sábado, 4 de fevereiro de 2017

NEM TUDO CONVEM

NEM TUDO CONVEM

 

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (1 Coríntios 6:12 RC)

 

1.  Quarta feira passada (01/02/2017), estivemos considerando os versos anteriores a este verso 12, associados ao verso 17 de 2 Coríntios 5. Consideramos o fato de que agora, depois que Cristo ocupou o trono do nosso coração, fomos feitos novas criaturas. Antes podemos ter sido injustos, devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores – tudo isso ou alguma coisa disso ou parecida com isso, e, consequentemente, não pertencíamos ao reino de Deus e nem o Reino de Deus nos pertencia. Mas, fomos lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus... Fomos feitos novas criaturas.

2.  Agora está diante de nós o verso seguinte, o número 12, que diz que a nós que assim fomos feitos nem tudo convém.

3.  A Palavra de Deus, em outros textos, diz-nos, ainda: “Abstende-vos de toda aparência do mal.” (1 Ts 5:22 RC), e: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” (1 Coríntios 15:33 RC).

4.  Há uma história, se verídica não sei, de um moço chamado Bernardo. Esse moço vivia uma vida completamente mundana, mas um dia teve um encontro com Jesus e tornou-se um servo de Deus. Ainda novo na vida cristã, convidado para ir a uma festa nos moldes das que ele participava antes, foi, pensando que, estando ali, testemunharia de Jesus aos seus amigos. Chegando lá seus amigos o receberam com alegria, dizendo: “– Olhem Bernardo conosco! Que bom que não é verdade que ele se converteu a Deus e agora vive uma vida piedosa”. Foi aí que Bernardo compreendeu que não lhe convinha estar ali, naquela festa, da maneira como ela era realizada, e que poderia testemunhar a seus amigos em outra ocasião. Então ele foi embora e nunca mais participou daquele tipo de festa.

5.  Essa história é para mostrar-nos que há coisas que ao crente não convém, e Paulo mostra-nos que, mesmo em se tratando de coisas lícitas, há aquelas que não convêm aos crentes.

6.  A mensagem de hoje gira em torno dessa questão.

7.  Pensemos:

 

I. O QUE PAULO QUIS DIZER COM “TODAS AS COISAS ME SÃO LÍCITAS”.

 

1.  Qual é o significado do termo “lícito”? Ora, “lícito” é aquilo que é permitido, admitido.

2.  E diante disso devemos nos fazer a pergunta: será que realmente TODAS as coisas são lícitas, isto é, permitidas, admitidas ao crente, àquele que foi feito nova criatura?

 

a.  Será que é lícito ser injusto?

b.  Será que é lícito ser devasso?

c.   Será que é lícito ser idólatra?

d.  Será que é lícito ser adúltero?

e.  Será que é lícito ser efeminado?

f.    Será que é lícito ser sodomita?

g.  Será que é lícito ser ladrão?

h.  Será que é lícito ser avarentos?

i.     Será que é lícito ser bêbado?

j.     Será que é lícito ser maldizente?

 

3.  Ora, todos sabemos que não. Paulo acabou de dizer nos versos anteriores que quem vive na prática dessas coisas não herdará o reino dos céus. Não é isso que ele disse? Ou eu li errado? Veja aí na sua bíblia.

4.  Todos sabemos que há coisas que são claramente ilícitas, não admitidas para uma pessoa que foi lavada, santificada e justificada em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.

5.  Sendo assim, o que Paulo estava querendo dizer? Como explicar ele dizer “todas as coisas me são lícitas?”. Ora, isso precisa ser explicado, não precisa? Então preste bastante atenção, porque talvez amanhã você precise explicar isso para alguém também.

6.  Felizmente muito do Novo Testamento a gente entende simplesmente fazendo uma leitura; mas há algumas coisas que requerem um pouquinho mais do que uma simples leitura, um pouquinho mais de atenção, um pouquinho mais de reflexão observando o contexto geral das Escrituras, um pouquinho mais de estudo.

7.  E indo um pouquinho além do que uma simples leitura, nós descobrimos, curiosos que somos, que o que acontece aqui é que essas palavras não eram literalmente de Paulo, não eram a expressão de uma pensamento dele ou um ensinamento dele. O que Paulo estava fazendo era repetir uma desculpa que alguns dos Coríntios usavam para viver uma vida desregrada, e Paulo a repete na intenção de combatê-la. E é interessante como a história se reprisa; nós aprendemos (e dizemos que foi com Paulo) que “todas as coisas me são lícitas”, e usamos isso como desculpa para vivermos no erro... mas não aprendemos que “nem todas as coisas me convém”; não aprendemos que “por todas estas coisas te trará Deus a juízo” (Ec. 11.9)

8.  Então, Paulo estava repetindo uma desculpa usada pelos Coríntios na intenção de combatê-la. Mas, de onde eles haviam tirado essa idéia?

9.  A verdade é que, provavelmente, eles haviam tirado essa idéia do ensino do próprio Paulo, através de uma apreensão equivocada de seus ensinos. Paulo era alguém que sempre se preocupava em ensinar sobre a liberdade cristã, e, certamente, eles se equivocaram na interpretação de seus ensinos e o distorceram. Os estudiosos dão-nos conta de que na igreja de Corinto havia um partido denominado “Partido dos Libertinos”, e consideram que estes usavam essa “mensagem” de que todas as coisas são lícitas, como um de seus “slogans”, e que certamente eles se utilizavam de expressões paulinas, embora distorcidas. (Por isso é que precisamos aprender a “ler direito” o que está na Bíblia, ou, por exemplo, não vamos incluir no “posso tudo naquele que me fortalece” a capacidade de viver fiel a Deus mesmo nas circunstâncias difíceis)

10.      Ora, todos sabemos que Paulo muito ensinou sobre a liberdade cristã, mas liberdade em respeito a coisas que não são, em si mesmas, condenadas. Mas, quando se tratava de coisas condenadas ele lidava com essas coisas como absolutamente ilícitas para os crentes, como é o caso do incesto que estava acontecendo na igreja de Corinto, do qual ele trata no capítulo 5 (veja lá, nos versos 1 a 5 – palavras duríssimas). Então, na verdade, há coisas completamente ilícitas para os crentes. Leia todas as epístolas de Paulo e em todas elas você poderá facilmente comprovar esta verdade.

11.      Mas tem coisas que são lícitas, mas que mesmo sendo lícitas não convém aos crentes.

 

II. MESMO SENDO LÍCITAS, HÁ COISAS QUE NÃO CONVÉM AOS CRENTES.

 

1.  Há muitas coisas desse tipo. Em “Estudos no Sermão do Monte” há uma parte, em que Lloyd-Jones comenta sobre o fato de que o crente deve ter fome e sede de justiça, e ele cita o exemplo da busca por entretenimento que leva-nos a gastar o tempo com novelas, filmes, e outras coisas mais. Lloyd-Jones, pelo menos nessa parte, diz que não condena essas coisas, mas mostra que essas coisas não são convenientes quando elas nos tomam mais tempo que (ou às vezes até todo o tempo) aquilo que precisamos fazer para satisfazer a nossa fome e sede de justiça, como a leitura da bíblia, a oração e a comunhão na igreja por exemplo.

2.  Quantas coisas há, irmãos, que são normais, que não têm, como gostamos de dizer, “nada a ver”. Se analisarmos muitas dessas coisas descobriremos que muitas delas, algumas sempre e outras em determinadas ocasiões, são coisas que não convém aos crentes. Não é difícil, na maioria das vezes, julgarmos essas coisas, se elas são convenientes ou não.

3.  Permitam-me exemplificar, até já com um pedido de desculpas se usar alguma palvra ou frase um pouquinho mais forte:

a.  As músicas que gostamos de ouvir e ouvimos... ouvimos... ouvimos. Nunca me esqueci de um determinado pastor que, no tempo em que ele ainda era seminarista, contou-nos que conseguira comprar um rádio para o seu carro e considerou uma bênção. Mas começou a perceber-se cantarolando muitas músicas não cristãs em substituição das cristãs; então deu um jeito de trocar aquele aparelho por outro que tivesse não só rádio, mas um “toca-fitas” também, para que ele voltasse a ouvir mais as músicas de louvor a Deus...

b.  As roupas que usamos – Quando uma igreja fala sobre as roupas e põe regras, defendemo-nos dizendo “Ah, isso não é doutrina, isso é questão de usos e costumes”, e está certo; mas erramos quando perdemos o bom senso e “apequenamos” demais os trajes ou os usamos tão apertados e/ou tão transparentes sem nenhuma “barreira” ao ponto de nossas partes íntimas ficarem quase que mais evidentes do que se estivéssemos nus. Isso me faz lembrar de uma ocasião de “gala”, posse de um pastor em uma determinada igreja, vários amigos do pastor presentes, e dentre estes amigos um ministro de música com a esposa, um casal jovem; a esposa do ministro de música estava trajada de um vestido tão decotado nas costas e lados que os seios dela estavam literalmente à mostra dependendo da posição em que ela ficava. Talvez isso não seja nem lícito, mas vamos dizer que no mínimo não convém.

c.   Os programas de TV que assistimos – Convém assistir BBB? (Falo de acompanhar)

d.  Os grupos de que participamos nas redes sociais e também o que postamos e compartilhamos – Convém participar de um grupo em que as postagens todas ou quase todas vêm recheadas de palavrões, piadas sobre a bíblia, piadas envolvendo o nome de Deus...? Convém postar ou compartilhar uma postagem que contenha esses elementos?

e.  O tipo de festa que queremos no aniversário / casamento – Tenho sabido de festas de crentes que depois da cerimônia na igreja, com lindas músicas cristãs, leitura e mensagem bíblica, na festa músicas nada cristãs – às vezes até com músicos contratados.

f.    Um copinho de cerveja socialmente... convém? Faz falta?

4.  Há coisas que até são lícitas, mas não convém. Às vezes não convém nunca, e às vezes não convém em determinado momento e ocasião apenas...

5.  Mas, por que então muitos crentes fazem aquilo que não convém, mesmo sabendo disso, e às vezes até lutam “com unhas e dentes” pelo “direito” de continuar fazendo tais coisas?

       

III. A RAZÃO POR QUE MUITOS CRENTES FAZEM AQUILO QUE NÃO CONVÉM, MESMO SABENDO DISSO, E ÀS VEZES LUTAM COM UNHAS E DENTES PELO "DIREITO" DE CONTINUAR FAZENDO TAIS COISAS.

 

1.  Talvez a razão esteja na expressão “todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.

2.  Aí está possivelmente uma razão, ainda que provavelmente não seja a única: muitos já se deixaram dominar e se tornaram servos de determinadas coisas, e agora têm dificuldades e falta de vontade de se desvencilhar delas.

3.  Muitos servos de Deus têm se tornado ao mesmo tempo (se é que isso é possível), servos da televisão, das novelas, dos filmes, das modas mundanas, das músicas mundanas, dos entretenimentos em geral, enfim, de muitas coisas, muitas delas coisas banais, mas que podem causar um grande prejuízo à pessoa e à igreja.

 

CONCLUSÃO

 

1.  A conclusão a que podemos chegar então é que:

a.  Primeiro: há coisas que não são lícitas àqueles que foram por Deus, em Cristo, feitos novas criaturas. Quando Paulo disse “todas as coisas me são lícitas”, não estava ele ensinando algo que seria contraditório ao seu ensinamento em geral, inclusive o ensinamento imediatamente anterior a essas palavras, ensinamento de que aqueles crentes outrora haviam sido: alguns, devassos; alguns, idólatras; alguns, efeminados e sodomitas; alguns, ladrões e roubadores... etc. e que, sendo assim não podiam receber o reino de Deus como herança, mas que agora eles tinham essa herança porque foram lavados, santificados e justificados em Cristo e pelo Espírito de Deus. Não! Paulo não estava ensinando algo contraditório ao seu ensinamento em geral; o que Paulo estava fazendo era repetir algo que ELES diziam, para ensinar que até mesmo dentre as coisas lícitas há aquelas que não convêm.

b.  Segundo: há coisas que são lícitas, mas que não convém. Às vezes não convém sempre, em todos os momentos e ocasiões; às vezes não convém em alguns momentos e ocasiões. Por exemplo, há roupas que não são convenientes para nós em nenhum outro lugar e nenhuma outra ocasião a não ser dentro de casa quando estivermos sós em família; e há roupas com as quais podemos sair à rua, mas que não são convenientes em outros locais – imaginem eu aqui pregando de bermuda! Lá no retiro até poder ser, mas aqui no templo?

c.   Terceiro: Nada ilícito ou lícito, inconveniente ou conveniente deve nos dominar. Aqueles que foram lavados, santificados e justificados em Cristo e pelo Espírito de Deus foram feitos novas criaturas e agora têm a mente de Cristo e é por essa mente que devem ser guiados e dominados. O que deve importar para nós, o “para que” nós temos que lutar, o “com o que” nós temos que nos importar, não é a nossa satisfação pessoal, não é a nossa alegria, não são os nossos direitos, não é o nosso bem estar pessoal, e sim a glória de Deus; que Deus seja glorificado em nós; que o que nós fizermos ou deixarmos de fazer, façamos ou deixemos de fazer para a glória de Deus.

2.  E “fechando” o assunto por hoje, vejamos o que nos diz o tão conhecido texto de Romanos 12.1-2:

 

Ø Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que

ü apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 

ü E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,

ü para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (RC)

 

Na Bíblia na linguagem de hoje fica assim:

 

Ø Portanto, meus irmãos e minhas irmãs, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês:

ü Se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. 

ü Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.

ü Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.

 

 

Pr. Walmir Vigo Gonçalves

prwalmir@hotmail.com

IBMuqui – Fevereiro de 2017

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