RELIGIÃO VÃ
Em Tiago 1.26 lemos que se alguém cuida ser religioso mas não refreia a sua língua, a religião desse é vã.
Uma história ilustrativa nos dá conta de que havia na antiga Grécia uma escola célebre de homens piedosos e refletidos, chamados Pitagorianos. Se alguém quisesse entrar nessa sociedade, devia comprometer-se a guardar silêncio durante três anos. Se cumpria fielmente... os filósofos acolhiam-no no seu grêmio (círculo, sociedade).
Talvez a razão dessa condição resida no fato de que uma das coisas mais difíceis para o homem seja dominar a língua.
F. W. Foester disse certa vez: “Para que serve a bondade de coração se a língua sem freio não lhe obedece? As maiores divisões entre os homens e as maiores desgraças do mundo provém de línguas soltas demais. Por uma palavra injuriosa (ofensiva, humilhante), às vezes sem importância, os homens se matam uns aos outros, e as mais velhas amizades são freqüentemente rompidas por uma tagarelice tola”
É um fato bastante claro que Jesus costumava ensinar e exortar sempre contra o mal. Em Lucas 12.1, por exemplo, encontramo-lo falando aos seus discípulos, exortando-os à cautela quanto ao que ele chamou de “fermento dos fariseus”, símbolo da influência corruptora do mal. No texto em questão, Jesus diz que esse “fermento” é a hipocrisia. Com isso Jesus estava dizendo que os fariseus mascaravam com religiosidade aparente a sua condição corrupta intrínseca.
Tiago parece seguir o mesmo método de ensino de Jesus, procurando “desiludir os que se contentam só com os princípios e cerimônias da religião, esquecendo-se da sua influência sobre o procedimento; e fá-los ver que, nesse caso, a religião se lhes torna vã”.
No versículo inicial podemos identificar alguns aspectos possíveis na vida religiosa de uma pessoa. Vejamos:
1) A Pessoa Supõe Ser Religiosa – Tiago não fala sobre uma pessoa que, conscientemente, põe uma máscara religiosa. A pessoa de quem Tiago fala é alguém que realmente se considera religiosa na prática; uma pessoa que até cumpre princípios externos exigidos por sua religião. Segundo o costume atual: vai aos cultos, contribui com o dízimo, abstém-se de algumas coisas que causam dificuldades, como fumo, bebida, jogos de azar, etc. É uma pessoa que está ali não com a intenção de enganar qualquer dos irmãos. Até certo ponto poderíamos dizer tratar-se de uma pessoa sincera.
2) Mas Essa Pessoa Não Refreia a Sua Língua – A pessoa a que Tiago se refere tem esse problema. A sua língua é desgovernada; ele não é capaz de refreá-la. Refrear significa dominar com freio; por freio em alguma coisa ou algum animal. Figuradamente é moderar, sujeitar, reprimir, conter. Língua não refreada é, pois, língua desgovernada, língua sem controle. Freio é o aparelho com que se regula o movimento das máquinas... e dos animais. Língua não refreada é veículo sem freio, que ocasiona desastre... a língua não refreada não é outra coisa senão um vulcão em lavas, a espalhar terror e morte por todos os lados; é um barco sem leme, um fogo no bosque, um veneno na boca: incendeia, apunhala, mata, retalha, infama, num caudal de misérias por entre disputas, contendas, maledicências, difamação, mexerico, calúnias, insultos, obscenidades, impropérios e maldições, levando de roldão a dignidade, a honra, o caráter, a reputação, com uma voracidade infernal”. (Veja ainda Tiago 3.3-12)
3) A Pessoa Engana a Si Mesma – A pessoa se considera religiosa, mas está sendo vítima de um auto-engano. Nas palavras de Tozer: “Ela comete fraude em dano próprio”.
Temos vários textos na Bíblia que nos exortam a não nos deixarmos enganar. Efésios 5.6 diz: “Ninguém vos engane com palavras vãs...”. Às vezes somos enganados pelos outros, mas Tiago mostra que às vezes somos nós quem nos enganamos a nós mesmos, por não refrearmos a nossa língua.
4) A Pessoa Tem Uma Religião Vã – “Ter religião e não refrear a língua é desvirtuar a religião, é torna-la vã na sua aplicação”.
Se plantarmos uma grande floresta e depois atearmos fogo nela, terá sido vão o nosso esforço.A religião implica em comunhão. Uma língua desgovernada pode quebrar a comunhão, tornando vã a religião da pessoa. Não tem muito valor a religião da pessoa cuja língua é peçonhenta.
Concluindo – A língua não é algo que alguém de fora possa dominar. Só o dono dela poderá fazê-lo, no poder do Espírito Santo. Se a pessoa não se dispõe a isso, seria melhor deixar de ter religião. Religião nenhuma é melhor que religião vã.
“... quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano” (1 Pedro 3:10 RC)
“... de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. ... por tuas palavras serás justificado... [ou] condenado” (Mateus 12:36-37 RC)
Pr. Walmir Vigo Gonçalves
Muqui, Abril de 2016
prwalmir@hotmail.com
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