quarta-feira, 5 de maio de 2010

SER MÃE

SER MÃE

 

Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar qual era sua profissão. Ela hesitou, sem saber como se classificar.

            - "O que eu pergunto é se tem algum trabalho" - insistiu o funcionário.

            - "Claro que tenho um trabalho" - exclamou Ana - "Sou mãe!"

            - "Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa" - disse o funcionário friamente.

            Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.

            - "Qual é a sua ocupação?" - perguntou.

            Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora:

            - "Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."

A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar pra o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem. Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.

            - "Posso perguntar" - disse-me ela com novo interesse -  "o que faz exatamente?"

            Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:

            - "Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é a nível de 14 horas por dia (para não dizer 24)"

            Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu-me a porta.

            Quando cheguei em casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3. Do andar de cima, pude ouvir meu novo experimento - um bebê de seis meses - testando uma nova tonalidade de voz.

            Senti-me triunfante!

Maternidade... que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser chamadas Doutora-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, as bisavós Doutora-Executiva-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas e as tias Doutora-Assistente.

            Esta é uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras, Doutoras na Arte de Fazer a vida melhor!

      

            Autora desconhecida

            Recebido via e-mail do grupo vida.net

 

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