NÃO AMEIS O MUNDO
Graça e paz a todos.
Hoje quero refletir com todos vocês sobre o que João disse no início do verso 15 do capítulo 2 de sua primeira epístola: NÃO AMEIS O MUNDO.
Então vamos ler os versos 15 a 17: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 João 2:15-17 RC)
Antes de tudo quero dizer a você que me lê que essa reflexão é primariamente PARA MIM, “bate em mim” em primeiro lugar. Mas pode ser que sirva para você também, então leia com atenção e com “senso crítico”, sem ficar pensando em coisas do tipo “o pastor estava pensando em mim quando escreveu”, e, portanto sem se ofender por qualquer coisa escrita aqui. Se algo lhe “servir”, então simplesmente ore, fale com Deus que essa parte do que foi escrito descreve sua situação e então depois resolva com Ele o que você vai fazer a respeito. Repetindo: a reflexão é primariamente PARA MIM, e compartilho com você (e esse “você” engloba muitas pessoas), porque pode ser que também lhe sirva, assim como serviu para mim.
Uma frase que eu costumava dizer sempre que meu filho fazia algo que eu tinha dito pra não fazer era: “qual é a parte do não faça isso você não entendeu?”.
Hoje, 18 de setembro de 2020, o dia em que escrevo, lendo 1 João 2.15, lembrei-me dessa fala, porque o Espírito Santo de Deus inspirou João a escrever que não devemos amar o mundo e nem o que no mundo há, e não é que às vezes fazemos o contrário? E quando fazemos, se pararmos e ficarmos em silêncio por um pouco de tempo na presença Santa do Senhor, talvez o “escutemos” dizer: “qual é a parte do ‘não ameis o mundo’ você não entendeu?”
Infelizmente a experiência tem demonstrado que Satanás não tem encontrado muita dificuldade em nos fazer cair no laço do amor ao mundo: da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida.
Concupiscência é uma palavra que foi traduzida, aqui nessa parte das Sagradas Escrituras, de um termo grego que em sentido geral e comum indica “desejo”. Mas o contexto em que ele é utilizado define o seu tipo. E nesse contexto aqui, esse desejo é do tipo “intenso”, e, então, concupiscência pode ser entendida como um “desejo ardente”.
Concupiscência da carne, então, é o “desejo ardente” de nossa natureza caída, nossas “inclinações carnais”, especialmente as sensuais. Facilmente Satanás tem conseguido nos prender no laço dessas concupiscências.
Quanto à concupiscência dos olhos, talvez ela possa ser incluída na concupiscência anterior, a da carne, como uma de suas subcategorias. Conforme disse alguém: “a visão, especialmente no caso do homem, é o portão por onde entram os desejos ilícitos”. Trata-se, então, das tentações que nos assaltam; não as internas, mas as externas, através dos olhos. Exemplos: a visão que Eva teve da árvore proibida como “agradável aos olhos”; o olhar cobiçoso de Acã quando viu entre os despojos uma “boa capa babilônica” e o olhar lascivo de Davi quando viu Bate-Seba tomando banho.
Quanto à soberba da vida, podemos dizer que é aquela tendência de tentar impressionar os outros com a nossa, geralmente inexistente, importância. É a arrogância ou vanglória relacionada com as nossas circunstâncias externas, podendo ser estas circunstâncias até mesmo supostas “realizações espirituais”. E sobre essa soberba, Farmer assim se expressou: “Essa é a vida de vanglória, de presunção, de desejo pelo louvor e pela deferência, pelo deleite de ser considerado importante, de exercer autoridade sobre outros, de estar em primeiro plano. Todas as vaidades vazias da moda e dos costumes, dos títulos e ofícios, de uniformes e posição, das pequenas imposturas esnobes nas quais os homens caem. Não lhes importa que perante Deus nada disso tenha qualquer valor. O perverso e pequeno “ego” quer que subamos no palco, saracoteando, agitando-nos e fazendo pose”.
Como já disse, infelizmente Satanás não tem encontrado muita dificuldade em nos fazer, a nós os “crentes”, cairmos nesses laços. O amor ao mundo, apesar da exortação contrária, tem encontrado bastante espaço em nossas vidas e corações. E é fácil constatar isso; é só parar para perceber como, na prática, algumas coisas tem mais valor para nós, nos parecem mais atraentes do que as “coisas de Deus”. Para não ficar citando muitos exemplos, cito apenas dois, e em outros você pode raciocinar por conta própria. Vamos então aos dois exemplos:
1) Exemplo 1: leitura da bíblia e oração são “coisas de Deus”, todos hão de concordar. Mas, às vezes, novelas, filmes ou algum outro tipo de entretenimento parecem-nos mais atraentes, e então não conseguimos ter um tempo relevante para a prática da leitura bíblica e oração, mas encontramos bastante tempo para essas outras coisas.
2) Exemplo 2: igreja, entendendo por igreja um “organismo vivo”, o “corpo de Cristo”, é “coisa de Deus; tem defeitos... e como!!!, mas é “coisa de Deus”; afinal, foi Jesus quem a instituiu. Mas o clube, a praia, o passeio com amigos e outros afins, às vezes nos parecem bem mais interessantes; então, encontramos bastante tempo para estes, mas bem pouco tempo para estar reunidos com a igreja e como igreja. Encontramos bastantes recursos financeiros para sustentar estes, mas bem pouco ou nenhum para ajudar na obra de Deus através da igreja.
Qual é a parte do “não ameis o mundo” ainda não entendemos? Por que amamos tanto o mundo? Talvez seja porque não estamos, por alguma razão, amadurecendo na fé, ou paramos de amadurecer e talvez até tenhamos retroagido, porque como bem escreveu Wiersbe: “o mundo não atrai o cristão que está amadurecendo e crescendo. Esse cristão está interessado demais no amor do Pai e em fazer a vontade do Pai. As atrações do mundo não o seduzem. Percebe que as coisas do mundo não passam de brinquedos e pode dizer como Paulo: “quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino” (1 Co. 13.11)” E também ele sabe que, conforme lemos no texto inicial dessa reflexão, “o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 João 2:15-17 RC).
Então, “não amemos o mundo e nem o que no mundo há”. Que Deus nos ajude nisso!
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
Muqui, 18 de setembro de 2020
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