eu tenho três coisas para lhes dizer nessa noite: 1) Eu sei que Deus ME ama; 2) Eu sei que Deus ama VOCÊS; 3) E, então, se Deus me ama e ama vocês, EU os amo também.” Não houve risadas; houve lágrimas, arrependimento e espírito quebrantado.
2. Em outra passagem, 1 Coríntios 5.9-11, Paulo diz: “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.” (1 Coríntios 5:9-11 RA).
Veja bem o que Paulo orienta aqui: Com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro ou avarento ou idólatra ou maldizente ou beberrão ou roubador, isto é, com alguém que se diz crente, mas VIVE nessas práticas completamente carnais e mundanas, não vos associeis. Mas em Gálatas 6:1 ele manda tratar com brandura. Por que? A resposta é bem simples: é porque em 1 Coríntios ele fala de pessoas supostamente crentes cujas “práticas constantes” não são de crentes; mas aqui em Gálatas 6 ele se refere a crentes de verdade que não vivem nessas práticas carnais e mundanas, mas que podem, em algum momento, cometer algum deslize. É bem diferente! Cometer o deslize de fazer uma fofoca ou falar mal de alguém é bem diferente de SER fofoqueiro e maldizente.
3. Vamos adiante. De que mais fala o texto?
Fala de levar as cargas uns dos outros – carga é qualquer coisa que “pesa”: problemas, preocupações, necessidades.
1. Tem muitos irmãos que são “especialistas” em ajudar outros a levarem cargas. Surge um problema ou alguma necessidade e a pessoa não tem muita ideia de como resolverá esse problema ou agirá diante dessa necessidade. Então alguém que tem ideia de o que fazer se oferece para ajudar e em pouco tempo a situação está resolvida.
2. Recentemente tivemos um exemplo aqui mesmo em nossa igreja (IBMuqui). Alguém, uma irmã, me procurou com uma grande necessidade. Depois de analisar e considerar resolvi pedir a ajuda dos irmãos numa contribuição coletiva para que pudéssemos ajudar a irmã. Vários deram a contribuição e o dinheiro está guardado comigo com o nome de todos os contribuintes anotados. Mas uma outra irmã, que tem entendimento na área do problema, se aproximou e me disse que talvez tudo pudesse ser resolvido com recursos municipais (lícitos) e que ela sabia o que fazer. Pois bem, a coisa já está se resolvendo e ainda temos o dinheiro para ajudar a irmã em o que faltar ou devolver aos contribuintes. O que estava “pesado”, o que era uma “carga” para a irmã, já não é mais, pelo menos já não é mais tão pesado.
3. Levar a carga uns dos outros é algo que pode exigir ações concretas, grandes ou pequenas, mas também é algo que pode exigir apenas conversa e oração. Você não imagina (ou imagina) o valor que tem para alguém enfermo você estar presente com ele para conversar e orar (e às vezes se oferecer para levar ao hospital). Irmão Ibrahim, já falecido há vários anos, sentia uma alegria imensa, uma “leveza” quando chegava o dia de eu ir visita-lo. Ele tinha um câncer mortal. Ele dizia para sua esposa, também já falecida: “faz um café, Zulmira, que daqui há pouco o pastor chega por aí”. O que eu fazia? Nada demais. Apenas estava cumprindo minha obrigação de pastor e tudo o que eu podia fazer era me sentar e conversar e orar com ele; e ali eu ficava um bom tempo ouvindo suas histórias. Só isso. Pra mim não era nada, mas pra ele era uma espécie de ajuda em levar aquela carga que pesava sobre ele e sua família.
4. É preciso levar as cargas uns dos outros, meus irmãos! Não precisamos ficar preocupados de ter que fazer algo que não conseguimos fazer, é só ajudar no que conseguimos, no que podemos, mesmo que seja só emprestar os ouvidos e orar. Eu fico imaginando o valor que tem para alguns irmãos encontrar alguém que os ouça contar as suas histórias. Fico me lembrando de irmã Malvina, quando ainda andava e conversava; chegou um tempo em que a gente já não entendia mais o que ela dizia; ela começava com uma história e ia “emendando” uma na outra. Mas ter alguém ali para ouvi-la, tenho absoluta certeza, era de valor inestimável para ela. Não é porque a gente não entende mais o que uma pessoa diz que vamos relega-la ao silêncio. Esse gesto simples é também uma espécie de levar a carga.
5. Então ajude os outros em suas cargas... do jeito que você puder... no que você puder...
6. E o que mais? Veja aí:
Nos fala de levar a própria carga.
1. E agora? O que Paulo está querendo dizer? Porque um pouco antes ele disse para levarmos as cargas uns dos outros, mas agora ele diz que cada um levará a sua própria carga.
2. O que acontece é que essa carga aqui é diferente da primeira. A primeira é carga no sentido de “dificuldades da vida”. Aqui é carga no sentido daquilo que “você é quem tem que fazer” (aquilo que Cristo lhe chamou para fazer, por exemplo) e também pode ser no sentido de você ser responsável por sua maneira de agir – eu posso lhe ajudar a levar algum tipo de carga, mas não posso ser responsabilizado por SUA maneira de agir.
3. Um exemplo: Deus me chamou para pastorear; e eu recebo bastante ajuda quando cada irmão cumpre a sua função; mas a “carga” de pastorear é minha; sou eu quem vai prestar contas diante de Deus pelo rebanho que Ele confiou a mim e pelo meu pastoreio.
4. Outro exemplo possível: pessoas que insistem em viver no pecado – a “carga” da responsabilidade é delas.
5. E ainda outro exemplo: gente que abandona a igreja e não vai para outra igreja, vai viver no mundo e de acordo com o mundo (abandona a Cristo, portanto). Há muito dessa gente que põe a culpa na igreja ou em alguma pessoa da igreja (às vezes o pastor). Essa gente está enganada se pensa que vai poder chegar diante de Cristo no dia do juízo final e ser “desculpado” ao explicar que viveu assim por causa da igreja tal ou do irmão tal ou do pastor tal. Isso não vai servir de desculpa; vai ter que levar essa carga; e talvez ouvir de Jesus: “Não vos conheço”.
6. Vamos a mais uma coisa:
Fala que o que é instruído na Palavra deve repartir os seus bens com aquele que o instrui.
1. Bem, isso os irmãos entendem, e já fazem, não é? Sim!!! É claro que fazem! Quem entrega ofertas e dízimos na igreja está fazendo isso, porque, além de com várias outras coisas, atividades e necessidades da igreja, está contribuindo para o sustento do Ministério da Palavra.
2. E, de vez em quando, além disso, há ainda quem presenteie com uma fruta que sua propriedade produz, com algo que faz em casa (um pão, por exemplo), com uma oferta para fins pessoais, etc. Conquanto não seja necessário, uma vez que a família pastoral já é sustentada pela igreja, há quem haja assim (não estou fazendo nenhuma sugestão, apenas comentando o texto. Rssss).
3. Então a IBMuqui cumpre essa orientação.
4. Mas há quem seja contrário a isso e que pensa que todo o ministério pastoral deva ser desenvolvido voluntariamente e que essa orientação bem como outras que encontramos acerca do sustento missionário e pastoral não se aplicam. E até há igrejas que caminham nessa direção.
5. Bem, precisamos respeitar essas opiniões, especialmente os pastores sérios e sinceros, até mesmo para não sermos confundidos com mercenários e com quem quer enriquecer às custas do ministério ou quer fazer do ministério apenas um meio de ganhar dinheiro para se sustentar.
6. Entretanto é preciso esclarecer que se uma igreja quiser caminhar nessa direção ela até poderá fazê-lo, mas precisa estar ciente de que não poderá exigir de seu pastor (especialmente se for uma igreja de porte médio para grande) o cumprimento na íntegra daquelas que são funções pastorais, já que ele tem que dividir o seu tempo entre a igreja e a busca do sustento de sua família. Ou então deverá buscar um pastor que não tenha esposa e filhos, como Paulo (já que ele é algumas vezes citado como quem “fazia tendas”) ou que seja aposentado.
7. Mas o normal é o que está escrito nesse e em outros textos (Obviamente que de acordo com a possibilidade de cada igreja)
8. Mais uma coisa bem importante, bem séria que o texto nos diz:
Diz que Deus não se deixa escarnecer, isto é: que de Deus não se zomba – aquilo que se planta (num presente contínuo) é o que se colhe.
1. Um pouco antes Paulo escreveu sobre as obras da carne e o fruto do Espírito; quem semeia na carne, isto é, quem vive na prática das obras da carne que são a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a idolatria, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas, colherá o que essas coisas produzem. Mas quem semeia no Espírito, que vive o fruto do Espírito, que é o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio, colherá o que essas coisas produzem. Não tem como plantar mamão e colher goiaba.
2. Numa mensagem do Dr. Russel Shedd, sobre disciplina, numa parte onde ele diz que a disciplina serve para produzir o “temor do Senhor”, ele conta de quando ele era criança na Bolívia num local onde se falava muitos palavrões; então seu pai, que era missionário naquele local, mostrou para ele e seu irmão um chicote e lhes disse que se eles falassem palavrões iriam levar uma chicotada. Depois o pai perguntou se eles haviam entendido e se iriam falar palavrões; e a resposta foi, de olho no chicote, que sim, que haviam entendido perfeitamente e que nunca iriam falar palavrões. Russel Shedd diz que o chicote nunca foi usado, mas serviu para produzir uma espécie de “temor do senhor” (no caso o “senhor” seu pai – houve risos). TEMOR DO SENHOR é algo que precisamos ter; saber que de Deus não se zomba e que aquilo que semearmos é o que ceifaremos... de verdade! Temor do Senhor significa, digamos assim, 80% reverência, mas 20% temor mesmo, medo, por sabermos que Deus não está brincando, que Ele fala sério. E se quisermos ver como Deus fala sério é só pensarmos em alguns episódios bíblicos:
a) Pense em Moisés. Moisés foi o homem escolhido por Deus para, por intermédio dele, libertar Israel do Egito e conduzi-lo pelo deserto, com muitos e extraordinários sinais e maravilhas. Quando pessoas se rebelaram contra Moisés Deus as puniu severamente, com lepra e até com morte. Mas quando Moisés desobedeceu a Deus, fez diferente de como Deus havia orientado, colheu a desventura de só poder ver a terra prometida de longe, mas não entrar.
b) Pense em Davi quando pecou com Bate-Seba, filha de Eliã, contra Urias o Heteu, esposo dela e militar do exército de Davi. Dentre as consequências está a morte do filho gerado no ato do adultério.
c) Pense em Hananias e Safira que mentiram ao Espírito Santo de Deus e morreram. Não foi Pedro quem os matou, foi Deus. Como bem observou o Dr. Russel Shedd, aquela foi uma morte “milagrosa”.
3. Então, Deus não se deixa escarnecer; de Deus não se zomba; aquilo que o homem semear, isso ceifará. E Deus fala sério. Ele é longânimo, paciente, misericordioso, perdoador, mas se o homem persiste no erro e não se arrepende, colhe conforme o que plantou.
4. E, por último:
Diz para não nos cansarmos de fazer o bem... a todos, mas principalmente aos domésticos da fé... e se não desanimarmos chegará o tempo em que colheremos.
1. Novamente: aquilo que se planta é o que se colhe. Então, façamos o bem a todos; aos domésticos da fé principalmente; incansavelmente. O bem, sempre o bem, e nunca o mal. Colheremos o bem.
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
Igreja Batista em Muqui – Outubro de 2018
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