segunda-feira, 18 de setembro de 2023

OS DIAS DO FILHO DO HOMEM

 

OS DIAS DO FILHO DO HOMEM 

01. Inicialmente leiamos Lucas 17.26-37

02. Veja agora este soneto de Mário Barreto França, escrito em Agosto de 1957, em homenagem a Alberto Mazzoni, que sofria no leito da morte:

PRONTO PARA A CHAMADA DOS CÉUS

Ele estava sofrendo em seu leito de morte

De horrível mal sem cura os golpes mais cruéis;

Mas, resistindo a tudo, extraordinário e forte,

Dava o exemplo melhor de calma no revés...

 

A sua crença em Deus tinha o divino porte

Dos mártires, dos bons, dos santos, dos fiéis

Que acrisolam na dor as ânsias, de tal sorte

Que, à prática do amor, transformam-se em lauréis...

Vendo se aproximar seu derradeiro instante,

Do Infinito, um amigo a cortina descerra

E lhe indaga se estava esperançoso em Deus...

 

Ele responde, então: - “Sim, estou confiante!

Inda posso escutar a chamada da terra;

E estou pronto a atender o chamado dos céus!”

03. Esse soneto não fala sobre a vinda de Jesus, mas fala de alguém que estava preparado para o encontro com Cristo, fosse através de seu retorno ou da morte.

04. Agora veja a seguinte história:

“Um viajante escreveu em um jornal: Cheguei à vila Areconati, no lado do lago Como, que é a Jóia da Coroa dos Alpes na Itália. Um jardineiro abriu uma porta e me fez atravessar um lindo jardim.

- Há quanto tempo você está aqui? – perguntei-lhe.

- Há vinte e cinco anos.

- Quantas vezes o dono desta vivenda a visita?

- Desde que estou aqui, só quatro vezes.

- Quando foi a última vez?

- Há doze anos.

- Ele lhe escreve?

- Nunca.

- E com quem se entende você?

- Com o encarregado em Milão.

- E ele vem sempre aqui?

- Não; eu estou sempre só aqui.

- E você traz esse jardim tão bem tratado, como se fosse para esperar amanhã o dono da chácara?

- Hoje! – foi a resposta do velho.”

05. Voltemos ao texto. Pensemos em algumas coisas para as quais ele nos chama a atenção.


I. Entendamos, primeiramente, o significado da expressão “dias do Filho do Homem”.

01. Filho do Homem – Um título dado a Jesus, e que ele usava. Esse título estava ligado ao fato de ele ter-se tornado homem, e refletia a sua condição humilde. Também era um título que estava ligado à sua missão como o Messias.A Daniel já fora revelado que o Messias seria “Filho do homem”. Veja:

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído.” (Daniel 7:13-14 RC)

02. Dias do Filho do Homem – São os dias que antecedem o seu retorno – veja o versículo 30. Essa expressão está ligada ao retorno de Cristo, não mais em humilhação, mas em glória, para consumar o estabelecimento de seu reinado soberano.

 

II. Em segundo lugar, analisemos o quadro retratado pelo Senhor Jesus sobre como estarão as pessoas vivendo nessa ocasião. 

01. Assim como foi nos dias de Noé e de Ló, será na vinda do Filho do Homem. Os homens estarão agindo da mesma maneira.

02. O que o quadro retrata é que no dia em que Cristo voltar (e esta volta é iminente – será como “o ladrão de noite”) encontrará muitas pessoas em completo estado de indiferença no que respeita a ele. Estarão completamente absorvidos pelas coisas normais do dia a dia, e “nem aí” pra Jesus, e, tampouco, esperando o seu retorno. 

03. Não é assim que muitos de nós, até mesmo nós que somos membros de igrejas evangélicas, estamos vivendo hoje?

04. Muitas das coisas para as quais estamos voltados são legítimas e não são pecaminosas em si mesmas. O mal está no fato de que as tornamos as mais importantes e negligenciamos as coisas de Deus. Em relação às coisas desta vida estamos completamente “absorvidos”, mas em relação às coisas de Deus estamos “indiferentes”.

05. É exatamente esse o quadro pintado por Jesus.

06. Sejamos, amados, não como as pessoas da época de Noé e de Ló, e, sim, como Noé e Ló, que ouviram Deus e escaparam. A nossa “Arca” é Jesus.


III. Em terceiro lugar observemos o aviso solene de Jesus contra uma falsa confissão de segui-lo.

01. Ele diz: “lembrai-vos da mulher de Ló”. Você conhece a história da mulher de Ló? Você poder ler essa história em Gênesis 19 – a história da mulher de Ló se resume ao verso 26.

a.     A mulher de Ló avançou bastante em sua confissão de ser crente. Era esposa de um homem “justo”. Por meio de Ló ela estava ligada a Abraão, o pai dos fiéis. Juntamente com o seu esposo ela fugiu de Sodoma no dia em que ele escapou da destruição, por obedecer à ordem divina.

b.     Entretanto, a mulher de Ló não era realmente como seu marido. Ela havia tirado o seu corpo de Sodoma, mas havia deixado lá o seu coração.

c.     Ao olhar para trás, morreu e virou uma estátua de sal.

d.     A mulher de Ló tornou-se um tipo dos indivíduos cujos corações estão voltados apenas para si mesmos, para os seus próprios interesses.

e.     Ela também foi deixada como um sinal de advertência para aqueles que professam ser crentes, mas não o são verdadeiramente. Trata-se de pessoas que se conformam a muitos dos padrões externos do cristianismo, mas os seus corações pertencem a si mesmos e não a Deus.

f.       A Bíblia nos dá a entender que muitos serão encontrados nessa situação.

g.     Essa palavra de Jesus constitui-se em uma advertência para que não descansemos até que tenhamos a genuína graça de Deus em nosso coração e não tenhamos o desejo de olhar para trás, para o mundo.

 

IV. Em quarto e último lugar, observemos que o Senhor Jesus retrata também a terrível separação que haverá quando ele vier.

01. Veja os versículos 34-36.

02. O significado aqui é simples e claro: Quando Cristo voltar a humanidade será dividida em dois grupos distintos, o dos salvos e o dos perdidos. Nessa ocasião famílias poderão ser separadas. Se numa família houver pessoas que amaram e serviram a Cristo, mas também houver pessoas que não se importaram com isso, haverá separação nessa família, uns serão levados ao céu e outros “deixados”/lançados no inferno.

03. De maneira bem simples, o critério para o julgamento será: “convertido” (rendeu-se a Jesus como Salvador e Senhor) e “não convertido” (não se rendeu a Cristo como Salvador e Senhor). O julgamento não terá como critério se o fulano era membro da igreja tal ou não, ou se sua mãe ou pai ou algum parente próximo era crente ou não. O julgamento será pessoal e baseado na fé de cada um.

04. Convertidos e não convertidos serão separados para sempre quando o Senhor Jesus retornar.

05. Essa separação é terrível por causa do destino que, nos revela a Bíblia, terão os perdidos. O lugar para onde vão os perdidos é descrito como:

a.     Lugar de tormento – Lucas 16.28;

b.     Fogo eterno – Mateus 25.41;

c.     Lugar de sofrimento “onde não lhes morre o verme e nem o fogo se apaga” – Marc. 9.44;

d.     Lago que arde com fogo e enxofre – Apocalipse 21.8;

e.     Lugar de choro e ranger de dentes – Mateus 8.12;

f.       Lugar onde “a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite” – Apocalipse 14.11;

g.     E outros semelhantes.

 

Concluindo...

01. A razão de a Palavra de Deus tratar desse assunto com a maior clareza, não é fazer terrorismo. O objetivo é levar o homem ao arrependimento, e, consequentemente, escapar desse juízo terrível. Veja o que diz Paulo:

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância. Mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem.” (Atos 17:30-31 NTLH)

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Mensagem desenvolvida a partir de “Meditações No Evangelho de Lucas”, de J. C. Ryle. Outras fontes de consulta: “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, de R. N. Champlim; “Bíblia Online MBE", da SBB; “Um Caminho No Deserto” – Livro de poesias de Mário Barreto França; “Respigando” (xerox de um antigo livro de ilustrações); “Manual de Escatologia” – de J. Dwight Pentecost.

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